Quem é Jesus Cristo


Segundo João – o discípulo e evangelista

O Verbo Feito Carne
Esta é a introdução em “O Evangelho Segundo João” (João 1.1-14).

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. 1:1 Ele estava no princípio com Deus. 1:2 Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. 1:3 Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. 1:4 E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. 1:5 

Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João. 1:6 Este veio para testemunho, para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele. 1:7 Não era ele a luz, mas para que testificasse da luz. 1:8 Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo. 1:9 Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu. 1:10 Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. 1:11 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; 1:12 Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. 1:13 E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. 1:14 


Segundo João Batista – o pregador

O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo
Testemunhos de João Batista em “O Evangelho Segundo João” (1:15-34).

João testificou dele, e clamou, dizendo: Este era aquele de quem eu dizia: O que vem após mim é antes de mim, porque foi primeiro do que eu. 1:15 E todos nós recebemos também da sua plenitude, e graça por graça. 1:16 Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo. 1:17 Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou. 1:18

E este é o testemunho de João, quando os judeus mandaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para que lhe perguntassem: Quem és tu? 1:19 E confessou, e não negou; confessou: Eu não sou o Cristo. 1:20 E perguntaram-lhe: Então quê? És tu Elias? E disse: Não sou. És tu profeta? E respondeu: Não. 1:21 Disseram-lhe pois: Quem és? para que demos resposta àqueles que nos enviaram; que dizes de ti mesmo? 1:22 Disse: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías. 1:23 

E os que tinham sido enviados eram dos fariseus. 1:24 E perguntaram-lhe, e disseram-lhe: Por que batizas, pois, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta? 1:25 João respondeu-lhes, dizendo: Eu batizo com água; mas no meio de vós está um a quem vós não conheceis. 1:26 Este é aquele que vem após mim, que é antes de mim, do qual eu não sou digno de desatar a correia da alparca. 1:27 Estas coisas aconteceram em Betabara, do outro lado do Jordão, onde João estava batizando. 1:28 

No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. 1:29 Este é aquele do qual eu disse: Após mim vem um homem que é antes de mim, porque foi primeiro do que eu. 1:30 E eu não o conhecia; mas, para que ele fosse manifestado a Israel, vim eu, por isso, batizando com água. 1:31 E João testificou, dizendo: Eu vi o Espírito descer do céu como pomba, e repousar sobre ele. 1:32 E eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito, e sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo. 1:33 E eu vi, e tenho testificado que este é o Filho de Deus. 1:34

Testemunho de João Batista em Enom, junto a Salim, onde batizava, porque havia ali muitas águas (João 3.28-36).

Vós mesmos me sois testemunhas de que disse: Eu não sou o Cristo, mas sou enviado adiante dele. 3.28 Aquele que tem a esposa é o esposo; mas o amigo do esposo, que lhe assiste e o ouve, alegra-se muito com a voz do esposo. Assim, pois, já este meu gozo está cumprido.3.29 É necessário que ele cresça e que eu diminua. 3.30

Aquele que vem de cima é sobre todos; aquele que vem da terra é da terra e fala da terra. Aquele que vem do céu é sobre todos. 3.31 E aquilo que ele viu e ouviu isso testifica; e ninguém aceita o seu testemunho. 3.32 Aquele que aceitou o seu testemunho, esse confirmou que Deus é verdadeiro. 3.33 Porque aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus; pois não lhe dá Deus o Espírito por medida. 3,34 O Pai ama o Filho, e todas as coisas entregou nas suas mãos. 3.35 Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece. 3.36

A origem do cristianismo em diálogo

Diálogo de Ivani Medina e Juarez Barcellos, publicado no artigo “O Império Romano e o Cristianismo”, entre 5 de agosto e 11 de dezembro de 2013.


Ivani Medina:

5 de agosto de 2013 às 15:04

A história do surgimento do cristianismo faz parte da sua doutrina (Atos), não da história propriamente dita. Não se pode considerar o acatamento do Novo Testamento como científico, pois não é. Portanto, essa questão ainda é tratada de forma ideológica. Uns engolem tudo que seja contrário à versão oficial apenas por se contrário. Por exemplo: discordo que Constantino seja o pai do cristianismo, a despeito da sua participação. Quando ele nasceu o cristianismo contava com mais de século de existência. Constantino conheceu Lactâncio na corte de Diocleciano, na qual o filósofo cristão conspirava abertamente contra o sistema religioso que sustentava a tetrarquia. Portanto, os cristãos primitivos (possivelmente) nunca pisaram em Jerusalém e pertenciam as classes abastadas. A pátria do cristianismo foi a Ásia Menor. O Novo Testamento continua a ser um arranjo literário sem confirmações históricas. O motivo do surgimento do cristianismo foi o crescimento do proselitismo judaico nos três primeiros séculos. O cristianismo é o antídoto grego (com o apoio de uns poucos latinos) contra o judaísmo.

http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/a-antiga-dec-ncia-crist

http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/e-o-mundo-ocidental-quase-foi-judeu


Juarez Barcellos:

6 de agosto de 2013 às 13:40

Olá, Medina.

A História Sagrada, para ser bem explicada, precisa da História Profana, pois, elas estão entrelaçadas; porém, não depende de confirmações científicas, pois, se assim fosse, alguns cientistas já a teriam eliminado dos estudos humanos, por não confirmarem a existência de Deus, ou de deuses. Realmente, ser contrário ou favorável não é suficiente para dar crédito a uma informação, não importa de onde, ou de quem ela venha; é fundamental buscar novas fontes, pois, existem muitas informações tendenciosas sendo transmitidas em todas as árias. Vale lembrar que no final do século passado a discussão científica sobre aquecimento global estava no campo das prioridades, e atualmente, a informação é contestadíssima. O que importa é que as opiniões sejam sempre respeitadas e debatidas em suas divergências.
Muito obrigado por sua contribuição. Juarez Barcellos de Paula.


Ivani Medina:

6 de agosto de 2013 às 14:33

Olá Juarez,

Não se fala em história sagrada e história profana, fala-se em história. O que você chama de entrelaçamento eu chamo de favorecimento ideológico. Pelo fato de a nossa cultura religiosa cristã ter imposto e monitorado a educação e o ensino por séculos a fio, esse tipo de favorecimento ainda se impõe e se acha no direito disto. Não é à toa a grande infiltração de teólogos nesta disciplina e de historiadores engajados. Deus e deuses não vêm ao caso, mas o Jesus histórico sim. É uma farsa como todo o alegado cristianismo do primeiro século. Esta não é uma questão opinativa, mas de objetividade científica e não de subjetividade religiosa.

Saudações.


Juarez Barcellos:

7 de agosto de 2013 às 10:58

Medina, concordo com você em relação à educação religiosa imposta, não deve ser assim. A livre escolha, a liberdade de expressão e o acesso à informação são valores fundamentais, para a sociedade atual. Com relação ao Jesus histórico, nenhum resultado de pesquisas alterará o rumo do cristianismo, porque a fé das pessoas ignora as informações racionais. Da mesma forma, não há milagre ou doutrina bem pregada que faça um céptico crer em Deus, em profetas, em promessas, muito menos no próprio milagre. O grande problema do cristianismo, e de tantos outros credos, não está na fé das pessoas e nem na falta de confirmação de dados históricos, mas sim, no oportunismo dos homens tendenciosos. — “Logo após a expulsão dos loyolistas (Jesuítas) de todos os domínios portugueses em 1759, o governador da capitania, D. José I, enviou um ofício ao Secretário de Estado, Sebastião José de Carvalho e Melo – o Marquês de Pombal – informando a ereção de freguesias e vilas nos locais onde existiram aldeias da “Companhia de Jesus” para facilitar a cobrança dos dízimos” — (Revista de Humanidades, UFRN, p. 5). Nesta frase temos: um ato marcante na história do Brasil, uma classe de educadores evangelistas, um pais colonizador, um representante religioso, um documento oficial de caráter informativo, um secretário de Estado, uma referência às criações das cidades, um objetivo específico e um imposto eclesiástico. Conclusão: todos estes itens, com suas virtudes e enganos, fazem parte da História do Brasil, e não há como separá-los.

Felicidade, Medina.


Ivani Medina:

7 de agosto de 2013 às 12:37

Juarez, quando me referi à cultura religiosa, me referi à imposição do cristianismo no mundo inteiro. A ousadia de substituir a razão pela crença não podia dar certo mesmo. Amordaçaram a história para isso. Foi a religião que invadiu o terreno da história e não o contrário. É ai que me coloco: não sou contrário à fé religiosas das pessoas. Hoje isto pode ser entendido como opção, mas no passado custava a vida de quem não cedesse. A questão é que nunca houve Jesus histórico algum. Creio que o fato não venha obstar o Cristo da fé. O que não concordo é que se continue a ensinar mentiras porque um dia alguns consideraram necessário fazê-lo. Esse dia a muito ficou para trás e a verdade sempre dá mais segurança, além de ser uma obrigação do magistério. O meu interesse não está em desacreditar a religião, mas moralizar o ensino de história.

Saudações


Juarez Barcellos:

8 de agosto de 2013 às 11:17

Olá, Medina; proponho-te prosseguirmos partindo da “moralização da história”. Os livros didáticos, em sua maioria, concentram suas informações religiosas no cristianismo, notoriamente. Muitos países ainda têm alguma religião como oficial, e alguns proíbem a introdução de religiões não oficiais. De forma global, a moralização da história se daria pela ampliação dos temas religiosos, incluindo maior esclarecimento sobre outras crenças, ou pela exclusão dessa disciplina para evitar que os autores expressem de alguma maneira suas opiniões e preferências? Qual seria o princípio dessa moralização?

Um abraço! “Pode me contatar, enviar sugestões, críticas, textos, referências, etc. também por professorjuarezbarcellos@yahoo.com“.


Ivani Medina:

8 de agosto de 2013 às 12:06

Olá, Juarez.

Proposição aceita. O meu entendimento e interesse no que se refere ao termo “moralização” se aplica exclusivamente a história ocidental. Claro que respingos á história oriental serão inevitáveis, como no caso do islamismo, pois não percebo nada de mais relevante na história do Ocidente do que o surgimento do cristianismo.

O estudo do cristianismo real interessa não só a história, mas às demais disciplinas. No entanto, o pontapé inicial cabe à história, sem dúvida alguma. A história precisa se lavar das invenções do Novo Testamento e mergulhar profundamente nos fatos que culminaram com a criação da nossa cultura religiosa. A nossa cultura ocidental ainda é uma cultura religiosa, mas precisa caminhar firmemente para a maturidade, no sentido amplo da palavra. O princípio dessa moralização seria a abertura da caixa preta do cristianismo.

Grato por ter disponibilizado o seu e-mail.

Saudações.


Juarez Barcellos:

13 de agosto de 2013 às 22:23

Como vai, Medina? Desculpa a demora no contato; caso queira, podemos continuar a usar esta página para rascunhar nosso projeto e depois criar postagens e um e-book para uso livre. Acredito que as pequenas divergências não nos impedirão de realizar a ideia, mas sim, que podem ser um diferencial no resultado. Se estiver de acordo, deixo sob tua responsabilidade a criação de um sumário ou outra forma para começarmos.
Um abraço.


Ivani Medina:

14 de agosto de 2013 às 8:27

Olá, Juarez.

Creio que, como se trata de um assunto público, devamos continuar aqui. Isto é interessante porque pode contar com a participação e a colaboração de outros interessados. Uma vez que a minha proposta é abrir a caixa preta da origem do cristianismo, o que implica na aposentadoria do Novo Testamento como referência histórica, eu estimaria saber no que divergimos daí. Devo esclarecer que não me disponho a dar prosseguimento à farsa sob hipótese alguma.

Um Abraço.


Juarez Barcellos:

14 de agosto de 2013 às 19:37

Boa noite, Medina.

Nossas divergências pedem estar nas fontes de pesquisas, nas formas de mencionar pontos específicos, dentre outros; todavia, quanto à origem do cristianismo e a exclusão do Novo Testamento como fonte de referência histórica, não vejo problema. Ainda assim, afirmo que no campo da fé, também há liberdade, tanto de expressão, quanto de opinião, por isso, devemos deixar claro para os leitores que não estamos tratando de fé e sim de história. Resta alguma dúvida?


Ivani Medina:

15 de agosto de 2013 às 10:17

Bom dia, Juarez.

Ótimo que assim seja, pois as diferenças representam possibilidades de ganho. Aqui vão cinco exemplos do que eu considero uma vergonha historiográfica.

  1. “E eu próprio, numa polêmica contra um desses amadores que contestam, com uma certa facilidade, a existência de Jesus, me tinha proposto demonstrar que Descartes era também um mito todo ele criado pelos jesuítas de La Flèche, preocupados em fazer reclamo do seu colégio”. MARROU, Henri Irénée, Do Conhecimento Histórico, Editorial Áster, Lisboa, 2a edição, p. 124.
  1. “Como o dedicado rei mártir espartano Agis, e o aristocrata mártir romano Tibério Graco, Jesus dedicara sua vida ao povo sem recorrer à força, nem mesmo para sua autodefesa. Mas ao contrário desses dois grandes espíritos representativos da ascendência helênica, Jesus era filho do proletariado – filho de um carpinteiro da aldeia do distrito da Galiléia, na Celessíria – e seu povo era a humanidade toda”. TOYNBEE, Arnold J., Helenismo – História de uma Civilização, Zahar Editores, Rio de Janeiro, 1983, p.200/201.
  1. “O principal alicerce da nova cultura foi a religião cristã, cujo fundador, Jesus de Nazaré, nasceu numa cidadezinha da Judéia por volta do começo da era cristã e foi executado cerca de trinta anos depois, no reinado de Tibério […] Enquanto grande parte das outras religiões giravam em torno de figuras imaginárias, criaturas de lendas grotescas, o cristianismo possuía como fundador um indivíduo histórico, de personalidade bem definida.” BURNS, Edward McNall, História da CIVILIZAÇÂO OCIDENTAL, O DRAMA DA RAÇA HUMANA, Editora Globo, Porto Alegre, 1979, volume 1, p. 256 e 259.
  1. “Jesus, cuja religião deveria revolucionar o mundo, viveu ignorado de quase todos os seus contemporâneos. A sua história é apenas conhecida através da segunda parte da Bíblia, o Novo Testamento, isto é, a “Nova Aliança”; nele se encontram, em particular, quatro narrações da vida de Jesus, chamadas Evangelhos: segundo São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João.” ALBA, André, História Universal – ROMA, editora Mestre Jou, São Paulo, 1964, p.186.
  1. “[…] Contudo, há poucos historiadores modernos que discordam da afirmação de que Jesus de fato existiu. Histórias que foram escritas após a morte de Jesus (como as do historiador judeu Flávio Josefo, e dos historiadores romanos Tácito e Suetônio) contêm breves comentários sobre ele. Jesus não é um personagem de ficção”. GAARDER, Jostein, O livro das Religiões / Jostein Gaarder, Victor Hellern, Henry Notaker, São Paulo, Companhia das Letras, 2000, p. 153 e 154.

Vergonha porque nunca existiu nada que comprovasse a existência de Jesus e do cristianismo palestino no primeiro século. Esse personagem só é considerado histórico porque os historiadores cristãos assim o desejaram e (ou) foram obrigados a isso. “O historiador não avança sozinho ao encontro do passado. Aborda-o como representante do seu grupo”. MARROU, Henri Irénée, Do Conhecimento Histórico, Editorial Áster, Lisboa, 2a edição, p. 256.

Concordo inteiramente com Raymond Aron quando disse que:

“A verdade histórica é a mais ideológica de todas as verdades científicas […] Os termos de subjetivo e de objetivo já não significam nada de preciso desde o triunfo da consciência aberta […] A verdade histórica não é uma verdade subjetiva, mas sim uma verdade ideológica, ligada a um conhecimento partidário”. (R. Aron cit. P. Marrou) MARROU, Henri Irénée, Do Conhecimento Histórico, Editorial Áster, Lisboa, 2a edição, p. 269.

Outro exemplo pode-se constatar neste parágrafo de Toynbee.

“O encontro do helenismo com o judaísmo, em 175 a.C. (início da tentativa de se transformar Jerusalém numa cidade-Estado do tipo grega) e a partir de então, foi o maior acontecimento isolado da história helênica. Quando Roma derruba as outras potências do mundo helênico,“a Hélade cativa tinha cativado seu conquistador e introduzido a civilização no rústico Lácio”. Mas a Hélade conquistadora não conseguiu cativar a Jerusalém cativa, e sua tentativa de introduzir a civilização, tal como a entendia, na Judéia rústica, foi rejeitada com indignação. Por fim, a Hélade frustrada chegou a termos com a Judéia indomável, adotando uma versão helenizada da sua religião fanática. Esse tempestuoso encontro e a final união do helenismo com o judaísmo deram origem ao cristianismo e ao islamismo, duas religiões heleno-judaicas que são hoje professadas pela metade da raça humana”. (TOYNBEE, 1983, p. 173)

A Hélade frustrada chegou a termos com a indomável Judéia e esse tempestuoso encontro deu origem ao cristianismo e ao islamismo? Onde isso está claramente explicado? Em livro algum. Ocultar com argumentos verborrágicos e teológicos tem sido a função da nossa historiografia. Para mim, a versão oficial da origem do cristianismo é a grande imoralidade na história que precisa ser sanada.

Sim, entendo que pelo campo da fé saudável a verdade e a história estão livres de constrangimentos e sempre estarão.


Juarez Barcellos:

18 de agosto de 2013 às 13:39

Olá, Medina.

Relendo a postagem acima percebi uma citação a atos que estava, de fato, fora do contexto, e a retirei; o que acredito que tenha sido o motivo de seu primeiro comentário.
Seguindo em frente: suas observações com relação aos cinco exemplos acima fazem sentido, pois um historiador não deve introduzir suas convicções políticas ou religiosas ao contexto da informação. Assim caracteriza-se uma ditadura cultural, onde o poder da informação histórica não está nos fatos, mas no interesse partidário sobre ela.
Não há consenso entre os historiadores sobre vários pontos, e talvez esse assunto que estamos tratando seja um dos mais complexos, pois, o que se tem não serve de base histórica e o que se descobre gera ainda mais questionamentos. Estou lendo “A Idade Média, Nascimento do Ocidente”, de Hilário Franco Júnior – editora brasiliense; o autor afirma, logo na introdução, que não se pode afirmar que a leitura feita sobre a Idade Média no século XX é definitiva – “De fato, a historiografia é um produto cultural que, como qualquer outro, resulta de um complexo conjunto de condições materiais e psicológicas do ambiente individual e coletivo que a vê nascer.” (p 14, p 2º).
Na busca por informação sobre a origem do cristianismo, podemos encontrar textos ligados ao Império Romano (Constantino), à Igreja Católica, ao Novo Testamento e aos Apócrifos, creio que o desafio está em ir além, e ainda mais, expor informações oriundas de outras fontes de forma clara e convincentes, mas vamos em busca.
Forte abraço!


Ivani Medina:

18 de agosto de 2013 às 18:41

Olá, Juarez.
O que me incomodou de início, não por responsabilidade sua, foi:
• Nero fez a primeira perseguição aos cristãos;

É sabido que esta afirmação baseada em Tácito veio de um documento falsificado. Josefo esteve em Roma no mesmo ano de 64, e, assim como os apologistas e outros tantos escritores, não fez menção alguma a um fato que necessariamente haveria de ser bastante rumoroso. Aliás, a invenção foi uma prática cuja notoriedade, por si só, já desqualifica toda a versão oficial da história do cristianismo. É irritante ver a continuação de tantas imposturas alegadamente históricas. É um nojo!

“A humanidade teria então uma história comum e uma direção única: a vitória romana e a salvação cristã. A história da salvação romano-cristã reúne tempo e eternidade, história e Cristo. Foi uma idéia absolutamente nova, que nem os judeus haviam chegado a formular, obcecados com a idéia de “um povo eleito.” […] Os eventos históricos eram manifestação de Deus, cuja vontade devia ser decifrada. O destino das nações, as lutas políticas se submetiam à vontade divina. Essa idéia nova criou uma história nova – a história universal.” (REIS, 2003, p. 19)

REIS, José Carlos. História & Teoria: historicismo, modernidade, temporalidade e verdade. Rio de Janeiro: FGV, 2003.

Desgraçadamente, o interesse da nossa cultura é preservar a si mesma, e a história que se dane. O que a gente não pode e não deve é ficar servindo de antena repetidora, pois o nosso compromisso (aí vai do íntimo de cada um) é com a verdade ou com o mais próximo que consigamos chegar dela. Não podemos aceitar o triste papel que nos foi imposto por “excesso de excelências”.

No momento estou interessado no proselitismo judaico nos três primeiros séculos. Tenho tido dificuldade de encontrar material confiável a respeito. Mas continuarei tentando. Aí vai um filme que fala um pouco do meu sentimento.

http://www.saudadeeadeus.com.br/filme1369.htm

Forte abraço,
Medina


Juarez Barcellos:

25 de agosto de 2013 às 2:03

Olá, Medina.

Ao citar Tácito e Josefo, tenho como exemplo do que disse Hilário Franco Júnior, a quem eu me referir no comentário anterior, quando ele afirma que a historiografia resulta de um complexo conjunto de condições materiais e psicológicas do ambiente individual e coletivo que a vê nascer.

Veja se o documento tido como falsificado é o que traz o seguinte texto, e se for, como se conclui o fato:

“Essa, aliás, foram as precauções de sabedoria humana. A próxima coisa seria procurar meios de propiciar os deuses, e recorreu-se à Livros sibilinos, pela direção de que as orações foram oferecidas para Vulcanus, Ceres, e Proserpina. Juno, também, se aplacou para com as matronas, em primeiro lugar, no Capitólio, e, em seguida, na parte mais próxima da costa, de onde adquiriu-se a água para aspergir o templo e a imagem da deusa. E havia banquetes sagrados e vigílias noturnas celebrada por mulheres casadas. Mas todos os esforços humanos, todos os presentes luxuosos do imperador, e as propiciações dos deuses, não baniram a crença de que o sinistro incêndio foi o resultado de uma ordem. Consequentemente, para se livrar do relatório, Nero colocou a culpa e infligiu as mais requintadas torturas em uma classe odiada por suas abominações, chamada cristãos pelo populacho. Christus, de quem o nome teve sua origem, sofreu a penalidade extrema durante o reinado de Tibério às mãos de um de nossos procuradores, Pontius Pilatus, e uma superstição maligna, assim, marcada para o momento, mais uma vez quebrou-se não só na Judéia, a primeira fonte do mal, mas até mesmo em Roma, onde todas as coisas horríveis e vergonhosas de todas as partes do mundo encontraram o seu centro e se tornaram populares. Assim, a prisão foi o primeiro feito de tudo que se declarou culpado, então, sobre suas informações, uma imensa multidão foi condenada, pelos crimes de incendiar a cidade e de ódio contra a humanidade. Zombaria de todo tipo foi adicionada às suas mortes. Cobertos com peles de animais, eles foram rasgados por cães e pereceram, ou foram pregados em cruzes, ou foram condenados às chamas e queimados, para servir como iluminação noturna, quando o dia tinha expirado.” TÀCITOS, Anais – livro XV.

Embora esteja ansioso para assistir o filme, ainda não consegui, nem pela internet, nem por locadora; vou encomendar em DVD.

Medina: é sempre um prazer me comunicar com você; vamos prosseguir.
Um forte abraço, Juarez


Ivani Medina:

25 de agosto de 2013 às 10:07

Olá, Juarez.

Sim, é esta a versão a qual me referi. O suposto Tácito repete a história de Jesus de Nazaré para avalizá-la e descreve as barbaridades as quais os cristãos foram submetidos. Nero nem estava em Roma quando o fogo começou. Estava em sua cidade natal, Antium (Anzio). Nenhum dos apologistas cristãos do século II menciona esta bobagem forjada e interpolada. Josefo esteve em Roma no mesmo ano do incêndio e não faz referência alguma a tão escandaloso evento. Plínio o Velho (23-79), que escreveu História Natural, publicada em 77, também não. Ora, porque apenas Tácito registraria tal abominação?

“Nem todas as coisas verdadeiras são a verdade, nem deveria aquela verdade que apenas parece verdadeira segundo opiniões humanas ser preferida à verdade verdadeira, segundo a fé.” Clemente (citado por M. Smith, Clemente de Alexandria, p446)
Notamos que Flávio Josefo (37-100), Plínio o Moço (61-114), Suetônio (69-112) e Tácito (56-120) têm algo em comum: todos estiveram ligados à administração do Império Romano e desapareceram no início do século II. Portanto, todos os originais desses documentos deviam estar guardados numa mesma sala. Quando o cristianismo chegou ao poder, no século IV, gregos cristãos substituíram os gregos pagãos que há muito eram funcionários do governo. Os pais da história tiveram toda facilidade para analisar e consumar as “evidências” de uma historicidade forjada. Tamanho empenho e risco não haveria de ser gratuito, quem frauda e mente o faz para esconder algo que lhe pode ser prejudicial. A ortodoxia cristã, que necessitava de um Jesus histórico, teve que lutar por muito tempo contra o gnosticismo cristão a ameaçar as suas verdades.
Até hoje, mesmo com todo o progresso da investigação histórica, nada foi encontrado que corrobore com a versão desse suposto cristianismo palestino do século I. Portanto, tudo o que nos foi apresentado como “evidências históricas extra-bíblicas” torna-se sem efeito.

É-me grato esse contato contigo. Dificilmente encontramos pessoas interessadas, com boa bagagem e, principalmente, com liberdade e honestidade intelectual para tratar deste assunto. Como já comentei, os nossos renomados historiadores que já se foram ou ainda não, os nossos atuais doutores filósofos (PhD) e mestres em história que defendem a crença cristã e a bíblia, como fonte digna de crédito, não estão preocupados com a reconstrução do passado simplesmente. São eles o fio de sustentação a dessa mentira histórica. A história faz parte da educação e a educação é o coração de uma cultura. Se ele parar, ela morre. Portanto, esses historiadores cristãos dão sobrevida a nossa cultura cristã acreditando que é o melhor que podem fazer pelo ofício de educar. Acreditam no preconceito ideológico de que o Homem precisa ser enganado para reagir positivamente. Mas nem todos pensam assim. O surgimento da Internet deu voz a quem nunca teve e a cultura dominante nunca se viu tão ameaçada ao ver a sua mentira por um fio.

[…] a educação moral sem base religiosa desanda, esvai-se geralmente em frases de efeito, e não produz resultados práticos, exceto numa ou noutra pessoa de fina sensibilidade ou de grande força de vontade, capaz de reconhecer nas regras éticas imposições da própria natureza, que se precisa aceitar para viver bem. […] o cerne da sua doutrina é perene e válido, pois ele se apóia nas regras da reta razão, no acordo com a natureza intelectual do homem, e nas palavras de Cristo, que não passarão jamais, conforme a sua divina promessa. (NUNES, 1978, p. 104) NUNES, Ruy Afonso da Costa. História da educação na Antigüidade cristã. São Paulo: Pedagógica Universitária e Editora da Universidade de São Paulo, 1978.

Forte abraço,

Medina


Juarez Barcellos:

26 de agosto de 2013 às 21:23

Olá, Medina.

Gostaria de explanar contigo mais amplamente o papel de Flávio Josefo no contexto da influência do cristianismo implantado na história. Seus documentos não apresentam nada sobre cristãos, sua influência maior parece estar focada na guerra; de que forma você vê essa a diferença de pontos de vista entre Tácito e Josefo, levando em conta que os documentos de ambos poderiam ser adulterados para favorecer a disseminação tendenciosa de opinião política, filosófica e religiosa de grupos detentores do poder.
E ainda, como você analisa a descrição feita no texto abaixo, no qual, o autor apresenta aspectos negativos no documento de Flávio Josefo.

“O fundo messiânico do conflito foi completamente omitido, assim como o auxílio dos judeus da Mesopotâmia e as deserções de soldados romanos. Josefo oculta igualmente a vincada hostilidade dos judeus para com a ocupação romana, o papel do sacerdócio nas lutas faccionais e pretende, com a sua própria construção historiográfica, ilibar o povo judaico de responsabilidades na insurreição e no modo catastrófico como essa evoluiu perante as autoridades romanas e o seu potencial público greco-latino. Para restaurar a imagem do povo judaico perante as autoridades e a sociedade romana, foi necessário encontrar o grande bode expiatório da guerra: os Zelotas, aos quais Josefo associa os Sicários e os Idumeus. Há, portanto, fortes motivações políticas na redação da Guerra Judaica que devem ser devidamente sopesadas (Feldman, 1999: 904).” João Pedro Vieira – Política, Utopia e Sectarismo Religioso… REVISTA SAPIENS n.º 2, 2009.
Saudações
Juarez


 Ivani Medina:

27 de agosto de 2013 às 8:54

Juarez, a forma que eu vejo Tácito e Josefo é exatamente a mesma: a grande oportunidade da falsificação ridiculamente executadas. A mesma linguagem absurdamente exagerada nota-se nas descrições dos martírios. O fantástico, para o bem e para o mal, era a tônica da literatura helenística. No entanto, observamos a preocupação de Josefo com a possibilidade das injúrias da parte dos gregos. É por esses sintomas que eu analiso. Portanto, a diferença ou semelhança entre seus escritos adulterados nada significa no contexto que propus. Josefo não omitiu as “barbaridades de Nero” intencionalmente, mas porque elas nunca existiram.

Não sou um defensor de Josefo, essa figura tão controvertida. Quanto as fortes motivações políticas da Guerra Judaica tenho cá as minhas dúvidas. Pelo descrito, são os zelotas que a instigam o tempo todo estimulados por alguns judeus sombrios. Sabemos que os descendentes de convertidos idumeus, galileus e samaritanos não eram aceitos no seio da sociedade judaica como judeus de fato e de direito. Valiam menos do que um cão.

Na guerra civil de 66 fizeram de tudo para empurrar os judeus para uma guerra absurda que eles não desejavam. Os judeus sabiam que seria uma guerra perdida quando ainda contavam com o favorecimento das antigas leis romanas ao judaísmo. Se eles viviam bem com aquelas concessões, para quê uma guerra suicida?
A literatura cristã trata os galileus como judeus de fato. Mas acontece que eram estes, os galileus, que nada tinham a perder com uma guerra, pois eram explorados pelos judeus com os impostos do templo e pelos romanos com suas taxas abusivas sobre sua produção. Realmente, parece que de fato Josefo ocultou mais do que sabia.

Saudações,
Medina


Juarez Barcellos:

29 de agosto de 2013 às 14:45

Olá, Medina.

Influenciados pela literatura helenística, ainda assim, eles concordaram em alguns pontos e divergiram em outros. De fato a motivação e o foco de Flávio Josefo, além de sua contemporaneidade com Nero, fizeram um aparente sentido nas diferenças apresentadas, mas não me cabe querer validar ou anular qualquer relato histórico. Todo governo e forma de governo é incapaz e ineficiente para atender à pluralidade e os anseios de seu povo, quanto mais de um império governado por um menino; o jovem Nero foi amado e também odiado, e seus sucessores também não foram felizes.
Em relação à guerra, a seita dos Zelotes é responsabilizada por ter incitado, creio que deva somar-se a esse fator, a insatisfação dos excluídos idumeus, galileus e samaritanos, como você bem relatou, e o histórico judaico que não condiz com submissão ou rendição a domínio externo.

Ainda sobre Flávio Josefo, afirma-se que em sua grandiosa obra “Antiguidades Judaicas” cita João Batista, Herodes e Pilatos, mas não diz sobre Jesus, nesse sentido, afirmando que o texto a seguir é produto de falsificação, mesmo não tendo nele nenhum apoio convicto à messianidade de Jesus:

“Naquela época vivia Jesus, homem sábio, de excelente conduta e virtude reconhecida. Muitos judeus e homens de outras nações converteram-se em seus discípulos. Pilatos ordenou que fosse crucificado e morto, mas aqueles que foram seus discípulos não voltaram atrás e afirmaram que ele lhes havia aparecido três dias após sua crucificação: estava vivo. Talvez ele fosse o Messias sobre o qual os profetas anunciaram coisas maravilhosas.”

Forte abraço;

Juarez


Ivani Medina:

29 de agosto de 2013 às 20:25

Olá, Juarez.

Você tem uma atitude mais prudente e respeitosa para com a cultura dominante. Não é o meu caso, porque tudo faço para livrar da influência dela no que respeita a história. Aproveito para lhe enviar mais um link.

http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/mais-um-cap-tulo-de-uma-hist-ria-mal-contada

“Ainda sobre Flávio Josefo, afirma-se que em sua grandiosa obra “Antiguidades Judaicas” cita João Batista, Herodes e Pilatos, mas não diz sobre Jesus, nesse sentido, afirmando que o texto a seguir é produto de falsificação, mesmo não tendo nele nenhum apoio convicto à messianidade de Jesus:”

Poderia, por favor, me explicar um pouco mais o que motivou este seu comentário?
Forte abraço,

Medina.


Juarez Barcellos:

29 de agosto de 2013 às 23:22

Olá, Medina.

A prudência, no meu caso, se dá por não ter grande domínio do assunto, por isso, volto a reafirmar apreço neste contato contigo.

Em relação ao comentário, o propósito foi apresentar um texto polêmico de Josefo, assim como citei de Tácito, para que você viesse a expor sobre ele uma explanação. Creio que trabalhar esses pontos desses grandes autores seja importante para o nosso propósito.
Boa noite!


Ivani Medina:

30 de agosto de 2013 às 0:01

Boa noite, Juarez.

Entendo e é recíproco. O comentário atribuído a Josefo há muito foi descartado. Quanto ao de Tácito, ainda insistem nele porque Engels deve tê-lo considerado. Pelo menos, é o que me parece na sua crítica a Bruno Bauer. Como o marxismo ficou muito tempo como o único rival da farsa cristã, o falso Tácito ainda encontra defensores. Duvido que um pesquisador arguto como Engels não tenha desconfiado. Porém, como ele queria Jesus Cristo como garoto propaganda de uma revolução proletária que nuca existiu…
Agradecido pela sua atenção.


Juarez Barcellos:

1 de setembro de 2013 às 1:07

Boa noite, Medina.

Permita-me citar outra vez Flávio Josefo, num texto também polêmico para nosso raciocínio; e qual a tua conclusão sobre ele:

[…] Festus estava morto, e Albinus estava viajando; assim ele reuniu o sinédrio dos juízes, e trouxe diante dele o irmão de Jesus, o que era chamado Cristo, cujo nome era Tiago e alguns outros; e quando ele formalizou uma acusação contra eles como infratores da lei; ele os entregou para serem apedrejados […]

Forte abraço!

Juarez


Ivani Medina:

1 de setembro de 2013 às 10:31

Bom dia, Juarez.

É sempre um prazer esse contato contigo. A citada referência atribuída a Josefo tem o valor de todas as demais, dele e de outros, quando falam de Jesus. Mostra o esforço da ortodoxia cristã em fabricar evidências históricas, uma vez que o mito do Cristo não atendia às suas necessidades. Precisavam do homem-deus e ele tinha que ser judeu. De posse da antiga documentação romana por tanto tempo se fez o que quis. Poderiam ter feito melhor? Claro, mas o que fizeram foi isso.

Por exemplo: existem detalhes que ficaram para trás e muitos nem se deram conta deles como provas da falsa origem judaica do cristianismo, e não se pode dizer que foram acréscimos posteriores porque estão no início da versão.

Evangelho:

O termo grego “euangelion” é de origem grega. “eu” significa “bom, agradável” e “angellein” significa “anunciar, contar”. Vem de “angelos” que significa mensageiro. Conta-se que em princípio essa palavra tinha uso militar. Um mensageiro era enviado do campo de batalha para comunicar o final de uma guerra. Havia comemoração e o portador das “boas novas” recebia uma recompensa pelo cumprimento da missão e da alegria que levava a todos. Com o tempo essa prática se estendeu àquele que levava a resposta positiva de um oráculo, comunicava a chegada de um soberano etc. Enfim, a boa notícia trazida pelo portador.

“A palavra evangelho, que significa, em grego, “boa nova”, não tem na boca dos representantes da Igreja outro sentido senão o de uma comunicação sobre a obra do ‘Filho de Deus’ que aceitou o martírio para resgatar os pecados do gênero humano. Mas, Odisséia de Homero (Cap. XIV, versículo 152 e 166) e, no final do século I antes da nossa era, nós o encontramos empregado sem qualquer relação cristã, em uma inscrição em Pirene, antiga cidade da Jônia, na qual se comemora o dia do nascimento do Imperador Augusto.” (Ogis, 458, II 40-41) (LENTASMAN, 1963, p.35)

LENTSMAN, Jacob, A origem do Cristianismo, São Paulo: Fulgor, 1963.

Cristo:

O título Cristo (Khristós) era a forma grega para apalavra egípcia “karast” ou “Krast” que significa ungir o defunto com óleo perfumado, em preparação para o funeral. Essa unção era utilizada no antigo culto de Osíris, que visava manter o corpo conservado para a outra vida. Os gregos incorporaram essa prática ao culto sincrético de Serápis. Após sua morte, como Osíris, Serápis tornou-se o ungido ou Karast, deus dos mortos e do submundo. Por isso os adoradores desse deus heleno-egípcio eram chamados de cristãos. Ungiam a alma com a confiaça em Deus e na vida eterna. O termo “Messias”, do hebraico “Maschiach”, significa “O Consagrado” e não “O Ungido”. A unção com óleo perfumado ocorria no ato da consagração do líder. Portanto, essa tradução oficialmente aceita mais parece uma conta de chegar.

http://stephanhuller.blogspot.com.br/2009/09/letter-of-hadrian-to-servianus.html

http://www.egyptorigins.org/osirisandjesus.htm

Sabe-se que a eucaristia tem a origem no culto do deus Mitra e não no judaísmo. A ideia de beber o sangue e comer a carne humana é mais do que nojenta para os judeus. O consumo de carne segue regras restritas no judaísmo. Esta dever estar dessangrada (Kosher, limpa). Carne humana nem pensar rsrs, ainda mais de um homem-deus. Outro absurdo inominável para eles. Portanto, aí está nesta simbologia para ingênuos mais uma evidência da farsa da procedência judaica do cristianismo.

http://www.websitesonadime.com/ffwic/mithra.htm

“Não só os primeiros cristãos se apoderaram quase completamente dos mitos e ensinamentos dos seus mestres egípcios, mediados em muitos casos pelas religiões de mistérios, e pelo judaísmo nas suas expressões, mas também fizeram tudo ao seu alcance para destruir as evidencias decisivas do que aconteceu ─ pela falsificação e outras fraudes, queimando livros, eliminando personalidades e cometendo assassínios propriamente ditos. No processo, apropria história cristã, que muito provavelmente começou como uma espécie de encenação dramática espiritual, juntamente com uma fonte de “aforismos” baseados em material egípcio, foi convertida em uma forma de história em que o Cristo do mito tornou-se uma pessoa de carne e osso identificada como Jesus (Yeshua ou Joshua) de Nazaré. […]” (HARPUR. 2008 p. 26)

[…]. Não há vida sem luta: nos séculos II e III os primeiros escritores cristãos tiveram de polemizar contra os inimigos exteriores: após o triunfo, coube-lhes defender a fé contra a heresia e, ao mesmo tempo, instruir seus fies e guiá-los numa vida terrena semeada de emboscadas. O dogma, o ensino, a moral, eis os objetos de seus tratados doutrinais, de seus sermões e suas cartas.” (AYMARD; AUBOYER, 1958, p. 62)

AYMARD, André; AUBOYER, Jeannine. História geral das civilizações. São Paulo: Difusão Européia do Livro. 1973.

“nos séculos II e III os primeiros escritores cristãos” Não existiram escritores cristãos no século I porque alegado cristianismo (de Jesus) desse século é puramente literário. Por isso nada foi encontrado em dois mil anos de busca e jamais o será. Não é à-toa que evidências para argumentações em contrário são mais fáceis de encontrar. As falsificações continuam como parte da tradição ortodoxa dos cristãos apaixonados e pouco honestos intelectualmente. Tudo pela fé!

Comparo um cristão convicto e bitolado (pois aquele que tem conhecimento histórico sério da origem da própria religião não se enquadra aí) a uma pessoa perdidamente apaixonada. Está disposta até dar a vida por aquela. Percebe seus feitos leves e graves, mas prefere ignorá-los em benefício do prazer sentimental. Normalmente, com o andar da carruagem, esse prazer vai murchando e os defeitos incomodando mais e mais. Assim vai. Até que um dia entende a pessoa amada como inadequada àquele momento da sua vida. No entanto, alguns vivem e morrem “apaixonados” por causa da insegurança e da endorfina. Fé e mentira não combinam.

Forte abraço.


Juarez Barcellos:

3 de setembro de 2013 às 21:45

Olá, Medina.

Vejo razão no que você comentou sobre tradução e ritual, com relação a este, mais precisamente à transubstanciação; é realmente um absurdo.

Com relação à crítica mítica, creio que a relação entre o místico e o religioso tenha fundamento mais sólido entre críticos e estudiosos.

“A história da tentação é igualmente insatisfatória, seja interpretada como sobrenatural, ou como simbólica, seja de uma luta interior ou de eventos externos (como, por exemplo, na interpretação de Venturini, onde a parte do Tentador é interpretada por um fariseu); é simplesmente lenda cristã primitiva, construída de sugestões do Antigo Testamento” (SCHWEITZER, 2003: 101) – ao comentar o posicionamento de Strauss.

Concordo plenamente que fé e mentira não combinam. Vamos buscar o que é histórico e verdadeiro ampliando, desgarrados das paixões, o interesse pelos fundamentos.
Forte abraço!


Ivani Medina:

5 de setembro de 2013 às 8:38

Bom dia, Juarez.

