Como “tocar de ouvido”, violão, teclado, baixo, etc.

Resolvi escrever este artigo porque muitos me perguntam sobre o assunto. Geralmente são iniciantes interessados em tocar em igrejas pentecostais, algumas vezes porque o ensaio não é possível ou não é uma prática comum nessas comunidades, o que gera a necessidade do músico se adequar para conseguir tocar nessas igrejas. Ao analisar as diversas dicas expostas na internet e outras que venho ouvindo ao longo da minha convivência com músicos experientes de muitas denominações de igrejas cristãs, percebi que não há objetividade nas informações, talvez pelo fato de não existir interesse pelo assunto por parte doas acadêmicos e também por não se ter literaturas técnicas específicas sobre o tema. Outro ponto importante é que as congregações têm repertórios que variam muito, acompanhando seus estilos religiosos, suas variações regionais e os domínios midiáticos. Baseado nessa carência, este trabalho objetiva sintetizar o assunto de forma clara utilizando-se de definições e conceitos universais, e negando parcialidades ou tendenciosismos naturais de minhas preferências, para que o músico interessado neste assunto saiba como proceder com segurança e alcançar o resultado que anseia, que é ter habilidades para tocar de ouvido em suas vivências musicais. Vamos às orientações:

Conhecer muito bem o repertório típico

Os ritmos predominantes no repertório pentecostal são poucos, a maioria nas variações nordestinas, ou seja, o forró, com destaque maior para o xote, e as variedades de toadas e baladas românticas arranjadas com muitas imitações de sopros e cordas. Entra também o pop rock, em menor escala, para atender aos jovens que resistem aos ritmos anteriores. Costuma-se encontrar também, alguns outros ritmos mistos, porém, em pequena escala. Para quem quer se enveredar por esse caminho musical, é fundamental conhecer e ouvir muito as canções desses gêneros, principalmente as que são sucesso nas rádios. Além disso, as congregações têm um repertório próprio caracterizado por seus líderes, correligionários e grupos que cantam seus hinos preferidos.

Tocar esse repertório com acordes simples nos tons mais usados

Ao mesmo tempo em que se familiariza com esse repertório por meio da audição, é importante também, começar a tocá-lo no instrumento musical que se pretende. Deve-se buscar a forma rítmica, a tonalidade e os acordes. Esses três pontos podem ser analisados da seguinte forma:

  • Forma rítmica: ao escolher a música deve-se observar como o músico a toca em seu instrumento, tentar copiar a sonoridade, inicialmente pode-se fazer isso sem mudanças de acordes, para facilitar. Pode-se fazer isso por meio de audição, mas também visualmente, utilizando vídeos de internet, DVD, apresentações ao vivo, observando algum músico que já saiba, o acompanhado de um professor seria mais o apropriado para o quem está começando, mas é possível fazer autodidaticamente também.
  • A tonalidade: o tom da música se dá basicamente pelo acorde inicial e final, com poucas exceções, logo se ela começa e termina com Dó maior, esse é o tom dela, se começa e termina com Sol menor, esse é seu tom, e assim acontece com quase todas as canções. É muito importante tocar uma mesma música em vários tons, auxiliado por um professor, por um músico amigo, ou, até mesmo, pelo site Cifraclub.com.br, que tem uma ferramenta ótima para troca de tons.
  • Acordes: para facilitar a iniciação musical, independente do objetivo, deve-se simplificar os acordes, observando apenas se eles são maiores ou menores, pois, as canções mais simples se resumem a esses dois tipos de acordes, embora seja comum maquiá-los com intervalos de 7, 9 e outros. Depois de trabalhar muito esses dois tipos de acordes, o próximo passo é se dedicar aos acordes com 7ª (ex.: C7, F7, Bb7…).

Memorizar os caminhos harmônicos mais comuns

Os caminhos dos acordes são parte do estudo da harmonia, mas são conhecidos na prática por músicos que têm repertório amplo, pois, nas canções estão todos os exemplos práticos estudados na teoria. Para memorizá-los de forma prática, buscando o objetivo deste estudo, a escolha de uma canção qualquer pode servir de início, pois nela, seja qual for, está descrito um caminho harmônico que é utilizado por um número infinito de outras canções. Por exemplo, não são poucas as canções que seguem o seguinte caminho: Dó maior, Sol maior, Lá menor e Fá maior, repetindo esta sequência por dois ou três minutos, e finalizando com o acorde Do maior. Este padrão pode se apresentar em qualquer tom maior. (Existem doze tons maiores e doze tons menores). Para ajudar a memorizar esses caminhos harmônicos, é recomendável anotar os caminhos encontrados, principalmente aqueles que já foram percebidos em mais de um a música.

Encontrar o tom quando alguém começar a cantar

O mais difícil é manter a calma, quando se está começando, mas até mesmo músicos experientes em tocar de ouvido passam constrangimentos por demorarem a encontrar o tom da música. A canção pode ter uma melodia complexa, o cantor pode não estar cantando com boa afinação, o músico pode ter perdido a concentração, etc. O que dará ao músico a confiança para procurar o tom da música após alguém ter iniciado o canto, será o hábito de fazer isso, portanto, deve-se começar a exercitar com CD, DVD, rádio, ou internet, para só depois começar a fazer isso publicamente. Outra maneira, é iniciar ao lado de um músico experiente e generoso, que permita ao iniciante tentar encontrar o tom, dando a ele a tranquilidade para tentar, sabendo que se não conseguir, esse músico experiente resolverá. Melhor ainda, se conseguir conciliar as duas formas para iniciar, ou seja, treinar muito em particular, e estar acompanhado publicamente.

Esta é a minha contribuição para o tema. Se quiser, pode perguntar, ou acrescentar.

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