O três períodos da filosofia grega
Após uma existência predominantemente marcada pelo plano divino, o surgimento da escrita, da moeda e dos legisladores, apresenta uma nova concepção para a humanidade, o cidadão e o filósofo. Então, os gregos formam uma escola filosófica com influência até os dias atuais, costumeiramente, dividida em três períodos:
PERÍODO PRÉ-SOCRÁTICO (séculos VII e VI a.C.): marca o início do desligamento entre a filosofia e o pensamento mítico.
PERÍODO SOCRÁTICO OU CLÁSSICO (séculos V e IV a.C.): tendo Atenas como centro cultural, e como personagens, Sócrates, seu discípulo Platão, e posteriormente, Aristóteles, que foi discípulo de Platão. São desse período, os sofistas, que eram muito criticados por seus contemporâneos.
PERÍODO PÓS-SOCRÁTICO (século III e II a.C.): a expansão macedônica sobre os territórios gregos e a formação do império de Alexandre Magno, marca este período. A influência oriental marca, após a morte de Alexandre, a época helenística, com duas correntes filosóficas, estoicismo e epicurismo, que são as principais expressões do período pós-socrático.
Heráclito e Parmênides, dois filósofos pré-socráticos
- Heráclito (tudo flui)
Nascido em Éfeso, na Jônia, (atual Turquia), viveu de 544 a.C. a 484 a. C., teve sua visão baseada na multiplicidade do real. “Nunca nos banhamos duas vezes no mesmo rio”, pois na segunda vez não somos os mesmos, e também o rio mudou. Para ele, essa multiplicidade se dá porque o ser está constituído de oposições internas, “a guerra é pai de todos, rei de todos”, e é da luta que nasce a harmonia, como síntese dos contrários. Heráclito teve a intuição da lógica dialética, que foi elaborada por Hegel e depois por Marx, no século XIX.
- Parmênides (o ser é imóvel)
Viveu (c.540-c. 470 a.C.) em Eléia, cidade do sul da Magna Grécia (atual Itália) e é o principal expoente da chamada escola eleática. Ele influenciou decisivamente o pensamento ocidental e criticou fortemente a filosofia de Heráclito, tendo por absurdo considerar que uma coisa pode ser e não ser ao mesmo tempo, baseando-se no princípio do qual “o ser é” e o “não ser não é”. Os lógicos chamaram isso de princípio de identidade, base da metafísica posterior.
Os sofistas
No período áureo da cultura grega (V a.C.) viveram os sofistas, e alguns foram interlocutores de Sócrates. Os mais famosos foram: Protágoras (485-411 a.C.); Górgias (485-380 a.C.); Híppias; e também, Trasímaco, Pródico, Hipódamos, entre outros.
A palavra sofista quer dizer “professor de sabedoria”, mas adquiriu o sentido pejorativo de “homem capcioso”, provavelmente devido às críticas feitas por Sócrates e Platão em relação a eles. Os sofistas formularam um currículo de estudos: gramática (como iniciadores), retórica e dialética; por influência dos pitagóricos, eles desenvolveram a aritmética, a geometria, a astronomia e a música.
Sócrates, Platão e Aristóteles
Sócrates (c.470-399 a.C.) embora tenha sido incluído entre os sofistas, recusava a classificação e se opunha a eles de forma crítica. Ele nada deixou escrito, seus discípulos Xenofonte e Platão divulgaram suas idéias. Sócrates foi condenado e morto, sob a acusação de não crer nos deuses da cidade.
Ele criou seu método do conhecimento e o dividiu em duas partes chamadas ironia (em grego, “perguntar”) e maiêutica (em grego, “parto”).
A primeira chamada ironia (em grego, “perguntar”), considerada destrutiva, partindo, em suas discussões, do pressuposto “só sei que nada sei”; onde, hábeis perguntas feitas por ele a outra pessoa dita conhecedora de um determinado assunto, tem por objetivo convencê-la de sua ignorância.
A segunda chamada maiêutica (em grego, “parto”), nome em homenagem a sua mãe, que era parteira. Esta parte consiste em criar novas idéias, ou “dá-las à luz”.
Platão (428-347 a.C.) fundou em Atenas, onde viveu, a escola denominada Academia. A síntese de seu pensamento está ilustrada no “mito da caverna”, onde ele imagina os homens acorrentados em uma caverna desde suas infâncias, tendo um deles se soltado da corrente e visto a luz, ao voltar e contar aos outras não os consegue convencer.
De Sócrates, seu mestre, aproveita a nova noção de logos, e ao continuar a busca da compreensão do real, cria a palavra ideia, para referir-se à intuição intelectual.
Alguns teóricos interpretam o pensamento de Parmênides e de Platão como representantes do idealismo, que é uma expressão do pensamento moderno, no momento em que a teoria do conhecimento se torna reflexão autônoma.
Aristóteles (384-322 a.C.) nasceu em Estagira, na Calcídica (região dependente da Macedônia), e seu pai foi médico do rei da Macedônia, Felipe, do qual o filho Alexandre foi discípulo de Aristóteles, até assumir o poder precocemente na expansão do império. Frequentou a Academia de Platão e foi criticado por sua fidelidade ao seu mestre, para as quais se justificou dizendo: “Sou amigo de Platão, mas mais amigo da verdade”.
Aristóteles é autor de uma extensa obra que é uma dos grandes sistemas filosóficos. Fundou o Liceu em Atenas, em 340 a.C., vizinho do templo de Apolo Lício.
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muito bom.