A minha intenção não era a crítica mística ou religiosa. Apenas evidenciar a não procedência judaica de tais símbolos. Desnudar a farsa, pois questões teológicas escapam ao meu interesse. O ataque aos fariseus é o ataque ao judaísmo. No entanto, não é percebido assim por causa da tradição teológica que o encaminha a uma interpretação moralista e helenista.

Minha paixão é pela verdade histórica. Dessa eu não me livro.
Forte abraço,
Medina.


Juarez Barcellos:

5 de setembro de 2013 às 23:40

Medina, boa noite!

Disse eu, que vejo maior consistência na crítica voltada para o prisma do misticismo religioso, do que aquelas voltadas para a associação mitológica. Talvez por ver eu, pouca importância na mitologia grega, salvo sobre o ponto de vista histórico relacionado à adoção romana dos deuses gregos como símbolos de valores culturais e a filosofia voltada para o conhecimento e avanço do ser humano.

Um passo a frente, proponho uma explanação tua sobre o judeu Geza Vermés:
“Se os evangelistas tivessem pretendido relatar, como afirmam Bultmann e seus seguidores, não a vida, as idéias e as aspirações de Jesus, mas a mensagem doutrinária correspondente às necessidades espirituais e organizacionais da igreja primitiva, teriam sido mais bem orientados se adotassem a forma literária mais adequada de cartas, panfletos ou sermões, em vez de escrever uma falsa biografia” (VERMES, 2006: 178).
Um forte abraço e felicidade;

Juarez.


Ivani Medina:

6 de setembro de 2013 às 9:00

Bom dia, Juarez.

Pois é… Aí está um aspecto do assunto que me escapa pela falta de interesse. Não levo a sério quem tem Jesus como figura real. Parece-me que o judeu duvidoso Geza Vermes assim o entendia. Pelo menos, a sua formação e a quantidade de livros que escreveu a respeito de Jesus leva a crer. Conheço nada da sua obra.

Bem, diante da minha ignorância a respeito do autor e do assunto teologia, baseado exclusivamente naquilo que você me apresenta: “Se os evangelistas tivessem pretendido relatar […] as idéias e as aspirações de Jesus […] teriam sido mais bem orientados se adotassem a forma literária mais adequada de cartas, panfletos ou sermões, em vez de escrever uma falsa biografia.”

Digo que se referir desse modo a um personagem de ficção me desaponta. No mais, Vermes fala da propagação de conceitos morais e religiosos, não da história que me interessa: a secular.

Forte abraço,
Medina.


Juarez Barcellos:

8 de setembro de 2013 às 1:28

Boa noite, Medina.

Veja, por gentileza, se tem concordância com sua convicção sobre a origem do cristianismo este texto de Plínio o Moço, então governador da Bitínia (Ásia Menor), que é parte de uma carta (10.96) enviada a Trajano, imperador de Roma no início do século II:

“Senhor: É regra para mim submeter-te todos os assuntos sobre os quais tenho dúvidas, pois quem mais poderia orientar-me melhor em minhas hesitações ou me instruir na minha ignorância?

Nunca participei de inquéritos contra os cristãos. Assim, não sei a quais fatos e em que medidas devem ser aplicadas penas ou investigações judiciárias. Também me pergunto, não sem perplexidade: deve-se considerar algo com relação à idade, ou a criança deve ser tratada da mesma forma que o adulto? Deve-se perdoar o arrependido ou o cristão não lucra nada tendo voltado atrás? É punido o nome de “cristãos”, mesmo sem crimes, ou são punidos os crimes que o nome deles implica?
Esta foi a regra que eu segui diante dos que me foram deferidos como cristãos: perguntei a eles mesmos se eram cristãos; aos que respondiam afirmativamente, repeti uma segunda e uma terceira vez a pergunta, ameaçando-os com o suplício. Os que persistiram mandei executá-los pois eu não duvidava que, seja qual for a culpa, a teimosia e a obstinação inflexível deveriam ser punidas. Outros, cidadãos romanos portadores da mesma loucura, pus no rol dos que devem ser enviados a Roma.”

Forte abraço;
Juarez


Ivani Medina disse:

8 de setembro de 2013 às 11:27

Bom dia, Juarez.

Com satisfação, meu caro.

“Senhor: “É regra para mim, submeter-te todos os assuntos sobre os quais tenho dúvidas, pois quem mais poderia orientar-me melhor em minhas hesitações ou me instruir na minha ignorância?”

Nada a comentar.

“Nunca participei de inquéritos contra os cristãos. Assim, não sei a quais fatos e em que medidas devem ser aplicadas penas ou investigações judiciárias.”

Convenhamos que seria inadmissível o absoluto desconhecimento de Plínio o Moço às alegadamente antigas atitudes persecutórias dos romanos. Lembremo-nos dos alegados “registros de Tácito” quanto a Nero. Romano algum poderia ignorar tais barbaridades e suas motivações ideológicas.

“Também me pergunto, não sem perplexidade: deve-se considerar algo com relação à idade, ou a criança deve ser tratada da mesma forma que o adulto?”

Tal dúvida perplexa, por si, evidencia que os romanos não eram as bestas sanguinárias e desumanamente indiscriminadas como foram pintadas pelos propagandistas cristãos.

“Deve-se perdoar o arrependido ou o cristão não lucra nada tendo voltado atrás? É punido o nome de “cristãos”, mesmo sem crimes, ou são punidos os crimes que o nome deles implica?”

Mais uma dúvida a desmontar o mito da perseguição insanamente cruel dos romanos. Se o nome “cristão” implicava em crime as medidas coercitivas haveriam de ser bem conhecidas das autoridades, ainda mais por um advogado como era Plínio.

“Esta foi a regra que eu segui diante dos que me foram deferidos como cristãos: perguntei a eles mesmos se eram cristãos; aos que respondiam afirmativamente, repeti uma segunda e uma terceira vez a pergunta, ameaçando-os com o suplício. Os que persistiram mandei executá-los pois eu não duvidava que, seja qual for a culpa, a teimosia e a obstinação inflexível deveriam ser punidas.”

Ora, se Plínio escreve a Trajano pedindo orientação por não saber como agir, por que então agiu antes de obter a resposta sem saber se cometiam crime? Como os romanos não tinham o hábito de se envolver com as crenças dos povos conquistados, salvo em situações especiais, como aconteceu no final da República com o culto a Dionísio (as bacanais) e com o culto de Isis, por receio de Augusto a influência de Cleópatra e Marco Antônio, isto está em perfeita desarmonia não só com os princípios morais do suposto autor até este ponto da carta, mas também com a prática romana nesses casos. Entendo como aceitável que pessoas mudem no correr da vida, mas no correr de uma carta? Francamente.

“Outros, cidadãos romanos portadores da mesma loucura, pus no rol dos que devem ser enviados a Roma.”

Este final, então, é pra lá de absurdo.

Forte abraço,
Medina.


Juarez Barcellos:

10 de setembro de 2013 às 9:21

Medina, bom dia!

Seguindo por pluralidade interpretativa, poderíamos observar muitos outros aspectos do texto, porém, percebo que a breve resposta do imperador traz uma visão da complexidade do assunto quando diz que não há como se estabelecer uma regra geral:

“Meu caro Plínio Segundo:

Seguiste a atitude correta, exatamente a que devias ter, no exame das causas daqueles que te foram denunciados como cristãos. Não há como se estabelecer uma regra geral, que tenha valor de norma fixa. Porém, não deve ser objeto de investigação por iniciativa oficial. Se forem denunciados e confessarem, devem ser condenados observando-se a seguinte restrição: aquele que negar ser cristão, mesmo sendo suspeito com relação ao passado, e oferecer prova clara disso, sacrificando aos nossos deuses, seja perdoado por seu arrependimento.

Quanto às denúncias anônimas, não devem ser consideradas em nenhuma acusação, pois são exemplos detestáveis e não são dignas da nossa época.”

Também concordo que “bestas sanguinárias e desumanas” não pode ser a definição generalizada de uma nação, muito menos de um império; assim também, como o inverso não se aplica em hipótese alguma.

Saúde e paz!


Ivani Medina:

9 de setembro de 2013 às 10:15

Caro Juarez,

Ainda em relação às cartas de Plínio o Moço a Trajano, eu gostaria de comentar o seguinte:

“…[os cristãos] têm como hábito reunir-se em um dia fixo, antes do nascer do sol, e dirigir palavras a Cristo como se este fosse um deus; eles mesmos fazem um juramento, de não cometer qualquer crime, nem cometer roubo ou saque, ou adultério, nem quebrar sua palavra, e nem negar um depósito quando exigido. Após fazerem isto, despedem-se e se encontram novamente para a refeição…” (Plínio, Epístola 96).

“…[os cristãos] têm como hábito reunir-se em um dia fixo, antes do nascer do sol, e dirigir palavras a Cristo como se este fosse um deus; […]”

Osíris e Hórus eram deuses solares cultuados ao alvorecer, como Serápis, deus heleno-egípcio. Os religiosos deste deus eram chamados de “cristãos”, pois este deus era o Cristo. Desde o século IV a.e.c. este culto sincrético havia sido introduzido em Alexandria e, posteriormente, se espalhado pelas cidades mediterrâneas, cujos templos foram transformados em igrejas cristãs.

Forte abraço,

Medina.


 Juarez Barcellos:

10 de setembro de 2013 às 23:38

Boa noite, Medina;

Negar a existência do sincretismo mitológico entre egípcios, gregos e o cristianismo romano é grave erro, porém, alguns aspectos que ultrapassam a similaridade religiosa em relação a Osíris e Hórus devem ser bem analisados. Veja, por favor, se minha análise sobre o relacionamento familiar entre os deuses abaixo está correta:

Osíris é filho de Geb, que é amante de Nut, que é esposa de Rá;

Ísis, Néftis, Hórus (1º) e Set são irmãos gêmeos de Osíris;

O deus Hórus é filho dos irmãos Osíris e Ísis.

O deus Anúbis é filho dos irmãos Osíris e Néftis.

“…mas Ísis e Osíris foram enamorados de si e foram consortes no útero antes do seu nascimento. Alguns dizem que Arueris veio desta união e foi chamado de Hórus pelos egípcios, mas Apollo pelos gregos.” PLUTARCO, Ísis e Osíris, p 35.

Forte abraço!


Ivani Medina:

11 de setembro de 2013 às 15:26

Boa Tarde, Juarez.

Você me parece mais bem informado a respeito de mitologia, também. Como disse, “Negar a existência do sincretismo mitológico entre egípcios, gregos e o cristianismo romano é grave erro, […]”, mas, por incrível que pareça, tem gente negando. Os adventistas (não sei se todos), por exemplo, incorrem nesse tipo de erro no afã de confirmar aquilo que nunca existiu. Convidam a esmiuçar a mitologia egípcia para demonstrar que não há o carpinteiro de Nazaré ali. Como são cansativos…

Forte abraço,
Medina


Ivani Medina:

13 de setembro de 2013 às 10:06

Olá, Juarez.

Um dos motivos pelos quais a tradição criada por aqueles que tentaram transformar a fé em história continua a ser um desserviço ao estudo desta disciplina, é o seguinte: para estes, mentir para glória de Deus não é pecado. É uma obrigação. Simples assim. Por mais que nos esforcemos neste esclarecimento secular, lá vêm eles com suas antigas invenções e fraudes exigindo que provemos não existências somente para confundir e prejudicar o nosso trabalho. Honestidade intelectual não é com eles.

“Você vê a vantagem do engano? […], pois é grande o valor da fraude, desde que não seja introduzida com intenção maliciosa. Este tipo de ação não devia ser chamado de dolo, mas sim de uma espécie de boa gestão, inteligência e habilidade, capaz de descobrir maneiras onde os recursos falham, e, considerando os defeitos da mente, muitas vezes é necessário enganar para trazer maiores benefícios por meio desse dispositivo, ao passo que aquele que tem ido pelo caminho reto tem feito um grande mal para a pessoa a quem não tem enganado.” (João Crisóstomo, Tratado para o Sacerdócio, livro 1)

Um dos raros exemplos de honestidade intelectual no meio cristão foi Bruno Bauer (1809–1882), filósofo, historiador e teólogo, que negou a historicidade de Jesus. Afirmou que os evangelhos são produtos literários e que o primeiro deles foi escrito sob Adriano (117-138). Afirmou também que o cristianismo se originou no século II e não surgiu diretamente do judaísmo, contrariando o Novo Testamento (escrito entre 160 e 360). Coincidentemente, para o judaísmo o cristianismo é de origem pagã e não surgiu de suas fileiras. É mais fácil verificar nos símbolos cristãos a sua origem pagã do que em documentos históricos a sua alegada origem judaica. A seu favor só o Novo Testamento.

http://plato.stanford.edu/entries/bauer/

Povo algum se empenharia tão apaixonadamente, durante séculos a fio, numa farsa tão atrevida sem um motivo sério. A explicação disto foi o que faltou a muitos estudiosos, como Bauer, que se dedicaram ao desvelamento da origem do cristianismo. A obstinada dedicação dos gregos e o antijudaísmo por eles alimentado, inclusive no Novo Testamento, ficaram a margem das suas análises. Os continuadores da ortodoxia cristã tentam contra-argumentar se referindo aos filos judaicos como evidência em contrário. No entanto, foi a crescente conversão destes gregos o motivo da resposta daqueles outros que conceberam o cristianismo como um antídoto a progressão judaica.

Forte abraço,
Medina.


Juarez Barcellos:

15 de setembro de 2013 às 10:54

Bom dia, Medina.

Realmente, não podemos ter o erro por virtude, o incentivo ao ódio não é justificável em hipótese alguma. Você citou um exemplo de ódio num texto acima por parte da sociedade judaica: “Sabemos que os descendentes de convertidos idumeus, galileus e samaritanos não eram aceitos no seio da sociedade judaica como judeus de fato e de direito. Valiam menos do que um cão.” João Crisóstomo, no mesmo sentimento, comparou os judeus a cães e incentivou o ódio.
Incentivar a paz e o respeito nas relações nem sempre é a opção escolhida, todavia, deveria ser.

Bom domingo!
Juarez


 Ivani Medina:

15 de setembro de 2013 às 11:49

Bom dia, Juarez.

Concordo, e não poderia ser de outra maneira, que a paz e o respeito nas relações deveriam ser a opção preferencial de todos. Especialmente pela experiência acumulada na estrada do sofrimento pela qual a humanidade tem percorrido desde o seu surgimento. Tenho para mim que o ódio seja algo inalienável ao monoteísmo nas suas variadas formas. Não quero dizer com isso que com o politeísmo seria melhor. É que o antepositivo, do gr. mónos, é, on ‘único’ (Houaiss), por si só, é excludente de tudo. De que adianta se evocar a beleza poética dessas crenças quando esta beleza faz o papel da cenoura adiante dos olhos do burro num mundo tão diversificado?

Bom domingo!
Medina.


Juarez Barcellos:

15 de setembro de 2013 às 18:01

Olá, Medina.

Voltando aos fundamentos, gostaria de avaliar contigo o seguinte:

1- Vendo o cristianismo como um movimento anti-judaico, e já vimos que realmente ouve incentivo ao ódio contra judeus;

2- Os documentos de Flávio Josefo e Cornélio Tácito, dentre outros, estavam em poder do império;

3- Muitos acreditam que estes documentos são falsos ou interpolações;

4- Não seria mais conveniente falsificar ou introduzir algo que comprometesse diretamente os judeus;

Como você analisa o fato de não ter ocorrido isso?

Boa tarde,
Juarez


Ivani Medina:

15 de setembro de 2013 às 20:37

Boa noite, Juarez.

4- “Não seria mais conveniente falsificar ou introduzir algo que comprometesse diretamente os judeus;”

As falsificações que não foram feitas só poderiam ser explicadas montando uma teoria com tal finalidade. Será que caímos naquela coisa de provar inexistências? Perdão, mas não tenho porque analisar o não ocorrido.

Boa noite.


 Juarez Barcellos:

17 de setembro de 2013 às 22:33

Boa noite, Medina.

Estou apresentando alguns relatos de atos praticados pelo império voltados para a proteção de sua religião oficial e política. Como você os compreende?

Proibição aos cultos forâneos em 186 a C. (a Bacchanalia) com execução de milhares deles;
Expulsão contra mestres de retórica e filósofos gregos em 173 a C. para restaurar a credibilidade dos deuses pátrios;

Destruição dos altares a Isis e Osiris em 59 a C. sob ordem do Senado;
Destruição dois mil oráculos diversos no ano 12 quando transferiu para o templo de Apolo Palatino os livros sibilinos;

Destruição do templo de Isis-Serapis e jogada no Tibre a estátua da deusa (14 e 37);
Perseguição aos magos, astrólogos, matemáticos e seguidores de deuses orientais (14 e 37);

Forte abraço!
Juarez


Ivani Medina:

19 de setembro de 2013 às 10:48

Bom dia, Juarez.

Mais uma vez me vejo na incomoda posição de escusar-me contigo. Certamente, a história de Roma é muitíssima interessante e as causas que motivaram perseguições religiosas mais ainda. Sabemos que os romanos queriam que seus súditos não se esquecessem de pagar os impostos e respeitassem suas leis. Não davam a mínima para a religião que aqueles praticavam, senão alguma dificuldade oferecesse para aquele momento que se vivia. A tolerância pagã é inquestionável, por isso quando chegamos aos capítulos das perseguições contra os cristãos toda atenção é necessária.

Assim vemos, nos três exemplos que você deu, no final da República e nos outros três no início do Império. Como o meu interesse está voltado pontualmente para os primeiros quatro séculos do cristianismo, o que já considero bastante, posso dizer muito pouco:

No período da República havia o cargo de Censor, que era uma honra concedida pelo Senado a um cidadão romano que deveria fazer o censo e cuidar de proteger a tradição e os costumes de Roma. Aqui vai um interessante exemplo de reação a influência grega numa declaração de um Censor em 94 a.e.c.

“Informamos de que certas pessoas instituíram uma nova espécie de disciplina ou escola; de que nossa juventude freqüenta essas escolas; de que aquelas pessoas se designam pelo nome de retóricos latinos; de que os jovens desperdiçam ali o seu tempo por dias inteiros; e considerando que nossos ancestrais ordenaram que instrução convém aos nossos filhos, e que escola devem freqüentar, e considerando estas novidades, contrárias aos costumes e instruções dos nossos ancestrais, nós nem aprovamos nem as julgamos boas; cumprindo o nosso dever notificamos o nosso julgamento, tanto aos que mantêm essas escolas quanto aos que as freqüentam elas incorrem em nossa condenação”. (MONROE, Paul, História da Educação, Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1978, p. 84.)

Com o Império o poder do Senado se esvazia e o cargo de Censor é extinto. Por coincidência e na sequência do deslumbre de alguns romanos, como Julio Cersar, pela influência grega; a chegada, em massa, de gregos asiáticos cultíssimos e altamente especializados nas diversas ciências, a classe média de Roma, anteriormente latina, foi se transformando perigosamente numa classe média de origem grega. No final do século I mais de 90% dela era desta origem. Contasse que nas ruas ouviam-se tanto o latim quanto o grego.

Antes que o fato se consumasse, isto é, o advento do Império, os latinos que não o desejavam, mas sim a restauração da República e dos antigos costumes, foram vencidos. O poder econômico dos novos ricos de Roma acabou por corromper aquela sociedade e enfraquecê-la moralmente (moral no sentido literal de “costumes”).

Quanto ao culto de Serápis, Otávio Augusto o havia proibido por causa da influência de Marco Antônio e Cleópatra.

“[…} Ele posou com ela para a pintura de retratos e estátuas que representavam Osíris ou Dionísio e ela Selene ou Ísis. Este (Marco Antônio), mais do que tudo, fazia parecer ter sido enfeitiçado por ela por meio de encantamento.” (Dion Cássio, História Romana)

Forte abraço,

Medina


Juarez Barcellos:

22 de setembro de 2013 às 10:19

Bom dia!
Medina

Estou pesquisando para melhor entender o momento e as circunstâncias na história em que o Império Romano, crendo em tantos deuses, vem a adotar o cristianismo como religião.

Será que o império estava em decadência?
Será que o cristianismo estava em ascensão?
Será que o proselitismo judaico era tão forte ao ponto de incomodar o império?
Será que o império queria sincretizar tudo para melhor dominar o mundo?

Creio que muitos detalhes devem ser analisados com amplitude para melhor compreendermos a progressão desse momento na história, e ainda mais, entendermos os resíduos dessa química nos dias atuais.

* Quero aproveitar para compartilhar com você uma felicidade pessoal, minha esposa está grávida, seja menino ou menina, será muito bem vindo!

Um abraço!
Juarez


Ivani Medina:

22 de setembro de 2013 às 13:00

Bom dia!

Juarez.
“Estou pesquisando para melhor entender o momento e as circunstâncias na história em que o Império Romano, crendo em tantos deuses, vem a adotar o cristianismo como religião.”

A historiografia que dispomos não é para nos esclarecer, mas para nos deixar confusos e inclinados a fé, pois só na fé ela faz sentido.

“A humanidade teria então uma história comum e uma direção única: a vitória romana e a salvação cristã. A história da salvação romano-cristã reúne tempo e eternidade, história e Cristo. Foi uma ideia absolutamente nova, que nem os judeus haviam chegado a formular, obcecados com a ideia de “um povo eleito.” […] Os eventos históricos eram manifestação de Deus, cuja vontade devia ser decifrada. O destino das nações, as lutas políticas se submetiam à vontade divina. Essa ideia nova criou uma história nova – a história universal.” (REIS, 2003, p. 19)

Naquelas revistinhas de palavras cruzadas às vezes apareciam umas gravuras aparentemente indecifráveis compostas por manchas e pontos. Depois de algum tempo de observação e algum esforço percebíamos, com nitidez, uma figura qualquer: um animal, um rosto humano etc. Depois de então era impossível não vê-lo mais além das manchas. É assim que me sinto em relação à história do cristianismo – além das manchas.

Posso até parecer pretensioso, mas é fato. A ausência de compromisso com a fé me ajudou sobremaneira. Pelo fato de eu não ser um ex-religioso, não carregar mágoas da religião, e ter desenvolvido muita curiosidade sobre essa história, que faz de mim alguém indesejável ao conhecimento estabelecido, sinto-me intimamente em absoluto conforto diante da desonestidade intelectual constituída. É como se existisse um script com perguntas e respostas, e ai de quem o ignore.

O cristianismo não é fruto de um processo natural de aculturação, daí a minha falta de interesse em estudá-lo por aí. Meus adversários tentam anular os meus argumentos com a pecha do “conspiracionista”. Mas o cristianismo foi exatamente uma conspiração contra o proselitismo judaico. Não havia alternativa senão a sintetização de um antídoto.

“Será que o império estava em decadência?”

Na minha modesta visão pessoal, a despeito do luxo e das fortunas dos primeiros séculos, vejo o império não como a glória, mas como o declínio da história de Roma. Para mim, a verdadeira Roma só existiu na república. É, admito certo radicalismo em minha opinião, mas não é sem motivos.

“Será que o cristianismo estava em ascensão?”

Pelo que sei, há um grande exagero nessa versão para justificar o sucesso da pregação e a teoria equivocada de Constantino como o criador do cristianismo. Ao que parece antes dele os gregos vinham desenvolvendo um trabalho de fôlego sem grande conflito com o mundo pagão, pois segundo alguns, no século IV, os cristãos estavam entre 10 e 15% (não confio muito nessa cifra, creio que devia ser bem menos) da população, o que é muito, mas não o suficiente para o alegado olho gordo do imperador.

“Será que o proselitismo judaico era tão forte ao ponto de incomodar o império?”
Disso já não tenho a menor dúvida. Claro que essa parte da história não mereceu da nossa cultura cristã a importância merecida por motivos óbvios. Eu desconheço que em português existam livros tratando desse específico assunto.

“O zelo proselitista dos judeus foi, certamente, uma das causas do antihebraismo no mundo pagão. Os romanos, sentindo-se ameaçado pelos judeus pela sua religião, responderam a reação defensiva repelindo-os. As duas expulsões dos judeus e que ocorreu com três séculos de intervalo, foram todas as duas motivadas, ao que parece, por sanções contra o proselitismo, também empreendedores, dos judeus. As medidas de Adriano proibindo a circuncisão por todo o império foram mantidas pelos seus sucessores, pelo menos para aqueles que não eram judeus de nascimento, também foram medidas defensivas contra o proselitismo ativo demais. O que marca este proselitismo deixou na história?”

http://www.kolot.it/2009/05/14/la-conversione-2-il-proselitismo-nella-storia/

Outro estudioso italiano compartilha do mesmo ponto de vista. Vou lhe enviar por e-mail o texto dele traduzido (automática).

Maurizio Ghiretti ensina História e Filosofia no ensino médio. Um estudioso da história romana, na Faculdade de Educação da Universidade Católica de Milão, a Fundação colabora com o Centro de Documentação Judaica Contemporânea. Entre seus artigos, incluem: O “status” da Judéia idade Augusto idade Claudia , em “Latomus” (vol. XLIV, fasc 4, em Bruxelas 1985.), o sentido da história , em “The Train” ( No. 5/6, 1990); 100 º aniversário do Partido Socialista Italiano (em “The Train”, n º 6, 1992); cronologia das grandes descobertas geográficas no início do capitalismo mercantil e financeira (em “The Train”, No. . 8, 1992).

Mais uma fonte é a Enciclopédia Judaica de 1906, publicada com permissão da Messrs. Hachette & Co. Uma das mais conhecidas e respeitáveis casas publicadoras do Reino Unido.

http://www.jewishencyclopedia.com/articles/5169-diaspora

O advento da Internet facilitou e agilizou demais as nossas pesquisas. Até cursos online nos são possíveis, como você sabe.

https://www.edx.org/course/harvard-university/cb22-1x/ancient-greek-hero/1047

“Será que o império queria sincretizar tudo para melhor dominar o mundo?”
Claro que essa era uma proposta, em princípio, atraente, mas de longo prazo para despertar a imediata cobiça de um imperador. Para mim, Constantino se dispôs a dar continuidade a um projeto que ele conheceu ainda menino. Lactâncio foi o seu mentor intelectual.
“Creio que muitos detalhes devem ser analisados com amplitude para melhor compreendermos a progressão desse momento na história, e ainda mais, entendermos os resíduos dessa química nos dias atuais.”

Concordo contigo. Posso ter-me equivocado em alguns detalhes, como por exemplo, a hostilidade grega que no início cheguei a imaginá-la como generalizada e não foi assim, como esclarece Maurizio Ghiretti.

“* Quero aproveitar para compartilhar com você uma felicidade pessoal, minha esposa está grávida, seja menino ou menina, será muito bem vindo!”
Caramba, sinto-me honrado com este compartilhamento! Felicidades e sucesso sempre para vocês três e para o resto da família. Muito obrigado!

Forte abraço!
Medina.


Juarez Barcellos:

25 de setembro de 2013 às 11:22

Bom dia!
Medina

O material que você me enviou é muito bom, principalmente o texto Diáspora da Enciclopédia Judaica. E desse texto eu extraí algumas frases que podem nos ajudar na busca de respostas para diversos pontos e aspectos de nossa pesquisa.

Ela apresenta, no parágrafo abaixo, um aspecto cultural geral do povo judeu e as dificuldades de Roma em manter seu domínio sobre ele:

“Os agentes de Roma, como os selêucidas antes deles, foram incapazes de satisfazer um povo ao mesmo tempo tão impressionável e turbulento. Erros repetidos provocaram a insurreição formidável de 66-70, terminando na captura de Jerusalém e a destruição do Templo, o centro da vida nacional e religiosa dos judeus em todo o mundo.”

Os próximos parágrafos apresentam o sentimento daquele povo no primeiro e segundo século:

“Os judeus não tinham mais razão para se agarrar a uma terra onde a recordação de sua grandeza passada só ajudava a tornar o espetáculo de sua humilhação presente, ainda mais amargo, onde a sua metrópole tornou-se, sob o nome “Aelia Capitolina”, uma colônia romana, uma cidade totalmente pagã fazendo entrar o que era proibido aos judeus, sob pena de morte.”

“Após a queda do Templo (70), o governo romano, em vez de simplesmente abolir um imposto que não tinha mais objeto, decidiu impor-lo para o benefício da tesouraria de Júpiter Capitolino, em Roma (“BJ” vii. 6, § 6; Dio Cassius, LXVI 7). Esta foi a origem dos “Judaicus fisco”, um imposto duplamente cansativo para os judeus, e cuja cobrança pelos procuradores ad hoc (“procuratores anúncio capitularia Judaeorum”), de acordo com os registros contendo os nomes dos circuncidados, foi acompanhado dos vexames mais odiosos, notadamente sob Domiciano (Suetônio, “Domiciano”, 12).”

O próximo apresenta um aspecto da condição política do povo judeu com base em um filósofo que viveu entre 25 a.C. e 50 d.C. aproximadamente:

“Em suma, os judeus em certas cidades gregas, em particular naquelas fundadas pelo rei, tinham sidos colocados em perfeita igualdade com os gregos em matéria de tributação, o exercício dos direitos civis, a participação nas distribuições, etc., sem, ao mesmo tempo, possuir o privilégio da cidadania plena. Philo, com uma afetação de fácil compreensão, declara que os judeus consideram como sua “pátria real” o país em que vivem (“In Flaccum”, 7), e é possível que os direitos de cidadania tenham sido concedidos aos indivíduos judeus – Paulo, por exemplo, chamou a si mesmo de cidadão de Tarso (Atos xxi. 39 [o texto é duvidoso]), mas nenhum exemplo se conhece de uma subvenção coletiva deste caráter.”

O parágrafo abaixo contraria as visões de historiadores como Josefo, colocando-as como favoráveis do ponto de vista religioso:

Não se pode duvidar de que o judaísmo desta forma fez inúmeras conversões durante dois ou três séculos, mas as declarações de Josephus, Philo, e até mesmo de Seneca, que representam o mundo inteiro, tão se apressam em direção observâncias judaicas, e devem ser consideradas como exageros fantasiosos (“Contra Ap” ii 39;. Seneca, em vi 11 “agosto Civ Dei,.”;. Philo, “De Vita Moysis”, § 2 [ed mangey, ii 137..]).

O livro que você me enviou por e-mail trata do anti-semitismo de forma ampla, e dentro desse contexto, ele, de forma imparcial, apresenta aspectos do caráter judaico, o que é muito importante, pois isso contribui na compreensão do tema.

Um abraço!
Juarez


Ivani Medina:

25 de setembro de 2013 às 15:49

Boa tarde, Juarez.

“Os agentes de Roma, como os selêucidas antes deles, foram incapazes de satisfazer um povo ao mesmo tempo tão impressionável e turbulento. Erros repetidos provocaram a insurreição formidável de 66-70, terminando na captura de Jerusalém e a destruição do Templo, o centro da vida nacional e religiosa dos judeus em todo o mundo.”

Eu lembraria que já não se tratava da Roma latina. Então, essa comparação com a Síria grega dos Selêucidas vem a propósito. Havia intenção alguma de satisfazer os judeus, pelo contrário. O imperador Cláudio (51-41) introduziu o costume de chamar para seus ministros e principais conselheiros políticos esses cultos, talentosos e abastados libertos gregos, que possuíam um poder jamais atingido por um senador. Os três secretários de Estado: Palas (Finanças), Narciso (Secretaria de Estado) e Calisto (Petições), são bons exemplos de tal situação. Também Nero (54-68) esteve envolvido por poderosos e temidos libertos como Paris, Hélio e Epafrodito. Will Durant conta que Palas nomeou seu irmão Félix (52-60) como procurador na Judeia. Esses procuradores instituíram uma tradição de corrupção e maus tratos junto aos judeus, que culminou com a nomeação de Géssio Floro.

“Como os gregos de Alexandria, os helenos da Palestina eram notórios por seu anti-semitismo: foram de língua grega de Jabné e Achkelon que levaram a Calígula conhecimento de suas medidas antijudaicas. Ingenuamente Roma insistiu em retirar seus procuradores da Judéia das áreas gentias de fala grega – o último, e o mais insensível deles, Géssio Floro, veio da Ásia Menor grega”. (JOHNSON, 1989, p.140)

Embora a nossa historiografia nos induza a conclusão de que Roma tinha grande dificuldade de manter o seu domínio sobre os judeus, e a bravata judaica a isto faça coro para se valorizar, entendo que as dificuldades que fizeram dos romanos um aríete contra os portões de Jerusalém tenha sido obra (especialmente) de gregos. “[…]. Conseqüentemente é importante compreender que a revolta judia contra Roma era, no fundo, um conflito entre a cultura judaica e a grega.” (JOHNSON, p.124) As dificuldades dos judeus no mundo grego se iniciam com o domínio romano, que concedeu privilégios aos judeus despertando uma ciumeira incontrolável.

O sentimento antijudaico que culmina no primeiro século, por ação das classes médias gregas, ao mesmo tempo coexistia com o sentimento filojudaico que muito devia incomodar à intelectualidade de então e seria o motivo de tamanha indignação. Essa é uma história simples como todas as histórias humanas no fundo são. É um escândalo que ainda seja um mistério.

Grande abraço.
Medina.


Juarez Barcellos:

25 de setembro de 2013 às 21:29

Boa noite!
Medina.

Realmente podemos caminhar nesse sentido, porém, sem ignorar os detalhes da trajetória. Ainda sobre o texto Diáspora da Enciclopédia Judaica gostaria de expor os seguintes parágrafos:

“Depois de inúmeras vicissitudes e, principalmente, devido a desavenças internas na dinastia Selêucida, por um lado, e ao apoio interessado dos romanos, por outro lado, a causa da independência judaica finalmente triunfou. Sob domínio dos Hasmoneus o Estado judeu exibindo certo brilho, anexou vários territórios. Logo, porém, a discórdia na família real, e o crescente descontentamento dos piedosos, a alma da nação, em direção a governantes que não evidenciaram qualquer valorização das aspirações reais de seus súditos, fez da nação judaica uma presa fácil para a ambição dos romanos, os sucessores dos selêucidas. Em 63 a.C. Pompeu invadiu Jerusalém e Gabinius submeteu o povo judeu ao tributo.”

“Depois desta catástrofe, a Judéia formou uma província separada romana, governada por um legado, num primeiro momento “pro prætore”, e mais tarde, “pro consule”, que também era o comandante do exército de ocupação. A destruição completa da Cidade Santa, e a resolução de várias colônias gregas e romanas na Judéia, indicavam a intenção expressa do governo romano em impedir a regeneração política da nação judaica.”

“Tal, então, em seus elementos essenciais, eram os privilégios concedidos aos judeus no mundo greco-romano privilégios importantes o suficiente para induzir mais de um cristão para abraçar a fé judaica, a fim de se proteger em tempos de perseguição. No entanto, a medalha teve o seu reverso. Se os judeus tiveram o privilégio como “forasteiros”, eles ainda eram “forasteiros”, ou seja, eles foram privados de todos os direitos e honras a que os cidadãos, nas cidades da Grécia e no Estado romano, tinham direito.”

“Na falta do direito de cidadania grega, os judeus recorreram ao seu direito de cidadania romana, que trazia consigo, mesmo em cidades gregas, inúmeras vantagens.”

“Em Tarso, Paulo era tanto um cidadão romano quanto um cidadão da própria cidade (Atos xvi 37-39.). Em Jerusalém, em 66 e. C. Havia judeus que eram cavaleiros romanos (ii “BJ” 14., § 9). O número de judeus admitidos em Roma, durante os dois primeiros séculos do império não pode ser estimado, mas deve ter sido considerável, tendo em conta o número de escravos judeus que passaram pelas mãos dos romanos como o resultado de três grandes insurreições.”

Creio que estes parágrafos apresentam aspectos dos privilégios concedidos aos judeus, bem como, uma perspectiva da origem e dos motivos desses benefícios notórios. Vejo também que a questão da ciumeira, como você colocou, faz sentido; uma vez estabelecidos privilégios, a inveja é inevitável em qualquer época e com qualquer nação.

Forte abraço!
Juarez


Ivani Medina:

28 de setembro de 2013 às 12:05

Olá, Juarez.
Boa tarde.

Você está certíssimo. Vamos passo a passo, sem pressa para evitar tropeços.

O surgimento do estado judeu sob o domínio dos Hasmoneus não favoreceu a união daquele povo. Aliás, o judaísmo nunca foi monolítico. O reinado judeu aparece também como o resultado da disputa entre judeus helenistas e os triunfantes contra. Os piedosos, que apoiaram a revolta desde o início, entendiam que os Hashmoneus não tinham direito a iniciarem uma dinastia sacerdotal, pois não pertenciam à linhagem do sacerdote do rei Davi, Zadok, tampouco a linhagem daquele rei. Portanto, nem o trono secular lhes cabia. O crescente desencanto dos piedosos com essa situação, com as disputas familiares e a política interna daquele reinado, levou-os ao afastamento e a uma dura oposição. Os perushim (separados) ou fariseus eram os instrutores, guardiães e propagadores da cultura judaica. Todavia, alguns daqueles que se diziam descendentes de Zadok ou dessa tradição sacerdotal, foram os saduceus ou zadokeus. Pertencentes ao poder hasmoneano ainda conservavam influências helênicas e a descrença no sobrenatural, ao contrário dos fariseus.

Em 78 a.e.c. os ashmoneus conquistaram e absorveram a Samaria, Edom, Moab, Galiléia, Iduméia, Transjordânia, Gadara, Pela, Gerasa, Ráfia e Gaza. O judaísmo e a circuncisão foram impostos aos seus novos súditos pela força da espada.

“Depois desta catástrofe, a Judéia […]” fica claro que a política antijudaica torna-se mais ostensiva. Nenhuma referência ao alegado judeu-cristianismo se faz notar. As referências a Paulo, Atos et. me parece um discreto ceno de cabeça do judaísmo (por obrigação) ao cristianismo do outro lado da calçada.

Forte abraço,
Medina


Juarez Barcellos:

2 de outubro de 2013 às 10:54

Bom dia, Medina.

Sobre a associação do império com o cristianismo tenho uma definição, que se ainda não é totalmente clara, caminha para definir nesse sentido, porém, estou ampliando as fontes para expor minha posição.

Quero aproveitar este ínterim para comentar sobre a condição de um personagem tão importante para o cristianismo que é Paulo de Tarso.

Considerando que Paulo era Judeu, e obviamente os judeus não tinham, do ponto de vista religioso, nenhum motivo para favorecer o cristianismo; ainda mais, que era fariseu, a seita judaica mais conservadora da época, portanto, com a menor aceitação às posições liberais helênicas; sustenta sobre si, aceito apenas sobre a temática da conversão, o contraponto de ter sido ele o maior divulgador do cristianismo de todos os tempos.

Como você compreende o personagem Paulo de Tarso dentro do contexto cultural da época?

Forte abraço!
Juarez


Ivani Medina:

2 de outubro de 2013 às 11:46

Bom dia, Juarez.

“Como você compreende o personagem Paulo de Tarso dentro do contexto cultural da época?”

Compreendo o personagem literário Paulo como a versão grega para a chegada da suposta seita judaica ao mundo pagão. Ele simboliza todo o esforço de resgate dos gregos convertidos ao judaísmo a partir de uma nova solução contra o proselitismo judeu.

  1. Os fariseus eram os legítimos zeladores, propagadores e defensores do judaísmo. Daí a cólera cristã contra eles com suas estórias.

Forte abraço.
Medina


Juarez Barcellos:

13 de outubro de 2013 às 11:04

Olá, Medina!
Como tem passado?

Nesta busca por melhor conhecimento deste assunto, que para mim é muitíssimo importante, empenhei-me em ler livros escritos naquela época, embora não existam muitos; mas o que se tem é usado pelos historiadores atuais para expor suas definições, ou apenas opiniões. O livro I da História Eclesiástica de Eusébio de Cesareia é um dos meus primeiro materiais de leitura. Ele me remete à necessidade de conhecer melhor a obra de Flávio Josefo, pois este historiador foi um dos mais importantes de todos os tempos, sua obra era respeitada nos primeiros séculos e continua até o nosso, sendo ainda muito estudada.

Mas vejo que para o que eu havia colocado anteriormente, sobre às circunstancias em que o Império Romano oficializou o cristianismo, há um choque de posicionamentos referente à análise da veracidade dos documentos, bem como a honestidade e a imparcialidade dos homens que escreveram naquela época. Por isso quero me aprofundar nas obras de Flávio Josefo, Fílon de Alexandria, Eusébio de Cesareia, dentre outros, para não me dar à infelicidade de defender definições que eu mesmo não pude analisar e interpretar as origens. Portanto, considerando a importância que dou a este assunto, deixo em aberto estes quatro “serás”, embora minha lucidez sobre o assunto se amplie a cada leitura.

Será que o império estava em decadência?
Será que o cristianismo estava em ascensão?
Será que o proselitismo judaico era tão forte ao ponto de incomodar o império?
Será que o império queria sincretizar tudo para melhor dominar o mundo?

Quero reafirmar a importância e o prazer no contato contigo.

Até breve; Felicidade!

Juarez


Ivani Medina:

13 de outubro de 2013 às 12:06

Olá, Juarez!

Tudo bem, obrigado. Espero que contigo esteja também. Respeito a sua opinião em relação à Josefo. No entanto, ele somente passou a ter destacada importância para o cristianismo na sua “legitimação” como judeu, ao ponto de introduzirem parágrafos nela confirmando a existência física de Jesus.. Sua confiabilidade é muito discutida. A obra de Eusébio também está permeada de lendas, como a carta de próprio punho de Jesus ao rei de Edessa. Sem dúvida algumas são obras importantes.

