Partindo do conceito de que a moral está relacionada com as ações humanas, com que consideramos certo ou errado, justo ou injusto, podemos afirmar que é moralmente inaceitável classificar as pessoas como superiores ou inferiores, válidas ou inválidas, por que estas classificações não condizem com a democracia. Não há justificativa moral para o descaso com pessoas que sofrem pelos mais diversos motivos, nem por suas fragilidades, mesmo considerando todas as pluralidades de conceitos das sociedades.
O esforço para produzir pessoas perfeitas geneticamente leva ao entendimento equívoco de que as pessoas que possuem algum tipo de fragilidade, má formação ou alguma deficiência, são inaceitáveis perante a sociedade, portanto esse esforço não se justifica. Nenhuma pessoa deve ser submetida a avaliações cujos critérios estão voltados para suas limitações ou boas condições físicas.
Muitos são os critérios para avaliar uma pessoa melhor que outra, ser da família, ter a mesma cor, a mesma origem patrícia, o mesmo credo, etc., porém nenhum conceito pode dar a alguém superioridade sobre outra. Todos devem ter os mesmos direitos de acesso a tudo que a sociedade oferece.
Atualmente, o mundo expõe suas verdades inaceitáveis, suas violações de direitos e todo tipo de atos repudiados no passado, mas infelizmente repetidos nos dias de hoje. As notícias de constantes estupros na Índia parecem mostrar fatos exclusivos de uma nação que subjuga a mulher, porém acontecem nas mais sólidas democracias; desportistas negros são ofendidos em estádios lotados e com transmissão ao vivo para todo o mundo; muros são erguidos na tentativa de esconder os flagelos da sociedade; e a miséria em alguns países é ignorada por nações poderosas que investem bilhões de dólares em guerras feitas sob argumentos mentirosos de proteção da humanidade.
A sociedade moderna criou o homem competitivo, preparado para o sucesso, sem tempo para as pluralidades, para pensar no outro, sem tempo para reflexões filosóficas e religiosas, aparentemente treinados para agir sem pensar, para mentir em defesa própria, para impor uma suposta superioridade a qualquer custo.
As penas aplicadas no julgamento de Nuremberg, com base em quatro crimes, têm como proposta, sobre tudo, apresentar ao mundo uma resposta de repúdio aos inaceitáveis atos desumanos, à intolerância, ao desrespeito aos direitos humanos, em fim, a tudo que se possa dizer sobre o nazismo em sua concepção política, moral e ética, porém, nenhum ato deve ser julgado por sua proporção, mas sim pelo que ele representa em sua prática.