A excelência musical de violonistas eruditos é alcançada por meio de aspectos relacionados à leitura, à digitação técnica e ao rigor no processo de interpretação musical, enquanto para os violonistas de cifras, é alcançada por meio de conceitos relacionados à prática da improvisação, da exploração da experiência auditiva, da interpretação livre e da criatividade musical.
Fica evidente que ambos possuem qualidades diferentes, porém, não há definição absoluta em relação à diversidade na comunicação emocional transmitida por eles. Isso se dá, em parte, porque violonistas de cifras podem adquirir técnica muito apurada, mesmo sem se dedicarem à prática de leitura musical tradicional por meio de métodos convencionais, tornando o resultado sonoro obtido semelhante ao produzido por violonistas eruditos.
Os violonistas de cifras tocam suas músicas guiados por acordes cifrados, mesmo que eles saibam ler partituras, não estará nela o foco de seus arranjos e composições. Violonistas que tocam por cifras alfanuméricas podem adquirir muita técnica, tanto para execução, quanto para composição de peças e arranjos, porém, seus sentidos estão sempre voltados para o bom uso da harmonia cifrada e das técnicas de improvisação. Compositores de canções ditas “populares”, singelas ou sofisticadas, têm suas obras analisadas e executadas por cifras; algumas análises mais precisas apresentam a melodia em partitura e a harmonia cifrada.
Os violonistas eruditos (ditos clássicos), focam todo o seu trabalho na partitura: estudos, composições, arranjos, interpretações, etc., mesmo conhecendo as cifras. Os arranjos para violão clássico apresentam na partitura, além da melodia, a harmonia (acordes) com suas vozes, muitas vezes adaptadas, por serem composições originais para piano ou orquestra.
O Prelúdio nº3, de Heitor Villa-Lobos, é uma peça típica para violonistas eruditos, porém ao analisá-la, encontramos em seus primeiros compassos, uma série de movimentos com acordes m7(b5) utilizando toda a extensão do braço do instrumento com as cordas mi, si, sol e ré (1ª, 2ª, 3ª e 4ª); utiliza também, o diagrama do acorde B7, sem pestana, formado a partir da primeira casa, se movimentando para a sétima e sexta casa; além de fazer arpejo do acorde F#7 começando na sexta corda, segunda casa (nota fá sustenido), encerrando na primeira corda, décima primeira casa (nota mi), movimento empregado em técnica de improvisação para violão e guitarra.
Deve-se considerar os termos “violão clássico” e “violão popular”, conotativamente relacionados aos conceitos acima citados, ou seja, violonistas eruditos e violonistas de cifras. O termo “tocar por música” se refere à leitura tradicional de partitura, dando a ela status de superioridade. Este mesmo termo é adaptado para outros assuntos, como os jogos, por exemplo: – ele joga por música (futebol, sinuca, etc.). Estes termos, embora ainda sejam ouvidos, não são mais tão comuns. Talvez, isso se tenha dado pelas mudanças de conceitos em relação a ambos, que surgiram, possivelmente, por causa de uma aproximação entre as técnicas, tanto de execução quanto de leitura.