Você está correto na sua posição de estudante. O recurso declarado da desonestidade utilizado pelos pais da igreja merece realçada atenção. Isto não pode ser atribuído às necessidades imperiais, mas às necessidades de convencimento e de propagação deles mesmos na época. Quanto ao lado sentimental e filosófico da questão eu não questiono. Aqueles que mentiram para convencer não estavam em conflito com os próprios sentimentos. Creio que isto confunda muito.

“Será que o império estava em decadência?”

No segundo século, quando surgiu o cristianismo, o império enfrentou algumas dificuldades como a reposição da mão-de-obra escrava, mas decadência não.

“Será que o cristianismo estava em ascensão?”

Desde que surgiu, o cristianismo iniciou a lenta e definitiva escalada.

“Será que o proselitismo judaico era tão forte ao ponto de incomodar o império?”

Creio que sim. O professor italiano, cuja matéria lhe enviei, afirma isso. O curioso foi que em língua inglesa quase não se encontra nada. Em português nem pensar. Nunca estive com um livro de história nas mãos que tratasse do assunto. Quando muito algo como notas de rodapé. Uma vergonha.

“Será que o império queria sincretizar tudo para melhor dominar o mundo?”

Sim. Acredito com motivos que não se tratava meramente do poder político temporal, mas, inclusive, uma garantida de que o judaísmo estaria sob controle e sem a oportunidade de envolver as massas. O ódio contra os judeus permanece até hoje no inconsciente das multidões. Foi um trabalho bem feito.

“Quero reafirmar a importância e o prazer no contato contigo.”

É recíproco, meu caro.

Até e um grande abraço.


Juarez Barcellos:

15 de outubro de 2013 às 22:30

Boa noite, Medina.

Sobre a questão da decadência, existem dois fatores que se chocam drasticamente, e apontam para uma crise sem solução:

1- A hierarquia no poder imperial romano tinha uma escalada rumo à idolatria, além dos venerados deuses greco-romanos;

2- A diáspora pós guerra somada ao proselitismo geraram um grande crescimento do judaísmo, e o cristianismo em acensão fortaleceu e ampliou a visão religiosa monoteística;
Considerando estes dois fatores evidencia-se uma crise sem solução instalada, pois a morte para o monoteísmo é mais honrosa que a idolatria.

O crescimento dessas duas correntes monoteístas, em todos os seguimentos sociais, inclusive dentro do governo e do exército, proporcionariam uma incontrolável contestação dos valores e dos poderes imperiais impostos aos povos.

Medina, se isso faz sentido, e estou convicto que sim, posso afirmar ainda, que numa posição política em que uma das soluções seria matar escravos e pagadores de impostos judeus e cristãos, e outra seria filiar-se a uma dessas para manter o poder; parece-me então, que entre uma doutrina religiosa aberta e com novos valores e outra com histórico conservador e que recentemente havia se rebelado, uma tendência a cristianização do poder seria lógica, por ser extremamente favorável à sua manutenção.

E vendo nos dias atuais a ousadia dos homens no uso da fé alheia, e as manobras que são feitas para ampliar ou manter os fiéis, não fica muito difícil crer que existe uma possibilidade grande de ter se dado desta maneira. A final, riqueza e poder seduzem em qualquer época.

Sobre o ódio aos judeus vou expor minha opinião em breve.

Um forte abraço!
Juarez


Ivani Medina:

16 de outubro de 2013 às 17:47

Boa tarde, Juarez.

1- “A hierarquia no poder imperial romano tinha uma escalada rumo à idolatria, além dos venerados deuses greco-romanos;”

Traduza isto para mim, por favor.

2- “A diáspora pós guerra somada ao proselitismo geraram um grande crescimento do judaísmo, e o cristianismo em acensão fortaleceu e ampliou a visão religiosa monoteística;”

Aqui falamos dos três primeiros séculos, em especial do século II, quando o império estava muito bem das pernas.

“O crescimento dessas duas correntes monoteístas, em todos os seguimentos sociais, inclusive dentro do governo e do exército, proporcionariam uma incontrolável contestação dos valores e dos poderes imperiais impostos aos povos.”

O cristianismo só vai aparecer na disputa depois do século IV, quando consegue apoio do governo.

O sentido que você encontrou não me parece tão claro se considerarmos os fatos. As dificuldades na gestão do império se iniciam depois do final da casa dos Antoninos com a posterior anarquia militar que culminará com a ascensão de Constantino no século IV. Até então me parece prematuro se falar em decadência.

Forte abraço.
Medina


Juarez Barcellos:

21 de outubro de 2013 às 14:21

Boa tarde, Medina.

Veja se os termos intitulações e divindade imperial dão mais sentido à frase:
1- “As intitulações no poder imperial romano tinha uma escalada rumo à divindade imperial, além dos venerados deuses greco-romanos;”

“Se Augusto prosseguia na tradição dos grandes construtores de templos da República, seus sucessores não seguiram seu exemplo do mesmo modo. A construção dos templos em Roma passou a ser feita principalmente em favor dos novos deuses, isto é, os sucessivos imperadores mortos, declarados diui após sua morte. O precedente, porém, foi aberto pelo próprio Augusto, que construiu o templo para seu pai adotivo, Divus Iulus¸ no Forum romano, mais ou menos onde a multidão fizera-lhe a pira funerária em março de 44 AC, imediatamente após seu assassinato. Cerca de 60 anos depois, o próprio Augusto era deificado por seu sucessor Tibério e pelo Senado do tempo, e seu templo foi construído no Forum. A partir daí, e até Marco Aurélio, quase todos os Diui tiveram templos, alguns de proporções gigantescas.” Claudia Beltrão da Rosa, UNIRIO – ARTE, RELIGIÃO E PODER NA ROMA ANTIGA: INOVAÇÕES E CONSERVADORISMO NA REPÚBLICA TARDIA – NEA/UERJ 2008 (p. 18-19).

O período de prosperidade sob o regime imperial se deu em parte pelas conquistas territoriais, que enriqueceram parte da população e pela substituição de trabalhadores pela mão-de-obra escrava gerando aumento da população urbana. Mesmo neste período observa-se problemas sociais graves notoriamente observados pelo alto número de imperadores, principalmente no “ano dos quatro”, a crise do terceiro século (235) não surge por acaso, mas é fruto de problemas institucionais e sociais acumulados. Todavia, cabe dizer que problemas sociais sempre estiveram presentes na história da humanidade, portanto, não seriam as conquistas republicanas ou imperiais dos romanos capazes de livrá-los de tais.

“Os últimos anos da República, de acordo com Alföldy, podem ser identificados como momentos de crise política e social (ALÖFLDY, Géza.1989. p.: 82.). Os conflitos declarados são passíveis de serem divididos em quatro tipos: as lutas dos escravos, as resistências dos habitantes das províncias contra o domínio romano, a luta dos itálicos contra Roma e os conflitos políticos entre os próprios cidadãos da urbe. O embate geral culminou na Guerra Civil, apresentando lapsos de profunda periculosidade para Roma, como, por exemplo, a Revolta de Spartacus e a Guerra contra Sertório na Hispania.” Vanessa Vieira de Lima, UNIRIO – ESCOLAS DE ROMANIDADE: A EXPERIÊNCIA SERTORIANA NEA/UERJ 2008 (p. 104).

Forte abraço!
Juarez


Ivani Medina:

22 de outubro de 2013 às 19:17

Boa noite, Juarez.

“As intitulações no poder imperial romano tinha uma escalada rumo à divindade imperial, além dos venerados deuses greco-romanos;”

Comentário: O povo de Roma [as classes médias ainda de origem predominantemente latina] não desejava o império, mas restaurar a república e as antigas tradições, no final do último século. Júlio César sim havia possivelmente sonhado com uma nova e radiante Roma, iluminada pelo amado helenismo de Cleópatra. Aliás, o sonho dela ou deles era vê-lo realizado na pessoa do filho, Cesário. Culturalmente, os romanos estavam à mercê dos gregos, ainda que houvesse resistência.

“È provável que César ambicionasse conciliar a aristocracia e a democracia no imperialismo. Seu sonho era, talvez, uma república liberal e conquistadora, culta e artística, igual à que do alto das colinas de Atenas iluminaria o mundo, mas muito maior e mais poderosa, cujo corpo fosse a Itália e a cabeça, Roma. Governada com o auxílio de uma classe média abastada e culta e de uma aristocracia enérgica e prudente, franqueada aos homens e às idéias novas, tal república cumpriria o ideal de hegemonia universal de Alexandre e faria da Itália a coluna mestra da civilização, a metrópole da força, do dinheiro, da arte, da ciência, da eloqüência, da liberdade.” (FERRERO, 1965, P. 193).

“Se Augusto prosseguia na tradição dos grandes construtores de templos da República, seus sucessores não seguiram seu exemplo do mesmo modo. A construção dos templos em Roma passou a ser feita principalmente em favor dos novos deuses, isto é, os sucessivos imperadores mortos, declarados diui após sua morte. O precedente, porém, foi aberto pelo próprio Augusto, que construiu o templo para seu pai adotivo, Divus Iulus¸ no Forum romano, mais ou menos onde a multidão fizera-lhe a pira funerária em março de 44 AC, imediatamente após seu assassinato. […]”

Comentário: Considerando o historiador italiano Guglielmo Ferrero, eu diria que a argúcia greco-oriental estaria dando de 10 X 0 na perspicácia latina. Pelo rumo que as coisas tomaram fica nítido que o responsável (absoluto) pela ideia de endeusamento do príncipe e dos futuros imperadores não foi o próprio Augusto.

“No dia 25 de novembro, ao menos é o que parece, [Augusto] desembarca em Samos, às portas das antigas monarquias de Pérgamo e da Bitínia, isto é, das duas províncias da Ásia e da Bitínia que depois de Ácio lhe tinham pedido licença para erguer em sua homenagem, como se fazia para os reis antigos, dois templos nas duas antigas metrópoles, Pérgamo e Nicomédia, respectivamente; e, se ele não encontrara templo acabados, encontrou pelo menos o seu culto preste a estender-se singularmente a toda Ásia grega. Pérgamo não estava só ao construir o templo e ao organizar em torno deste o culto de Augusto, tomando por modelo o de Zeus: ela tinha ao seu lado a Ásia inteira, a dieta das cidades asiáticas, que já se reunia na época de Antônio, e isso para que o templo não traduzisse a devoção apenas de uma cidade e sim de toda a Ásia. Toda Ásia, efetivamente, se entregava ao novo culto e ao novo deus. Em muitas cidades organizavam-se os jogos solenes em honra de Roma e de Augusto; em outras, como Milasa, Nisa, Mitilene, erguiam-se altares e templos ao princeps da república romana; em Alabanda o seu culto foi associado ao de uma das divindades da cidade”.
“Seja embora verossímil que naquele inverno Augusto esteve preocupado principalmente com a questão dos partos e a expedição contra a Armênia, que deveria estar terminada na primavera, não é todavia impossível quisesse saber o que pediam, em troca daquele culto e dos templos, os povos do Oriente. Esse culto era uma novidade estranha. Mesmo ao tempo da monarquia a adoração de reis vivos parece ter sido praticada apenas no Egito, enquanto a Ásia Menor esperava que eles morressem para depois incluí-los na legião dos deuses. Por que, então, essa planta egípcia, que jamais deitara raízes no próprio solo da Ásia, florescia agora tão depressa? Por que, enquanto na Itália se tentava restaurar as instituições republicanas, o culto dos soberanos vivos, suprema exageração do sentimento dinástico, se desenvolvia tão rapidamente entre os gregos da Ásia Menor, enroscando-se como hera ao primeiro magistrado da novel república?” (FERRERO, P. 136 e P.138).

FERRERO, Guglielmo. Grandeza e decadência de Roma. vol. I, Porto Alegre: Globo, 1965.

“O período de prosperidade sob o regime imperial se deu em parte pelas conquistas territoriais, que enriqueceram parte da população e pela substituição de trabalhadores pela mão-de-obra escrava gerando aumento da população urbana.”

Comentário: Creio que a prosperidade do império e a própria remodelação de Roma, a educação dos seus habitantes etc. se deva também a alta qualidade e as novas técnicas trazidas pela mão-de-obra escrava chegada da Ásia Menor. Era um tipo de escravos diferentes dos gauleses, por exemplo. Grosso modo gente culta de um nível social elevado que se viu como serviçal na casa de camponeses rudes. Se para ter problemas basta estar vivo, o que dizer dos governos então na história da humanidade. Vou deixar a opinião de Edward Gibbon quanto a questão da decadência do Império Romano.

“[…] As diversas causas e os efeitos progressivos [do declínio e queda do Império Romano] vinculam-se a muitos dos acontecimentos mais interessantes dos anais humanos; a política ardilosa dos Césares, que manteve por longo tempo o nome e a imagem de uma república livre; as desordens do despotismo militar; o surgimento, estabelecimento e seitas do cristianismo; a fundação de Constantinopla; a divisão da monarquia; as invasões e colônias dos bárbaros da Germânia e da Cítia; […]” (GIBBON, 2005, p. 597)

GIBBON, Edward. Declínio e queda do Império Romano. Ed. abreviada. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

“conflitos declarados são passíveis de serem divididos em quatro tipos: as lutas dos escravos, as resistências dos habitantes das províncias contra o domínio romano, […]“
Comentário: Já vi gente tentando argumentar que o conflito de Spartacus seria fruto de uma dificuldade social em vias de explosão, como a endossar a teoria marxista de luta de classes na Antiguidade. Pior, tentam relacionar isto com o surgimento do cristianismo. Eu não concordo com essa tese. Para mim é somente ideológica.

Forte abraço!
Medina.


 Juarez Barcellos:

24 de outubro de 2013 às 10:19

Bom dia, Medina!

“As diversas causas e os efeitos progressivos […]”; parece que esse texto engloba resumidamente os fatores que fizeram parte do contexto.

Realmente não há como apontar centralizadamente um fator que tenha gerado a queda do império, nem se deve afirmar que ouve um fim para aquela civilização.

Confesso que tenho tendência a ver o assunto com um olho nas lutas de classes e outro no oportunismo religioso; o primeiro simbolizando as “causas” e o segundo as “buscas por soluções”. Talvez, eu tenha necessidade de tirar a complexidade das coisas e fatos, mas realmente este assunto necessita ser analisado em sua amplitude de complexidade.

A história do Império Romano é comumente resumida em três períodos:
De 27 a.C. até 193, intitula-se habitualmente como “Alto Império”, “Período da Paz Romana” ou Principado, tendo a dinastia dos Antoninos (96-192) como o ponto máximo em termos de desenvolvimento político, artístico e cultural. A dinastia dos Severos (193-235) e a Anarquia Militar (235-284) envolvem a chamada “Crise do Século III”, por se tratar de um período de forte abalo das estruturas do império. Da ascensão de Diocleciano (284) até a deposição de Rômulo Augusto (476), a historiografia chama de “Baixo Império”, Dominato, ou ainda, “Antiguidade Tardia”. Alguns estendem este último período até 565.

Com relação ao proselitismo judaico, realmente é difícil encontrar material literário, a informação religiosa sobre o período do império está basicamente focada no cristianismo. Há ainda, no campo religioso, muita informação sobre a forma romana, desde a república, de observar e até mesmo de buscar para si o favor dos deuses dos povos a serem dominados; talvez essa cultura religiosa faça algum sentido em relação à conversão imperial ao cristianismo, obviamente não havia uma nação a ser conquistada, mas um domínio a ser mantido. Não quero com isso insistir neste ponto de vista, muito menos supor dúvidas sobre a autenticidade da conversão de Constantino, mas apenas apresentar uma possibilidade de raciocínio que, ao analisar os fatos, permanece diante de mim como tal.

Forte abraço;
Juarez


Ivani Medina:

24 de outubro de 2013 às 17:56

Boa tarde, Juarez.

Pois então, hoje, em pleno século XXI, ainda nos encontramos entre essas duas versões, a confessional e a marxista. Temos a nossa disposição uma erudição circular que nos leva de volta sempre ao mesmo ponto. Um círculo vicioso. Nada de maiores informações, nada de nada. Para manter a tradição a salvo se esquecem dos escrúpulos.

Forte abraço.
Medina


Juarez Barcellos:

28 de outubro de 2013 às 11:06

Bom dia, Medina.

Encontrei material que enfoca a questão que você aborda, porém, parece que está mais voltado para o ódio contra os judeus do que propriamente contra o crescimento do judaísmo. Embora os dois pontos estejam entrelaçados, obviamente o ódio é pior. As leis apresentadas abaixo foram promulgadas a partir do reinado de constantino, seguindo-se em longa escala, passando pelo arianismo e, se não estou errado, tendo como reflexo manifestações mais recentes em países ocidentais á algumas décadas passadas.

Ne christianum mancipium iudaeus habeat (Não tenha um judeu um escravo cristão)

A última proibição, promulgada no reinado de Constantino (335), se repetiu durante os reinados de Constâncio (339) e de Graciano (375), quando os judeus são proibidos de ter ou adquirir escravos cristãos.

Codex Theodosianus, XVI, 9,1(335) “Si quis Iudaeorum Christianum mancipium vel cuiuslibet alterius sectae mercatus circunciderit, minime in servitute retineat circumcisum, sed libertatis privilegiis, qui hoc sustinuerit, potiatur.” (a circuncisão de escravos não-judeus)

Codex Theodosianus, XVI, 9, 2(339) Constâncio legisla que “se alguém entre os judeus adquirir um escravo de outra seita ou nação (mancipium sectae alterius seu nationis crediderit conparandum), este deverá ser confiscado pelo tesouro imperial/fisco (mancipium fisco protinus vindicetur). Mas se, além de adquirir o escravo, o judeu ousou circuncidá-lo (si vero emptum circumciderit), não seria apenas punido com multa(non solum mancipium damno multetur), mas também receberia a pena capital (verum etiam capitali sententia puniatur)”.

No III Concílio de Toledo, cânon 14 (589) se afirma que: judeus não poderiam ter esposas e nem concubinas cristãs (ut iudaeis non liceat christianas
habere uxores vel concubinas) nem escravos cristãos para uso próprio (neque mancipium christianum in usus proprios conparere).

“um crime os servidores de Cristo servirem os ministros do anticristo” “nefas est enim ut membra Christi serviant Anti-Christi ministris.” IV Concílio Tolentino, c. 66.

FELDMAN, S. A., 2002

C.Th. XV.v.1: No dia do Senhor, que é o primeiro dia da semana, em Natal, e no dia da Epifania, Páscoa e Pentecostes, na medida em que, em seguida, as vestes [brancas] [dos cristãos], simbolizando a luz celestial de limpeza testemunham a nova luz do santo batismo, na época também do sofrimento dos apóstolos, o exemplo para todos os cristãos, os prazeres dos teatros e jogos devem ser mantidos com as pessoas em todas as cidades, e todos os pensamentos dos cristãos e crentes devem ser ocupados com a adoração a Deus. E, se forem impedidos da adoração através da loucura da impiedade judaica ou o erro e insanidade de tolo paganismo, que eles saibam que há um tempo para a oração e outro para o prazer.

C.Th. XVI.v.iii: Sempre que for encontrada uma reunião de uma multidão de maniqueístas, deixe os líderes ser punido com uma multa pesada e deixar aqueles que participaram ser conhecido como infame e desonrado, e ser excluído da associação com os homens, e deixar a casa e as casas onde a doutrina profana foi ensinado ser apreendido pelos policiais da cidade. Valentiniano e Valens Augusti.

Estou lendo outras fontes para entender melhor o assunto.

Forte abraço;
Juarez


Ivani Medina:

28 de outubro de 2013 às 11:36

Bom dia, Juarez.

O material que você encontrou está distante da origem, século II. São ecos de algo ainda intencionalmente oculto. É o que buscamos. O antijudaísmo dos pais da Igreja me parece mais revelador. A declaração da Nova Aliança é o próprio escracho, a revelação dos seus desígnios ocultos.

Forte abraço.

Medina


Ivani Medina:

31 de outubro de 2013 às 15:16

Olá, Juarez. Boa tarde.

Encontrei este artigo acadêmico que vale a pena dar uma olhada:

http://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/18725/0

Forte abraço,
Medina.


Juarez Barcellos:

6 de novembro de 2013 às 22:20

Boa noite, Medina.

Creio que as frases abaixo resumem o trabalho que você citou.

1. Em -46 Júlio César emitiu uma série de decretos protegendo culto judaico, mais tarde confirmado por Augusto, e aplicado onde há judeus.

2. Deve-se notar que, apesar das duas revoltas na Judeia, as leis romanas para protegerem os judeus nunca foram revogadas e o culto imperial nunca lhes foi imposto.

3. As primeiras leis anti-judaicas começaram no cristão Império Bizantino e são motivados por rivalidades puramente.

4. Os judeus não eram uma preocupação central no império pagão. No entanto, tornaram-se ódio na teologia cristã.

Até aqui, abordamos vários pontos, confesso que todos me interessam, entretanto, o centro de sua observação está na questão do cristianismo como uma farsa em oposição ao judaísmo, talvez uma conspiração greco-romana. Se nós queremos seguir em busca de respostas, e penso que sim, acredito devamos analisar algumas questões que ainda não vimos e revermos outras já observadas. Para isso proponho inicialmente uma análise em pontos específicos no Novo Testamento; concorda?

Forte abraço,
Juarez


Ivani Medina:

7 de novembro de 2013 às 11:13

Olá Juarez, bom dia.

Os textos que apresento não representam o meu modo de pensar e nem poderiam. 99,9% dos autores que venho consultando na minha pesquisa são cristãos. A tendência é mesmo complicar para que a verdade permaneça na sombra para que não arranhe a fé cristã no imbróglio que ela se meteu ao apelar para o tempo cronológico.
Discordo do número três.

  1. “As primeiras leis antijudaicas começaram no cristão Império Bizantino e são motivados por rivalidades puramente.”

“Jesus Cristo definido como “Divindade da Divindade, Luz da Luz, Verdadeiro Deus do Verdadeiro Deus, consubstancial ao pai”, a histeria antijudaica redobrou o seu furor e a acusação mais corrente que se fazia aos judeus era de “deicidas”. Tudo começou em 18 de outubro de 315, quando Constantino proibiu os judeus de adotarem medidas contra seus correligionários convertidos ao cristianismo, na mesma ocasião que ele próprio tomou medidas para desencorajar os cristãos de se converterem ao judaísmo”. (MESSADIÉ, 2003, p.150 –151)

Discordo também do número quatro.

  1. “Os judeus não eram uma preocupação central no império pagão. No entanto, tornaram-se ódio na teologia cristã.”

Falso. Se não eles não foram uma preocupação constante, foram ao menos para que obtivessem uma legislação especial que muito enciumou a outros. Dizer isso quando Adriano, a despeito dos privilégios por eles conquistados, proibiu a circuncisão em todo império, inclusive para eles, fica até feio. São coisas assim que me mostram que eu estou no rumo certo.

Caro Juarez, para mim o Novo Testamento é um romance religioso cuja finalidade é confirmar uma fé. Considero sua narrativa como pura invenção apoiada em fatos históricos para dar-lhe alguma credibilidade. A intenção é enganar mesmo e é essa tradição do engano que a nossa cultura quer preservar a todo custo. E ainda dizem que a bíblia é verdade. Não sei o que você pretende com isso. No entanto, no momento estou dando uma olhada no Apocalipse de João por causa de Engels. Segundo ele, este é o único documento cristão do século I. Tão logo eu chegue a minha conclusão, lhe passarei um resumo. Bem, diante do que lhe afirmei, esteja á vontade, sabendo de antemão que não considero o NT fonte digna de atenção.

Forte abraço,
Medina


Ivani Medina:

7 de novembro de 2013 às 11:26

Adendo: “ódio teológico” não existe. É conversa fiada para disfarçar o antigo ódio grego que antecedeu o cristianismo e nele se perpetuou. Ódio é ódio.

“Apesar do conflito religioso fundamental, não há nada da obsessão criada mais tarde pelo ódio teológico.” (resumo do artigo)

Justino disse que os judeus eram filhos de meretrizes, entre outras. Tal sentimento teve continuidade com Tertuliano, que escreveu um manifesto sistemático contra os judeus. Irineu chamou os judeus de deserdados de Deus. Cipriano disse que o diabo era o pai dos judeus. O referido “mais tarde” foi em 387, já no século IV, quando teve início a maior campanha de instigação cristã contra os judeus de que se tem notícia na Antiguidade – e ela foi patrocinada pelo Pai da Igreja João Crisóstomo, a partir de Antioquia (Síria). Sentimento indissociável das classes médias gregas por diversos motivos. O conflito era cultural, como afirmou Paul Johnson. Portanto, mais uma afirmação falsa, capaz de confundir quem não sabe o que está a procurar.


Juarez Barcellos:

11 de dezembro de 2013 às 12:53

Olá, Medina;

Saudações!
Agora terei mais tempo para expor, como havia dito, alguns pontos do Novo Testamento, se tu ainda queres prosseguir. Também gostaria de saber sua conclusão sobre o Apocalipse de João.

Além disso, quero dizer que a gravidez da minha esposa é de uma menina que se chamará Bárbara.

Forte abraço!
Juarez

As Palavras de Jesus Cristo

Segundo Lucas

Textos das versões bíblicas: Almeida Corrigida e Revisada Fiel – Tradução de João Ferreira de Almeida
Sem narrativas e diálogos. Com eventuais explicações resumidas sobre os contextos.
Em resposta a seus pais quando o encontraram no templo conversando com os doutores

Por que é que me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai? 2:49

Em resposta ao tentador

Está escrito que nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra de Deus. 4:4 Vai-te para trás de mim, Satanás; porque está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás. 4:8 Dito está: Não tentarás o Senhor, teu Deus. 4.12

Leitura do livro do profeta Isaías, na sinagoga

O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração, 4.18 A pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do Senhor. 4.19

Ainda na sinagoga

Hoje, se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos. 4.21 Sem dúvida me direis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo; faze também aqui na tua pátria tudo o que ouvimos ter sido feito em Cafarnaum.  4.23 Em verdade vos digo que nenhum profeta é bem recebido na sua pátria. 4.24 Em verdade vos digo que muitas viúvas existiam em Israel no tempo de Elias, quando o céu cerrou por três anos e seis meses, de sorte que em toda a terra ouve grande fome; 4.25 e a nenhuma delas foi enviado Elias, senão Serepta de Sidom, a uma mulher viúva. 4.26 E muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Eliseu, e nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o siro 4.27

A um demônio que possuía um homem numa sinagoga em Cafarnaum, cidade da Galiléia

Cala-te sai dele. 4.35

À multidão

Também é necessário que eu anuncie a outras cidades o evangelho do reino de Deus; porque para isso fui enviado. 4:43

A Simão após ensinar à multidão usando seu barco. Outra vez a ele quando temeu por ser pecador

Faze-te ao mar alto, e lançai as vossas redes para pescar. 5.4 Não temas; de agora em diante serás pescador de homens. 5.10

A um leproso

Quero, sê limpo! 5.13 Vai, mostra-te ao sacerdote, e oferece pela tua purificação, o que Moisés determinou, para lhes serva de testemunho. 5.14

A um paralítico em Cafarnaum

Homem, os teus pecados te são perdoados. 5.20

A escribas e fariseus em Cafarnaum

Que arrazoais em vossos corações? 5.22 Qual é mais fácil, dizer: Os teus pecados te são perdoados; ou dizer: Levante-te, e anda? 5.23 Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra poder de perdoar pecados (disse ao paralítico), a ti te digo: Levanta-te, toma a tua cama, e vai para tua casa. 5:24

A Levi, o coletor de impostos (publicano)

Segue-me! 5.27

Aos fariseus e seus escribas, quanto ao fato de seus discípulos não jejuarem

Não necessitam de médico os que estão sãos, mas, sim, os que estão enfermos; 5.31  eu não vim chamar justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento. 5.32 Podeis vós fazer jejuar os filhos das bodas, enquanto o esposo está com eles? 5.34  Dias virão, porém, em que o esposo lhes será tirado, e então, naqueles dias, jejuarão. 5.35 Ninguém deita um pedaço de uma roupa nova para a coser em roupa velha, pois romperá a nova e o remendo não condiz com a velha. 5.36 E ninguém deita vinho novo em odres velhos; de outra sorte o vinho novo romperá os odres, e entornar-se-á o vinho, e os odres se estragarão; 5.37 Mas o vinho novo deve deitar-se em odres novos, e ambos juntamente se conservarão. 5.38 E ninguém tendo bebido o velho quer logo o novo, porque diz: Melhor é o velho. 5.39

A alguns fariseus, quando os discípulos de Jesus estavam comendo espigas de milho num sábado

Nunca lestes o que fez Davi quando teve fome, ele e os que com ele estavam? 6.3 Como entrou na casa de Deus, e tomou os pães da proposição, e os comeu, e deu também aos que estavam com ele, os quais não é lícito comer senão só aos sacerdotes? 6.4 O Filho do homem é senhor até do sábado.  6.5

Ao homem da mão ressequida

Levanta-te, e fica em pé no meio. 6.8

Aos escribas e fariseus que procuravam em que acusá-lo

Uma coisa vos hei de perguntar: É lícito nos sábados fazer bem, ou fazer mal? salvar a vida, ou matar? 6:9

Ao homem da mão ressequida

Estende a tua mão 6.10

Inicialmente aos seus discípulos

Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus. 6.20

Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis fartos.

Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rir. 6.21

Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem e quando vos separarem, e vos injuriarem, e rejeitarem o vosso nome como mau, por causa do Filho do homem. 6.22

Folgai nesse dia, exultai; porque eis que é grande o vosso galardão no céu, pois assim faziam os seus pais aos profetas. 6.23

Mas ai de vós, ricos! Porque já tendes a vossa consolação. 6.24

Ai de vós, os que estais fartos!  Porque tereis fome. 6.25

Ai de vós, os que agora rides! Porque vos lamentareis e chorareis.

Ai de vós, quando todos os homens de vós disserem bem, porque assim faziam seus pais aos falsos profetas. 6.26

Ao povo em geral

Mas a vós, que isto ouvis, digo: Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam; 6.27 bendizei os que vos maldizem, e orai pelos que vos caluniam. 6.28 Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que te houver tirado a capa, nem a túnica recuses; 6.29 e dá a qualquer que te pedir; e ao que tomar o que é teu, não lho tornes a pedir. 6.30 E como vós quereis que os homens vos façam, da mesma maneira lhes fazei vós, também. 6.31

E se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? Também os pecadores amam aos que os amam. 6.32 E se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que recompensa tereis? Também os pecadores fazem o mesmo. 6.33 E se emprestardes àqueles de quem esperais tornar a receber, que recompensa tereis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para tornarem a receber outro tanto. 6.34 Amai, pois, a vossos inimigos, e fazei bem, e emprestai, sem nada esperardes, e será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os ingratos e maus. 6.35 Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. 6.36

Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; soltai, e soltar-vos-ão. 6.37 Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando, vos deitarão no vosso regaço; porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo. 6.38

Pode porventura o cego guiar o cego? Não cairão ambos na cova? 6.39 O discípulo não é superior a seu mestre, mas todo o que for perfeito será como o seu mestre. 6.40 E por que atentas tu no argueiro que está no olho de teu irmão, e não reparas na trave que está no teu próprio olho? 6.41 Ou como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o argueiro que está no teu olho, não atentando tu mesmo na trave que está no teu olho? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás bem para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão. 6.42

Porque cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto; pois não se colhem figos dos espinheiros, nem se vindimam uvas dos abrolhos. 6.44 O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do seu coração fala a boca. 6.45

E por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo? 6.46 Qualquer que vem a mim e ouve as minhas palavras, e as observa, eu vos mostrarei a quem é semelhante: 6.47 É semelhante ao homem que edificou uma casa, e cavou, e abriu bem fundo, e pôs os alicerces sobre a rocha; e, vindo a enchente, bateu com ímpeto a corrente naquela casa, e não a pôde abalar, porque estava fundada sobre a rocha. 6.48 Mas o que ouve e não pratica é semelhante ao homem que edificou uma casa sobre terra, sem alicerces, na qual bateu com ímpeto a corrente, e logo caiu; e foi grande a ruína daquela casa. 6.49

Ao povo, se referindo ao centurião que cria que Jesus poderia curar seu servo mesmo distante

Digo-vos que nem ainda em Israel tenho achado tanta fé. 7:9

À uma viúva no enterro de seu filho

Não chores! 7.13

Ao ressuscitar o filho da viúva

Jovem, a ti te digo: Levante-te! 7.14

Aos discípulos de João Batista

Ide, e anunciai a João o que tendes visto e ouvido: que os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres anuncia-se o evangelho. 7.22 E bem-aventurado é aquele que em mim se não escandalizar. 7.23

Ao povo, sobre João Batista

Que saístes a ver no deserto? uma cana abalada pelo vento? 7.24 Mas que saístes a ver? um homem trajado de vestes delicadas? Eis que os que andam com preciosas vestiduras, e em delícias, estão nos paços reais. 7.25 Mas que saístes a ver? um profeta? Sim, vos digo, e muito mais do que profeta. 7.26 Este é aquele de quem está escrito: Eis que envio o meu anjo diante da tua face, O qual preparará diante de ti o teu caminho. 7.27 E eu vos digo que, entre os nascidos de mulheres, não há maior profeta do que João o Batista; mas o menor no reino de Deus é maior do que ele. 7.28 E todo o povo que o ouviu e os publicanos, tendo sido batizados com o batismo de João, justificaram a Deus. 7.29 Mas os fariseus e os doutores da lei rejeitaram o conselho de Deus contra si mesmos, não tendo sido batizados por ele. 7.30

A quem, pois, compararei os homens desta geração, e a quem são semelhantes? 7.31 São semelhantes aos meninos que, assentados nas praças, clamam uns aos outros, e dizem: Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamo-vos lamentações, e não chorastes. 7.32 Porque veio João o Batista, que não comia pão nem bebia vinho, e dizeis: Tem demônio; 7.33 veio o Filho do homem, que come e bebe, e dizeis: Eis aí um homem comilão e bebedor de vinho, amigo dos publicanos e pecadores. 7.34 Mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos. 7.35

Ao fariseu Simão num jantar em sua casa, quando este, em pensamento, duvidara de seu convidado Jesus

Simão, uma coisa tenho a dizer-te. 7.40 Um certo credor tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos dinheiros (denários), e outro, cinquenta. 7.41 E não tendo eles com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Diga, pois, qual deles o amará mais? 7.42  (Simão respondeu: o primeiro) Julgaste bem. 7.43 Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; mas esta regou-me os meus pés com lágrimas e os enxugou com os cabelos de sua cabeça. 7.44 Não me deste ósculo, mas esta, desde que entrou, não tem cessado de me beijar os pés. 7.45 Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta ungiu-me os pés com unguento. 7.46 Por isso te digo que os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco é perdoado pouco ama. 7.47

À mulher que chorava aos seus pés no jantar na casa do fariseu Simão

Os teus pecados te são perdoados. 7.48 A tua fé te salvou; vai-te em paz. 7.50

A uma multidão (A parábola do semeador)

Um semeador saiu a semear a sua semente e, quando semeava, caiu alguma junto do caminho, e foi pisada, e as aves do céu a comeram; 8.5 E outra caiu sobre pedra e, nascida, secou-se, pois que não tinha umidade; 8.6 e outra caiu entre espinhos e crescendo com ela os espinhos, a sufocaram; 8.7 e outra caiu em boa terra, e, nascida, produziu fruto, a cento por um. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. 8.8

Aos discípulos (explicação da parábola do semeador e da candeia)

A vós vos é dado conhecer os mistérios do reino de Deus, mas aos outros por parábolas, para que vendo, não vejam, e ouvindo, não entendam. 8.10 Esta é, pois, a parábola: A semente é a palavra de Deus; 8.11 e os que estão junto do caminho, estes são os que ouvem; depois vem o diabo, e tira-lhes do coração a palavra, para que não se salvem, crendo; 8.12 e os que estão sobre pedra, estes são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria, mas, como não têm raiz, apenas creem por algum tempo, e no tempo da tentação se desviam; 8.13 e a que caiu entre espinhos, esses são os que ouviram e, indo por diante, são sufocados com os cuidados e riquezas e deleites da vida, e não dão fruto com perfeição; 8.14 e a que caiu em boa terra, esses são os que, ouvindo a palavra, a conservam num coração honesto e bom, e dão fruto com perseverança. 8.15

A parábola da candeia

E ninguém, acendendo uma candeia, a cobre com algum vaso, ou a põe debaixo da cama; mas põe-na no velador, para que os que entram vejam a luz. 8.16 Porque não há coisa oculta que não haja de manifestar-se, nem escondida que não haja de saber-se e vir à luz. 8.17 Vede, pois, como ouvis; porque a qualquer que tiver lhe será dado, e a qualquer que não tiver até o que parece ter lhe será tirado. 8.18

Sobre sua família

Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a executam. 8:21

Aos discípulos – a tempestade no lago

Passemos para o outro lado do lago. 8.22 Onde está a vossa fé? 8.25 (Porque estavam assustados).

Ao demônio que atormentava o geraseno ou gadareno (natural de Gadara)

Qual é o teu nome? 8.30

Ao homem de quem tinha saído os demônios

Torna para tua casa, e conta quão grandes coisas te fez Deus. 8:39

A uma mulher que sofria de hemorragia a doze anos

Quem é que me tocou? 8.45 Alguém me tocou, porque bem conheci que de mim saiu virtude. 8.46 Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou; vai em paz. 8.48  

Quando ressuscitou a filha de Jairo

Não temas; crê somente, e será salva. 8.50  Não choreis; não está morta, mas dorme. 8.52 (então riram dele)  Levanta-te, menina. 8.54 (depois lhes mandou que a ninguém dissessem o que havia sucedido)

Aos doze apóstolos

Nada leveis convosco para o caminho, nem bordões, nem alforje, nem pão, nem dinheiro; nem tenhais duas túnicas. 9.3 E em qualquer casa em que entrardes, ficai ali, e de lá saireis. 9.4 E se em qualquer cidade vos não receberem, saindo vós dali, sacudi o pó dos vossos pés, em testemunho contra eles. 9.5

Aos doze apóstolos

Dai-lhes vós de comer. 9.13  Fazei-os assentar-se, em ranchos de cinquenta em cinquenta. 9.14

Aos discípulos – A confissão de Pedro / Jesus prediz sua própria morte

Quem diz a multidão que eu sou? 9.18  E vós, quem dizeis que eu sou? 9.20 É necessário que o Filho do homem padeça muitas coisas, e seja rejeitado dos anciãos e dos escribas, e seja morto, e ressuscite ao terceiro dia. 9.22

Aos discípulos – O discípulo de Jesus deve levar sua cruz

Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me. 9.23 Porque, qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida, a salvará. 9.24 Porque, que aproveita ao homem granjear o mundo todo, perdendo-se ou prejudicando-se a si mesmo? 9.25 Porque, qualquer que de mim e das minhas palavras se envergonhar, dele se envergonhará o Filho do homem, quando vier na sua glória, e na do Pai e dos santos anjos. 9.26 E em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que não provarão a morte até que vejam o reino de Deus. 9.27

Falando sobre seus discípulos e ao pai do jovem possesso

Ó geração incrédula e perversa! até quando estarei ainda convosco e vos sofrerei? Traze-me aqui o teu filho. 9:41

Aos discípulos – Jesus prediz sua morte novamente

Ponde vós estas palavras em vossos ouvidos, porque o Filho do homem será entregue nas mãos dos homens. 9:44

Aos discípulos – O maior no reino dos céus

Qualquer que receber este menino em meu nome, recebe-me a mim; e qualquer que me receber a mim, recebe o que me enviou; porque aquele que entre vós todos for o menor, esse mesmo será grande. 9:48

A João, porque proibiu um homem que expelia demônios

Não o proibais, porque quem não é contra nós é por nós. 9:50

A Tiago e João / porque queriam pedir fogo para destruir samaritanos que não os receberam

Vós não sabeis de que espírito sois. 9.55 Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. 9.56

A alguém que queria segui-lo

As raposas têm covis, e as aves do céu, ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça. 9:58

A alguém que queria primeiro sepultar seu pai

Segue-me! 9.59 Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. Tu, porém, vai e prega o reino de Deus. 9.60

A alguém que queria primeiro despedir dos seus

Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus. 9:62

Aos setenta homens designados por ele (Jesus)

Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara. 10.2 Ide; eis que vos mando como cordeiros ao meio de lobos. 10.3 Não leveis bolsa, nem alforje, nem alparcas; e a ninguém saudeis pelo caminho. 10.4 E, em qualquer casa onde entrardes, dizei primeiro: Paz seja nesta casa. 10.5 E, se ali houver algum filho de paz, repousará sobre ele a vossa paz; e, se não, voltará para vós. 10.6 E ficai na mesma casa, comendo e bebendo do que eles tiverem, pois digno é o obreiro de seu salário. Não andeis de casa em casa. 10.7 E, em qualquer cidade em que entrardes, e vos receberem, comei do que vos for oferecido. 10.8 E curai os enfermos que nela houver, e dizei-lhes: É chegado a vós o reino de Deus. 10.9 Mas em qualquer cidade, em que entrardes e vos não receberem, saindo por suas ruas, dizei: 10.10 Até o pó, que da vossa cidade se nos pegou, sacudimos sobre vós. Sabei, contudo, isto, que já o reino de Deus é chegado a vós. 10.11 E digo-vos que mais tolerância haverá naquele dia para Sodoma do que para aquela cidade. 10.12

Ai de ti, Corazim, ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom se fizessem as maravilhas que em vós foram feitas, já há muito, assentadas em saco e cinza, se teriam arrependido. 10.13 Portanto, para Tiro e Sidom haverá menos rigor, no juízo, do que para vós. 10.14 E tu, Cafarnaum, que te levantaste até ao céu, até ao inferno serás abatida. 10.15 Quem vos ouve a vós, a mim me ouve; e quem vos rejeita a vós, a mim me rejeita; e quem a mim me rejeita, rejeita aquele que me enviou. 10.16

Eu via Satanás, como raio, cair do céu. 10.18 Eis que vos dou poder para pisar serpentes e escorpiões, e toda a força do inimigo, e nada vos fará dano algum. 10.19 Mas, não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus. 10.20

Ao Pai

Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste às criancinhas; assim é, ó Pai, porque assim te aprouve. 10.21 Tudo por meu Pai foi entregue; e ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar. 10.22

Aos discípulos

Bem-aventurados os olhos que vêem o que vós vedes. 10.23 Pois vos digo que muitos profetas e reis desejaram ver o que vós vedes, e não o viram; e ouvir o que ouvis, e não o ouviram. 10.24

A um intérprete da lei

Que está escrito na lei? Como lês? 10.26  Respondeste bem; faze isso, e viverás. 10.28

“O bom samaritano”

Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. 10.30 E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. 10.31 E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo. 10.32 Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão; 10.33 E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre o seu animal, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele; 10.34 E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar. 10.35 Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? 10.36 Vai, e faze da mesma maneira. 10.37

À Marta, mulher que o hospedou em sua casa

Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária. 10.41

Aos discípulos

“A oração dominical”

Quando orardes, dizei: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra, como no céu. 11.2 Dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano; 11.3 e perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a qualquer que nos deve, e não nos conduzas à tentação, mas livra-nos do mal. 11.4

Qual de vós terá um amigo, e, se for procurá-lo à meia-noite, e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, 11.5 pois que um amigo meu chegou a minha casa, vindo de caminho, e não tenho que apresentar-lhe; 11.6 se ele, respondendo de dentro, disser: Não me importunes; já está a porta fechada, e os meus filhos estão comigo na cama; não posso levantar-me para tos dar; 11.7 digo-vos que, ainda que não se levante a dar-lhos, por ser seu amigo, levantar-se-á, todavia, por causa da sua importunação, e lhe dará tudo o que houver mister. 11.8

E eu vos digo a vós: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á; 11.9 porque qualquer que pede recebe; e quem busca acha; e a quem bate abrir-se-lhe-á. 11.10 E qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, também, se lhe pedir peixe, lhe dará por peixe uma serpente? 11.11 Ou, também, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião? 11.12 Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem? 11.13

Às multidões, porque alguns duvidavam dele

Todo o reino, dividido contra si mesmo, será assolado; e a casa, dividida contra si mesma, cairá. 11.17 E, se também Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Pois dizeis que eu expulso os demônios por Belzebu. 11.18 E, se eu expulso os demônios por Belzebu, por quem os expulsam vossos filhos? Eles, pois, serão os vossos juízes. 11.19 Mas, se eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente a vós é chegado o reino de Deus.  11.20 Quando o valente guarda, armado, a sua casa, em segurança está tudo quanto tem; 11.21 Mas, sobrevindo outro mais valente do que ele, e vencendo-o, tira-lhe toda a sua armadura em que confiava, e reparte os seus despojos. 11.22 Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha. 11.23

Quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares secos, buscando repouso; e, não o achando, diz: Tornarei para minha casa, de onde saí. 11.24 E, chegando, acha-a varrida e adornada. 11.25 Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e o último estado desse homem é pior do que o primeiro. 11.26

Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam. 11.28 (a uma mulher dentre essa multidão, pois disse: bem-aventurada aquela que te concebeu.

À multidão O sinal de Jonas

Maligna é esta geração; ela pede um sinal; e não lhe será dado outro sinal, senão o sinal do profeta Jonas; 11.29 porquanto, assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, assim o Filho do homem o será também para esta geração. 11.30 A rainha do sul se levantará no juízo com os homens desta geração, e os condenará; pois até dos confins da terra veio ouvir a sabedoria de Salomão; e eis aqui está quem é maior do que Salomão. 11.31 Os homens de Nínive se levantarão no juízo com esta geração, e a condenarão; pois se converteram com a pregação de Jonas; e eis aqui está quem é maior do que Jonas. 11.32

À multidão: A parábola da candeia

E ninguém, acendendo uma candeia, a põe em oculto, nem debaixo do alqueire, mas no velador, para que os que entram vejam a luz. 11.33 A candeia do corpo é o olho. Sendo, pois, o teu olho simples, também todo o teu corpo será luminoso; mas, se for mau, também o teu corpo será tenebroso. 11.34 Vê, pois, que a luz que em ti há não sejam trevas. 11.35 Se, pois, todo o teu corpo é luminoso, não tendo em trevas parte alguma, todo será luminoso, como quando a candeia te ilumina com o seu resplendor. 11.36

Na casa de um fariseu que o convidou para jantar

Agora vós, os fariseus, limpais o exterior do copo e do prato; mas o vosso interior está cheio de rapina e maldade. 11.39 Loucos! Quem fez o exterior não fez também o interior? 11.40 Antes dai esmola do que tiverdes, e eis que tudo vos será limpo. 11.41 Mas ai de vós, fariseus, que dizimais a hortelã, e a arruda, e toda a hortaliça, e desprezais o juízo e o amor de Deus. Importava fazer estas coisas, e não deixar as outras. 11.42 Ai de vós, fariseus, que amais os primeiros assentos nas sinagogas, e as saudações nas praças. 11.43 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! que sois como as sepulturas que não aparecem, e os homens que sobre elas andam não o sabem. 11.44

Aos intérpretes da lei

Ai de vós também, doutores da lei, que carregais os homens com cargas difíceis de transportar, e vós mesmos nem ainda com um dos vossos dedos tocais essas cargas. 11.46 Ai de vós que edificais os sepulcros dos profetas, e vossos pais os mataram. 11.47 Bem testificais, pois, que consentis nas obras de vossos pais; porque eles os mataram, e vós edificais os seus sepulcros. 11.48 Por isso diz também a sabedoria de Deus: Profetas e apóstolos lhes mandarei; e eles matarão uns, e perseguirão outros; 11.49 para que desta geração seja requerido o sangue de todos os profetas que, desde a fundação do mundo, foi derramado; 11.50 desde o sangue de Abel, até ao sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o templo; assim, vos digo, será requerido desta geração. 11.51 Ai de vós, doutores da lei, que tirastes a chave da ciência; vós mesmos não entrastes, e impedistes os que entravam. 11.52

Aos discípulos em meio à multidão

Acautelai-vos primeiramente do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. 12.1 Mas nada há encoberto que não haja de ser descoberto; nem oculto, que não haja de ser sabido. 12.2 Porquanto tudo o que em trevas dissestes, à luz será ouvido; e o que falastes ao ouvido no gabinete, sobre os telhados será apregoado. 12.3 E digo-vos, amigos meus: Não temais os que matam o corpo e, depois, não têm mais que fazer. 12.4 Mas eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a esse temei. 12.5 Não se vendem cinco passarinhos por dois ceitis? E nenhum deles está esquecido diante de Deus. 12.6 E até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos. 12.7 E digo-vos que todo aquele que me confessar diante dos homens também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus. 12.8 Mas quem me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus. 12.9 E a todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem ser-lhe-á perdoada, mas ao que blasfemar contra o Espírito Santo não lhe será perdoado. 12.10 E, quando vos conduzirem às sinagogas, aos magistrados e potestades, não estejais solícitos de como ou do que haveis de responder, nem do que haveis de dizer. 12.11 Porque na mesma hora vos ensinará o Espírito Santo o que vos convenha falar. 12.12

A um homem dentre a multidão:

Homem, quem me pôs a mim por juiz ou repartidor entre vós? 12.14

A multidão – Jesus reprova a avareza

Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui. 12.15

Parábola sobre a avareza

A herdade de um homem rico tinha produzido com abundância; 12.16 e arrazoava ele entre si, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos. 12.17 E disse: Farei isto: Derrubarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens; 12.18 e direi a minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e folga. 12.19 Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? 12.20 Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus. 12.21

Aos discípulos – A ansiosa solitude pela vida

Portanto vos digo: Não estejais apreensivos pela vossa vida, sobre o que comereis, nem pelo corpo, sobre o que vestireis. 12.22 Mais é a vida do que o sustento, e o corpo mais do que as vestes. 12.23 Considerai os corvos, que nem semeiam, nem segam, nem têm despensa nem celeiro, e Deus os alimenta; quanto mais valeis vós do que as aves? 12.24 E qual de vós, sendo solícito, pode acrescentar um côvado à sua estatura? 12.25 Pois, se nem ainda podeis as coisas mínimas, por que estais ansiosos pelas outras? 12.26 Considerai os lírios, como eles crescem; não trabalham, nem fiam; e digo-vos que nem ainda Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles. 12.27 E, se Deus assim veste a erva que hoje está no campo e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé? 12.28 Não pergunteis, pois, que haveis de comer, ou que haveis de beber, e não andeis inquietos. 12.29 Porque as nações do mundo buscam todas essas coisas; mas vosso Pai sabe que precisais delas. 12.30 Buscai antes o reino de Deus, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. 12.31 Não temais, ó pequeno rebanho, porque a vosso Pai agradou dar-vos o reino. 12.32 Vendei o que tendes, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não se envelheçam; tesouro nos céus que nunca acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói. 12.33 Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração. 12.34

Aos discípulos – A parábola do servo vigilante

Estejam cingidos os vossos lombos, e acesas as vossas candeias. 12.35 E sede vós semelhantes aos homens que esperam o seu senhor, quando houver de voltar das bodas, para que, quando vier, e bater, logo possam abrir-lhe. 12.36 Bem-aventurados aqueles servos, os quais, quando o Senhor vier, achar vigiando! Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará assentar à mesa e, chegando-se, os servirá. 12.37 E, se vier na segunda vigília, e se vier na terceira vigília, e os achar assim, bem-aventurados são os tais servos. 12.38 Sabei, porém, isto: que, se o pai de família soubesse a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria, e não deixaria minar a sua casa. 12.39 Portanto, estai vós também apercebidos; porque virá o Filho do homem à hora que não imaginais. 12.40

Aos discípulos, em resposta à pergunta de Pedro: esta parábola é para nós ou para todos?

Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor pôs sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração? 12.42 Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar fazendo assim. 12.43 Em verdade vos digo que sobre todos os seus bens o porá. 12.44 Mas, se aquele servo disser em seu coração: O meu senhor tarda em vir; e começar a espancar os criados e criadas, e a comer, e a beber, e a embriagar-se, 12.45 virá o senhor daquele servo no dia em que o não espera, e numa hora que ele não sabe, e separá-lo-á, e lhe dará a sua parte com os infiéis. 12.46 E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; 12.47 mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá. 12.48

Vim lançar fogo na terra; e que mais quero, se já está aceso? 12.49 Importa, porém, que seja batizado com um certo batismo; e como me angustio até que venha a cumprir-se! 12.50 Cuidais vós que vim trazer paz à terra? Não, vos digo, mas antes dissensão; 12.51 porque daqui em diante estarão cinco divididos numa casa: três contra dois, e dois contra três. 12.52 O pai estará dividido contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra sua nora, e a nora contra sua sogra. 12.53

À multidão

Quando vedes a nuvem que vem do ocidente, logo dizeis: Lá vem chuva, e assim sucede. 12.54 E, quando assopra o sul, dizeis: Haverá calma; e assim sucede. 12.55 Hipócritas, sabeis discernir a face da terra e do céu; como não sabeis então discernir este tempo? 12.56 E por que não julgais também por vós mesmos o que é justo? 12.57 Quando, pois, vais com o teu adversário ao magistrado, procura livrar-te dele no caminho; para que não suceda que te conduza ao juiz, e o juiz te entregue ao meirinho, e o meirinho te encerre na prisão. 12.58 Digo-te que não sairás dali enquanto não pagares o derradeiro ceitil. 12.59

A alguns

Cuidais vós que esses galileus foram mais pecadores do que todos os galileus, por terem padecido tais coisas? 13.2 Não, vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis. 13.3 E aqueles dezoito, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, cuidais que foram mais culpados do que todos quantos homens habitam em Jerusalém? 13.4 Não, vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis. 13.5

Parábola

Um certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha, e foi procurar nela fruto, não o achando; 13.6 e disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho. Corta-a; por que ocupa ainda a terra inutilmente? 13.7 E, respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a este ano, até que eu a escave e a esterque; 13.8 e, se der fruto, ficará e, se não, depois a mandarás cortar. 13.9

Ensinando numa sinagoga, a uma mulher enferma a dezoito anos, ao chefe da sinagoga e aos demais

Mulher, estás livre da tua enfermidade. 13.12 Hipócrita, no sábado não desprende da manjedoura cada um de vós o seu boi, ou jumento, e não o leva a beber? 13.15 E não convinha soltar desta prisão, no dia de sábado, esta filha de Abraão, a qual há dezoito anos Satanás tinha presa? 13.16

A que é semelhante o reino de Deus, e a que o compararei? 13.18 É semelhante ao grão de mostarda que um homem, tomando-o, lançou na sua horta; e cresceu, e fez-se grande árvore, e em seus ramos se aninharam as aves do céu. 13.19 E disse outra vez: A que compararei o reino de Deus? 13.20 É semelhante ao fermento que uma mulher, tomando-o, escondeu em três medidas de farinha, até que tudo levedou. 13.21

Em cidades e aldeias

Porfiai por entrar pela porta estreita; porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão. 13.24 Quando o pai de família se levantar e cerrar a porta, e começardes, de fora, a bater à porta, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos; e, respondendo ele, vos disser: Não sei de onde vós sois; 13.25 Então começareis a dizer: Temos comido e bebido na tua presença, e tu tens ensinado nas nossas ruas. 13.26 E ele vos responderá: Digo-vos que não vos conheço nem sei de onde vós sois; apartai-vos de mim, vós todos os que praticais a iniquidade. 13.27 Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, e Isaque, e Jacó, e todos os profetas no reino de Deus, e vós lançados fora. 13.28 E virão do oriente, e do ocidente, e do norte, e do sul, e assentar-se-ão à mesa no reino de Deus. 13.29 E eis que derradeiros há que serão os primeiros; e primeiros há que serão os derradeiros. 13.30

A alguns fariseus (raposa, referindo-se a Herodes)

Ide, e dizei àquela raposa: Eis que eu expulso demônios, e efetuo curas, hoje e amanhã, e no terceiro dia sou consumado. 13.32 Importa, porém, caminhar hoje, amanhã, e no dia seguinte, para que não suceda que morra um profeta fora de Jerusalém. 13.33 Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha os seus pintos debaixo das asas, e não quiseste? 13.34 Eis que a vossa casa se vos deixará deserta. E em verdade vos digo que não me vereis até que venha o tempo em que digais: Bendito aquele que vem em nome do Senhor. 13.35

Aos intérpretes da lei e aos fariseus, na casa de um dos principais fariseus

É  lícito curar no sábado? 14.3 Qual será de vós o que, caindo-lhe num poço, em dia de sábado, o jumento ou o boi, o não tire logo?

Quando por alguém fores convidados para um casamento, não procures o primeiro lugar; para não suceder que, havendo um convidado mais digno do que tu, (14.8) vindo aquele que te convidou e também a ele, te diga: Dá o lugar a este. Então, irás, envergonhado, ocupar o último lugar. 14.9 Pelo contrário, quando fores convidado, vai tomar o último lugar; para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, senta-te mais para cima. Ser-te-ás isto uma honra diante de todos os mais convivas. 14.10 Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado. 14.11 Quando deres um jantar ou uma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem vizinhos ricos; para não suceder que eles, por sua vez, te os e convidem e sejas recompensados. 14.12 Antes, ao dares um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos; 14.13 e serás bem-aventurado, pelo fato de não terem eles com que recompensar-te; a tua recompensa, porém, tu a receberás na ressurreição dos justos. 14.14

Certo homem deu uma grande ceia e convidou muitos. 14.16 À hora da ceia, enviou seu servo para avisar aos convidados: Vinde, porque tudo já está preparado. 14.17 Não obstante, todos, à uma, começaram a escusar-se. Disse o primeiro: Comprei um campo e preciso ir vê-lo; rogo-te que me tenhas por escusado. 14.19 E outro disse: Casei-me e, por isso, não posso ir. 14.20 Voltando o servo, tudo contou a seu senhor. Então, irado, o dono da casa disse ao seu servo: Sai depressa para as ruas e becos da cidade e traze para aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos. 14.21 Depois, lhe disse o servo: Senhor, feito está como mandastes, e ainda há lugar. 14.22 Respondeu-lhe o senhor: Sai pelos caminhos e atalhos e obriga a todos a entrar, para que fique cheia a minha casa. 14.23 Porque vos declaro que nenhum daqueles homens que foram convidados provará a minha ceia. 14.24

Às grandes multidões

Se alguém vem a mim, e não aborrece (ama menos), a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. 14.26 E qualquer que não tomar a sua cruz e vir após mim não pode ser meu discípulo. 14.27 Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para concluir? 14.28 Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não o podendo acabar, todos que a virem zombem dele, 14.29 dizendo: Este homem começou a construir e não pôde acabar. 14.30 Ou qual é o rei que, indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil? 14.31 Caso contrário, estando o outro ainda longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo condições de paz. 14.32 Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo. 14.33 O sal é certamente bom; caso, porém, se torne insípido, como restaurar-lhe o sabor? 14.34 Nem presta para a terra, nem mesmo para o monturo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. 14.35

A fariseus e escribas, pois criticavam a Jesus por receber publicanos e pecadores (três parábolas)
A parábola da ovelha perdida

Qual, dentre vós, é o homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la? 15.4 Achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo. 15.5 E, indo para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida. 15.6 Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento. 15.7

A parábola da dracma perdida

Ou qual a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma dracma, não acende a candeia, e varre a casa, e busca com diligência até a achar? 15:8 E achando-a, convoca as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque já achei a dracma perdida. 15:9 Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende. 15:10

A parábola do filho pródigo

Um certo homem tinha dois filhos; 15:11 E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda. 15:12 E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente. 15:13 E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades. 15:14 E foi, e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos, a apascentar porcos. 15:15 E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada. 15:16 E, tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! 15:17 Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti; 15:18 Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros. 15:19 E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. 15.20 E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho.15.21

Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés; 15.22 e trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos; 15.23 porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-se. 15.24

E o seu filho mais velho estava no campo; e quando veio, e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças. 15.25 E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo. 15.26 E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo. 15.27 Mas ele se indignou, e não queria entrar. 15.28 E saindo o pai, instava com ele. Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos; 15.29 Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado. 15.30 E ele lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas; 15.31 Mas era justo alegrarmo-nos e folgarmos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se. 15.32

A parábola do administrador infiel

Havia um certo homem rico, o qual tinha um mordomo; e este foi acusado perante ele de dissipar os seus bens. 16.1 E ele, chamando-o, disse-lhe: Que é isto que ouço de ti? Dá contas da tua mordomia, porque já não poderás ser mais meu mordomo. 16.2 E o mordomo disse consigo: Que farei, pois que o meu senhor me tira a mordomia? Cavar, não posso; de mendigar, tenho vergonha. 16.3 Eu sei o que hei de fazer, para que, quando for desapossado da mordomia, me recebam em suas casas. 16.4 E, chamando a si cada um dos devedores do seu senhor, disse ao primeiro: Quanto deves ao meu senhor? 16.5 E ele respondeu: Cem medidas de azeite. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e assentando-te já, escreve cinquenta. 16.6 Disse depois a outro: E tu, quanto deves? E ele respondeu: Cem alqueires de trigo. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e escreve oitenta. 16.7 E louvou aquele senhor o injusto mordomo por haver procedido prudentemente, porque os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz. 16.8 E eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos. 16.9

Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito. 16.10 Pois, se nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras? 16.11 E, se no alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso? 16.12 Nenhum servo pode servir dois senhores; porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom (riquezas). 16.13

A fariseus

Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece os vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação. 16.15

A lei e os profetas

A lei e os profetas duraram até João; desde então é anunciado o reino de Deus, e todo o homem emprega força para entrar nele. 16.16 E é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da lei. 16.17

Sobre divórcio

Qualquer que deixa sua mulher, e casa com outra, adultera; e aquele que casa com a repudiada pelo marido, adultera também. 16.18

O rico e o mendigo

Ora, havia um homem rico, e vestia-se de púrpura e de linho finíssimo, e vivia todos os dias regalada e esplendidamente. 16.19 Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro, que jazia cheio de chagas à porta daquele; 16.20 E desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as chagas. 16.21 E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado. 16.22 E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio. 16.23 E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. 16.24 Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado. 16.25 E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá. 16.26 E disse ele: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai, 16.27 Pois tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento. 16.28 Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos. 16.29 E disse ele: Não, pai Abraão; mas, se algum dentre os mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam. 16.30 Porém, Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite. 16.31

Aos discípulos

É impossível que não venham escândalos, mas ai daquele por quem vierem! 17.1 Melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma mó de atafona, e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um destes pequenos. 17.2

Quantas vezes se deve perdoar

Olhai por vós mesmos. E, se teu irmão pecar contra ti, repreende-o e, se ele se arrepender, perdoa-lhe. 17.3 E, se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me; perdoa-lhe. 17.4

Aos apóstolos, pois pediram: acrescenta-nos fé

Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: Desarraiga-te daqui, e planta-te no mar; e ela vos obedeceria. 17.6

E qual de vós terá um servo a lavrar ou a apascentar gado, a quem, voltando ele do campo, diga: Chega-te, e assenta-te à mesa? 17.7 E não lhe diga antes: Prepara-me a ceia, e cinge-te, e serve-me até que tenha comido e bebido, e depois comerás e beberás tu? 17.8 Porventura dá graças ao tal servo, porque fez o que lhe foi mandado? Creio que não. 17.9 Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer. 17.10

A dez leprosos – numa aldeia a caminho de Jerusalém passando por Samaria e Galiléia

Ide, e mostrai-vos aos sacerdotes. 17.14

A um dos dez que foram curados (um samaritano)

Não foram dez os limpos? E onde estão os nove? 17.17 Não houve quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro? 17.18 Levanta-te, e vai; a tua fé te salvou. 17.19

A fariseus (a vinda do reino de Deus)

O reino de Deus não vem com aparência exterior. 17.20 Nem dirão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali; porque eis que o reino de Deus está entre vós. 17.21

Aos discípulos

Dias virão em que desejareis ver um dos dias do Filho do homem, e não o vereis. 17.22 E dir-vos-ão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali. Não vades, nem os sigais; 17.23 Porque, como o relâmpago ilumina desde uma extremidade inferior do céu até à outra extremidade, assim será também o Filho do homem no seu dia. 17.24 Mas primeiro convém que ele padeça muito, e seja reprovado por esta geração. 17.25 E, como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem. 17.26 Comiam, bebiam, casavam, e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio, e os consumiu a todos. 17.27 Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló: Comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; 17.28 Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os consumiu a todos. 17.29 Assim será no dia em que o Filho do homem se há de manifestar. 17.30 Naquele dia, quem estiver no telhado, tendo as suas alfaias em casa, não desça a tomá-las; e, da mesma sorte, o que estiver no campo não volte para trás. 17.31 Lembrai-vos da mulher de Ló. 17.32 Qualquer que procurar salvar a sua vida, perdê-la-á, e qualquer que a perder, salvá-la-á. 17.33 Digo-vos que naquela noite estarão dois numa cama; um será tomado, e outro será deixado. 17.34 Duas estarão juntas, moendo; uma será tomada, e outra será deixada. 17.35 Dois estarão no campo; um será tomado, e o outro será deixado. 17.36 Onde estiver o corpo, aí se ajuntarão as águias. 17.37

Aos discípulos – A  parábola do juiz iníquo

Havia numa cidade um certo juiz, que nem a Deus temia, nem respeitava o homem. 18.2 Havia também, naquela mesma cidade, uma certa viúva, que ia ter com ele, dizendo: faze-me justiça contra o meu adversário. 18.3 E por algum tempo não quis atendê-la; mas depois disse consigo: ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens, 18.4 todavia, como esta viúva me molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que enfim não volte, e me importune muito. 18.5 E disse o Senhor: ouvi o que diz o injusto juiz. 18.6 E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles? 18.7 Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra? 18.8

Aos discípulos – A  parábola do fariseu e do publicano

Dois homens subiram ao templo, para orar; um, fariseu, e o outro, publicano. 18.10 O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. 18.11 Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo. 18.12 O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador! 18.13 Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado. 18.14

Aos discípulos – Jesus abençoa as crianças

Deixai vir a mim os meninos, e não os impeçais, porque dos tais é o reino de Deus. 18.16 Em verdade vos digo que, qualquer que não receber o reino de Deus como menino, não entrará nele. 18.17

Ao jovem rico

Por que me chamas bom? Ninguém há bom, senão um, que é Deus. 18.19 Sabes os mandamentos: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra a teu pai e a tua mãe. 18.20 Ainda te falta uma coisa; vende tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro no céu; vem, e segue-me. 18.22

Aos apóstolos sobre o jovem rico – O perigo das riquezas

Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas! 18.24 Porque é mais fácil entrar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus. 18.25 (Então quem pode ser salvo? 18.26) As coisas que são impossíveis aos homens são possíveis a Deus. 18.27

A Pedro

Na verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou pais, ou irmãos, ou mulher, ou filhos, pelo reino de Deus, 18.29 que não haja de receber muito mais neste mundo, e na idade vindoura a vida eterna. 18.30

Aos doze apóstolos

Eis que subimos a Jerusalém, e se cumprirá no Filho do homem tudo o que pelos profetas foi escrito; 18.31 pois há de ser entregue aos gentios, e escarnecido, injuriado e cuspido; 18.32 e, havendo-o açoitado, o matarão; e ao terceiro dia ressuscitará. 18.33

A um cego que mendigava perto de Jericó

Que queres que te faça? Vê; a tua fé te salvou. 18.42

A Zaqueu, maioral dos publicanos e rico que resolveu dar metade de seus bens aos pobres restituir defraudações

Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa. 19.5 Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. 19.9 Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido. 19.10

Na casa de Zaqueu – a parábola das dez minas

Certo homem nobre partiu para uma terra remota, a fim de tomar para si um reino e voltar depois. 19.12 E, chamando dez servos seus, deu-lhes dez minas, e disse-lhes: Negociai até que eu venha. 19.13 Mas os seus concidadãos odiavam-no, e mandaram após ele embaixadores, dizendo: Não queremos que este reine sobre nós. 19.14 E aconteceu que, voltando ele, depois de ter tomado o reino, disse que lhe chamassem aqueles servos, a quem tinha dado o dinheiro, para saber o que cada um tinha ganhado, negociando. 19.15 E veio o primeiro, dizendo: Senhor, a tua mina rendeu dez minas. 19.16 E ele lhe disse: Bem está, servo bom, porque no mínimo foste fiel, sobre dez cidades terás autoridade. 19.17 E veio o segundo, dizendo: Senhor, a tua mina rendeu cinco minas. 19.18 E a este disse também: Sê tu também sobre cinco cidades. 19.19 E veio outro, dizendo: Senhor, aqui está a tua mina, que guardei num lenço; 19.20 Porque tive medo de ti, que és homem rigoroso, que tomas o que não puseste, e segas o que não semeaste. 19.21 Porém, ele lhe disse: Mau servo, pela tua boca te julgarei. Sabias que eu sou homem rigoroso, que tomo o que não pus, e sego o que não semeei; 19.22 Por que não puseste, pois, o meu dinheiro no banco, para que eu, vindo, o exigisse com os juros? 19.23 E disse aos que estavam com ele: Tirai-lhe a mina, e dai-a ao que tem dez minas. 19.24 E disseram-lhe eles: Senhor, ele tem dez minas. 19.25 Pois eu vos digo que a qualquer que tiver ser-lhe-á dado, mas ao que não tiver, até o que tem lhe será tirado. 19.26 E quanto àqueles meus inimigos que não quiseram que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui, e matai-os diante de mim. 19.27

A dois discípulos

Ide à aldeia que está defronte, e aí, ao entrar, achareis preso um jumentinho em que nenhum homem ainda montou; soltai-o e trazei-o. 19.30 E, se alguém vos perguntar: Por que o soltais? assim lhe direis: Porque o Senhor o há de mister (precisa dele). 19.31

A alguns fariseus que disseram: Mestre, repreende teus discípulos. (em sua entrada triunfal em Jerusalém)

Digo-vos que, se estes se calarem, as próprias pedras clamarão. 19.40

Chorando a vista de Jerusalém

Ah! se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas agora isto está encoberto aos teus olhos. 19.42 Porque dias virão sobre ti, em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te estreitarão de todos os lados; 19.43 e te derrubarão, a ti e aos teus filhos que dentro de ti estiverem, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, pois que não conheceste o tempo da tua visitação. 19.44

No templo

Está escrito: A minha casa é casa de oração; mas vós fizestes dela covil de salteadores. 19.46

No templo, aos principais sacerdotes, a escribas e a anciãos que questionavam sua autoridade

Também eu vos farei uma pergunta: Dizei-me pois: 20.3 O batismo de João era do céu ou dos homens? 20.4 Tampouco vos direi com que autoridade faço isto. 20.8

No templo – a parábola dos lavradores maus

Certo homem plantou uma vinha, e arrendou-a a uns lavradores, e partiu para fora da terra por muito tempo; 20.9 e no tempo próprio mandou um servo aos lavradores, para que lhe dessem dos frutos da vinha; mas os lavradores, espancando-o, mandaram-no vazio. 20.10 E tornou ainda a mandar outro servo; mas eles, espancando também a este, e afrontando-o, mandaram-no vazio. 20.11 E tornou ainda a mandar um terceiro; mas eles, ferindo também a este, o expulsaram. 20.12 E disse o senhor da vinha: Que farei? Mandarei o meu filho amado; talvez que, vendo, o respeitem. 20.13 Mas, vendo-o os lavradores, arrazoaram entre si, dizendo: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, para que a herança seja nossa. 20.14 E, lançando-o fora da vinha, o mataram. Que lhes fará, pois, o senhor da vinha? 20.15 Irá, e destruirá estes lavradores, e dará a outros a vinha.

No templo – aos principais sacerdotes, a escribas e a anciãos, sobre a parábola dos lavradores maus

Que é isto, pois, que está escrito? A pedra, que os edificadores reprovaram, Essa foi feita cabeça da esquina (principal pedra angular). 20.17 Qualquer que cair sobre aquela pedra ficará em pedaços, e aquele sobre quem ela cair será feito em pó. 20.18

No templo – aos escribas e aos principais sacerdotes

Por que me tentais? 20.23 Mostrai-me uma moeda. De quem é a imagem e a inscrição?  20.24 Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. 20.25

No templo – a saduceus, religiosos que diziam não haver ressurreição

Os filhos deste mundo casam-se, e dão-se em casamento; 20.34 mas os que forem havidos por dignos de alcançar o mundo vindouro, e a ressurreição dentre os mortos, nem hão de casar, nem ser dados em casamento; 20.35 porque já não podem mais morrer; pois são iguais aos anjos, e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição. 20.36 E que os mortos hão de ressuscitar também o mostrou Moisés junto da sarça, quando chama ao Senhor Deus de Abraão, e Deus de Isaque, e Deus de Jacó. 20.37 Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos; porque para ele vivem todos. 20.38

No templo

Como dizem que o Cristo é filho de Davi? 20.41 Visto como o mesmo Davi diz no livro dos Salmos: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, 20.42 Até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés. 20.43 Se Davi lhe chama Senhor, como é ele seu filho? 20.44

No templo – aos seus discípulos – sobre os escribas e as viúvas

Guardai-vos dos escribas, que querem andar com vestes compridas; e amam as saudações nas praças, e as principais cadeiras nas sinagogas, e os primeiros lugares nos banquetes; 20.46 Que devoram as casas das viúvas, fazendo, por pretexto, largas orações. Estes receberão maior condenação. 20.47

No templo – a oferta da viúva

Em verdade vos digo que lançou mais do que todos, esta pobre viúva; 21.3 Porque todos aqueles deitaram para as ofertas de Deus do que lhes sobeja; mas esta, da sua pobreza, deitou todo o sustento que tinha. 21.4

No templo – a destruição do templo

Quanto a estas coisas que vedes, dias virão em que não se deixará pedra sobre pedra, que não seja derrubada. Lucas 21:6

No templo – o princípio das dores

Vede não vos enganem, porque virão muitos em meu nome, dizendo: Sou eu, e o tempo está próximo. Não vades, portanto, após eles. 21.8 E, quando ouvirdes de guerras e sedições, não vos assusteis. Porque é necessário que isto aconteça primeiro, mas o fim não será logo. 21.9

Levantar-se-á nação contra nação, e reino contra reino; 21.10 e haverá em vários lugares grandes terremotos, e fomes e pestilências; haverá também coisas espantosas, e grandes sinais do céu. 21.11 Mas antes de todas estas coisas lançarão mão de vós, e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e às prisões, e conduzindo-vos à presença de reis e presidentes, por amor do meu nome. 21.12 E vos acontecerá isto para testemunho. 21.13 Proponde, pois, em vossos corações não premeditar como haveis de responder; 21.14 Porque eu vos darei boca e sabedoria a que não poderão resistir nem contradizer todos quantos se vos opuserem. 21.15 E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues; e matarão alguns de vós. 21.16 E de todos sereis odiados por causa do meu nome. 21.17 Mas não perecerá um único cabelo da vossa cabeça. 21.18 Na vossa paciência possuí as vossas almas. 21.19

No templo – Jerusalém cercada

Mas, quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei então que é chegada a sua desolação. 21.20 Então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes; os que estiverem no meio da cidade, saiam; e os que nos campos não entrem nela. 21.21 Porque dias de vingança são estes, para que se cumpram todas as coisas que estão escritas. 21.22 Mas ai das grávidas, e das que criarem naqueles dias! porque haverá grande aperto na terra, e ira sobre este povo. 21.23 E cairão ao fio da espada, e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem. 21.24

No templo – a segunda vinda de Jesus

E haverá sinais no sol e na lua e nas estrelas; e na terra angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas. 21.25 Homens desmaiando de terror, na expectação das coisas que sobrevirão ao mundo; porquanto as virtudes do céu serão abaladas. 21.26 E então verão vir o Filho do homem numa nuvem, com poder e grande glória. 21.27 Ora, quando estas coisas começarem a acontecer, olhai para cima e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima. 21.28

No templo – a parábola da figueira – vigiar em todo o tempo

Olhai para a figueira, e para todas as árvores; 21.29 Quando já têm rebentado, vós sabeis por vós mesmos, vendo-as, que perto está já o verão. 21.30 Assim também vós, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que o reino de Deus está perto. 21.31 Em verdade vos digo que não passará esta geração até que tudo aconteça. 21.32 Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não hão de passar. 21.33 E olhai por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia. 21.34 Porque virá como um laço sobre todos os que habitam na face de toda a terra. 21.35 Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que sejais havidos por dignos de evitar todas estas coisas que hão de acontecer, e de estar em pé diante do Filho do homem. 21.36

A Pedro e João – a Páscoa

Ide, preparai-nos a páscoa, para que a comamos. Lucas 22:8 Eis que, quando entrardes na cidade, encontrareis um homem, levando um cântaro de água; segui-o até à casa em que ele entrar. 22.10 E direis ao pai de família da casa: O Mestre te diz: Onde está o aposento em que hei de comer a páscoa com os meus discípulos? 22.11 Então ele vos mostrará um grande cenáculo mobilado; aí fazei preparativos. 22.12

Aos apóstolos – a Páscoa e a ceia do Senhor

Desejei muito comer convosco esta páscoa, antes que padeça; 22.15 porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus. 22.16 Tomai-o (o cálice), e reparti-o entre vós; 22.17 porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o reino de Deus. 22.18

Isto é o meu corpo (o pão), que por vós é dado; fazei isto em memória de mim. 22:19 Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós. 22.20 Mas eis que a mão do que me trai está comigo à mesa. 22.21 E, na verdade, o Filho do homem vai segundo o que está determinado; mas ai daquele homem por quem é traído! 22.22

Os reis dos gentios dominam sobre eles, e os que têm autoridade sobre eles são chamados benfeitores. 22.25 Mas não sereis vós assim; antes o maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve. 22.26 Pois qual é maior: quem está à mesa, ou quem serve? Porventura não é quem está à mesa? Eu, porém, entre vós sou como aquele que serve. 22.27 E vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas tentações. 22.28 E eu vos destino o reino, como meu Pai mo destinou, 22.29 para que comais e bebais à minha mesa no meu reino, e vos assenteis sobre tronos, julgando as doze tribos de Israel. 22.30

A Pedro

Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; 22.31 mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos. 22.32 Digo-te, Pedro, que não cantará hoje o galo antes que três vezes negues que me conheces. 22.34

Aos apóstolos

Quando vos mandei sem bolsa, alforje, ou alparcas, faltou-vos porventura alguma coisa? 22.35 Mas agora, aquele que tiver bolsa, tome-a, como também o alforje; e, o que não tem espada, venda a sua capa e compre-a; 22.36 porquanto vos digo que importa que em mim se cumpra aquilo que está escrito: E com os malfeitores foi contado. Porque o que está escrito de mim terá cumprimento. 22.37 Basta. (após dizerem: eis aqui duas espadas) 22.38

No Monte das Oliveiras – Getsêmani

  • Aos discípulos

Orai, para que não entreis em tentação. 22:40

  • Ao Pai

Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua. 22:42

  • Aos discípulo

Por que estais dormindo? Levantai-vos, e orai, para que não entreis em tentação. 22:46

  • A Judas

Judas, com um beijo trais o Filho do homem? 22:48

  • Ao discípulo que cortou a orelha do servo do sumo sacerdote

Deixai-os; basta.  22:51

  • Aos principais sacerdotes, capitães do templo e anciãos

Saístes, como a um salteador, com espadas e varapaus? 22.52 Tenho estado todos os dias convosco no templo, e não estendestes as mãos contra mim, mas esta é a vossa hora e o poder das trevas. 22.53

Aos anciãos, sacerdotes e escribas – Concílio ou Sinédrio – onde perguntavam: És tu o Cristo?

Se vo-lo disser, não o crereis; 22.67 e também, se vos perguntar, não me respondereis, nem me soltareis. 22.68 Desde agora o Filho do homem se assentará à direita do poder de Deus. 22.69 Vós dizeis que eu sou. 22.70

A Pilatos – pois, perguntou: Tu és o Rei dos Judeus?

Tu o dizes. 23:3

A mulheres que lamentavam por ele rumo ao Calvário

Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai antes por vós mesmas, e por vossos filhos. 23.28 Porque eis que hão de vir dias em que dirão: Bem-aventuradas as estéreis, e os ventres que não geraram, e os peitos que não amamentaram! 23.29 Então começarão a dizer aos montes: Caí sobre nós, e aos outeiros: Cobri-nos. 23.30 Porque, se ao madeiro verde fazem isto, que se fará ao seco? 23.31

Ao Pai no Calvário

Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. 23:34

A um dos malfeitores no Calvário que disse: Lembra-te de mim quando entrares no teu reino

Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso. 23:43

Ao Pai no Calvário

Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. 23:46

A dois discípulos (um se chamava Cléopas) a caminho de Emaús

Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós, e por que estais tristes? 24:17 Quais? 24.19 (Porque Cléopas perguntou: Ignoras as ocorrências destes últimos dias?) Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! 24.25 Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória? 24.26 E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras. 24.27

Aos dois discípulos, aos onze apóstolos e outros discípulos

Paz seja convosco. 24:36 Por que estais perturbados, e por que sobem tais pensamentos aos vossos corações? 24.38 Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho. 24.39 Tendes aqui alguma coisa que comer? 24:41 São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos. 24:44 Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos, 24.46 E em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém. 24.47 E destas coisas sois vós testemunhas. 24.48 E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder. 24.49

A benção e ascensão

E levou-os fora, até Betânia; e, levantando as suas mãos, os abençoou. 24.50 E aconteceu que, abençoando-os ele, se apartou deles e foi elevado ao céu. 24.51 E, adorando-o eles, tornaram com grande júbilo para Jerusalém. 24.52 E estavam sempre no templo, louvando e bendizendo a Deus. Amém. 24.53

Eusébio de Cesaréia

História Eclesiástica

Livro II


Introdução

1. Temos discutido no livro anterior os assuntos da história eclesiástica, que eram necessários tratar a título de introdução, e os acompanharam com breves provas. Tais foram: a divindade da Palavra salvadora, e a antiguidade das doutrinas que ensinam, bem como a vida evangélica, que é conduzida pelos cristãos, juntamente com os acontecimentos que relacionados com a recente aparição de Cristo, bem como no âmbito de sua paixão e com a escolha dos apóstolos.

2. Neste livro vamos examinar os acontecimentos que ocorreram depois de sua ascensão, confirmando alguns deles a partir das divinas Escrituras, e outros de tais escritos que nos referiremos e tempos apropriados.


Capítulo 1
O Curso tomado pelos apóstolos depois da Ascensão de Cristo

1. Primeiro, então, no lugar de Judas, o traidor, Matias, que, como foi mostrado também era um dos Setenta, foi escolhido para o apostolado. E lá foram nomeados para o diaconato, para o serviço da congregação, pela oração e pela imposição das mãos dos apóstolos, aprovados homens, em número de sete, dos quais Estevão era um deles. Ele em primeiro lugar, depois do Senhor, foi apedrejado até a morte no momento da sua ordenação pelos assassinos do Senhor, como se tivesse sido promovido para este fim. E assim ele foi o primeiro a receber a coroa, o que corresponde ao seu nome, que pertence aos mártires de Cristo, que são dignos da recompensa da vitória.

2. Posteriormente, Tiago, a quem os antigos deram o sobrenome de Justo por conta da excelência de sua virtude, é lembrado por ter sido o primeiro a ser feito bispo da igreja de Jerusalém. Este Tiago foi chamado de irmão do Senhor, porque ele era conhecido como filho de José, e José deveria ser o pai de Cristo, porque a Virgem, sendo prometida a ele, “foi encontrada com a criança pelo Espírito Santo antes de se unirem,” [Mateus 1:18] como se mostra escrito nos  santos Evangelhos.

3. Porém, Clemente, no livro sexto de sua Hypotyposeis escreve assim: “Por que dizem que Pedro, Tiago e João, após a ascensão de nosso Salvador, como se igualmente preferidos por nosso Senhor, não se contenderam por honra, mas escolheram a Tiago, o Justo bispo de Jerusalém.”

4. Mas o mesmo escritor, no sétimo livro da mesma obra, relaciona também as seguintes coisas a respeito dele: “O Senhor depois de sua ressurreição transmitiu conhecimentos para Tiago, o Justo e João e Pedro, que transmitiram aos demais apóstolos, e os demais apóstolos até os setenta, dos quais Barnabé era um. Mas, haviam dois Tiagos: um chamado o Justo, que foi lançado do pináculo do templo e foi espancado até a morte com um porrete, e outro que foi decapitado.”  Paulo também faz menção ao mesmo Tiago, o Justo, onde ele escreve: “outro dos apóstolos não vi a nenhum, senão a Tiago, irmão do Senhor.” [Gálatas 1:19]

5. Naquela época também a promessa de nosso Salvador ao rei de Osroene foi cumprida. Pois Tomás, sob um impulso divino, enviou Tadeu a Edessa como pregador e evangelista da religião de Cristo, como temos demonstrado um pouco acima com o documento lá encontrado.

7. Quando chegou àquele lugar, ele curou Abgar pela palavra de Cristo, e depois de levar todas as pessoas lá dentro a uma atitude correta da mente por meio de suas obras, e levando-os a adorar o poder de Cristo, ele os fez discípulos do ensino do Salvador. E a partir desse momento até o presente toda a cidade de Edessa tem sido dedicada ao nome de Cristo, oferecendo prova além do comum da beneficência de nosso Salvador em direção a eles também.

8. Essas coisas foram elaboradas a partir de relatos antigos, mas voltemo-nos novamente para a Escritura divina. Quando a primeiro e maior perseguição foi instigada pelos judeus contra a igreja de Jerusalém, em conexão com o martírio de Estêvão, e quando todos os discípulos, exceto os doze, estavam espalhados por toda a Judéia e Samaria, alguns, segundo diz a Escritura divina, chegaram até à Fenícia, Chipre e Antioquia, mas ainda não poderiam arriscar-se a transmitir a palavra da fé às nações e, portanto, pregavam somente aos judeus.

9. Durante esse tempo, Paulo ainda estava perseguindo a igreja, e entrando nas casas dos crentes arrastava homens e mulheres para fora e os encarcerava.

10. Filipe, um dos que com Estêvão fora confiado ao diaconato, estando entre aqueles que foram dispersos, também desceu para Samaria, e estando cheio do poder divino, primeiramente pregou a palavra para os habitantes desse país. E a graça divina trabalhou tão poderosamente com ele que até mesmo Simão o Mago, com muitos outros, fora atraído por suas palavras.

11. Simão era naquele tempo tão celebrado, e tinha adquirido, por seu ilusionismo, tal influência sobre aqueles que foram enganados por ele, que era considerado o grande poder de Deus. Porém, nesse momento, foi surpreendido com as obras maravilhosas operadas por Filipe através do poder divino, então ele fingiu e falsificou fé em Cristo, indo até mesmo ao ponto de receber o batismo.

12. E o surpreendente, é que a mesma coisa é feita até hoje por aqueles que seguem sua heresia mais impura. Pois, à maneira de seu antepassado, infiltrando-se para dentro da Igreja, como uma doença pestilenta e leprosa que muito aflige àqueles aos quais é capaz de infundir o veneno mortal e terrível escondido em si mesma. A maioria destes foi expulsa logo que foi descoberta sua maldade, como o próprio Simão, quando detectado por Pedro, recebeu o castigo merecido.

13. Mas, como a pregação do Evangelho do Salvador se desenvolvia diariamente, certa providência levou da terra dos etíopes um oficial da rainha daquele país; a Etiópia até aos dias de hoje é governada, segundo o costume ancestral, por uma mulher. Ele, primeiro entre os gentios, recebeu dos mistérios da palavra divina de Filipe em consequência de uma revelação, e tornando-se dos primeiros frutos de crentes em todo o mundo, então ele se diz ter sido o primeiro em retornar ao seu país para proclamar o conhecimento do Deus do universo e da permanência vivificante de nosso Salvador entre os homens, de modo que, através dele, na realidade, a profecia obteve o seu cumprimento, a qual declara que “a Etiópia estende a mão para Deus”.

14. Além destes, Paulo, aquele “instrumento escolhido” [Atos 09:15] “não entre homens, nem por meio de homens, mas pela revelação de Jesus Cristo e de Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos”, [Gálatas 01:01] foi nomeado apóstolo, sendo feito digno da chamada por uma visão e por uma voz que foi proferida em uma revelação do céu.


 Capítulo 2
Como Tibério foi afetado quando foi informado por Pilatos a respeito de Cristo

1. E quando a maravilhosa ressurreição e ascensão de nosso Salvador já propalada, de acordo com um antigo costume que prevalecia entre os governantes das províncias, de reportar ao imperador as novas ocorrências que se realizaram entre eles, a fim de que nada possa escapar a ele, Pôncio Pilatos informou Tibério dos relatórios que foram propalados por toda a Palestina sobre a ressurreição de nosso Salvador Jesus dentre os mortos.

2. Fez também um relato de outras maravilhas que tinham aprendido com ele, e como, depois de sua morte, depois de ter ressuscitado dos mortos, ele era considerado por muitos como um deus. Eles dizem que Tibério remeteu o assunto para o Senado, mas que eles rejeitaram, aparentemente porque não haviam analisado previamente o assunto (em razão de uma lei antiga prevaleceu que ninguém deveria ser feito um deus pelos romanos, exceto por um voto e decreto do Senado), mas, na realidade, porque o ensino salvífico do Evangelho divino não precisa de confirmação e recomendação dos homens.

3. Mas, embora o Senado dos romanos rejeitasse a proposta feita em relação ao nosso Salvador, Tibério ainda manteve a opinião que tinha no início, e não planejou nenhuma medida hostil contra Cristo.

4. Essas coisas são registradas por Tertuliano, um homem bem versado nas leis dos romanos, e em outros aspectos de alta reputação, e uma delas especialmente distinguida em Roma. Em seu pedido de desculpas para os cristãos, que foi escrito por ele em língua latina, e foi traduzido para o grego, ele escreve o seguinte:

5. Mas, a fim de que possamos dar um relato dessas leis desde a sua origem, um decreto antigo diz que ninguém deve ser consagrado a deus pelo imperador até que o Senado haja manifestado sua aprovação. Marco Aurélio fez assim a respeito de certo ídolo, Alburno. E este é o ponto a favor de nossa doutrina, de que entre vocês dignidade divina é conferida por decreto humano. Se um deus não agradar ao homem, ele não é um deus. Assim, de acordo com esse costume, é necessário que homem seja agradável ao deus.

6. Tibério, portanto, sob o qual o nome de Cristo fez a sua entrada no mundo, quando esta doutrina foi relatada a ele da Palestina, onde começou, comunicou-se com o Senado, tornando-se claro para eles que estava satisfeito com a doutrina. Mas o Senado, uma vez que não tinha em si comprovado a matéria, rejeitou-a. Mas Tibério continuou a manter sua própria opinião, e ameaçou de morte aos acusadores dos cristãos.

Providência Celestial havia sabiamente incutido isso em sua mente, a fim de que a doutrina do Evangelho, sem obstáculos em seu início, pudesse se espalhar em todas as direções ao longo do mundo.


Capítulo 3
A Doutrina de Cristo logo se espalhou por todo o mundo

1. Assim, sob a influência do poder celestial, e com a cooperação divina, a doutrina do Salvador, como os raios de sol, rapidamente iluminou o mundo inteiro, e, logo, de acordo com as divinas Escrituras, a voz dos evangelistas e apóstolos inspirados saiu por toda a terra, e as suas palavras até aos fins do mundo.

2. Em cada cidade e aldeia, as igrejas foram estabelecidas rapidamente, cheias de multidões de pessoas como uma eira cheia. E aqueles, cujas mentes, em consequência de erros que haviam herdado de seus antepassados, foram acorrentadas pela doença antiga da superstição idólatra, eram, pelo poder de Cristo através da aprendizagem e das maravilhosas obras de seus discípulos, postos em liberdade de terríveis mestres; e encontraram libertação da escravidão mais cruel. Eles renunciaram com horror a todo tipo de politeísmo demoníaco, e confessaram que havia apenas um Deus, o criador de todas as coisas, e a ele honraram com os ritos da verdadeira piedade, por meio da adoração inspirada e racional que foi plantada por nosso Salvador entre homens.

3. Mas a graça divina que está sendo agora derramada sobre todas as nações, Cornélio, de Cesaréia na Palestina, e toda a sua casa, por meio de uma revelação divina e do ministério de Pedro, foram os primeiros a receber fé em Cristo, e depois deles uma infinidade de outros gregos em Antioquia, aos quais os que foram dispersos pela perseguição de Estevão haviam pregado o Evangelho. Quando a igreja de Antioquia já aumentara abundantemente, e uma infinidade de profetas de Jerusalém estava na região, dentre eles Barnabé e Paulo e, além deles, muitos outros irmãos, surgiu pela primeira vez o nome de cristãos, como se nascesse de um novo e vivificante manancial.

4. E Ágabo, um dos profetas que estava com eles, proferiu uma profecia sobre a fome que estava prestes a acontecer, e Paulo e Barnabé foram enviados para aliviar as necessidades dos irmãos.


Capítulo 4
Após a morte de Tibério, Caio nomeou Agripa rei dos judeus, e puniu Herodes com Perpétuo Exílio

1. Tibério morreu, depois de ter reinado cerca de vinte e dois anos, e Caio o sucedeu no império. Ele imediatamente deu o governo dos judeus à Agripa, fazendo-o rei sobre as tetrarquias de Filipe e de Lisânias, além de ter se juntado a elas, não muito tempo depois, a tetrarquia de Herodes, tendo punido Herodes (aquele sob o qual o Salvador sofreu) e sua esposa Herodias com o exílio perpétuo por conta de inúmeros crimes. Josefo é uma testemunha destes fatos.

2. Sob este imperador, Fílon ficou conhecido, um homem notável não só entre muitos dos nossos, mas também entre muitos estudiosos fora da Igreja. Ele era um hebreu de nascimento, mas não foi inferior a nenhum dos que realizou altas dignidades em Alexandria. Como ele trabalhou muito nas Escrituras e nos estudos de sua nação é claro para todos a partir do trabalho que ele tem feito. Como ele estava familiarizado com a filosofia e com os estudos liberais de nações estrangeiras, não é necessário dizer, já que ele é relatado por ter superado todos os seus contemporâneos no estudo da filosofia platônica e pitagórica, as quais ele especialmente dedicava sua atenção.


Capítulo 5
A Embaixada de Fílon para Caio em favor dos judeus

1. Fílon nos deu uma conta, em cinco livros, dos infortúnios dos judeus sob Caio. Ele conta ao mesmo tempo a loucura de Caio: como ele chamou a si mesmo um deus e executou como imperador, inumeráveis ​​atos de tirania. Descreve ainda as misérias dos judeus sob ele, e dá um relatório da embaixada sobre a qual ele mesmo foi enviado a Roma, em nome de seus compatriotas em Alexandria; como quando ele esteve diante de Caio em nome das leis de seus pais e dele recebeu nada além de riso e zombaria, e quase pôs em risco a sua vida.

2. Josefo também faz menção a essas coisas no livro XVIII de suas Antiguidades, nas seguintes palavras: “A sedição tendo surgido em Alexandria entre os judeus que moram lá e os gregos, três deputados foram escolhidos de cada facção e foram a Caio.

3. Um dos deputados Alexandrino era Ápio, que proferiu muitas calúnias contra os judeus, entre outras coisas, dizendo que eles negligenciaram as honras devidas a César. Porquanto todos estavam sujeitos a Roma, erigiram altares e templos a Caio, e em todos os outros aspectos trataram-no como fizera aos deuses, eles só consideraram vergonhoso homenageá-lo com estátuas e jurar por seu nome.

4. E quando Ápio havia dito muitas acusações graves pelos quais ele esperava que Caio seria despertado, como, aliás, era provável, Fílon, o chefe da embaixada judaica, um homem celebrado em todos os aspectos, irmão de Alexandre, o alabarca, qualificado em filosofia, estava preparado para entrar com uma defesa em resposta a suas acusações.

5. Mas Caio o impediu e ordenou-lhe que saísse, e muito se irritou, ficou claro que ele meditava algo severo contra eles. E Fílon partiu coberto com insulto, e disse aos judeus que estavam com ele para terem bom ânimo; porquanto Caio se enfurecera contra eles, mas, de fato, estava lutando com Deus. “

Observação: Até aqui Josefo. 

6. E o próprio Fílon, no trabalho à embaixada que ele escreveu, descreve com precisão e em detalhes as coisas que eram feitas por ele na época. Mas vou omitir a maioria delas e registrar somente as coisas que se farão claramente evidentes para o leitor de que as desgraças dos judeus vieram sobre eles, não muito tempo depois de suas ações ousadas contra Cristo e por conta das mesmas.

7. E, em primeiro lugar, ele relata que em Roma durante o reinado de Tibério, Sejano, que na época gozava de grande influência com o imperador, fez todos os esforços para destruir a nação judaica completamente, e que na Judéia, Pilatos, sob os quais os crimes contra o Salvador foram cometidos, tentou algo contrário à lei judaica a respeito do templo, que era naquele tempo ainda de pé em Jerusalém, e excitou-os aos maiores tumultos.

(Em construção)

Eusébio de Cesaréia

História Eclesiástica

Livro I


Capítulo 1
O Plano de Trabalho

1. É meu propósito escrever um relato das sucessões dos santos apóstolos, bem como dos tempos que se passaram desde os dias de nosso Salvador aos nossos próprios, e relacionar os muitos eventos importantes que se diz ter ocorrido na história da Igreja, e de mencionar aqueles que têm governado e presidido a Igreja nas paróquias mais importantes, e aqueles que, em cada geração têm proclamado a palavra divina, oralmente ou por escrito.

2. É meu objetivo também, dar os nomes, os números e o tempo de todos que, pelo amor da inovação, se depararam com os maiores erros e, proclamando-se descobridores do conhecimento falsamente chamado [1ª Timóteo 6.20] são como lobos ferozes que impiedosamente devastaram o rebanho de Cristo.

3. É minha intenção, além disso, para recontar os infortúnios que imediatamente vieram sobre toda a nação judaica em consequência de suas conspirações contra o nosso Salvador, e para registrar as formas e os tempos em que a palavra divina foi atacada pelos gentios, e descrever o caráter daqueles que em vários períodos contenderam por ela com rosto de sangue e de torturas, bem como as confissões feitas em nossos próprios dias e, finalmente, o socorro gracioso e amável que nosso Salvador tem proporcionado a todos. Desde que me propus a escrever sobre todas essas coisas, decidi começar a partir da dispensação de nosso Salvador e Senhor Jesus Cristo.

4. Mas de início devo desejar para o meu trabalho a indulgência dos sábios, pois confesso que está além do meu poder o produzir uma história perfeita e completa, e creio que eu sou o primeiro a entrar no assunto; estou tentando atravessar como se fosse um caminho solitário e inexplorado. Eu peço que Deus me guie e o poder do Senhor me auxilie, já que eu sou incapaz de encontrar até mesmo os passos descalços de quem já viajou o caminho diante de mim, exceto em breves fragmentos, nos quais alguns de uma maneira, outros de outra, nos transmitiram as contas particulares dos tempos em que viviam. De longe, eles levantam suas vozes como tochas, e eles clamam, a partir de torres elevadas e visíveis, advertindo-nos para onde caminhar e como direcionar o curso de nosso trabalho de forma constante e segura.

5. Depois de ter reunido, portanto, a partir de assuntos mencionados, aqui e ali, por eles, tudo o que considerar importante para o presente trabalho, e de ter arrancado como as flores de um prado as passagens apropriadas de escritores antigos, esforçar-me-ei para encarnar o todo em uma narrativa histórica com conteúdo para preservar a memória das sucessões dos apóstolos de nosso Salvador, se não mesmo de tudo, ainda dos mais renomados deles nessas igrejas que são as mais conhecidas, e que até o presente momento se têm em honra.

6. Este trabalho parece-me de especial importância, pois eu não conheço nenhum escritor eclesiástico que tem se dedicado a este assunto, e espero que ela vá aparecer mais útil para aqueles que gostam de pesquisa histórica.

7. Eu já dei um epítome dessas coisas nos Cânones Cronológicas que eu compus, mas, além disso, quero realizar o presente trabalho para escrever com detalhes uma conta deles como eu sou capaz.

8. Meu trabalho começa, como já disse, com a dispensação do Cristo Salvador – o que é mais sublime e maior do que a concepção humana – e com a discussão de sua divindade.

9. Para isso é necessário, na medida em que deriva até mesmo o nosso nome de Cristo, para quem se propõe a escrever a história da Igreja, a começar com a própria origem da dispensa de Cristo, uma dispensação mais divina do que muitos pensam.


Capítulo 2
Resumo Visto da Pré-existência e Divindade de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo

1. Uma vez que em Cristo há uma dupla natureza, e na medida em que ele é pensado como Deus, se assemelha à cabeça do corpo, enquanto o outro pode ser comparado com os pés, na medida em que ele, por causa da nossa salvação, possui natureza humana com as mesmas paixões, como a nossa – o trabalho seguinte será completo apenas se começarmos com os eventos principais e nobres de toda a sua história. Desta forma, será a antiguidade e divindade do cristianismo mostrada para aqueles que supõem que sua origem seja recente ou estrangeira, ou imaginem que ele tenha aparecido ontem.

2. Nenhuma linguagem é suficiente para expressar a origem e o valor, o ser e a natureza de Cristo. Por isso também o Espírito divino diz nas profecias: “Quem declarará sua geração?” Isaías 53:8 Pois ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e ninguém conhecer o Filho corretamente, senão o Pai que o gerou.

3. Quem, senão o Pai poderia entender claramente a Luz que estava diante do mundo, a sabedoria intelectual e essencial que existia antes dos tempos, a Palavra viva que estava no princípio com o Pai e que era Deus, o primeiro e único nascido de Deus que era antes de toda criatura e criação visível e invisível, o comandante em chefe do exército racional e imortal do céu, o anjo do grande conselho, o executor da vontade tácita do Pai, o Criador, com o Pai, de todas as coisas, a segunda causa do universo depois que o Pai, o Filho verdadeiro e unigênito de Deus, o Senhor, Deus e Rei de todas as coisas criadas, aquele que recebeu domínio e poder, com a própria divindade, e com força e honra do Pai, como é dito em relação a ele nas passagens místicas da Escritura que falam de sua divindade: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” [João 1:1] “Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada feito.” [João 1:3]

4. Isto, também, o grande Moisés ensina, quando, como o mais antigo de todos os profetas, descreve, sob a influência do Espírito divino na criação e disposição do universo. Ele declara que o criador do mundo e criador de todas as coisas rendeu ao próprio Cristo, e ninguém menos do que a sua própria Palavra claramente divina e nascida primeiro, a criação de seres inferiores, e conversava com ele sobre a criação do homem. “Porque”, segundo ele, “Deus disse: Façamos o homem à nossa imagem e conforme a nossa semelhança.” [Gênesis 1:26]

5. E outro dos profetas confirma isso ao falar de Deus nos seus hinos como segue: “Ele falou e eles foram feitos, ele mandou e foram criados.” Ele se referiu ao Pai e Criador como Rei de todos, ordenando com um aceno real, e também à Palavra divina, ninguém menos do que Aquele que é proclamado por nós, como o realizador das ordens do pai.

6. Tudo o que se diz que se destacaram na justiça e piedade desde a criação do homem, o grande servo Moisés e antes dele, em primeiro lugar Abraão e seus filhos, e como muitos homens que posteriormente se mostraram justos e profetas, contemplando-o com o puro olho da mente, e o reconheceram e ofereceram a ele o culto que lhe é devido como Filho de Deus.

7. Mas, sem negligenciar a reverência devida ao Pai, foi nomeado para ensinar o conhecimento do Pai a todos eles. Por exemplo, diz-se que o Senhor Deus apareceu como um homem comum a Abraão, enquanto ele estava sentado nos carvalhais de Manre. E ele, imediatamente se prostrou, embora ele tenha visto um homem com os olhos, no entanto, o adorou como Deus, e sacrificou a ele como Senhor, e confessou que não ignorava sua identidade, quando pronunciou as palavras: “Senhor, o juiz de toda a terra, não fará o julgamento justo?” [Gênesis 18:25]

8. Pois, se é razoável supor que a essência não gerada e imutável de Deus todo poderoso foi transformada na forma de homem, ou que enganou os olhos dos espectadores com o surgimento de alguma coisa criada, e se não é razoável supor que, por outro lado, que a Escritura deve falsamente inventar essas coisas, quando o Deus e Senhor que julga toda a terra e executa julgamento é visto sob a forma de homem, que mais pode ser chamado, se não ser lícito chamá-lo de a causa primeira de todas as coisas, de sua única Palavra pré-existente? Acerca do qual se diz em Salmos: “Enviou a sua Palavra e os sarou, e os livrou da sua destruição.”

9. Moisés anuncia mais claramente o segundo Senhor depois do Pai, quando ele diz: “O Senhor fez chover sobre Sodoma e Gomorra enxofre e fogo do Senhor.” [Gênesis 19:24] A divina Escritura também o chama de Deus, quando ele apareceu novamente a Jacó na forma de homem, e disse a Jacó: “Seu nome não será mais Jacó, mas Israel será o teu nome, porque lutou com Deus.” [Gênesis 32:28] Por isso também chamou Jacó o nome daquele lugar “Visão de Deus”, dizendo: “Porque eu tenho visto Deus face a face, e a minha vida foi preservada.” [Gênesis 32:30]

10. Nem é admissível supor que as teofanias registradas foram aparições de anjos subordinados e ministros de Deus, pois sempre que qualquer um destes apareceu aos homens, a Bíblia não esconde o fato, mas chama-os pelo nome e não Deus, nem Senhor, mas anjos, como é fácil de provar por inúmeros testemunhos.

11. Josué, também, o sucessor de Moisés, o chama, como líder dos anjos celestiais e arcanjos e dos poderes supramundanos e, como tenente do Pai, confiou com o segundo posto de soberania e domínio sobre tudo, “capitão do exército do Senhor”, embora ele não o visse senão novamente na forma e aparência de um homem. Pois está escrito:

12. “E sucedeu que, estando Josué em Jericó, olhou e viu um homem em pé diante dele com uma espada desembainhada na mão, e Josué foi até ele e disse: Você está conosco ou com os nossos adversários? E ele disse: não, mas venho agora como chefe do exército do Senhor. Então Josué se prostrou com o rosto em terra e disse-lhe: Senhor, o que ordena a teu servo? E o capitão do Senhor disse a Josué: descalça as sandálias de teus pés, porque o lugar em que estás é santo”.

13. Percebe-se também a partir das mesmas palavras que este não era outro senão aquele que falava com Moisés porque a Escritura usa as mesmas palavras com referência a ele: “Quando o Senhor viu que ele se aproximava para ver, o Senhor chamou-o do meio da sarça e disse: Moisés, Moisés. E ele disse: O que é? E ele disse: Não te chegues para cá, tire as sandálias de teus pés, porque o lugar em que estás é terra santa e disse-lhe: Eu sou o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó”.

14. E que há certa substância que viveu e subsistia antes do mundo, e que servia ao Pai e Deus do universo para a formação de todas as coisas criadas, e que é chamado a Palavra de Deus e sabedoria, podemos citar outras provas, além das já citadas, a partir da boca da Sabedoria revela sobre si mesma, que revela mais claramente através de Salomão os seguintes mistérios: “Eu, a Sabedoria, falei com prudência e conhecimento, e invocaram o entendimento através de mim reis e reinado, e os príncipes ordenam justiça. Através de mim os grandes são ampliados, e através de mim soberanos governam a terra.”

15. Ao que acrescenta: “O Senhor me criou, no início de seus caminhos, para as suas obras, antes do mundo, ele me estabeleceu, no início, antes de fazer a terra, antes de fazer as profundezas, antes de firmar os montes, antes de todas as colinas ele me gerou. Quando ele preparava os céus, eu estava presente com ele, e quando ele estabeleceu as fontes da região debaixo do céu eu estava com ele, dispondo eu era o único em quem tinha prazer; diariamente me alegrei diante dele em todos os momentos em que ele se alegrava por ter completado o mundo.”

16. Que a Palavra divina, portanto, pré existia e apareceu para alguns, se não a todos, foi assim brevemente mostrado por nós.

17. Mas por que o Evangelho não foi pregado em tempos antigos a todos os homens e todas as nações, como é agora, irá aparecer a partir das seguintes considerações. A vida dos antigos, não era de natureza tal que lhes permita receber o ensinamento todo sábio e todo virtuoso de Cristo.

18. Pois, imediatamente no início, depois de sua vida original de bem-aventurança, o primeiro homem desprezou o mandamento de Deus, e caiu neste estado mortal e perecível, e trocou seu antigo luxo divinamente inspirada por esta terra carregada de maldição. Seus descendentes preencheram a nossa terra, mostraram-se muito pior, com a exceção de um, aqui e ali, e entrou em certo modo brutal e insuportável de vida.

19. Eles não pensavam em cidades, estados, nem nas artes, nem nas ciências. Eles eram ignorantes até mesmo do nome de leis e da justiça, da virtude e da filosofia. Como nômades, eles passaram suas vidas em desertos, como animais selvagens e ferozes, destruindo, por um excesso de maldade voluntária, a razão natural do homem, e as sementes do pensamento e da cultura implantada na alma humana. Deram-se totalmente sobre todos os tipos de palavrões, a seduzir um ao outro, a matar um ao outro, a comer carne humana, atrevendo-se a empreender guerra contra Deus e empreender aquelas batalhas dos gigantes celebradas por todos; e, planejando fortificar a terra contra o céu, em seu louco orgulho desgovernados, para preparar um ataque contra o próprio Deus de todos.

20. Por conta dessas maldades realizadas pelos homens, o Deus que tudo vê enviou-lhes inundações e incêndios, como em cima de uma floresta selvagem espalhada por toda a terra. Ele os oprimiu com fomes contínuas e pragas, com as guerras, e com raios do céu, como se estivesse a tratar alguma doença terrível e obstinada das almas com punições mais severas.

21. Então, quando o excesso de maldade havia dominado quase toda a terra, como numa profunda embriaguez obscurecem em trevas as mentes dos homens, a sabedoria primogênita e a primeira criação de Deus, o próprio Verbo preexistente, induzido por seu amor superior para o homem, apareceu aos seus servos em forma de anjos e novamente para um e outro daqueles antigos que desfrutavam do favor de Deus, em sua própria pessoa, como o poder salvador de Deus; e não de outra forma, no entanto, do que na forma de homem, uma vez que foi impossível aparecer em qualquer outra forma.

22. E, por ele, as sementes de piedade foram semeadas entre os homens, e toda uma nação de descendente de hebreus dedicaram-se persistentemente à adoração a Deus que fora transmitida a eles por meio do profeta Moisés, como a multidões ainda corrompidas pelas suas práticas antigas, por meio de imagens e símbolos de um determinado sábado místico e da circuncisão, e elementos de outros princípios espirituais, mas ele não lhes concedeu um conhecimento completo dos próprios mistérios.

23. Mas quando a sua lei tornou-se célebre, e, como um odor doce, foi difundida entre todos os homens, como resultado de sua influência as disposições da maioria dos pagãos foram amaciados pelos legisladores e filósofos que surgiram de todos os lados, e a sua natureza e brutalidade selvagem transformou-se em suavidade, para que eles desfrutassem de profunda paz, amizade e convívio social. Então, finalmente, no momento da origem do Império Romano, apareceu novamente a todos os homens e as nações de todo o mundo, que foram, por assim dizer, assistidos anteriormente, e antão eles estavam equipados para receber o conhecimento do Pai, esse mesmo professor de virtude, o ministro do Pai em todas as coisas boas, o Verbo divino e celestial de Deus em um corpo humano não diferente do nosso. Ele fez e sofreu as coisas que haviam sido profetizadas. Para ele tinha sido predito que aquele que era ao mesmo tempo, homem e Deus, deveria vir e habitar no mundo, realizar obras maravilhosas, e mostrar-se um professor para todas as nações da piedade do Pai. A maravilhosa natureza de seu nascimento, e seu novo ensinamento, e suas obras maravilhosas também tinha sido predito, assim também a maneira de sua morte, sua ressurreição dentre os mortos, e, finalmente, sua ascensão divina no céu.

24. Por exemplo, o profeta Daniel, sob influência do Espírito divino, vendo o seu reino no final dos tempos, foi inspirado, assim, para descrever a visão divina em linguagem de compreensão humana: “Pois eu vi”, diz ele, “até tronos foram colocados, e um ancião de dias se assentou, seu vestido era branco como a neve e o cabelo da sua cabeça como a pura lã; seu trono era de chamas de fogo, suas rodas eram fogo ardente e um rio de fogo fluiu diante dele. Milhares de milhares o serviam, e dez mil vezes dez mil estavam diante dele. Ele nomeou juízo, e os livros foram abertos.” [Daniel 7:9-10]

25. E, novamente, “eu vi”, diz ele, “e eis que um como o Filho do Homem veio com as nuvens do céu, e ele apressou-se até o Ancião de Dias e foi trazido à sua presença, e foi-lhe dado o domínio e a glória, e o reino, para que todos os povos, tribos, línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino não será destruído.” [Daniel 7:13-14]

26. É claro que essas palavras podem se referir a ninguém mais do que o nosso Salvador, o Deus Verbo que estava no princípio com Deus, e que foi chamado o Filho do homem por causa de sua última aparição em carne e osso.

27. Mas desde que reunimos em livros separados as seleções dos profetas que se relacionam ao nosso Salvador Jesus Cristo e arranjaram em uma forma mais lógica aquelas coisas que se revelaram acerca dele, o que se disse será suficiente por enquanto.


Capítulo 3
O Nome de Jesus e também o nome de Cristo eram conhecidos desde o princípio, e foram honrados pelos profetas inspirados

1. Agora é o tempo adequado para mostrar que o próprio nome de Jesus e também o nome de Cristo foram homenageados pelos profetas antigos amados de Deus.

2. Moisés foi o primeiro a dar a conhecer o nome de Cristo como um nome especialmente agosto e glorioso. Quando ele entregou os tipos e símbolos das coisas celestiais, e imagens misteriosas, de acordo com o oráculo que lhe disse: “Olhe que você faça todas as coisas de acordo com o modelo que te foi mostrado no monte,” [Êxodo 25:40] consagrou um sumo sacerdote de Deus, o homem, na medida em que foi possível, e ele foi chamado de Cristo. E, assim, a esta dignidade do sumo sacerdócio, que em sua opinião superou a posição mais honrosa entre os homens, ele anexou por causa da honra e glória do nome de Cristo.

3. Ele sabia muito bem que o Cristo era algo divino. E o mesmo se prevendo, sob a influência do Espírito divino, o nome de Jesus, digno também com certo privilégio distinto. Para o nome de Jesus, que nunca havia sido pronunciada entre os homens antes do tempo de Moisés, ele se candidatou primeiro e único a quem ele sabia que receberia depois de sua morte, mais uma vez como um tipo e símbolo, o comando supremo.

4. Ao seu sucessor, até então, não tinham dado o nome de Josué, mas tinha sido chamado por outro nome, Oséias, que havia sido dado a ele por seus pais, que agora se chama Jesus, dando o nome a ele como um presente de honra, muito maior do que qualquer diadema real. O próprio Josué, filho de Num, tinha uma semelhança com o nosso Salvador no fato de que ele sozinho, depois de Moisés e após a conclusão do culto simbólico que tinha sido transmitida por ele, sucedeu ao governo da religião verdadeira e pura.

5. Assim, Moisés deu o nome de nosso Salvador, Jesus Cristo, como uma marca da mais alta honra, sobre os dois homens que em seu tempo superou todo o resto das pessoas em virtude e glória, ou seja, sobre o sumo sacerdote e sobre o seu sucessor no governo.

6. E os profetas que vieram depois também predisseram claramente Cristo pelo nome, prevendo ao mesmo tempo as conspirações que o povo judeu formaria contra ele, e a convocação das nações por meio dele. Jeremias, por exemplo, diz o seguinte: “O fôlego de nossas narinas, o Ungido do Senhor, foi preso nas covas deles, de quem dissemos: sob sua sombra viveremos entre as nações.” [Lamentações 4:20] E Davi, em perplexidade, diz: “Por que se amotinam as nações e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam na matriz, e as autoridades ajuntaram-se contra o Senhor e contra o seu Ungido”, ao que acrescenta, na pessoa do próprio Cristo:” O Senhor me disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei Pede-me, e eu te darei as nações por herança, e os confins da terra por tua possessão”.

7. E não só, aqueles que foram homenageados com o sumo sacerdócio, e que por causa do símbolo foram ungidos com óleo especialmente preparado, eram adornados com o nome de Cristo entre os hebreus, mas também os reis que os profetas ungidos sob a influência do Espírito divino, e assim constituídos, por assim dizer, tipos de Cristo. Para eles também tinha em seus próprios tipos do poder régio e soberano do verdadeiro e único Cristo, o Verbo divino que governa sobre todas as pessoas.

8. E foi-nos dito também que alguns dos profetas tornaram-se, pelo ato de ungir, Cristos em espécie, para que fossem referência ao verdadeiro Cristo, a Palavra divinamente inspirada e celeste, que é o único sumo sacerdote de toda a criação, e o único rei de todas as criaturas, e do Pai único profeta supremo dos profetas.

9. E a prova disso é que nenhum dos que foram simbolicamente ungidos, quer sacerdotes, ou reis, ou profetas, possuía um tão grande poder da virtude inspirada como foi exposto pelo nosso Salvador e Senhor Jesus, o verdadeiro e único Cristo.

10. Nenhum deles, ainda que, no entanto superior em dignidade e honra que possa ter sido por muitas gerações entre seu próprio povo, nunca deu a seus seguidores o nome de cristãos de nome próprio e típico de Cristo. Nem foi honra divina prestada a qualquer um deles por seus súditos, nem após a sua morte foi a disposição de seus seguidores de tal forma que eles estavam prontos para morrer por aquele a quem eles tinham honrado. E nunca foi tão grande a comoção a surgir entre todas as nações da terra em relação a qualquer um deles, pois o mero símbolo não poderia agir com tal poder entre eles como a verdade em si, que foi exibida pelo nosso Salvador.

11. Ele, apesar de não ter recebido os símbolos e tipos de sumo sacerdócio, embora ele não tenha nascido de uma raça de sacerdotes, embora ele não fosse elevado à categoria de reino por guardas militares, embora ele não fosse um profeta como os de antigamente, embora ele não obtivesse nenhuma honra nem preeminência entre os judeus, no entanto, foi adornada pelo Pai com todos, se não com os símbolos, com a própria verdade.

12. E, por isso, apesar de ele não possuir honras como aqueles a quem temos mencionado, ele é chamado de Cristo mais do que todos eles. E como o próprio Cristo verdadeiro e único de Deus, ele encheu toda a terra com o nome verdadeiramente agosto e sagrado dos cristãos, comprometendo-se, os seus seguidores, não mais com tipos e imagens, mas com o próprio, e uma vida celestial de virtudes descobertas na própria doutrina de verdade.

13. E ele não foi ungido com óleo preparado a partir de substâncias materiais, mas, como convém a divindade, com o Espírito divino a si mesmo, por sua participação na divindade do Pai não gerado. E isso também é ensinado novamente por Isaías, que exclama, como se a pessoa do próprio Cristo: “O Espírito do Senhor está sobre mim, por isso me ungiu e enviou-me para pregar o Evangelho aos pobres, para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos”.

14. E não só Isaías se dirige a ele, mas também Davi, dizendo: “O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre. Cetro de equidade é o cetro do seu reino. Amaste a justiça e odiaste a iniquidade. Por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo da alegria acima de seus companheiros.” Aqui a Escritura chama de Deus no primeiro versículo, na segunda homenageia-o com um cetro real.

15. Em seguida, um pouco mais adiante, depois que o poder divino e real, representa-o em terceiro lugar como tendo se tornado Cristo, sendo ungido não com óleo feitos de substâncias materiais, mas com o óleo divino da alegria. É, portanto, indicada a sua honra especial, muito superior e diferente da de todos aqueles que, como tipos, eram antigamente ungidos de uma forma mais material.

16. E em outro lugar o mesmo escritor fala dele como se segue: “Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita até que eu ponha os teus inimigos o escabelo dos teus pés”, e, “Fora do ventre, antes da estrela da manhã, te gerei. O Senhor jurou e não se arrependerá: tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”.

17. Mas este Melquisedeque é apresentado nas Sagradas Escrituras como sacerdote do Deus Altíssimo, não consagrado por todo o óleo da unção, especialmente preparado, e nem mesmo pertencendo à descendência sacerdotal dos judeus. Portanto, após seu fim, mas não segundo a ordem de outros, que receberam símbolos e tipos, foi nosso Salvador proclamado, com um apelo a um juramento, Cristo e sacerdote.

18. Sua história, portanto, não relata que ele foi ungido corporalmente pelos judeus, nem que ele pertencia à linhagem de sacerdotes, mas que ele veio à existência do próprio Deus antes da estrela da manhã, que é antes da organização do mundo e que obteve um sacerdócio imortal e imperecível de tempos eternos.

19. Uma grande e convincente prova de sua unção incorpórea e divina que só ele recebeu dentre todos aqueles que já existiram é que, até os dias de hoje, ele é chamado de Cristo por todos os homens em todo o mundo e é confessado e testemunhado com este nome; é comemorado por gregos e bárbaros e até hoje é homenageado como um rei por seus seguidores em todo o mundo, ele é admirado como mais do que um profeta e é glorificado como o verdadeiro e único sumo sacerdote de Deus. E além de tudo isso, como o Verbo pré-existente de Deus, chamado a ser antes de todos os tempos, ele recebeu honra do Pai, e é adorado como Deus.

20. Mas o mais maravilhoso de tudo é o fato de que nós, que nos consagramos a ele, o honremos, não só com a voz e com o som de palavras, mas também com a elevação completa da alma, e é por isso que nós escolhemos dar testemunho dele, em vez de preservar nossas próprias vidas.

21. Tenho a necessidade de prefaciar minha história com estas questões a fim de que ninguém venha julgar a partir da data de sua encarnação e possa pensar que o nosso Senhor e Salvador Jesus, o Cristo, tenha vindo a existir mais recentemente.


Capítulo 4
A religião proclamada por Ele para todas as nações não era nova nem estranha

1. Assim não se pode supor que sua doutrina é nova e estranha, como se estivesse ligada a um homem de origem recente e que difere em nada dos demais homens; vamos agora considerar brevemente este ponto também.

2. Admite-se que, quando nos últimos tempos, o aparecimento de nosso Salvador Jesus Cristo tornou-se conhecido de todos os homens, lá, imediatamente fez a sua aparição de uma nova nação, uma nação que confessadamente não é pequena, e não habita em algum canto da terra, mas a mais numerosa e piedosa de todas as nações, indestrutível e invencível, porque ela sempre recebe a assistência de Deus. Esta nação, assim de repente, aparece no tempo determinado pelo conselho inescrutável de Deus, é o que foi homenageado por todos com o nome de Cristo.

3. Um dos profetas, quando viu de antemão com o olho do Espírito Divino que era para ser, estava tão surpreso com isso que ele gritou: “Quem jamais ouviu tal coisa? Quem viu coisas semelhantes? Poder-se-ia fazer nascer uma terra num só dia? Nasceria uma nação de uma só vez? [Isaías 66:8] E o mesmo profeta dá uma dica também sobre nome pelo qual o país estava a ser chamado, quando diz: “Aqueles que me servem devem ser chamados por um nome novo, que será abençoado na terra”. [Isaías 65:15-16]

4. Mas, embora seja claro que são novos e que este novo nome de cristãos foi realmente, mas recentemente conhecido entre todas as nações, no entanto, nossa vida e nossa conduta, com as nossas doutrinas da religião, não têm sido recentemente inventado por nós, mas a partir da primeira criação do homem, por assim dizer, foram estabelecidas pelo entendimento natural de homens divinamente favorecidos de idade. Que isso é assim vamos mostrar da seguinte maneira.

5. Que a nação hebraica não é nova, mas é universalmente honrado por conta de sua antiguidade, é conhecido por todos. Os livros e escritos deste povo contém relatos de homens antigos, raros, de fato e poucos em número, mas, no entanto, destaca-se por piedade e justiça, e todas as outras virtudes. Destes, alguns homens excelentes viveram antes do dilúvio, outros dos filhos e descendentes de Noé viveram depois dele, entre eles Abraão, a quem os hebreus reconhecem como seu fundador e patriarca.

6. Se alguém afirmar que todos aqueles que tenham gostado do testemunho da retidão, do próprio Abraão até ao primeiro homem, foram cristãos, se não no nome, mas em obras, estariam dizendo a verdade.

7. Pois o que o nome indica, que o homem cristão, através do conhecimento e do ensino de Cristo, se distingue por temperança e justiça, pois a paciência na vida é viril virtude, e para uma profissão de piedade para com o único Deus acima de tudo – tudo o que era zelosamente praticado por eles, não menos por nós.

8. Eles não se preocupam com a circuncisão do corpo, nós também não. Eles não se preocupam com a observação sábados, nem nós. Eles não evitavam certos tipos de alimentos, nem o que eles consideram as outras distinções que Moisés primeiro entregou à sua posteridade para observarem como símbolos, nem os cristãos de hoje em dia fazem essas coisas. Mas eles também conheciam claramente o próprio Cristo de Deus, pois já foi demonstrado que ele apareceu a Abraão, que ele transmitiu revelações para Isaac, que ele falou com Jacó, que ele manteve uma conversa com Moisés e com os profetas que vieram depois.

9. Daí você vai encontrar esses divinamente favorecidos homens honrados com o nome de Cristo, de acordo com a passagem que diz deles: “Não toqueis nos meus cristos e aos meus profetas não façais mal.”

10. Assim é claramente necessário considerar que a religião, que ultimamente tem sido pregada a todas as nações através do ensinamento de Cristo, é a primeira e mais antiga de todas as religiões, e aquela descoberta por aqueles homens divinamente favorecidos na idade de Abraão.

11. Se é dito que a Abraão, muito tempo depois, foi dado o comando da circuncisão, nós respondemos que, no entanto, antes disso, foi declarado que ele tinha recebido o testemunho de justiça, mediante a fé, como diz a palavra divina: “Abraão acreditou em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça.” [Gênesis 15:06]

12. E de fato a Abraão, que era assim antes de sua circuncisão um homem justificado, não foi dado por Deus, que se revelou a ele (mas isso foi o próprio Cristo, a Palavra de Deus), uma profecia em relação àqueles que nos próximos tempos devem ser justificados da mesma forma que ele. A profecia foi com as seguintes palavras:”. E em você todas as tribos da terra serão abençoadas”. [Gênesis 0:03] E mais uma vez: “Ele deve tornar-se uma nação grande e numerosa. E nele todas as nações da terra serão abençoadas” [Gênesis 18:18]

13. É permissível entender isto como cumprido em nós. Já que, tendo renunciado a superstição dos seus pais e o antigo erro da sua vida, e tendo confessado um Deus sobre todos e tendo-o adorado com feitos da virtude, e não com o serviço da lei que se deu posteriormente por Moisés, se justificou pela fé em Cristo, a Palavra de Deus, que lhe aparecera. Para ele, então, quem foi homem deste caráter, foi dito que todas as tribos e todas as nações da Terra seriam abençoadas por ele.

14. Mas essa mesma religião de Abraão reapareceu no tempo presente, praticada em obras mais eficazes do que as palavras, por si só, cristãos em todo o mundo.

15. O que então impediria a confissão de que nós que somos de Cristo, praticamos o mesmo modo da vida e temos a mesma religião daqueles homens antigos divinamente favorecidos? Nisto é evidente que a religião perfeita entregue a nós pelo ensino de Cristo não é nova e estranha, mas, se a verdade deve ser dita, é a primeiro e a religião verdadeira. Isto pode ser suficiente para o assunto.


Capítulo 5
O Tempo de Sua aparição entre os homens

1. E agora, depois desta introdução necessária para a nossa proposta de história da Igreja, podemos entrar, por assim dizer, em nossa jornada, começando com o aparecimento de nosso Salvador na carne. E nós invocamos a Deus, o Pai, a Palavra, e aquele de quem estamos falando, o próprio Jesus Cristo, nosso Salvador e Senhor, o Verbo divino de Deus, como a nossa ajuda e companheiro de trabalho na narração da verdade.

2. Foi no quadragésimo segundo ano do reinado de Augusto e o vigésimo oitavo após a subjugação do Egito e a morte de Antônio e Cleópatra, com quem a dinastia dos Ptolomeus no Egito chegou ao fim, que o nosso Salvador e Senhor Jesus Cristo nasceu em Belém da Judéia, de acordo com as profecias que haviam sido proferidas a seu respeito. [Miquéias 5:2] Seu nascimento ocorreu durante o primeiro recenseamento, quando Quirino era governador da Síria.

3. Flávio ​​Josefo, o mais célebre dos historiadores hebreus, também menciona este censo, que foi tomado durante mandato Quirino. No mesmo contexto, ele dá conta da revolta dos galileus, que teve lugar naquela época, dos quais também Lucas, entre nossos escritores, fez menção nos Atos, nas seguintes palavras: “Depois deste levantou-se Judas, o galileu, nos dias do recenseamento, e levou uma multidão atrás dele: ele também pereceu, e todos, tantos quantos lhe obedeciam foram dispersos “. [Atos 05:37]

4. O autor acima mencionado, no livro XVIII de suas Antiguidades, de acordo com essas palavras, acrescenta o seguinte, que citamos exatamente: “Quirino, membro do senado, que tinha realizado outros cargos e tinha passado por todos eles até o consulado, um homem também de grande dignidade em outros aspectos, veio à Síria com uma pequena comitiva, sendo enviado por César para ser um juiz da nação e fazer uma avaliação de sua propriedade”.

5. E depois de um pouco ele diz: “Mas Judas, um gaulonita, de uma cidade chamada Gamala, levando consigo Sadoc, um fariseu, exortou o povo à revolta, ambos dizendo que a tributação não significava nada mais do que escravidão unicamente, exortando a nação para defender sua liberdade.”

6. E no segundo livro de sua História da Guerra dos Judeus, ele escreve o seguinte sobre o mesmo homem: “Neste momento, certo galileu, cujo nome era Judas, convenceu seus compatriotas a se revoltar, declarando que eles seriam covardes ao se sujeitarem a prestar homenagens aos Romanos, e ao se submeterem, além de Deus, a mestres que eram mortais.” Essas coisas são registrados por Josefo.


Capítulo 6
Sobre o tempo de Cristo, de acordo com a profecia, chegou ao fim a sucessão regular de governantes que tinham governado a nação judaica nos dias da Antiguidade, e Herodes tornou-se o primeiro rei estrangeiro

1. Quando Herodes, o primeiro governante de sangue estrangeiro, tornou-se rei, a profecia de Moisés recebeu o seu cumprimento, de acordo com o que não deve “não querer ser um príncipe de Judá, nem o governante de seus lombos, até que ele venha para quem está reservado”. Este último, ele também mostra, era para ser a expectativa das nações.

2. Essa previsão permaneceu sem cumprimento porquanto era permitido viver sob governos de sua própria nação, isto é, desde o tempo de Moisés até o reinado de Augusto. Sob este último, a Herodes, o primeiro estrangeiro, foi dado o reino dos judeus pelos romanos. Como Josefo relata, ele era um Idumeu pelo lado de seu pai e um árabe por sua mãe. Mas Africano, que também era escritor comum, diz que, os que foram mais precisamente informados sobre, relatam que ele era filho de Antípatro, e que este era filho de certo Herodes de Ascalon, um dos chamados servidores do templo de Apolo.

3. Este Antípatro, enquanto menino, tendo sido prisioneiro de ladrões Idumeus, viveu com eles, porque seu pai, sendo um homem pobre, era incapaz de pagar por um resgate. Crescendo em suas práticas, ele foi depois ajudado por Hircano, o sumo sacerdote dos judeus. O filho dele era Herodes, o que viveu nos tempos de nosso Salvador.

4. Quando o Reino dos judeus recaiu sobre um homem a expectativa das nações estava já na porta, de acordo com a profecia. Pois com ele os seus príncipes e governadores, que tinham governado em sucessão regular desde o tempo de Moisés chegaram ao fim.

5. Antes de seu cativeiro e seu transporte para a Babilônia eles eram governados por Saul e depois por Davi, e antes dos reis, foram governados pelos chamados juízes, que começaram depois de Moisés e seu sucessor Josué.

6. Após o retorno da Babilônia eles continuaram a ter, sem interrupção, uma forma aristocrática de governo, com uma oligarquia. Pois os sacerdotes tinham a direção de assuntos até que Pompeu, o general romano tomou Jerusalém pela força, e profanou os lugares santos por entrar no santuário muito mais interno do templo. Aristóbulo, que, pelo direito de sucessão antiga, tinha sido até então rei e sumo sacerdote, mandou com seus filhos em cadeias para Roma, e deu a Hircano, o irmão de Aristóbulo, o sumo sacerdócio, enquanto toda a nação dos judeus foi feita tributária para os romanos daquela época.

7. Mas Hircano, que era o último da linha regular de sacerdotes, foi logo depois feito prisioneiro pelos partos, e Herodes, o primeiro estrangeiro, como eu já disse, foi feito rei da nação judaica pelo senado romano e por Augusto.

8. Logo o Cristo apareceu em forma corpórea, e a Salvação esperada das nações e sua vocação seguida de acordo com a profecia. A partir deste momento, os príncipes e governadores de Judá, ou melhor, da nação judaica, chegou ao fim e, como consequência natural da ordem do sumo sacerdócio, que desde os tempos antigos tinha procedido regularmente na próxima sucessão de geração em geração, foi imediatamente lançado em confusão.

9. Essas coisas Josefo também é uma testemunha, que mostra que quando Herodes foi feito rei pelos romanos já não nomeou os sacerdotes da linha antiga, mas deu a honra de certas pessoas obscuras. Um curso semelhante ao de Herodes na nomeação dos sacerdotes foi adotado por seu filho Arquelau, e depois dele pelos romanos, que assumiram o governo em suas próprias mãos.

10. O mesmo autor mostra que Herodes foi o primeiro que trancou o vestuário sagrado do sumo sacerdote em seu próprio selo e se recusou a permitir aos altos sacerdotes guardá-lo para si mesmos. O mesmo curso foi seguido por Arquelau, depois dele, e depois de Arquelau pelos romanos.

11. Essas coisas foram gravadas por nós, a fim de mostrar que outra profecia foi cumprida no aparecimento de nosso Salvador Jesus Cristo. Porque a Escritura, no Livro de Daniel, [Daniel 09:26] tem expressamente mencionado certo número de semanas, até a vinda de Cristo, da qual temos tratado em outros livros, profetiza mais claramente, que após a conclusão dessas semanas a unção entre os judeus deveriam totalmente perecer. E isso tem-se mostrado claramente que foi cumprido no momento do nascimento do nosso Salvador Jesus Cristo. Isto foi necessariamente premissa para nós como uma prova da justeza do tempo.


Capítulo 7
A discrepância alegada nos Evangelhos no que diz respeito à genealogia de Cristo

1. Mateus e Lucas em seus evangelhos nos deram diferentes genealogias de Cristo, e muitos supõem que elas estão em desacordo. Desde como consequência cada crente, na ignorância da verdade, tem sido zeloso para inventar alguma explicação que deve harmonizar as duas passagens, nos permite juntar em anexo à conta da questão que chegou até nós, e que é dada por Africanus, que foi mencionado por nós anteriormente, em sua epístola aos Aristides, onde ele discute a harmonia das genealogias do evangelho. Depois de refutar as opiniões dos outros, como forçada e enganosa, ele deu conta que tinha recebido da tradição com estas palavras:

2. “Considerando que os nomes das gerações foram contados em Israel ou de acordo com a natureza ou de acordo com a lei; – de acordo com a natureza, a sucessão dos filhos legítimos, e de acordo com a lei, sempre que outro levantasse uma criança com o nome de um irmão que morreu sem filhos; já que uma esperança clara de ressurreição não havia ainda se dado e que tinham uma representação da promessa futura como uma espécie de ressurreição mortal, para que o nome de um falecido pudesse ser perpetuado; –

3. ao passo que, em seguida, alguns dos que estão inseridos nesta tabela genealógica sucedido por descendência natural, o filho ao pai, enquanto outros, embora nascidas de um pai, foram atribuídas pelo nome para outro, foi feita menção de ambos aqueles que eram progenitores de fato e daqueles que eram tão somente no nome.

4. Assim, nenhum dos evangelhos está em erro, pois um, estima pela natureza, e outro pela lei. Para a linha de descendência de Salomão, e que a partir de Natan eram tão envolvidos um com o outro pelo levantamento de crianças a pessoas sem filhos e pelo segundo casamento, que as mesmas pessoas são justamente consideradas como pertencentes ao mesmo tempo a um, e em outro momento a outro; isto é, um momento aos pais reputados e em outro aos pais reais. Portanto, estas duas contas são estritamente verdadeiras e descem até José com complexidade considerável de fato, porém, com bastante precisão.

5. Mas, para que o que eu disse fique claro vou explicar a troca de gerações. Se nós contamos as gerações de Davi através de Salomão, o terceiro encontrado desde o final é para ser Matã, que gerou Jacó, pai de José. Mas se, com Lucas, nós contarmos de Natã, filho de Davi, da mesma maneira o terceiro desde o final é Melqui, cujo filho Heli era o pai de José, pois José era filho de Heli, filho de Melqui.

6. José, portanto, sendo o objeto proposto por nós, é preciso demonstrar como que é apresentado como seu pai, a Jacó, que deriva sua descendência de Salomão, e Heli, que descende de Natã; primeiro como é que Jacó e Heli foram irmãos, e logo, como é que se declara que os seus pais, Matã e Melqui, embora de famílias diferentes, sejam os avôs do José.

7. O fato de Matã e Melqui terem se casado em sucessão com a mesma mulher, gerou filhos que eram irmãos uterinos, pois a lei não proíbe a viúva, se tal pelo divórcio ou pela morte de seu marido, de se casar com outro.

8. Então, por Esta (esse era o nome da mulher de acordo com a tradição) Matã, um descendente de Salomão, primeiramente gerou Jacó. E quando Matã estava morto, Melqui, que descende de Natã, sendo da mesma tribo, mas de outra família, se casou com ela, como antes dito, e gerou o filho Heli.

9. Assim, vamos encontrar os dois, Jacó e Heli, embora pertencentes a diferentes famílias, ainda irmãos pela mesma mãe. Destes, o único, Jacó, quando seu irmão Heli morreu sem filhos, tomou a esposa e gerou deste último por seu filho José, seu próprio filho, por natureza, e de acordo com a razão. Por isso também está escrito: “Jacó gerou José”. [Mateus 01:06] Mas, de acordo com a lei, ele era o filho de Heli, pois Jacó, sendo seu irmão, suscitou descendência para ele.

10. Daí a genealogia traçada por ele não será anulada, o que o evangelista Mateus, em sua enumeração mostra que Jacó gerou José, mas Lucas, por outro lado, diz: “Quem foi o filho, como se cuidava” (para isso, ele também adiciona), “José, filho de Heli, filho de Melqui”, porque ele não poderia expressar de forma mais clara a geração de acordo com a lei. E a expressão “que gerou”, ele omitiu em sua mesa genealógica até o final, traçando a genealogia de volta a Adão, filho de Deus. Esta interpretação não é nem improvável nem tão pouco é uma conjectura ociosa.

11. Para os parentes de nosso Senhor segundo a carne, seja com o desejo de se gabarem ou simplesmente desejando expor o fato, em ambos os casos, na verdade, já se proferiu a seguinte conta: Alguns ladrões Idumeus, tendo atacado Ascalom, cidade da Palestina, levaram de um templo de Apolo que se situava perto dos muros, além dos objetos, Antípatro, filho de certo escravo do templo (hieródulo) chamado Herodes. E desde que o sacerdote não foi capaz de pagar o resgate por seu filho, Antípatro foi educado nos costumes dos idumeus, e depois foi ajudado por Hircano, o sumo sacerdote dos judeus.

12. E, tendo sido enviado por Hircano em uma embaixada a Pompeu, e tendo restaurado a ele o reino que tinha sido invadido por seu irmão Aristóbulo, ele teve a sorte de ser nomeado procurador da Palestina. Mas Antípatro foi morto por aqueles que tinham inveja de sua grande sorte e foi sucedido por seu filho Herodes, que foi depois, por um decreto do senado, se fez rei dos judeus sob Antonio e Augusto. Seus filhos foram Herodes e os outros tetrarcas. Estes relatos concordam também com os dos gregos.

13. Mas como tinham sido mantidas nos arquivos até aquele momento as genealogias dos hebreus, bem como daqueles que traçaram sua linhagem de volta para prosélitos, como Aquior os amonitas e Rute, a moabita, e para aqueles que se misturaram com os israelitas e saíram do Egito com eles, Herodes; na medida em que a linhagem dos israelitas não contribuiu em nada para a sua vantagem, e desde que ele foi instigado com a consciência de sua própria origem ignóbil, queimou todos os registros genealógicos, pensando que ele se passaria de nobre origem se ninguém fosse capaz, a partir dos registros públicos, de remontar sua descendência, aos patriarcas ou prosélitos e estrangeiros que se misturavam com eles, e que foram chamados geyoras.

14. Alguns cuidadosos, contudo, tendo obtido registros particulares, ou lembrando-se dos nomes ou ainda adquirindo-os de algum outro modo a partir dos registros originais, orgulha-se de si mesmos pela conservação da memória da sua origem nobre. Entre estes são aqueles despósinoi já mencionados, assim chamados, em virtude de sua conexão com a família do Salvador. Vindo de Nazara e Cocaba, as aldeias da Judéia, em outras partes do mundo, desenharam a genealogia supracitada da memória e do livro de registros diários o mais fielmente possível.

15. Se, no entanto, o caso é assim ou não, ninguém conseguiu encontrar uma explicação mais clara, porém é minha própria opinião e de cada pessoa sincera. E isto basta, pois, embora não temos nenhum testemunho em seu apoio, não temos nada melhor ou mais verdadeiro para oferecer. Em qualquer caso, o Evangelho diz a verdade, e no final da mesma epístola, ele acrescenta estas palavras: “Matã, que era descendente de Salomão, gerou a Jacó. E quando Matã estava morto, Melqui, que era descendente de Natã gerou Heli pela mesma mulher. Heli e Jacó eram, portanto, irmãos uterinos. Heli morreu sem filhos, e Jacó suscitou descendência para ele, gerando José, seu próprio filho por natureza, mas filho de Heli por lei. Assim José era filho de ambos”.

17. Até agora Africanus. E a linhagem de José sendo assim traçada, Maria também está praticamente demonstrada ser da mesma tribo que ele, uma vez que, de acordo com a lei de Moisés, não foram autorizados os casamentos entre diferentes tribos. Já que a ordem é se casar com um da mesma família e linhagem, para que a herança não passe de tribo para tribo. Isto pode ser suficiente aqui.


Capítulo 8
A crueldade de Herodes para os recém-nascidos, e a forma de sua morte

1. Quando Cristo nasceu, de acordo com as profecias, em Belém da Judéia, no tempo indicado, Herodes se perturbou com a consulta dos magos que vieram do leste querendo saber onde havia nascido o rei dos judeus para encontrá-lo, – pois tinham visto a sua estrela, e esta foi a razão para fazerem uma viagem tão longa, porque sinceramente desejavam adorar o recém-nascido como Deus; então Herodes imaginou que o seu reino estaria em perigo, e perguntou aos doutores da lei, que pertenciam à nação judaica, onde esperavam que Cristo nasceria. Quando soube que a profecia de Miquéias [Miquéias 5:2] anunciava que Belém seria sua terra natal, ele ordenou, em um único edital, a morte de todos os bebês do sexo masculino em Belém, em todas as suas fronteiras, até dois anos de idade, de acordo com o tempo que ele tinha apurado com exatidão pelos magos, supondo que Jesus, sofreria o mesmo destino que os outros bebês de sua idade.

2. Mas a criança antecipou-se à armadilha, sendo levada ao Egito por seus pais que foram alertados por um anjo que lhes apareceu e disse o que estava para acontecer. Essas coisas são registradas pelas Sagradas Escrituras no Evangelho. Mateus 2.

3. Vale à pena, além disso, observar a recompensa que Herodes recebeu pelo seu crime ousado contra Cristo e aqueles com a mesma idade. Pois imediatamente, sem a menor demora, a vingança divina o alcançou enquanto ele ainda estava vivo e lhe deu uma amostra do que estava para receber após a morte.

4. Não é possível relacionar aqui como ele manchou a suposta felicidade do seu reinado por sucessivas calamidades em sua família, pelo assassinato de esposa e filhos, e outros de seus parentes mais próximos, além de queridos amigos. A conta, que lança qualquer outro drama trágico para a sombra, é detalhada em profundidade nas histórias de Josefo.

5. Como, logo após o crime contra nosso Salvador e as outras crianças, o castigo enviado por Deus o levou para a sua morte, melhor podemos aprender com as palavras daquele historiador que, no livro XVII de suas Antiguidades dos Judeus, escreveu o seguinte a respeito de seu fim:

6. Mas a doença de Herodes tornou-se mais grave, Deus infligiu punição por seus crimes por um fogo lento que queimava nele e que não era tão evidente para quem o tocasse, mas aumentou seu sofrimento interno. Pois ele tinha um terrível desejo por comida que era insaciável. Ele também foi afetado com a ulceração dos intestinos, e com dores graves, especialmente no cólon, ao passo que um humor aquoso e transparente se assentou sobre os seus pés.

7. Ele sofria também de um problema similar em seu abdômen. Mais ainda, o seu membro viril apodreceu e nele produziram-se vermes. Descobriu também excessiva dificuldade em respirar, e foi particularmente desagradável devido ao cheiro da supuração e a rapidez da respiração.

8. Ele teve convulsões também em cada membro, que lhe deu força incontrolável. Dizia-se, na verdade, por quem possuía o poder de adivinhação e sabedoria para explicar tais eventos, que Deus havia infligido este castigo sobre o rei por conta de sua grande impiedade.

9. O escritor mencionado acima relata essas coisas na obra referida. E no segundo livro de sua História, ele faz um relato semelhante sobre o mesmo Herodes, que funciona da seguinte forma: “A doença então, apoderou-se de todo o seu corpo a ocupá-lo com vários tormentos, pois ele teve uma febre lenta e comichão insuportável na pele de todo o seu corpo. Ele sofria também de dores contínuas em seu cólon, e havia inchaços nos pés, como os de uma pessoa que sofre de hidropisia, enquanto seu abdômen estava inflamado e seu membro viril apodrecia produzindo vermes. Além disso, ele podia respirar apenas em uma postura ereta, e somente com dificuldade, e ele teve convulsões em todos os seus membros, de modo que os adivinhos disseram que suas doenças eram um castigo.

10. Mas ele, apesar de lutar com tais sofrimentos, não obstante se agarrou à vida com esperança e confiança nos métodos de cura inventados. Por exemplo: atravessou o Jordão, usou os banhos de águas quentes em Calirroe, que deságua no Lago de Asfalto, e elas mesmas são doces e potáveis para se beber.

11. Seus médicos ali pensaram que poderiam aquecer todo o seu corpo novamente por meio de óleo aquecido. Mas quando eles o colocaram em uma banheira cheia de óleo, seus olhos tornaram-se fracos e viraram-se como os olhos de uma pessoa morta. Mas quando seus assistentes levantaram um clamor, ele se recuperou com o barulho, mas, finalmente, desesperado de uma cura, ele ordenou que se distribuíssem cinquenta dracmas entre os soldados, e dadas grandes somas a seus generais e amigos.

12. Então, voltando ele a Jericó, onde, apreendido à melancolia, planejava cometer um ato ímpio, como se a própria morte o desafiasse. Pois, fez reunir em todas as cidades os homens mais ilustres de toda a Judéia, e ordenou que fossem encerrados no chamado hipódromo.

13. E, tendo convocado Salomé, sua irmã, e seu marido, Alexandre, disse-lhes: “Eu sei que os judeus se alegrarão com a minha morte, mas pode ser lamentada por outros e ter um esplêndido funeral, se vocês estiverem dispostos a realizar os meus mandamentos. Quando eu expirar, cerquem esses homens, que estão agora sob guarda, o mais rapidamente possível com os soldados, e mate-os, a fim de que em toda a Judéia cada casa chore por mim, mesmo contra a sua vontade.”

14. E um pouco adiante Josefo diz: “E mais uma vez ele estava tão torturado por falta de alimento e por uma tosse convulsiva que, vencido por suas dores, planejava antecipar seu destino. Tomando uma maçã pediu também uma faca, pois ele era acostumado a cortar maçãs e comê-las, então, olhando em volta para se garantir que não havia ninguém para impedi-lo, ergueu a mão direita, como se fosse ferir-se a si mesmo com facada”.

15. Além dessas coisas, os mesmos registros do escritor afirmam que ele matou outro de seus próprios filhos antes de sua morte, o terceiro morto por seu comando, e que logo em seguida ele deu seu último suspiro, não sem dor excessiva.

16. Tal foi o fim de Herodes, que sofreu uma punição justa para o seu abate dos filhos de Belém, que foi o resultado de suas conspirações contra o nosso Salvador.

17. Após isso, um anjo apareceu em sonhos a José no Egito e ordenou-lhe que fosse para a Judéia com a criança e sua mãe, revelando-lhe que aqueles que tinham procurado tirar a vida da criança estavam mortos. Para isso, o evangelista acrescenta: “Mas, quando soube que Arquelau reinava no lugar de seu pai Herodes, temeu ir para lá; não obstante sendo por divina revelação avisados ​​em sonho retirou-se para as regiões da Galiléia.” [Mateus 02:22]


Capítulo 9
Os tempos de Pilatos

1. O historiador já mencionado concorda com o evangelista no que diz respeito ao fato de que Arquelau sucedeu ao governo de Herodes. Ele registra a maneira pela qual ele recebeu o reino dos judeus, pela vontade de seu pai Herodes, e pelo decreto de César Augusto, e como, depois de ter reinado dez anos, perdeu o seu reino, e seus irmãos Filipe e Herodes, o mais jovem, com Lisânias, ainda governaram suas próprias tetrarquias. O mesmo autor, no livro XVIII de suas Antiguidades, diz que sobre o décimo segundo ano do reinado de Tibério, que sucedeu ao império depois de Augusto governar por cinquenta e sete anos, Pôncio Pilatos se tornou governador da Judéia, e permaneceu por dez anos completos, quase até a morte de Tibério.

2. Assim, a fraude de quem recentemente divulgou documentos contra nosso Salvador está claramente provada. Pela data prevista neles mostra-se a falsificação de seu conteúdo.

3. Pois as coisas que eles ousaram dizer sobre a paixão do Salvador são colocadas no quarto consulado de Tibério, que ocorreu no sétimo ano de seu reinado, quando que fica claro que Pilatos ainda não era governador da Judéia, se o testemunho de Josefo é para ser acreditado, que mostra claramente no trabalho acima mencionado que Pilatos foi feito procurador da Judéia por Tibério no décimo segundo ano de seu reinado.


Capítulo 10
Os sumos sacerdotes dos judeus sob os quais Cristo ensinou

1. Foi no décimo quinto ano do império de Tibério, segundo o evangelista, e no quarto ano do governo de Pôncio Pilatos, enquanto Herodes, Lisânias e Felipe governavam o restante da Judéia, que o nosso Salvador e Senhor, Jesus, o Cristo de Deus, com cerca de trinta anos de idade, veio a João para o batismo e começou a promulgação do Evangelho.

2. A Sagrada Escritura diz, além disso, que ele passou todo o tempo de seu ministério sob os sumos sacerdotes Anás e Caifás, mostrando que na época do sacerdócio daqueles dois homens todo o período de seu ensino foi concluído. Começou seu trabalho durante o sumo sacerdócio de Anás e ensinou até enquanto Caifás ocupar seu cargo, o período não compreendeu quatro anos completos.

3. Com os ritos da lei, já em desuso desde aquela época, os usos costumeiros em relação à adoração a Deus, segundo a qual o sumo sacerdote adquiriu seus cargo por descendência hereditária e para toda a vida, também foram anuladas e foram nomeados para o sumo sacerdócio pelos governadores romanos em tempos diferentes pessoas que permaneciam no cargo não mais que um ano.

4. Josefo relata que havia quatro sacerdotes em sucessão a partir de Anás até Caifás. Assim, no mesmo livro das Antiguidades ele escreve o seguinte: “Valério Grato colocou um fim ao sacerdócio de Anás e nomeou Ismael, filho de Fabi, sumo sacerdote, removendo-o pouco tempo depois, nomeia Eleazar, o filho de Anás o sumo sacerdote, para o mesmo cargo. Ao final de um ano ele remove também a este e dá o sumo sacerdócio a Simão, o filho de Camito. Mas ele também gozou da honra não mais de um ano, quando José, também chamado Caifás, sucedeu-o.” Assim, todo o tempo do ministério do Salvador é mostrado ter sido não mais que quatro anos incompletos; quatro sumos sacerdotes, de Anás até a nomeação de Caifás, que ocuparam o cargo por um ano cada. O Evangelho, portanto, justamente indica Caifás como o sumo sacerdote com quem o Salvador sofreu. Do qual também podemos ver que o tempo do ministério do nosso Salvador não desacorda com a investigação precedente.

5. Nosso Salvador e Senhor, não muito tempo depois do início do seu ministério, chamou os doze apóstolos, e somente a estes, dente todos os seus discípulos, deu o nome de apóstolos, como uma homenagem especial. E novamente ele designou outros setenta e os enviou, de dois em dois, adiante dele a todos os lugares e cidades por aonde ele iria.


Capítulo 11
Testemunhos em relação a João Batista e Cristo

1. Pouco tempo depois João Batista foi decapitado por Herodes, o mais jovem, como é referido nos Evangelhos. Josefo também registra o mesmo fato, fazendo menção de Herodias pelo nome, e afirmando que, embora ela fosse esposa de seu irmão, Herodes a fez sua própria esposa depois de se divorciar de sua ex-esposa legítima, que era a filha de Aretas, rei de Petra, e separou Herodias de seu marido enquanto ele ainda estava vivo.

2. Foi por causa dela também que ele matou João e travou uma guerra com Aretas, por causa da desgraça infligida a filha deste. Josefo relata que, nesta guerra, quando eles foram para a batalha, todo o exército de Herodes foi destruído, e que sofreu esta calamidade por conta de seu crime contra João.

3. O mesmo Josefo confessa nesta conta que João Batista era um homem extremamente justo, e, portanto, está de acordo com o que foi escrito sobre ele nos Evangelhos. Ele registra também que Herodes perdeu seu reino por conta da mesma Herodias, e que ele foi levado para o exílio com ela, e condenados a viver em Viena, na Gália.

4. Ele relata essas coisas no livro XVIII das Antiguidades, onde ele escreve sobre João com as seguintes palavras: Pareceu a alguns dos judeus que o exército de Herodes, havia sido destruído por Deus, que vingou com justiça o chamado João, o Batista.

5. Porque Herodes havia matado um homem bom e alguém que exortava os judeus a receberem o batismo praticando a virtude e a justiça no exercício para com o próximo e para com Deus; o batismo parecia aceitável a ele, quando empregado, não para a remissão de pecados, mas para a purificação do corpo, logo que a alma já tivesse sido purificada em justiça.

6. E quando os outros se reuniram sobre ele (já que encontravam muito prazer na escuta das suas palavras), Herodes temeu que a sua grande influência pudesse levar a alguma sedição, já que eles pareciam prontos para fazer tudo o que ele pudesse aconselhar. Ele, portanto, considerava muito melhor, antes que qualquer ato viesse a ser cometido sob a influência de João, antecipar-se por matá-lo, do que se arrepender depois que uma revolução tivesse chegado e ele se encontrasse em meio às dificuldades. Por conta da suspeita de Herodes, João foi enviado prisioneiro para a cidadela acima mencionada de Maqueronte, e lá morto.

7. Após relatar estas coisas a respeito de João, ele faz menção de nosso Salvador, na mesma obra, com as seguintes palavras: “E viveram naquele tempo Jesus, um homem sábio, se é que ser apropriado chamá-lo de homem, pois ele era executor de milagres e professor de tais homens que recebem a verdade com alegria. Ele atraiu para si muitos judeus, e também muitos gregos. Ele era o Cristo.

8. Quando Pilatos, sob a acusação de nossos principais homens, condenou-o à cruz, aqueles que o amavam no começo não deixaram de amá-lo. E ele lhes apareceu vivo novamente no terceiro dia, os profetas divinos haviam dito essas e inúmeras outras coisas maravilhosas a respeito dele. Além disso, os cristãos, assim chamados com relação a ele, existem até os dias atuais.”

9. Uma vez que um historiador, que é um dos hebreus, tem registrado em sua obra estas coisas a respeito de João Batista e nosso Salvador, que desculpa resta para não serem condenados a destituírem todos os atos vergonhosos que forjaram contra ele? Mas que isto seja suficiente aqui.


Capítulo 12
Os discípulos de nosso Salvador

1. Os nomes dos apóstolos de nosso Salvador são conhecidos por cada um dos Evangelhos. Mas não existe um catálogo dos setenta discípulos. Barnabé, de fato, é dito ter sido um deles, de quem os Atos dos Apóstolos faz menção em vários versículos, e especialmente Paulo em sua Epístola aos Gálatas.

2. Eles dizem que Sóstenes também, que escreveu aos Coríntios com Paulo, era um deles. Esta é a conta de Clemente no quinto livro de suas Hypotyposes, na qual ele também diz que Cefas era um dos setenta discípulos, um homem que tinha o mesmo nome que o apóstolo Pedro, e aquele a respeito de quem Paulo diz: “Quando Cefas veio a Antioquia, resisti-lhe na cara.” [Gálatas 2:11]

3. Sobre Matias, que foi contado com os apóstolos no lugar de Judas, e aquele que foi honrada por ter-se feito candidato com ele, também se diz terem sidos considerados dignos do mesmo chamado com os setenta. Eles dizem que Tadeu também era um deles, a respeito de quem eu logo relaciono uma conta que chegou até nós. E após examiná-la você descobrirá que o nosso Salvador tinha mais de setenta discípulos, de acordo com o testemunho de Paulo, que diz que depois de sua ressurreição dentre os mortos, ele apareceu primeiro a Cefas, e depois aos doze, e depois deles a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais alguns tinham caído no sono, mas a maioria ainda estava vivendo na época em que ele escreveu.

4. Depois disso, ele diz que apareceu a Tiago, que foi um dos chamados irmãos do Salvador. Mas, uma vez que, para além desses, havia muitos outros que foram chamados apóstolos, à imitação dos doze, como foi o próprio Paulo, ele acrescenta: “Depois, ele apareceu a todos os apóstolos.” [1 Coríntios 15:07] Tanto no que diz respeito a essas pessoas. Mas a história relativa Tadeu é como se segue.


Capítulo 13
Narrativa sobre o Príncipe de Edessa

1. A divindade de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo se espalhou entre todos os homens, por conta de seu poder e prodígios, ele atraiu um número incontável de estrangeiros de países que estavam muito longe da Judéia, que tinham a esperança de serem curados de suas doenças e de todos os tipos de sofrimentos.

2. Por exemplo, o Rei Abgar, que governou com grande glória as nações além do Eufrates, sendo afligido com uma terrível doença que estava além do poder da habilidade humana para curar, quando ouviu o nome de Jesus e dos seus milagres, o que foram atestadas por todos unanimemente, enviou uma mensagem a ele por um mensageiro e pediu-lhe para curar sua doença.

3. Mas ele não atendeu naquela época ao seu pedido, ainda que considerado digno de uma carta pessoal em que ele disse que iria enviar um de seus discípulos para curar a sua doença e, ao mesmo tempo, prometeu salvação para ele e toda a sua casa.

4. Pouco tempo depois a sua promessa foi cumprida. Logo depois da sua ressurreição dentre os mortos e sua ascensão aos céus, Tomé, um dos doze apóstolos, sob impulso divino enviou Tadeu, que também foi contado entre os setenta discípulos de Cristo, para Edessa, como pregador e evangelista do ensino de Cristo.

5. E tudo o que o nosso Salvador tinha prometido a ele, recebeu o seu cumprimento. Dou-lhe por escrito evidências dessas coisas tiradas dos arquivos de Edessa, que era naquele tempo a cidade real. Pois, nos registros públicos de lá, que contêm relatos de tempos antigos e os atos de Abgar, esses documentos foram encontrados preservados até o presente momento. Mas não há maneira melhor do que ler as próprias cartas que tomamos a partir dos arquivos e traduzimos literalmente da língua siríaca da seguinte maneira.

Cópia de uma carta escrita pelo governador Abgar para Jesus, e enviado a ele em Jerusalém pelo mensageiro Ananias.

6. Abgar, governador de Edessa, a Jesus, o excelente Salvador que apareceu na região de Jerusalém, saudação. Tenho ouvido relatos sobre você e suas curas realizadas sem medicamentos ou ervas. Pois é dito que você faz os cegos vêem, os coxos a andarem, que você limpa leprosos e expulsa os espíritos impuros e demônios, e que você cura os que sofrem com a doença persistente, e ressuscita os mortos.

7. E tendo ouvido todas essas coisas que lhe dizem respeito, cheguei à conclusão de que uma das duas coisas deve ser verdade: ou você é Deus, e tendo descido do céu faz essas coisas, ou então, é o Filho de Deus, já que faz essas coisas.

8. Portanto, escrevi-lhe para pedir que se dê ao trabalho de vir a mim para curar-me da doença que tenho. Não obstante, tenho ouvido que os judeus estão murmurando contra você e estão conspirando para prejudicá-lo. Mas eu tenho uma cidade muito pequena, porém nobre, que é grande o suficiente para nós dois. A resposta de Jesus a Abgar, o governador, pelo mensageiro Ananias.

9. Bem-aventurado és tu que acreditaste em mim sem ter me visto. Pois está escrito a meu respeito, que os que me viram não acreditarão em mim, e que, os que não me viram acreditarão e serão salvos. Mas no que diz respeito ao que você me escreveu, que eu deveria chegar até você, é necessário que eu cumpra todas as coisas aqui para as quais fui enviado, e depois de eu ter cumprido-las, serei retomado para aquele que me enviou. Porém, depois de eu ter sido levado, vos enviarei um dos meus discípulos, pois ele pode curar a sua doença e dar vida a você e os seus.

Outras contas

10. Para estas epístolas não foi adicionado o seguinte relato na língua siríaca. Após a ascensão de Jesus, Judas, que também foi chamado de Tomás, lhe enviou Tadeu, um apóstolo, um dos Setenta. Quando ele chegou, alojou-se com Tobias, filho de Tobias. Quando a notícia de sua chegada circulou, foi dito a Abgar que um apóstolo de Jesus acabara de chegar, como ele o havia escrito.

11. Tadeu iniciou então, no poder de Deus, a curar todas as doenças e enfermidades de tal forma que todos se admiravam. E quando Abgar ouviu falar das coisas grandes e maravilhosas que ele fez e das curas que ele realizou, começou a suspeitar de que era ele de quem Jesus lhe havia escrito, dizendo: Depois de eu ter sido levado enviarei a você um dos meus discípulos, que te curará.

12. Portanto, convocando Tobias, com quem Tadeu se hospedou, disse ele, eu ouvi dizer que certo homem de poder veio e é hóspede em tua casa. Traga-o a mim. E Tobias chegando a Tadeu disse-lhe: O governante Abgar me chamou e me disse para levá-lo a ele para que você possa curá-lo. E Tadeu disse, eu vou, pois tenho sido enviado a ele com poder.

13. Por essa razão Tobias se levantou cedo no dia seguinte, e acompanhando Tadeu chegou a Abgar. E quando ele chegou, os nobres estavam presentes e ficaram ao redor de Abgar. E imediatamente após a sua entrada uma grande visão apareceu a Abgar no rosto do apóstolo Tadeu. Quando Abgar a viu prostrou-se diante de Tadeu, enquanto todos os que estavam ao redor ficaram surpresos, porque eles não viram a visão, a qual se tornou visível exclusivamente para Abgar.

14. Ele então perguntou Tadeu se ele era, na verdade, um discípulo de Jesus, o Filho de Deus, que lhe disse: Eu vos enviarei um dos meus discípulos, que deve curá-lo e dar-lhe vida. E Tadeu disse: Porque você poderosamente acreditou naquele que me enviou, por isso fui enviado a você. E ainda mais, se você acredita nele, as petições de teu coração lhe serão concedidas tal como você acreditar.

15. Abgar e disse-lhe: Tanto que eu acreditava nele que queria ter um exército e destruir os judeus que o crucificaram, se não tivesse sido impedido em razão do domínio dos romanos. E Tadeu disse: Nosso Senhor cumpriu a vontade do Pai e, ao cumprir, foi levado para seu pai. E Abgar disse a ele, eu também acreditava nele e em seu pai.

16. E Tadeu lhe disse: Portanto, eu coloco a minha mão sobre ti em seu nome. E quando ele fez isso, imediatamente Abgar foi curado da doença e do sofrimento que tinha.

17. E Abgar ficou maravilhado, pois, tal como havia ouvido falar a respeito de Jesus, recebera ele então, deveras, através de seu discípulo Tadeu, que curou sem medicamentos e ervas, e não só ele, mas também Abdus filho de Abdus, que sofria com a gota; pois também veio até ele e caiu a seus pés, e tendo recebido uma bênção pela imposição de suas mãos, foi curado. O mesmo Tadeu curou também muitos outros habitantes da cidade, e fez maravilhas e obras maravilhosas, e pregou a palavra de Deus.

18. E depois Abgar disse: Tu, ó Tadeu, fazes essas coisas com o poder de Deus, e nos maravilhamos. Mas, além destas coisas, peço que me informe a respeito da vinda de Jesus, como ele nasceu, e no que diz respeito ao seu poder, com que poder ele executou as obras das quais ouvi.

19. E Tadeu disse: Agora, na verdade eu me calarei, já que fui enviado para proclamar a palavra ao público. Mas amanhã reúna para mim todos os seus cidadãos, e eu vou pregar em sua presença e semear entre eles a palavra de Deus, a respeito da vinda de Jesus, como ele nasceu, e acerca da sua missão, para que finalidade ele foi enviado pelo Pai, e sobre o poder das suas obras, e os mistérios que ele proclamou no mundo, e por qual poder que ele fez essas coisas, e acerca da sua nova pregação, e a sua humilhação e humilhação, e de como ele se humilhou e morreu e rebaixado sua divindade e foi crucificado e desceu ao Hades, e romperam as grades que desde a eternidade não havia sido quebrado, e ressuscitou os mortos, pois ele desceu sozinho, mas levantou-se com muitos, e assim subiu para seu pai.

20. Portanto Abgar convocou os cidadãos a se reunirem no início da manhã para ouvir a pregação de Tadeu, e depois ordenou que fosse dado a ele ouro e prata. Mas ele se recusou a levá-lo, dizendo: Se nós deixamos o que era nosso, como vamos ter o que é de outro? Essas coisas foram feitas no ano trezentos e quarenta. (aprox. 28-29 d.C)

Eu inseri-los aqui no seu devido lugar, traduzido do siríaco, literalmente, e espero que para um bom propósito.

Adoração: Tipos e Lugares

Adoração Adorar: prestar culto, honra, reverência, homenagem, amar extremamente.
  • Adoração a Deus: Sl 96.9 
  • Adoração a anjos: João Ap 19.10 
  • Adoração a homens: imperadores romanos e Nabucodonosor (Daniel 3.15).
  • Adoração a imagens: bezerro de ouro que Arão fez (Êx. 32.8);
  • Adoração a deuses: templo da deusa Diana em Éfeso. At 19.27 e At 19.35; deuses greco-romanos; Baal e seus profetas.
Locais de adoração a Deus
  • Altares e sacrifícios: dos patriarcas   Gn 12.7-8 
  • Tabernáculos: de Moisés, no deserto, a Davi   1R 3.2
  • Templo: casa de sacrifícios – Jerusalém / Salomão, Zorobabel e Herodes  IICr 7.12 e Os. 6.6
  • Sinagogas: casa de oração dos judeus / cativeiro – Atos 15.21; 17.1 Lc 4.15-16 Lc 19.46 Is 56.7 Jr 7.11
  • Igrejas cristãs: sistema adotado das sinagogas.
  • Santuário de Deus: o homem que adora a Deus 1Cor 3.16                                                            

“Não sabeis vós que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?” 1Cor 3.16

Apocalipse: revelação e ânimo às sete igrejas da Ásia Menor

Província romana da Ásia Menor / Perseguição e sofrimento / Divindade imperial x cristianismo  

Ap 1.20 Sete igrejas (sete candeeiros) Sete pastores (sete estrelas – anjos) / Ap 1.11 que dizia: O que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia.

1ª Éfeso

Capital da província romana na Ásia, grande centro comercial, está em vários mapas de história (Ásia menor) e famosa por seu templo de Diana (Ártemis – deusa da caça). Laboriosa, perseverante, não suporta homens maus, põe a prova os mentirosos, suporta provas por causa do nome de Jesus, não esmorece, odeia as obras dos nicolaítas (seita em Éfeso e Pérgamo), porém, abandonou o primeiro amor. At 20:36-38  e  1Cor 13:1e13

2ª Esmirna

Cidade portuária distante 65 Km de Éfeso. Pobre (mas tu és rico), alguns que são “sinagoga de Satanás” (Sinagoga: casa de oração). Tribulação de 10 dias para alguns provados com perseguição diabólica

3ª Pérgamo

Onde se começou a usar o pergaminho (200 anos a.C.) Falta de papiro; Habita onde está o trono de Satanás; Não nega Jesus, a fé; Alguns sustentam a doutrina de Balaão (Profeta da Mesopotâmia que virou feiticeiro do rei de Balaque de Moabe) Nm 22.1 e 7 2Pe 2.4 Também tem alguns que sustentam a seita dos Nicolaítas, odiada pelos efésios. Nicolau: Prosélito de Antioquia (At 6.5).

4ª Tiatira 

Amor, fé, serviço, perseverança e numerosas obras (boas obras); Tolera Jesabel; Ap 2.20 “As coisas profundas de Satanás” Ap 2.24

5ª Sardes: *igreja fria

Tens nome de que vive e esta morto; poucas pessoas que não se contaminaram.

6ª Filadélfia: (Amor fraternal) *igreja quente

Porta aberta diante de si, pouca força, Guarda a palavra com perseverança e não nega o nome de Jesus. Tinha inimigos: Eles saberão que eu te amei Ap 3.9  Is 60.14

7ª Laodicéia *igreja morna

Não é nem fria e nem quente, é morna. Rico e abastado, não preciso de nada. (rico de dinheiro, intelecto, família, saúde, amigos, etc..)  Infeliz, miserável, pobre, cego, e nu. (espiritualmente)

Resumo

Éfeso: que abandonou o primeiro amor. Esmirna: que é pobre e atribulada. Pérgamo: que habita onde está o trono de Satanás. Tiatira:  que tolera Jezabel. Sardes: que é fria. Filadélfia: que é quente, missionária, trabalhadora. Laodiceia: que é morna (indecisa, indiferente, orgulhosa, auto-suficiente)

A sétima trombeta tocou: “O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelo séculos dos séculos”. Ap 11.15 

A estrela da manhã, a estrela d’alva e o planeta Vênus

Vênus:  Planeta que gira entre a Terra e Mercúrio. Mulher muito linda, por alusão a Vênus (Afrodite dos gregos): deusa do amor e da beleza.

Vésper: Nome dado ao planeta Vênus, quando aparece à noitinha, no ocidente. O ocidente.

Estrela D’alva –  Estrela da Manhã: O planeta Vênus, quando visto ao amanhecer. Pl.: estrelas-d’alva.

Lúcifer:  Nome que os romanos deram ao planeta Vênus. Este nome aparece na vulgata em Isaías 14.12 

… quomodo cecidisti de cælo lucifer qui mane oriebaris corruisti in terram qui vulnerabas gentes… (Liber Isaiae, 14.12) Bibliacatolica  

Vulgata: Tradução latina da Bíblia, feita por São Jerônimo para o latim vulgar, ou popular.

Latim: A língua do grupo indo-europeu, falada antigamente no Lácio e, pois, em Roma. O estudo dessa língua. Coisa de difícil compreensão. — Latim vulgar: latim popular, base das línguas neolatinas modernas.

Línguas neolatinas: O italiano, o francês, o provençal, o português, o espanhol, o catalão, o romeno (Romênia) e o dalmático (Dalmácia – Iugoslávia), este último língua morta.

Isaías 14.12 Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste lançado por terra tu que prostravas as nações! (parte do “Hino triunfal sobre a queda da Babilônica”; título dado na edição revista e atualizada da tradução de João Ferreira de Almeida)

Lucas 10.18 Respondeu-lhes ele: Eu via Satanás, como raio, cair do céu. (esta frase não tem nenhuma ligação com Isaías 14.12) 

Apocalipse 2.26 Ao que vencer, e ao que guardar as minhas obras até o fim, eu lhe darei autoridade sobre as nações, 2.27 e com vara de ferro as regerá, quebrando-as do modo como são quebrados os vasos do oleiro, assim, como eu recebi autoridade de meu Pai; 2.28 também lhe darei a estrela da manhã. (carta à Tiatira – Jezabel – coisas profundas de Satanás) 22.16 Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas a favor das igrejas. Eu sou a raiz e a geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã.

Povos da Antiguidade

Os Sumérios na Mesopotâmia – Abraão e seus Patriarcas

Os quatro grandes povos da Mesopotâmia: sumérios, babilônios, assírios e caldeus.

Os sumérios viviam no sul da Mesopotâmia e desenvolveram uma importante cultura, de 3500 – 2000 a.C.  Unificaram as cidades-estado da região e as dominaram por séculos, tendo como capital, a cidade de  Ur. Foram os conquistadores que marcaram as origens civilizatórias da Mesopotâmia.

Os babilônios, conhecidos, a princípio, como amoritas, subjugaram os sumérios, em 2000 a.C. e fixaram sua capital na Babilônia,  donde  surge sua denominação.     Entre  seus  reis,  destacou-se  Hamurábi, pelas suas conquistas e pela adoção do famoso código de leis. Em 1750 a.C., os babilônios foram dominados pelos cassitas, vindos da Ásia Menor.

Os assírios eram povos antigos no norte da Mesopotâmia e estenderam seus domínios sobre ela, a partir de 1300 a.C. Sua capital era Nínive, e profundamente militaristas e guerreiros violentos e cruéis, chegaram a formar um grande império que alcançou até o Egito. Entretanto, não puderam mantê-lo, pois a crueldade com que tratavam os vencidos, levaram os povos dominados a constantes revoltas.

Os caldeus, ou neo babilônios, habitavam o sul e eram os maiores rivais dos assírios, conseguindo dominá-los em 612 a.C. Apoderaram-se, posteriormente, de grande parte das terras conquistadas pelos assírios. Seu mais famoso rei foi Nabucodonosor, célebre como conquistador e como reformador da capital, Babilônia. Ali, fez construir os “Jardins Suspensos”, considerados uma das mais belas obras arquitetônicas da Antiguidade. Em 539 a.C., os caldeus caíram sob o domínio persa. Posteriormente, seriam conquistados por macedônios e romanos.

Semita: adj. m. e f. Que se refere aos semitas. S. m. e f. Membro de um dos povos do Sudoeste da Ásia que falam ou falaram línguas semíticas e que são hoje representados pelos hebreus, árabes e etíopes e em tempos antigos também o eram pelos babilônios, assírios, arameus, cananeus e fenícios.

Ur dos Caldeus: Gênesis 10.11; 10.25; 11.28; 11.31; 15.7 Neemias 9.7 Êxodo 22.21

Mesopotâmia: Gênesis 24.10 Deuteronômio 23.4 Juízes 3.8 e 3.10 I Crônicas 19.6 Atos 2.9 e 7.2

A Pérsia – O Império Persa

Estendendo-se da Mesopotâmia (Oriente Médio) em direção ao vale do rio Indo (Ásia Maior), encontramos o planalto iraniano. Grande parte desta região é marcada por elevada altitude (2000 metros). Seu clima é seco e quente, com poucas chuvas. O solo é árido, com algumas pequenas faixas de terra fértil nos vales, onde se formam, em meio ao deserto, os oásis.

Por volta do II milênio a.C., essa região passou a sofrer invasões de tribos de pastores de origem ariana (indo-europeus), que deram origem a dois reinos principais: ao norte, a Média e, ao sul, a Pérsia.

A história política dos persas remonta ao século VIII a.C. quando os assírios, no auge do seu expansionismo militar, dominaram os medos. As tribos, apesar da diversidade de suas origens e do poderio assírio, uniram-se na luta contra o invasor. Por volta do século VII a.C., o reino medo (norte da Pérsia) estava formado, tendo como capital a cidade chamada Ecbátana.

Os reis medos, durante quase todo o século VII e VI a.C., com um exército bem armado e disciplinado, tentaram impor o domínio aos persas e aniquilar o militarismo assírio na região. Apoiados pelos babilônios e pelos citas, apoderaram-se de Nínive (capital da Assíria).

Por volta da segunda metade do séc. VI a.C., Ciro, príncipe persa, unificou as tribos e formou o Império persa. A partir desse fato, os persas conquistaram os medos e iniciaram sua expansão pela Ásia Menor, Fenícia e Palestina. Em 538 a.C., os persas invadiram a Mesopotâmia, conquistando a cidade da Babilônia. Anos mais tarde, Cambises, filho de Ciro, promoveu a conquista do Antigo Egito.

O Império persa, com a conquista do Antigo Oriente, tornou-se o maior Império em extensão da Antiguidade Oriental, e Susa, sua mais importante cidade e capital. Mas, sem sombra de dúvida, o apogeu do Império persa se deu no reinado de Dario I, durante o final do século VI e início do século V a.C. Dario promoveu a consolidação do domínio persa sobre os povos conquistados e expandiu as possessões persas até a Índia.

No século XX a Pérsia passou a se chamar Irã.

Satrapias  – Unidade administrativa (província) que compunha o Império Persa (Dario I).
Sátrapas ou Sátrapa – Espécie de governador, indicado pelo soberano persa para a administração de uma satrapia (“olhos e ouvidos do rei”).

A Palestina e os Hebreus

Localização e Condições Geográficas

A Palestina era um pequeno território situado entre o mar Mediterrâneo, a Fenícia, a Síria e os desertos árabes, o Oriente Médio. O rio Jordão cruza esse território de norte a sul e desemboca no mar Morto (“crescente fértil”).

As condições geoclimáticas dificultavam muito a atividade agrícola. Porém, nas margens do rio Jordão existiam água, vegetação e terras férteis e aráveis, ocasionando constantes invasões do território palestino. Sua posição estratégica, local de passagem obrigatória entre a África e a Ásia, também atraía as invasões.

Os cananeus, povo de origem semita, fundaram cidades e tentaram impedir a entrada de outros grupos nômades na Palestina antiga, também chamada de Canaã.

Por volta do II milênio a.C., iniciaram suas incursões na Palestina outras tribos nômades e semitas, os hebreus. Na mesma época, vindos do mar, os filisteus promoveram a conquista do litoral e entraram pelo interior, defrontando-se com os hebreus.
Os hebreus, originários da Arábia, deslocando-se freqüentemente em busca de terras férteis e melhores pastagens, tornaram-se o grande povo da Palestina Antiga, tanto por sua organização econômica agropastoril, quanto por sua estrutura tribal e patriarcal.
Quando os hebreus ocuparam a Palestina, ainda eram nômades e estavam organizados em clãs, doze tribos.  Emigraram para o Egito no período do Médio Império, por causa de grande fome, onde foram aceitos pelos hicsos, povos de origem semita que haviam dominado o “país dos faraós”.  A história de José, como governador do Egito (Gênesis 47.11).

Após esse período de ocupação, por volta do novo Império no Egito, os hicsos foram expulsos, seguindo-se também uma grande perseguição aos hebreus que, guiados pelo grande líder Moisés, retornaram à Palestina (Êxodo).
Organizados em doze tribos, conquistaram a região, combatendo principalmente a presença dos filisteus. Depois disso, as tribos hebraicas uniram-se, formando um Estado único, tendo como capital a cidade de Jerusalém, e como primeiro rei, Saul.

Vários reis se sucederam, atingindo o apogeu à época de Salomão. Com sua morte, ocorreu o “Cisma”  dos hebreus. Dez tribos reuniram-se ao norte da Palestina, formando o reino de Israel (Samaria) e duas tribos ao sul fundaram o reino de Judá (Jerusalém). Com isso, os hebreus, que sempre foram militarmente fracos, foram dominados e escravizados muitas vezes. O enfraquecimento hebraico permitiu a invasão e a destruição de Israel pelo rei assírio Sargão II. Judá não resistiu aos babilônios que, conduzidos pelo rei Nabucodonosor, dominaram e levaram os hebreus para o “cativeiro da Babilônia”. A libertação dos hebreus só ocorreu quando Ciro, rei persa (539 a.C.), invadiu e dominou a Babilônia, permitindo aos hebreus cativos o retorno à “terra prometida”.

Cisma

Divisão das tribos judaicas em dois reinos: Israel e Judá (933 a.C.). Embora tivessem readquirido a liberdade e a Palestina, os hebreus continuaram sofrendo invasões até, finalmente, caírem sob o domínio romano (por volta de 63 a.C.).

Posteriormente, devido às revoltas dos hebreus, os romanos destruíram suas cidades, o que espalhou o povo hebreu pelo mundo antigo (“diáspora hebraica”). A única forma que o povo de Judá teve para manter sua união foi a religião, conservando crenças e cultura.

Diáspora. Dispersão dos judeus pelo mundo, no decorrer dos séculos a partir do ano 70 d.C. (dominação romana).

Religião e Cultura

A religião hebraica era a única marcadamente monoteísta da Antiguidade Oriental. O monoteísmo dos hebreus ou judeus (Judá) foi resultante de uma longa evolução da religião original das várias tribos hebraicas de influências orientais. O judaísmo, religião surgida a partir do líder hebreu Moisés, caracteriza-se, além do monoteísmo, pela crença na imortalidade da alma, no juízo final, e na vinda do Messias (“enviado do Senhor”). Jeová, como é chamado seu Deus, é onipresente e todo-poderoso e como tal não pode ser representado em pinturas ou esculturas. O decálogo ou “10 mandamentos” são os princípios básicos do judaísmo que, de acordo com o “Antigo Testamento”, foram ditados por Jeová a Moisés (monte Sinai). O principal documento desta civilização, escrito em hebraico e aramaico, é o chamado “Antigo Testamento”. Os livros do “Antigo Testamento” (Pentateuco, Profetas e Hagiógrafos) formam a “Bíblia dos Judeus”. O “Antigo” e o “Novo testamento” constituíram a base da “Bíblia Cristã”, que teve em comum com o judaísmo a região e seus princípios religiosos.“

Hagiografia:  Biografia dos santos.
A maior contribuição dos hebreus está no plano cultural, são os princípios religiosos literários bíblicos, a escrita hebraica.

Jerusalém e suas fases na história da humanidade

Jerusalém foi a capital do reino de Davi e o centro religioso dos judeus em 1003 a.C. (2 Sm 5.7-12). Salomão, filho do rei Davi, construiu o templo (centro religioso e nacional do povo de Israel) e Jerusalém foi a capital de um império que se estendeu do Eufrates ao Egito (1Rs 6 a 10).

Foi conquistada por Nabucodonosor em 586 a.C; ele destruiu o templo e exilou o povo judeu (Dn 1.1-2).  A Pérsia conquistou a Babilônia cinquenta anos depois, e seu rei Ciro permitiu que os judeus retornassem a sua pátria. Então, construíram o segundo templo no local do primeiro e reconstruíram a cidade e suas muralhas (Ed 6; Ne 3 a 6).

Alexandre Magno, ”o grande”, príncipe e rei da Macedônia, conquistador do mundo antigo, conquistou Jerusalém em 332 a.C. Após sua morte, a cidade foi governada pelos ptolomeus do Egito.

Foi conquistada pelos selêucidas da Síria, e a helenização da cidade atingiu o auge sob o rei selêucida Antíoco IV (Epifânio); a profanação do templo de Jerusalém e a tentativa de anular a identidade religiosa dos judeus deram origem a uma revolta. Os judeus derrotaram os selêucidas, sob a liderança de Judas Macabeu; então, reconsagraram o templo (164a.c) e restabeleceram a independência judaica sob a dinastia dos hasmoneus, que se conservou no poder durante mais de 100 anos.

A lei romana foi imposta a Jerusalém por Pompeu , e o rei Herodes (Lc 1.5), o edomita, foi posto no poder pelos romanos para governar a Judéia (37-4 a.C.); ele estabeleceu instituições culturais em Jerusalém, construiu majestosos edifícios públicos e remodelou o templo, transformando-o num edifício de glorioso esplendor.

Os Judeus se revoltaram contra Roma, em 66 d.C, pois o governo romano tonara-se cada vez mais opressivo após a morte de Herodes. Jerusalém esteve livre da opressão estrangeira durante alguns anos, até que em 70 d.C,  Tito conquistou a cidade e destruiu o templo. A independência judaica foi restaurada por breve período durante a revolta de Bar-Koch-ba (132-135 d.C), mas os romanos novamente triunfaram. Os judeus foram proibidos de entrar em Jerusalém; o nome da cidade foi mudado para Aelia Capitolina, sendo reconstruída pelos com características romanas.

Por um século e meio, Jerusalém foi uma pequena cidade de província; então, o imperador bizantino Constantino transformou Jerusalém em um centro cristão. A Basílica do Santo Sepulcro (335 d.C) deu início a um grande número de majestosas construções na cidade.

Os exércitos muçulmanos invadiram o país em 634 d.C, quatro anos mais tarde, o califa Omar conquistou Jerusalém, e no reinado de Abd el-Malik, foi construído o Domo da Rocha (Mesquita de Omar) em 691 d.C, Jerusalém foi por um rápido período a residência do califa. Após um século de domínio da dinastia omíada de Damasco, Jerusalém passou, em 750 d.C, a ser governada pela dinastia dos obássidas de Bagdá, em cujo a época começou o declínio das cidades.

Em 1099 d.C, os cruzados conquistaram Jerusalém, massacraram judeus e muçulmanos, e fizeram da cidade a capital do reino cruzado. Destruíram sinagogas, reconstruíram velhas igrejas e muitas mesquitas foram transformadas em templos cristãos. Os cruzados dominaram Jerusalém até 1187 d.C, quando a cidade foi conquistada por Saladino, o curdo.

Os mamelucos, aristocracia feudal militar do Egito, governaram Jerusalém a partir de 1250 d.C. Eles construíram muitos edifícios, mas, viam a cidade como um centro teológico muçulmano e a arruinaram economicamente.

Os turcos conquistaram Jerusalém em 1517 d.C. Suleiman, o Magnífico, reconstruiu as muralhas (1537), construiu o reservatório do sultão e instalou fontes públicas; porém, Constantinopla demonstraram pouco interesse por Jerusalém. Os séculos XVII e XVIII foram de grande decadência para Jerusalém.

Na segunda metade do século XIX, com o declínio do império Otomano (turco) e o renovado interesse da Europa pela Terra Santa, os judeus começaram a retornar à sua pátria.

O exército britânico, comandado pelo general Allenby, conquistou Jerusalém em 1917. Entre 1922 e 1948, Jerusalém foi sede das autoridades britânicas na Terra de Israel (Palestina), que fora entregue a Grã-Bretanha pela liga das Nações no final da Primeira Guerra Mundial.  O grande crescimento ao oeste deu origem à conhecida a “Cidade Nova”, que é parte de Jerusalém.

Em 14 de Maio de 1948 e de acordo com a resolução da ONU em 29 de Novembro de 1947, Israel proclamou sua independência e Jerusalém tornou-se a capital do país. Os países árabes lançaram ataques que originaram a Guerra da Independência em 1948-49. Ao final da guerra, dividiram Jerusalém em duas partes: a Cidade Velha e as áreas ao redor, ao norte a ao sul, dominados pela Jordânia; Israel reteve o controle das partes ocidental e sudoeste da cidade. A Jordânia tentou apoderar-se da parte ocidental da cidade, porém em junho de 1967, Jerusalém foi reunificada.

O Império Romano e o Cristianismo

Otávio Augusto (27 a.C. – 14 d.C.) foi o primeiro imperador de Roma. Na sua administração, preocupou-se com as obras públicas, sendo de sua época grande parte das majestosas construções que fizeram de Roma a “Cidade Eterna”. Para cuidar da segurança imperial, foi criada a “Guarda Pretoriana”, cuja função mais importante era a de proteger o imperador e a capital do Império. Otávio Augusto, buscando adquirir o apoio popular, promovia a distribuição de trigo e a organização de espetáculos públicos de circo (“Pão e Circo”). O ministro Mecenas foi de seu governo (apoio às artes). Durante seu governo, nasceu Jesus Cristo (Belém – Judéia); o cristianismo lentamente foi ganhando seguidores em todo vasto Império Romano.
  • O cristianismo em expansão penetra e destrói o conceito da divindade imperial, abalando o Império;
  • Nero fez a primeira perseguição aos cristãos;
  • Diocleciano, a última.
  • Constantino legalizou o cristianismo.
  • Teodósio oficializou o cristianismo (fim do paganismo romano).
  • Começam a se estruturar a Igreja e o Clero.
Tentando conter a crise do Império:
  • Dioclesiano dividiu o império em quatro partes (tetrarquia).
  • Constantino concedeu liberdade de culto aos cristãos e fundou Constantinopla.
  • Teodósio dividiu em duas partes:

1ª Império Romano Ocidental, Roma. // 2ª Império Romano Oriental, Constantinopla.

Diocleciano (284 – 305) começou a combater a crise através de várias reformas.
No plano político, tentou melhorar a administração e evitar as crises sucessórias com a implantação da tetrarquia.
A sociedade tornou-se mais rígida e hierarquizada, dividida em camadas (claríssimos, perfeitíssimos, curiais e humilitores).
Na economia, Diocleciano tentou conter a alta dos preços (inflação), estabelecendo um preço máximo para os produtos e salários (“Édito Máximo”).

Constantino (313 – 337) por meio do “Édito de Milão”, concedeu liberdade de culto aos cristãos, pois já representavam uma parcela numerosa e influente da população imperial romana. Tentou também dinamizar a produção agrícola, a fim de superar as crises de falta de mão-de-obra através da fixação do colono à terra (colonato). Outra medida administrativa importante foi a fundação de Constantinopla, que, situada na parte oriental do Império, seria com o tempo a segunda capital do Império.

Teodósio (378 – 395) ficou conhecido na história do império pela oficialização do cristianismo (395) e divisão do Império romano em duas partes: o do Ocidente (capital Roma) e o do Oriente (capital Constantinopla).
Por volta do final do seu governo, os povos genericamente chamados de bárbaros passaram a promover incursões pelos limites do Império, que culminariam nas invasões e na queda do Império romano ocidental (476 – Odoacro – governo do imperador Rômulo Augusto). (Odoacro depôs Rômulo Augusto, último imperador romano).

O Império romano começa oficialmente em 27 a.C. com a ascensão de Otávio Augusto e vai até a queda de Roma em 476 (imperador Rômulo Augusto). Na religião romana, distinguiam-se dois tipos de culto: o familiar e o público. O culto familiar era dedicado aos antepassados do lado masculino da família e era feito pelo seu chefe (caráter machista e patriarcal). O culto público fazia parte do contexto político, e os sacerdotes eram chefiados pelo “Pontífice Máximo”, que era um magistrado eleito. No culto público, notabilizaram-se as influências gregas. Com as conquistas, Roma passou a sofrer influência de cultos orientais e, posteriormente, do cristianismo (Império).

Eusébio de Cesaréia

História Eclesiástica

Livro II

Capítulo 5

A Embaixada de Fílon a Caio em favor dos judeus

1. Fílon nos deu uma conta, em cinco livros, dos infortúnios dos judeus sob Caio. Ele conta ao mesmo tempo a loucura de Caio: como ele chamou a si mesmo um deus e executou como imperador, inumeráveis ​​atos de tirania. Descreve ainda as misérias dos judeus sob ele, e dá um relatório da embaixada sobre a qual ele mesmo foi enviado a Roma, em nome de seus compatriotas em Alexandria; como quando ele esteve diante de Caio em nome das leis de seus pais e dele recebeu nada além de riso e zombaria, e quase pôs em risco a sua vida.
2. Josefo também faz menção a essas coisas no livro XVIII de suas Antiguidades, nas seguintes palavras: 
“A sedição tendo surgido em Alexandria entre os judeus que moram lá e os gregos, três deputados foram escolhidos de cada facção e foram a Caio.
3. Um dos deputados Alexandrino era Ápio, que proferiu muitas calúnias contra os judeus, entre outras coisas, dizendo que eles negligenciaram as honras devidas a César. Porquanto todos estavam sujeitos a Roma, erigiram altares e templos a Caio, e em todos os outros aspectos trataram-no como fizera aos deuses, eles só consideraram vergonhoso homenageá-lo com estátuas e jurar por seu nome.
4. E quando Ápio havia dito muitas acusações graves pelos quais ele esperava que Caio seria despertado, como, aliás, era provável, Fílon, o chefe da embaixada judaica, um homem celebrado em todos os aspectos, irmão de Alexandre, o alabarca, qualificado em filosofia, estava preparado para entrar com uma defesa em resposta a suas acusações.
5. Mas Caio o impediu e ordenou-lhe que saísse, e muito se irritou, ficou claro que ele meditava algo severo contra eles. E Philo partiu coberto com insulto e disse aos judeus que estavam com ele para terem bom ânimo; porquanto Caio se enfurecera contra eles, mas, de fato, estava lutando com Deus. “ Até aqui Josefo. 
6. E o próprio Fílon, no trabalho à embaixada que ele escreveu, descreve com precisão e em detalhes as coisas que eram feitas por ele na época. Mas vou omitir a maioria delas e registrar somente as coisas que se farão claramente evidentes para o leitor de que as desgraças dos judeus vieram sobre eles, não muito tempo depois de suas ações ousadas contra Cristo e por conta das mesmas.
7. E, em primeiro lugar, ele relata que em Roma durante o reinado de Tibério, Sejano, que na época gozava de grande influência com o imperador, fez todos os esforços para destruir a nação judaica completamente, e que na Judéia, Pilatos, sob os quais os crimes contra o Salvador foram cometidos, tentou algo contrário à lei judaica a respeito do templo, que era naquele tempo ainda de pé em Jerusalém, e excitou-os aos maiores tumultos.

Licença Creative Commons Licenciado sob Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.

Eusébio de Cesaréia

História Eclesiástica

Livro II

Capítulo 4

Após a morte de Tibério, Caio nomeou Agripa rei dos judeus, e puniu Herodes com Perpétuo Exílio

1. Tibério morreu, depois de ter reinado cerca de vinte e dois anos, e Caio o sucedeu no império. Ele imediatamente deu o governo dos judeus à Agripa, fazendo-o rei sobre as tetrarquias de Filipe e de Lisânias, além de ter se juntado a elas, não muito tempo depois, a tetrarquia de Herodes, tendo punido Herodes (aquele sob o qual o Salvador sofreu) e sua esposa Herodias com o exílio perpétuo por conta de inúmeros crimes. Josefo é uma testemunha destes fatos.
2. Sob este imperador, Fílon ficou conhecido, um homem notável não só entre muitos dos nossos, mas também entre muitos estudiosos fora da Igreja. Ele era um hebreu de nascimento, mas não foi inferior a nenhum dos que realizou altas dignidades em Alexandria. Como ele trabalhou muito nas Escrituras e nos estudos de sua nação é claro para todos a partir do trabalho que ele tem feito. Como ele estava familiarizado com a filosofia e com os estudos liberais de nações estrangeiras, não é necessário dizer, já que ele é relatado por ter superado todos os seus contemporâneos no estudo da filosofia platônica e pitagórica, as quais ele especialmente dedicava sua atenção.

Licença Creative Commons Licenciado sob Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.

Eusébio de Cesaréia

História Eclesiástica

Livro II

Capítulo 3

A doutrina de Cristo logo se espalhou por todo o mundo

1. Assim, sob a influência do poder celestial, e com a cooperação divina, a doutrina do Salvador, como os raios de sol, rapidamente iluminou o mundo inteiro, e, logo, de acordo com as divinas Escrituras, a voz dos evangelistas e apóstolos inspirados saiu por toda a terra, e as suas palavras até aos fins do mundo.
2. Em cada cidade e aldeia, as igrejas foram estabelecidas rapidamente, cheias de multidões de pessoas como uma eira cheia. E aqueles, cujas mentes, em consequência de erros que haviam herdado de seus antepassados, foram acorrentadas pela doença antiga da superstição idólatra, eram, pelo poder de Cristo através da aprendizagem e das maravilhosas obras de seus discípulos, postos em liberdade de terríveis mestres; e encontraram libertação da escravidão mais cruel. Eles renunciaram com horror a todo tipo de politeísmo demoníaco, e confessaram que havia apenas um Deus, o criador de todas as coisas, e a ele honraram com os ritos da verdadeira piedade, por meio da adoração inspirada e racional que foi plantada por nosso Salvador entre homens.
3. Mas a graça divina que está sendo agora derramada sobre todas as nações, Cornélio, de Cesaréia na Palestina, e toda a sua casa, por meio de uma revelação divina e do ministério de Pedro, foram os primeiros a receber fé em Cristo, e depois deles uma infinidade de outros gregos em Antioquia, aos quais os que foram dispersos pela perseguição de Estevão haviam pregado o Evangelho. Quando a igreja de Antioquia já aumentara abundantemente, e uma infinidade de profetas de Jerusalém estava na região, dentre eles Barnabé e Paulo e, além deles, muitos outros irmãos, surgiu pela primeira vez o nome de cristãos, como se nascesse de um novo e vivificante manancial.
4. E Ágabo, um dos profetas que estava com eles, proferiu uma profecia sobre a fome que estava prestes a acontecer, e Paulo e Barnabé foram enviados para aliviar as necessidades dos irmãos.

Licença Creative Commons Licenciado sob Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.

Eusébio de Cesaréia

História Eclesiástica

Livro II

Capítulo 2

Como Tibério foi afetado quando foi informado por Pilatos a respeito de Cristo

1. E quando a maravilhosa ressurreição e ascensão de nosso Salvador já propalada, de acordo com um antigo costume que prevalecia entre os governantes das províncias, de reportar ao imperador as novas ocorrências que se realizaram entre eles, a fim de que nada possa escapar a ele, Pôncio Pilatos informou Tibério dos relatórios que foram propalados por toda a Palestina sobre a ressurreição de nosso Salvador Jesus dentre os mortos.
2. Fez também um relato de outras maravilhas que tinham aprendido com ele, e como, depois de sua morte, depois de ter ressuscitado dos mortos, ele era considerado por muitos como um deus. Eles dizem que Tibério remeteu o assunto para o Senado, mas que eles rejeitaram, aparentemente porque não haviam analisado previamente o assunto (em razão de uma lei antiga prevaleceu que ninguém deveria ser feito um deus pelos romanos, exceto por um voto e decreto do Senado), mas, na realidade, porque o ensino salvífico do Evangelho divino não precisa de confirmação e recomendação dos homens.
3. Mas, embora o Senado dos romanos rejeitasse a proposta feita em relação ao nosso Salvador, Tibério ainda manteve a opinião que tinha no início, e não planejou nenhuma medida hostil contra Cristo.
4. Essas coisas são registradas por Tertuliano, um homem bem versado nas leis dos romanos, e em outros aspectos de alta reputação, e uma delas especialmente distinguida em Roma. Em seu pedido de desculpas para os cristãos, que foi escrito por ele em língua latina, e foi traduzido para o grego, ele escreve o seguinte:
5. Mas, a fim de que possamos dar um relato dessas leis desde a sua origem, um decreto antigo diz que ninguém deve ser consagrado a deus pelo imperador até que o Senado haja manifestado sua aprovação. Marco Aurélio fez assim a respeito de certo ídolo, Alburno. E este é o ponto a favor de nossa doutrina, de que entre vocês dignidade divina é conferida por decreto humano. Se um deus não agradar ao homem, ele não é um deus. Assim, de acordo com esse costume, é necessário que homem seja agradável ao deus.
6. Tibério, portanto, sob o qual o nome de Cristo fez a sua entrada no mundo, quando esta doutrina foi relatada a ele da Palestina, onde começou, comunicou-se com o Senado, tornando-se claro para eles que estava satisfeito com a doutrina. Mas o Senado, uma vez que não tinha em si comprovado a matéria, rejeitou-a. Mas Tibério continuou a manter sua própria opinião, e ameaçou de morte aos acusadores dos cristãos.
Providência Celestial havia sabiamente incutido isso em sua mente, a fim de que a doutrina do Evangelho, sem obstáculos em seu início, pudesse se espalhar em todas as direções ao longo do mundo.

Licença Creative Commons Licenciado sob Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.

Eusébio de Cesaréia

História Eclesiástica

Livro II

Introdução

1. Temos discutido no livro anterior os assuntos da história eclesiástica, que eram necessários tratar a título de introdução, e os acompanharam com breves provas. Tais foram: a divindade da Palavra salvadora, e a antiguidade das doutrinas que ensinam, bem como a vida evangélica, que é conduzida pelos cristãos, juntamente com os acontecimentos que relacionados com a recente aparição de Cristo, bem como no âmbito de sua paixão e com a escolha dos apóstolos.
2. Neste livro vamos examinar os acontecimentos que ocorreram depois de sua ascensão, confirmando alguns deles a partir das divinas Escrituras, e outros de tais escritos que nos referiremos e tempos apropriados.

Capítulo 1

O Curso tomado pelos apóstolos depois da Ascensão de Cristo.

1. Primeiro, então, no lugar de Judas, o traidor, Matias, que, como foi mostrado também era um dos Setenta, foi escolhido para o apostolado. E lá foram nomeados para o diaconato, para o serviço da congregação, pela oração e pela imposição das mãos dos apóstolos, aprovados homens, em número de sete, dos quais Estevão era um deles. Ele em primeiro lugar, depois do Senhor, foi apedrejado até a morte no momento da sua ordenação pelos assassinos do Senhor, como se tivesse sido promovido para este fim. E assim ele foi o primeiro a receber a coroa, o que corresponde ao seu nome, que pertence aos mártires de Cristo, que são dignos da recompensa da vitória.
2. Posteriormente, Tiago, a quem os antigos deram o sobrenome de Justo por conta da excelência de sua virtude, é lembrado por ter sido o primeiro a ser feito bispo da igreja de Jerusalém. Este Tiago foi chamado de irmão do Senhor, porque ele era conhecido como filho de José, e José deveria ser o pai de Cristo, porque a Virgem, sendo prometida a ele, “foi encontrada com a criança pelo Espírito Santo antes de se unirem,” [Mateus 1:18] como se mostra escrito nos  santos Evangelhos.
3. Porém, Clemente, no livro sexto de sua Hipotiposes escreve assim: “Por que dizem que Pedro, Tiago e João, após a ascensão de nosso Salvador, como se igualmente preferidos por nosso Senhor, não se contenderam por honra, mas escolheram a Tiago, o Justo bispo de Jerusalém.”
4. Mas o mesmo escritor, no sétimo livro da mesma obra, relaciona também as seguintes coisas a respeito dele: “O Senhor depois de sua ressurreição transmitiu conhecimentos para Tiago, o Justo e João e Pedro, que transmitiram aos demais apóstolos, e os demais apóstolos até os setenta, dos quais Barnabé era um. Mas, haviam dois Tiagos: um chamado o Justo, que foi lançado do pináculo do templo e foi espancado até a morte com um porrete, e outro que foi decapitado”.  Paulo também faz menção ao mesmo Tiago, o Justo, onde ele escreve: “outro dos apóstolos não vi a nenhum, senão a Tiago, irmão do Senhor”. [Gálatas 1:19]
5. Naquela época também a promessa de nosso Salvador ao rei de Osroene foi cumprida. Pois Tomás, sob um impulso divino, enviou Tadeu a Edessa como pregador e evangelista da religião de Cristo, como temos demonstrado um pouco acima com o documento lá encontrado.
7. Quando chegou àquele lugar, ele curou Abgar pela palavra de Cristo, e depois de levar todas as pessoas lá dentro a uma atitude correta da mente por meio de suas obras, e levando-os a adorar o poder de Cristo, ele os fez discípulos do ensino do Salvador. E a partir desse momento até o presente toda a cidade de Edessa tem sido dedicada ao nome de Cristo, oferecendo prova além do comum da beneficência de nosso Salvador em direção a eles também.
8. Essas coisas foram elaboradas a partir de relatos antigos, mas voltemo-nos novamente para a Escritura divina. Quando a primeiro e maior perseguição foi instigada pelos judeus contra a igreja de Jerusalém, em conexão com o martírio de Estêvão, e quando todos os discípulos, exceto os doze, estavam espalhados por toda a Judéia e Samaria, alguns, segundo diz a Escritura divina, chegaram até à Fenícia, Chipre e Antioquia, mas ainda não poderiam arriscar-se a transmitir a palavra da fé às nações e, portanto, pregavam somente aos judeus.
9. Durante esse tempo, Paulo ainda estava perseguindo a igreja, e entrando nas casas dos crentes arrastava homens e mulheres para fora e os encarcerava.
10. Filipe, um dos que com Estêvão fora confiado ao diaconato, estando entre aqueles que foram dispersos, também desceu para Samaria, e estando cheio do poder divino, primeiramente pregou a palavra para os habitantes desse país. E a graça divina trabalhou tão poderosamente com ele que até mesmo Simão o Mago, com muitos outros, fora atraído por suas palavras.
11. Simão era naquele tempo tão celebrado, e tinha adquirido, por seu ilusionismo, tal influência sobre aqueles que foram enganados por ele, que era considerado o grande poder de Deus. Porém, nesse momento, foi surpreendido com as obras maravilhosas operadas por Filipe através do poder divino, então ele fingiu e falsificou fé em Cristo, indo até mesmo ao ponto de receber o batismo.
12. E o surpreendente, é que a mesma coisa é feita até hoje por aqueles que seguem sua heresia mais impura. Pois, à maneira de seu antepassado, infiltrando-se para dentro da Igreja, como uma doença pestilenta e leprosa que muito aflige àqueles aos quais é capaz de infundir o veneno mortal e terrível escondido em si mesma. A maioria destes foi expulsa logo que foi descoberta sua maldade, como o próprio Simão, quando detectado por Pedro, recebeu o castigo merecido.
13. Mas, como a pregação do Evangelho do Salvador se desenvolvia diariamente, certa providência levou da terra dos etíopes um oficial da rainha daquele país; a Etiópia até aos dias de hoje é governada, segundo o costume ancestral, por uma mulher. Ele, primeiro entre os gentios, recebeu dos mistérios da palavra divina de Filipe em consequência de uma revelação, e tornando-se dos primeiros frutos de crentes em todo o mundo, então ele se diz ter sido o primeiro em retornar ao seu país para proclamar o conhecimento do Deus do universo e da permanência vivificante de nosso Salvador entre os homens, de modo que, através dele, na realidade, a profecia obteve o seu cumprimento, a qual declara que “a Etiópia estende a mão para Deus”.
14. Além destes, Paulo, aquele “instrumento escolhido” [Atos 09:15] “não entre homens, nem por meio de homens, mas pela revelação de Jesus Cristo e de Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos”, [Gálatas 01:01] foi nomeado apóstolo, sendo feito digno da chamada por uma visão e por uma voz que foi proferida em uma revelação do céu.

Licença Creative Commons Licenciado sob Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.

Atas de Munácio Félix, flâmen perpétuo e curador de Cirta

A busca, o inventário e o confisco dos bens da Igreja local em Cirta, colônia romana no norte da África, cumprindo o primeiro édito da perseguição promulgado em Nicomédia, em 23 de fevereiro de 303. Elas testemunham a apreensão de livros e do mobiliário eclesiástico:
Décimo quarto dia antes das calendas de Junho do ano dos consulados de Diocleciano, pela oitava vez, e de Maximiano, pela sétima vez. Do registro das atas de Munácio Félix, flâmen perpétuo, curador da colônia de Cirta.
Quando chegaram a casa em que os cristãos se reuniam, Félix, flâmen perpétuo e curador, disse ao bispo Paulo: Entregue as Escrituras da lei e, se tiver aqui algo mais, conforme está prescrito, prepare-o para a requisição.
O bispo Paulo disse: Só os leitores têm as Escrituras. Mas nós, o que aqui temos, damos.
Félix, flâmen perpétuo e curador, disse ao bispo Paulo: Mostre-nos os leitores ou envie-nos até eles.
O bispo Paulo disse: Vocês conhecem todos eles.
Félix, flâmen perpétuo e curador da cidade, disse: Não os conhecemos.
O bispo Paulo disse: Os funcionários públicos os conhecem, isto é, os secretários Edúsio e Júnio.
Félix, flâmen perpétuo e curador da cidade, disse: Enquanto aguardamos a relação dos leitores que os funcionários mostrarão, entreguem o que vocês têm.
Estando sentados o bispo Paulo e os padres Montano e Vítor de Castelo Menor e estando de pé os diáconos Marte e Hélio, os subdiáconos Marcúlio, Catulino, Silvano e Caroso, além de Januário, Meraclo, Frutuoso, Miguino, Saturnino e outros coveiros, Vítor, filho de Aufídio, tomou nota do seguinte inventário: dois cálices de ouro; seis cálices de prata; seis jarrinhos de prata; uma panelinha de prata; sete lamparinas de prata; dois porta-velas; sete suportes pequenos de bronze com suas lamparinas; também onze lamparinas de bronze com suas correntes; 82 túnicas femininas; 38 véus; 16 túnicas masculinas; 13 pares de sandálias masculinas; 47 pares de sandálias femininas; 19 capas rústicas.
Félix, flâmen perpétuo e curador da cidade disse aos subdiáconos Marcúlio, Silvano e Caroso e aos coveiros: Tragam aqui o que vocês têm.
Silvano e Caroso disseram: Tudo o que havia aqui, nós entregamos.
Félix, flâmen perpétuo e curador da cidade disse a Marcúlio, Silvano e Caroso: A resposta de vocês será registrada nas atas.
Depois que os armários da biblioteca foram encontrados vazios, Silvano apresentou aí mesmo uma caixa de prata e uma lamparina de prata, que disse ter encontrado atrás de uma arca.
Vítor, filho de Aufídio, disse a Silvano: Você morreria se não as tivesse encontrado.
Félix, flâmen perpétuo e curador da cidade, disse a Silvano: Procure com mais cuidado, para que não fique nada para trás.
Silvano disse: Não ficou nada. Nós entregamos tudo.
E quando o triclínio foi aberto, foram lá encontradas quatro talhas e seis vasos.
Félix, flâmen perpétuo e curador da cidade disse: Tragam as Escrituras que vocês têm para que possamos assegurar o cumprimento do mandato e as prescrições dos imperadores.
Catulino trouxe apenas um livro enorme.
Félix, flâmen perpétuo e curador da cidade, disse a Marcúlio e a Silvano: Por que vocês só nos deram um único livro? Tragam as Escrituras que vocês têm!
Catulino e Marcúlio disseram: Nós não temos mais nada, porque somos subdiáconos; mas os leitores têm os livros.
Félix, flâmen perpétuo e curador da cidade disse: Mostrem os leitores!
Marcúlio e Catulino disseram: Não sabemos onde estão.
Félix, flâmen perpétuo e curador da cidade, disse a Catulino e a Marcúlio: Se não sabem onde estão, digam os nomes deles.
Catulino e Marcúlio disseram: Nós não somos traidores! Aqui estamos, mande que nos matem!
Félix, flâmen perpétuo e curador da cidade, disse: Levem-nos.
E quando vieram à casa de Eugênio, Félix, flâmen perpétuo e curador da cidade, disse a Eugênio: Entregue as Escrituras que você tem, para cumprir o que foi prescrito.
E ele trouxe quatro livros.
Félix, flâmen perpétuo e curador da cidade, disse a Silvano e Caroso: Mostrem-nos os outros leitores.
Silvano e Caroso disseram: O bispo já disse que os escrivães Edúsio e Júnio conhecem todos eles; que eles te levem às casas deles.
Os escrivães Edúsio e Júnio disseram: Nós te levaremos até eles, senhor.
E quando chegaram à casa de Félix, o mosaicista, esse entregou cinco livros. Quando chegaram à casa de Vitorino, esse entregou oito livros. Quando chegaram à casa de Projecto, esse entregou cinco livros grandes e dois pequenos. E quando chegaram à casa do gramático, Félix, flâmen perpétuo e curador, disse a Vítor, o gramático: Traga as Escrituras que você tem, para cumprir o que foi prescrito.
Vítor, o gramático, trouxe dois livros e quatro conjuntos de cinco cadernos.
Félix, flâmen perpétuo e curador da cidade, disse a Vítor: Entregue as escrituras; sei que você tem mais.
Vítor, o gramático, disse: Se tivesse mais, entregaria.
E quando chegaram à casa de Eutício, o Cesariense, Félix, flâmen perpétuo e curador da cidade, disse a Eutício: Traga as Escrituras que você tem, para cumprir o que foi prescrito.
Eutício disse: Não tenho.
Félix, flâmen perpétuo e curador da cidade, disse a Eutício: Sua declaração constará nas atas.
E quando chegaram à casa de Codeônis, sua esposa trouxe seis livros.
Félix, flâmen perpétuo e curador da cidade, disse: Procure bem e, se tiver mais, entregue.
A mulher respondeu: Não tenho.
Félix, flâmen perpétuo e curador da cidade, disse a Boi, o escravo público: Entre e procure para ver se ela não tem mais nada.
O escravo público disse: Procurei, mas não encontrei nada.
Félix, flâmen perpétuo e curador da cidade, disse a Vitorino, Silvano e Caroso: Vocês estão em apuros se o menor detalhe nos tiver escapado.
Flâmen perpétuo: título dado aos antigos sacerdotes locais do culto imperial. Com maior freqüência os patrocinadores de obras de edificação ou melhoramento dos teatros são os sacerdotes ao Culto Imperial (Flâmines e Augustais) as grandes obras de reconstrução com mármores e decorações escultóricas são dedicadas ao Imperador Nero por Caio Heio Primo, um proeminente sacerdote do culto imperial da mais alta hierarquia (um Flâmen Augustal Perpétuo).  

OLIVEIRA, J. C. M., 2010

CETEM – NEFELIBATAS, Centro de Estudo Teatral Elisiário Matta

O Apóstolo Tadeu em Edessa

Um apóstolo é enviado ao Rei Abgar de Edessa, conforme Jesus lhe prometera

Para estas epístolas não foi adicionado o seguinte relato na língua siríaca. Após a ascensão de Jesus, Judas, que também foi chamado de Tomás, lhe enviou Tadeu, um apóstolo, um dos Setenta. Quando ele chegou, alojou-se com Tobias, filho de Tobias. Quando a notícia de sua chegada circulou, foi dito a Abgar que um apóstolo de Jesus acabara de chegar, como ele o havia escrito.
Tadeu iniciou então, no poder de Deus, a curar todas as doenças e enfermidades de tal forma que todos se admiravam. E quando Abgar ouviu falar das coisas grandes e maravilhosas que ele fez e das curas que ele realizou, começou a suspeitar de que era ele de quem Jesus lhe havia escrito, dizendo: Depois de eu ter sido levado enviarei a você um dos meus discípulos, que te curará.
Portanto, convocando Tobias, com quem Tadeu se hospedou, disse ele, eu ouvi dizer que certo homem de poder veio e é hóspede em tua casa. Traga-o a mim. E Tobias chegando a Tadeu disse-lhe: O governante Abgar me chamou e me disse para levá-lo a ele para que você possa curá-lo. E Tadeu disse, eu vou, pois tenho sido enviado a ele com poder.
Por essa razão Tobias se levantou cedo no dia seguinte, e acompanhando Tadeu chegou a Abgar. E quando ele chegou, os nobres estavam presentes e ficaram ao redor de Abgar. E imediatamente após a sua entrada uma grande visão apareceu a Abgar no rosto do apóstolo Tadeu. Quando Abgar a viu prostrou-se diante de Tadeu, enquanto todos os que estavam ao redor ficaram surpresos, porque eles não viram a visão, a qual se tornou visível exclusivamente para Abgar.
Ele então perguntou Tadeu se ele era, na verdade, um discípulo de Jesus, o Filho de Deus, que lhe disse: Eu vos enviarei um dos meus discípulos, que deve curá-lo e dar-lhe vida. E Tadeu disse: Porque você poderosamente acreditou naquele que me enviou, por isso fui enviado a você. E ainda mais, se você acredita nele, as petições de teu coração lhe serão concedidas tal como você acreditar.
Abgar e disse-lhe: Tanto que eu acreditava nele que queria ter um exército e destruir os judeus que o crucificaram, se não tivesse sido impedido em razão do domínio dos romanos. E Tadeu disse: Nosso Senhor cumpriu a vontade do Pai e, ao cumprir, foi levado para seu pai. E Abgar disse a ele, eu também acreditava nele e em seu pai.
E Tadeu lhe disse: Portanto, eu coloco a minha mão sobre ti em seu nome. E quando ele fez isso, imediatamente Abgar foi curado da doença e do sofrimento que tinha.
E Abgar ficou maravilhado, pois, tal como havia ouvido falar a respeito de Jesus, recebera ele então, deveras, através de seu discípulo Tadeu, que curou sem medicamentos e ervas, e não só ele, mas também Abdus filho de Abdus, que sofria com a gota; pois também veio até ele e caiu a seus pés, e tendo recebido uma bênção pela imposição de suas mãos, foi curado. O mesmo Tadeu curou também muitos outros habitantes da cidade, e fez maravilhas e obras maravilhosas, e pregou a palavra de Deus.
E depois Abgar disse: Tu, ó Tadeu, fazes essas coisas com o poder de Deus, e nos maravilhamos. Mas, além destas coisas, peço que me informe a respeito da vinda de Jesus, como ele nasceu, e no que diz respeito ao seu poder, com que poder ele executou as obras das quais ouvi.
E Tadeu disse: Agora, na verdade eu me calarei, já que fui enviado para proclamar a palavra ao público. Mas amanhã reúna para mim todos os seus cidadãos, e eu vou pregar em sua presença e semear entre eles a palavra de Deus, a respeito da vinda de Jesus, como ele nasceu, e acerca da sua missão, para que finalidade ele foi enviado pelo Pai, e sobre o poder das suas obras, e os mistérios que ele proclamou no mundo, e por qual poder que ele fez essas coisas, e acerca da sua nova pregação, e a sua humilhação e humilhação, e de como ele se humilhou e morreu e rebaixado sua divindade e foi crucificado e desceu ao Hades, e romperam as grades que desde a eternidade não havia sido quebrado, e ressuscitou os mortos, pois ele desceu sozinho, mas levantou-se com muitos, e assim subiu para seu pai.
Portanto Abgar convocou os cidadãos a se reunirem no início da manhã para ouvir a pregação de Tadeu, e depois ordenou que fosse dado a ele ouro e prata. Mas ele se recusou a levá-lo, dizendo: Se nós deixamos o que era nosso, como vamos ter o que é de outro? Essas coisas foram feitas no ano trezentos e quarenta. (aprox. 28-29 d.C)

Narrativa sobre o Príncipe de EdessaEusébio de Cesaréia – História Eclesiástica – Livro I, capítulo 13

Licença Creative Commons Licenciado sob Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.

Carta do Rei Abgar a Jesus Cristo

Cópia de uma carta escrita pelo governador Abgar para Jesus, e enviado a ele em Jerusalém pelo mensageiro Ananias.

Abgar, governador de Edessa, a Jesus, o excelente Salvador que apareceu na região de Jerusalém, saudação. Tenho ouvido relatos sobre você e suas curas realizadas sem medicamentos ou ervas. Pois é dito que você faz os cegos vêem, os coxos a andarem, que você limpa leprosos e expulsa os espíritos impuros e demônios, e que você cura os que sofrem com a doença persistente, e ressuscita os mortos.
E tendo ouvido todas essas coisas que lhe dizem respeito, cheguei à conclusão de que uma das duas coisas deve ser verdade: ou você é Deus, e tendo descido do céu faz essas coisas, ou então, é o Filho de Deus, já que faz essas coisas.
Portanto, escrevi-lhe para pedir que se dê ao trabalho de vir a mim para curar-me da doença que tenho. Não obstante, tenho ouvido que os judeus estão murmurando contra você e estão conspirando para prejudicá-lo. Mas eu tenho uma cidade muito pequena, porém nobre, que é grande o suficiente para nós dois. A resposta de Jesus a Abgar, o governador, pelo mensageiro Ananias.
Bem-aventurado és tu que acreditaste em mim sem ter me visto. Pois está escrito a meu respeito, que os que me viram não acreditarão em mim, e que, os que não me viram acreditarão e serão salvos. Mas no que diz respeito ao que você me escreveu, que eu deveria chegar até você, é necessário que eu cumpra todas as coisas aqui para as quais fui enviado, e depois de eu ter cumprido-las, serei retomado para aquele que me enviou. Porém, depois de eu ter sido levado, vos enviarei um dos meus discípulos, pois ele pode curar a sua doença e dar vida a você e os seus.

Narrativa sobre o Príncipe de EdessaEusébio de Cesaréia – História Eclesiástica – Livro I, capítulo 13

Licença Creative Commons Licenciado sob Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.

Eusébio de Cesaréia

História Eclesiástica

Livro I

Capítulo 13

Narrativa sobre o Príncipe de Edessa.

1. A divindade de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo se espalhou entre todos os homens, por conta de seu poder e prodígios, ele atraiu um número incontável de estrangeiros de países que estavam muito longe da Judéia, que tinham a esperança de serem curados de suas doenças e de todos os tipos de sofrimentos.
2. Por exemplo, o Rei Abgar, que governou com grande glória as nações além do Eufrates, sendo afligido com uma terrível doença que estava além do poder da habilidade humana para curar, quando ouviu o nome de Jesus e dos seus milagres, o que foram atestadas por todos unanimemente, enviou uma mensagem a ele por um mensageiro e pediu-lhe para curar sua doença.
3. Mas ele não atendeu naquela época ao seu pedido, ainda que considerado digno de uma carta pessoal em que ele disse que iria enviar um de seus discípulos para curar a sua doença e, ao mesmo tempo, prometeu salvação para ele e toda a sua casa.
4. Pouco tempo depois a sua promessa foi cumprida. Logo depois da sua ressurreição dentre os mortos e sua ascensão aos céus, Tomé, um dos doze apóstolos, sob impulso divino enviou Tadeu, que também foi contado entre os setenta discípulos de Cristo, para Edessa, como pregador e evangelista do ensino de Cristo.
5. E tudo o que o nosso Salvador tinha prometido a ele, recebeu o seu cumprimento. Dou-lhe por escrito evidências dessas coisas tiradas dos arquivos de Edessa, que era naquele tempo a cidade real. Pois, nos registros públicos de lá, que contêm relatos de tempos antigos e os atos de Abgar, esses documentos foram encontrados preservados até o presente momento. Mas não há maneira melhor do que ler as próprias cartas que tomamos a partir dos arquivos e traduzimos literalmente da língua siríaca da seguinte maneira.
Cópia de uma carta escrita pelo governador Abgar para Jesus, e enviado a ele em Jerusalém pelo mensageiro Ananias.
6. Abgar, governador de Edessa, a Jesus, o excelente Salvador que apareceu na região de Jerusalém, saudação. Tenho ouvido relatos sobre você e suas curas realizadas sem medicamentos ou ervas. Pois é dito que você faz os cegos vêem, os coxos a andarem, que você limpa leprosos e expulsa os espíritos impuros e demônios, e que você cura os que sofrem com a doença persistente, e ressuscita os mortos.
7. E tendo ouvido todas essas coisas que lhe dizem respeito, cheguei à conclusão de que uma das duas coisas deve ser verdade: ou você é Deus, e tendo descido do céu faz essas coisas, ou então, é o Filho de Deus, já que faz essas coisas.
8. Portanto, escrevi-lhe para pedir que se dê ao trabalho de vir a mim para curar-me da doença que tenho. Não obstante, tenho ouvido que os judeus estão murmurando contra você e estão conspirando para prejudicá-lo. Mas eu tenho uma cidade muito pequena, porém nobre, que é grande o suficiente para nós dois. A resposta de Jesus a Abgar, o governador, pelo mensageiro Ananias.
9. Bem-aventurado és tu que acreditaste em mim sem ter me visto. Pois está escrito a meu respeito, que os que me viram não acreditarão em mim, e que, os que não me viram acreditarão e serão salvos. Mas no que diz respeito ao que você me escreveu, que eu deveria chegar até você, é necessário que eu cumpra todas as coisas aqui para as quais fui enviado, e depois de eu ter cumprido-las, serei retomado para aquele que me enviou. Porém, depois de eu ter sido levado, vos enviarei um dos meus discípulos, pois ele pode curar a sua doença e dar vida a você e os seus.
Outras contas
10. Para estas epístolas não foi adicionado o seguinte relato na língua siríaca. Após a ascensão de Jesus, Judas, que também foi chamado de Tomás, lhe enviou Tadeu, um apóstolo, um dos Setenta. Quando ele chegou, alojou-se com Tobias, filho de Tobias. Quando a notícia de sua chegada circulou, foi dito a Abgar que um apóstolo de Jesus acabara de chegar, como ele o havia escrito.
11. Tadeu iniciou então, no poder de Deus, a curar todas as doenças e enfermidades de tal forma que todos se admiravam. E quando Abgar ouviu falar das coisas grandes e maravilhosas que ele fez e das curas que ele realizou, começou a suspeitar de que era ele de quem Jesus lhe havia escrito, dizendo: Depois de eu ter sido levado enviarei a você um dos meus discípulos, que te curará.
12. Portanto, convocando Tobias, com quem Tadeu se hospedou, disse ele, eu ouvi dizer que certo homem de poder veio e é hóspede em tua casa. Traga-o a mim. E Tobias chegando a Tadeu disse-lhe: O governante Abgar me chamou e me disse para levá-lo a ele para que você possa curá-lo. E Tadeu disse, eu vou, pois tenho sido enviado a ele com poder.
13. Por essa razão Tobias se levantou cedo no dia seguinte, e acompanhando Tadeu chegou a Abgar. E quando ele chegou, os nobres estavam presentes e ficaram ao redor de Abgar. E imediatamente após a sua entrada uma grande visão apareceu a Abgar no rosto do apóstolo Tadeu. Quando Abgar a viu prostrou-se diante de Tadeu, enquanto todos os que estavam ao redor ficaram surpresos, porque eles não viram a visão, a qual se tornou visível exclusivamente para Abgar.
14. Ele então perguntou Tadeu se ele era, na verdade, um discípulo de Jesus, o Filho de Deus, que lhe disse: Eu vos enviarei um dos meus discípulos, que deve curá-lo e dar-lhe vida. E Tadeu disse: Porque você poderosamente acreditou naquele que me enviou, por isso fui enviado a você. E ainda mais, se você acredita nele, as petições de teu coração lhe serão concedidas tal como você acreditar.
15. Abgar e disse-lhe: Tanto que eu acreditava nele que queria ter um exército e destruir os judeus que o crucificaram, se não tivesse sido impedido em razão do domínio dos romanos. E Tadeu disse: Nosso Senhor cumpriu a vontade do Pai e, ao cumprir, foi levado para seu pai. E Abgar disse a ele, eu também acreditava nele e em seu pai.
16. E Tadeu lhe disse: Portanto, eu coloco a minha mão sobre ti em seu nome. E quando ele fez isso, imediatamente Abgar foi curado da doença e do sofrimento que tinha.
17. E Abgar ficou maravilhado, pois, tal como havia ouvido falar a respeito de Jesus, recebera ele então, deveras, através de seu discípulo Tadeu, que curou sem medicamentos e ervas, e não só ele, mas também Abdus filho de Abdus, que sofria com a gota; pois também veio até ele e caiu a seus pés, e tendo recebido uma bênção pela imposição de suas mãos, foi curado. O mesmo Tadeu curou também muitos outros habitantes da cidade, e fez maravilhas e obras maravilhosas, e pregou a palavra de Deus.
18. E depois Abgar disse: Tu, ó Tadeu, fazes essas coisas com o poder de Deus, e nos maravilhamos. Mas, além destas coisas, peço que me informe a respeito da vinda de Jesus, como ele nasceu, e no que diz respeito ao seu poder, com que poder ele executou as obras das quais ouvi.
19. E Tadeu disse: Agora, na verdade eu me calarei, já que fui enviado para proclamar a palavra ao público. Mas amanhã reúna para mim todos os seus cidadãos, e eu vou pregar em sua presença e semear entre eles a palavra de Deus, a respeito da vinda de Jesus, como ele nasceu, e acerca da sua missão, para que finalidade ele foi enviado pelo Pai, e sobre o poder das suas obras, e os mistérios que ele proclamou no mundo, e por qual poder que ele fez essas coisas, e acerca da sua nova pregação, e a sua humilhação e humilhação, e de como ele se humilhou e morreu e rebaixado sua divindade e foi crucificado e desceu ao Hades, e romperam as grades que desde a eternidade não havia sido quebrado, e ressuscitou os mortos, pois ele desceu sozinho, mas levantou-se com muitos, e assim subiu para seu pai.
20. Portanto Abgar convocou os cidadãos a se reunirem no início da manhã para ouvir a pregação de Tadeu, e depois ordenou que fosse dado a ele ouro e prata. Mas ele se recusou a levá-lo, dizendo: Se nós deixamos o que era nosso, como vamos ter o que é de outro? Essas coisas foram feitas no ano trezentos e quarenta. (aprox. 28-29 d.C)
Eu inseri-los aqui no seu devido lugar, traduzido do siríaco, literalmente, e espero que para um bom propósito.

Licença Creative Commons Licenciado sob Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.

Eusébio de Cesaréia

História Eclesiástica

Livro I

Capítulo 12

Os discípulos de nosso Salvador.

1. Os nomes dos apóstolos de nosso Salvador são conhecidos por cada um dos Evangelhos. Mas não existe um catálogo dos setenta discípulos. Barnabé, de fato, é dito ter sido um deles, de quem os Atos dos Apóstolos faz menção em vários versículos, e especialmente Paulo em sua Epístola aos Gálatas.
2. Eles dizem que Sóstenes também, que escreveu aos Coríntios com Paulo, era um deles. Esta é a conta de Clemente no quinto livro de suas Hipotiposes, na qual ele também diz que Cefas era um dos setenta discípulos, um homem que tinha o mesmo nome do apóstolo Pedro, e aquele a respeito de quem Paulo diz: “Quando Cefas veio a Antioquia, resisti-lhe na cara.” [Gálatas 2:11]
3. Sobre Matias, que foi contado com os apóstolos no lugar de Judas, e aquele que foi honrada por ter-se feito candidato com ele, também se diz terem sidos considerados dignos do mesmo chamado com os setenta. Eles dizem que Tadeu também era um deles, a respeito de quem eu logo relaciono uma conta que chegou até nós. E após examiná-la você descobrirá que o nosso Salvador tinha mais de setenta discípulos, de acordo com o testemunho de Paulo, que diz que depois de sua ressurreição dentre os mortos, ele apareceu primeiro a Cefas, e depois aos doze, e depois deles a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais alguns tinham caído no sono, mas a maioria ainda estava vivendo na época em que ele escreveu.
4. Depois disso, ele diz que apareceu a Tiago, que foi um dos chamados irmãos do Salvador. Mas, uma vez que, para além desses, havia muitos outros que foram chamados apóstolos, à imitação dos doze, como foi o próprio Paulo, ele acrescenta: “Depois, ele apareceu a todos os apóstolos.” [1 Coríntios 15:07] Tanto no que diz respeito a essas pessoas. Mas a história relativa Tadeu é como se segue. 

Licença Creative Commons Licenciado sob Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.

Eusébio de Cesaréia

História Eclesiástica

Livro I

Capítulo 11

Testemunhos em relação a João Batista e Cristo.

1. Pouco tempo depois João Batista foi decapitado por Herodes, o mais jovem, como é referido nos Evangelhos. Josefo também registra o mesmo fato, fazendo menção de Herodias pelo nome, e afirmando que, embora ela fosse esposa de seu irmão, Herodes a fez sua própria esposa depois de se divorciar de sua ex-esposa legítima, que era a filha de Aretas, rei de Petra, e separou Herodias de seu marido enquanto ele ainda estava vivo.
2. Foi por causa dela também que ele matou João e travou uma guerra com Aretas, por causa da desgraça infligida a filha deste. Josefo relata que, nesta guerra, quando eles foram para a batalha, todo o exército de Herodes foi destruído, e que sofreu esta calamidade por conta de seu crime contra João.
3. O mesmo Josefo confessa nesta conta que João Batista era um homem extremamente justo, e, portanto, está de acordo com o que foi escrito sobre ele nos Evangelhos. Ele registra também que Herodes perdeu seu reino por conta da mesma Herodias, e que ele foi levado para o exílio com ela, e condenados a viver em Viena, na Gália.
4. Ele relata essas coisas no livro XVIII das Antiguidades, onde ele escreve sobre João com as seguintes palavras: Pareceu a alguns dos judeus que o exército de Herodes, havia sido destruído por Deus, que vingou com justiça o chamado João, o Batista.
5. Porque Herodes havia matado um homem bom e alguém que exortava os judeus a receberem o batismo praticando a virtude e a justiça no exercício para com o próximo e para com Deus; o batismo parecia aceitável a ele, quando empregado, não para a remissão de pecados, mas para a purificação do corpo, logo que a alma já tivesse sido purificada em justiça.
6. E quando os outros se reuniram sobre ele (já que encontravam muito prazer na escuta das suas palavras), Herodes temeu que a sua grande influência pudesse levar a alguma sedição, já que eles pareciam prontos para fazer tudo o que ele pudesse aconselhar. Ele, portanto, considerava muito melhor, antes que qualquer ato viesse a ser cometido sob a influência de João, antecipar-se por matá-lo, do que se arrepender depois que uma revolução tivesse chegado e ele se encontrasse em meio às dificuldades. Por conta da suspeita de Herodes, João foi enviado prisioneiro para a cidadela acima mencionada de Maqueronte, e lá morto.
7. Após relatar estas coisas a respeito de João, ele faz menção de nosso Salvador, na mesma obra, com as seguintes palavras: “E viveram naquele tempo Jesus, um homem sábio, se é que ser apropriado chamá-lo de homem, pois ele era executor de milagres e professor de tais homens que recebem a verdade com alegria. Ele atraiu para si muitos judeus, e também muitos gregos. Ele era o Cristo.
8. Quando Pilatos, sob a acusação de nossos principais homens, condenou-o à cruz, aqueles que o amavam no começo não deixaram de amá-lo. E ele lhes apareceu vivo novamente no terceiro dia, os profetas divinos haviam dito essas e inúmeras outras coisas maravilhosas a respeito dele. Além disso, os cristãos, assim chamados com relação a ele, existem até os dias atuais.”
9. Uma vez que um historiador, que é um dos hebreus, tem registrado em sua obra estas coisas a respeito de João Batista e nosso Salvador, que desculpa resta para não serem condenados a destituírem todos os atos vergonhosos que forjaram contra ele? Mas que isto seja suficiente aqui.
 

Licença Creative Commons Licenciado sob Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.

Eusébio de Cesaréia

História Eclesiástica

Livro I

Capítulo 10

Os sumos sacerdotes dos judeus sob os quais Cristo ensinou.

1. Foi no décimo quinto ano do império de Tibério, segundo o evangelista, e no quarto ano do governo de Pôncio Pilatos, enquanto Herodes, Lisânias e Felipe governavam o restante da Judéia, que o nosso Salvador e Senhor, Jesus, o Cristo de Deus, com cerca de trinta anos de idade, veio a João para o batismo e começou a promulgação do Evangelho.
2. A Sagrada Escritura diz, além disso, que ele passou todo o tempo de seu ministério sob os sumos sacerdotes Anás e Caifás, mostrando que na época do sacerdócio daqueles dois homens todo o período de seu ensino foi concluído. Começou seu trabalho durante o sumo sacerdócio de Anás e ensinou até enquanto Caifás ocupar seu cargo, o período não compreendeu quatro anos completos.
3. Com os ritos da lei, já em desuso desde aquela época, os usos costumeiros em relação à adoração a Deus, segundo a qual o sumo sacerdote adquiriu seus cargo por descendência hereditária e para toda a vida, também foram anuladas e foram nomeados para o sumo sacerdócio pelos governadores romanos em tempos diferentes pessoas que permaneciam no cargo não mais que um ano.
4. Josefo relata que havia quatro sacerdotes em sucessão a partir de Anás até Caifás. Assim, no mesmo livro das Antiguidades ele escreve o seguinte: “Valério Grato colocou um fim ao sacerdócio de Anás e nomeou Ismael, filho de Fabi, sumo sacerdote, removendo-o pouco tempo depois, nomeia Eleazar, o filho de Anás o sumo sacerdote, para o mesmo cargo. Ao final de um ano ele remove também a este e dá o sumo sacerdócio a Simão, o filho de Camito. Mas ele também gozou da honra não mais de um ano, quando José, também chamado Caifás, sucedeu-o.” Assim, todo o tempo do ministério do Salvador é mostrado ter sido não mais que quatro anos incompletos; quatro sumos sacerdotes, de Anás até a nomeação de Caifás, que ocuparam o cargo por um ano cada. O Evangelho, portanto, justamente indica Caifás como o sumo sacerdote com quem o Salvador sofreu. Do qual também podemos ver que o tempo do ministério do nosso Salvador não desacorda com a investigação precedente.
5. Nosso Salvador e Senhor, não muito tempo depois do início do seu ministério, chamou os doze apóstolos, e somente a estes, dente todos os seus discípulos, deu o nome de apóstolos, como uma homenagem especial. E novamente ele designou outros setenta e os enviou, de dois em dois, adiante dele a todos os lugares e cidades por aonde ele iria.

Licença Creative Commons Licenciado sob Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.

Eusébio de Cesaréia

História Eclesiástica

Livro I

Capítulo 9

Os tempos de Pilatos.

1. O historiador já mencionado concorda com o evangelista no que diz respeito ao fato de que Arquelau sucedeu ao governo de Herodes. Ele registra a maneira pela qual ele recebeu o reino dos judeus, pela vontade de seu pai Herodes, e pelo decreto de César Augusto, e como, depois de ter reinado dez anos, perdeu o seu reino, e seus irmãos Filipe e Herodes, o mais jovem, com Lisânias, ainda governaram suas próprias tetrarquias. O mesmo autor, no livro XVIII de suas Antiguidades, diz que sobre o décimo segundo ano do reinado de Tibério, que sucedeu ao império depois de Augusto governar por cinquenta e sete anos, Pôncio Pilatos se tornou governador da Judéia, e permaneceu por dez anos completos, quase até a morte de Tibério.
2. Assim, a fraude de quem recentemente divulgou documentos contra nosso Salvador está claramente provada. Pela data prevista neles mostra-se a falsificação de seu conteúdo.
3. Pois as coisas que eles ousaram dizer sobre a paixão do Salvador são colocadas no quarto consulado de Tibério, que ocorreu no sétimo ano de seu reinado, quando que fica claro que Pilatos ainda não era governador da Judéia, se o testemunho de Josefo é para ser acreditado, que mostra claramente no trabalho acima mencionado que Pilatos foi feito procurador da Judéia por Tibério no décimo segundo ano de seu reinado. 

Licença Creative Commons Licenciado sob Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.

Eusébio de Cesaréia

História Eclesiástica

Livro I

Capítulo 8

A crueldade de Herodes para os recém-nascidos, e a forma de sua morte.

1. Quando Cristo nasceu, de acordo com as profecias, em Belém da Judéia, no tempo indicado, Herodes se perturbou com a consulta dos magos que vieram do leste querendo saber onde havia nascido o rei dos judeus para encontrá-lo, – pois tinham visto a sua estrela, e esta foi a razão para fazerem uma viagem tão longa, porque sinceramente desejavam adorar o recém-nascido como Deus; então Herodes imaginou que o seu reino estaria em perigo, e perguntou aos doutores da lei, que pertenciam à nação judaica, onde esperavam que Cristo nasceria. Quando soube que a profecia de Miquéias [Miquéias 5:2] anunciava que Belém seria sua terra natal, ele ordenou, em um único edital, a morte de todos os bebês do sexo masculino em Belém, em todas as suas fronteiras, até dois anos de idade, de acordo com o tempo que ele tinha apurado com exatidão pelos magos, supondo que Jesus, sofreria o mesmo destino que os outros bebês de sua idade.
2. Mas a criança antecipou-se à armadilha, sendo levada ao Egito por seus pais que foram alertados por um anjo que lhes apareceu e disse o que estava para acontecer. Essas coisas são registradas pelas Sagradas Escrituras no Evangelho. Mateus 2.
3. Vale à pena, além disso, observar a recompensa que Herodes recebeu pelo seu crime ousado contra Cristo e aqueles com a mesma idade. Pois imediatamente, sem a menor demora, a vingança divina o alcançou enquanto ele ainda estava vivo e lhe deu uma amostra do que estava para receber após a morte.
4. Não é possível relacionar aqui como ele manchou a suposta felicidade do seu reinado por sucessivas calamidades em sua família, pelo assassinato de esposa e filhos, e outros de seus parentes mais próximos, além de queridos amigos. A conta, que lança qualquer outro drama trágico para a sombra, é detalhada em profundidade nas histórias de Josefo.
5. Como, logo após o crime contra nosso Salvador e as outras crianças, o castigo enviado por Deus o levou para a sua morte, melhor podemos aprender com as palavras daquele historiador que, no livro XVII de suas Antiguidades dos Judeus, escreveu o seguinte a respeito de seu fim:
6. Mas a doença de Herodes tornou-se mais grave, Deus infligiu punição por seus crimes por um fogo lento que queimava nele e que não era tão evidente para quem o tocasse, mas aumentou seu sofrimento interno. Pois ele tinha um terrível desejo por comida que era insaciável. Ele também foi afetado com a ulceração dos intestinos, e com dores graves, especialmente no cólon, ao passo que um humor aquoso e transparente se assentou sobre os seus pés.
7. Ele sofria também de um problema similar em seu abdômen. Mais ainda, o seu membro viril apodreceu e nele produziram-se vermes. Descobriu também excessiva dificuldade em respirar, e foi particularmente desagradável devido ao cheiro da supuração e a rapidez da respiração.
8. Ele teve convulsões também em cada membro, que lhe deu força incontrolável. Dizia-se, na verdade, por quem possuía o poder de adivinhação e sabedoria para explicar tais eventos, que Deus havia infligido este castigo sobre o rei por conta de sua grande impiedade.
9. O escritor mencionado acima relata essas coisas na obra referida. E no segundo livro de sua História, ele faz um relato semelhante sobre o mesmo Herodes, que funciona da seguinte forma: “A doença então, apoderou-se de todo o seu corpo a ocupá-lo com vários tormentos, pois ele teve uma febre lenta e comichão insuportável na pele de todo o seu corpo. Ele sofria também de dores contínuas em seu cólon, e havia inchaços nos pés, como os de uma pessoa que sofre de hidropisia, enquanto seu abdômen estava inflamado e seu membro viril apodrecia produzindo vermes. Além disso, ele podia respirar apenas em uma postura ereta, e somente com dificuldade, e ele teve convulsões em todos os seus membros, de modo que os adivinhos disseram que suas doenças eram um castigo.
10. Mas ele, apesar de lutar com tais sofrimentos, não obstante se agarrou à vida com esperança e confiança nos métodos de cura inventados. Por exemplo: atravessou o Jordão, usou os banhos de águas quentes em Calirroe, que deságua no Lago de Asfalto, e elas mesmas são doces e potáveis para se beber.
11. Seus médicos ali pensaram que poderiam aquecer todo o seu corpo novamente por meio de óleo aquecido. Mas quando eles o colocaram em uma banheira cheia de óleo, seus olhos tornaram-se fracos e viraram-se como os olhos de uma pessoa morta. Mas quando seus assistentes levantaram um clamor, ele se recuperou com o barulho, mas, finalmente, desesperado de uma cura, ele ordenou que se distribuíssem cinquenta dracmas entre os soldados, e dadas grandes somas a seus generais e amigos.
12. Então, voltando ele a Jericó, onde, apreendido à melancolia, planejava cometer um ato ímpio, como se a própria morte o desafiasse. Pois, fez reunir em todas as cidades os homens mais ilustres de toda a Judéia, e ordenou que fossem encerrados no chamado hipódromo.
13. E, tendo convocado Salomé, sua irmã, e seu marido, Alexandre, disse-lhes: “Eu sei que os judeus se alegrarão com a minha morte, mas pode ser lamentada por outros e ter um esplêndido funeral, se vocês estiverem dispostos a realizar os meus mandamentos. Quando eu expirar, cerquem esses homens, que estão agora sob guarda, o mais rapidamente possível com os soldados, e mate-os, a fim de que em toda a Judéia cada casa chore por mim, mesmo contra a sua vontade.”
14. E um pouco adiante Josefo diz: “E mais uma vez ele estava tão torturado por falta de alimento e por uma tosse convulsiva que, vencido por suas dores, planejava antecipar seu destino. Tomando uma maçã pediu também uma faca, pois ele era acostumado a cortar maçãs e comê-las, então, olhando em volta para se garantir que não havia ninguém para impedi-lo, ergueu a mão direita, como se fosse ferir-se a si mesmo com facada”.
15. Além dessas coisas, os mesmos registros do escritor afirmam que ele matou outro de seus próprios filhos antes de sua morte, o terceiro morto por seu comando, e que logo em seguida ele deu seu último suspiro, não sem dor excessiva.
16. Tal foi o fim de Herodes, que sofreu uma punição justa para o seu abate dos filhos de Belém, que foi o resultado de suas conspirações contra o nosso Salvador.
17. Após isso, um anjo apareceu em sonhos a José no Egito e ordenou-lhe que fosse para a Judéia com a criança e sua mãe, revelando-lhe que aqueles que tinham procurado tirar a vida da criança estavam mortos. Para isso, o evangelista acrescenta: “Mas, quando soube que Arquelau reinava no lugar de seu pai Herodes, temeu ir para lá; não obstante sendo por divina revelação avisados ​​em sonho retirou-se para as regiões da Galiléia.” [Mateus 02:22]
 

Licença Creative Commons Licenciado sob Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.

Eusébio de Cesaréia

História Eclesiástica

Livro I

Capítulo 7

A discrepância alegada nos Evangelhos no que diz respeito à genealogia de Cristo.

1. Mateus e Lucas em seus evangelhos nos deram diferentes genealogias de Cristo, e muitos supõem que elas estão em desacordo. Desde como consequência cada crente, na ignorância da verdade, tem sido zeloso para inventar alguma explicação que deve harmonizar as duas passagens, nos permite juntar em anexo à conta da questão que chegou até nós, e que é dada por Africanus, que foi mencionado por nós anteriormente, em sua epístola aos Aristides, onde ele discute a harmonia das genealogias do evangelho. Depois de refutar as opiniões dos outros, como forçada e enganosa, ele deu conta que tinha recebido da tradição com estas palavras:
2. “Considerando que os nomes das gerações foram contados em Israel ou de acordo com a natureza ou de acordo com a lei; – de acordo com a natureza, a sucessão dos filhos legítimos, e de acordo com a lei, sempre que outro levantasse uma criança com o nome de um irmão que morreu sem filhos; já que uma esperança clara de ressurreição não havia ainda se dado e que tinham uma representação da promessa futura como uma espécie de ressurreição mortal, para que o nome de um falecido pudesse ser perpetuado; –
3. ao passo que, em seguida, alguns dos que estão inseridos nesta tabela genealógica sucedido por descendência natural, o filho ao pai, enquanto outros, embora nascidas de um pai, foram atribuídas pelo nome para outro, foi feita menção de ambos aqueles que eram progenitores de fato e daqueles que eram tão somente no nome.
4. Assim, nenhum dos evangelhos está em erro, pois um, estima pela natureza, e outro pela lei. Para a linha de descendência de Salomão, e que a partir de Natan eram tão envolvidos um com o outro pelo levantamento de crianças a pessoas sem filhos e pelo segundo casamento, que as mesmas pessoas são justamente consideradas como pertencentes ao mesmo tempo a um, e em outro momento a outro; isto é, um momento aos pais reputados e em outro aos pais reais. Portanto, estas duas contas são estritamente verdadeiras e descem até José com complexidade considerável de fato, porém, com bastante precisão.
5. Mas, para que o que eu disse fique claro vou explicar a troca de gerações. Se nós contamos as gerações de Davi através de Salomão, o terceiro encontrado desde o final é para ser Matã, que gerou Jacó, pai de José. Mas se, com Lucas, nós contarmos de Natã, filho de Davi, da mesma maneira o terceiro desde o final é Melqui, cujo filho Heli era o pai de José, pois José era filho de Heli, filho de Melqui.
6. José, portanto, sendo o objeto proposto por nós, é preciso demonstrar como que é apresentado como seu pai, a Jacó, que deriva sua descendência de Salomão, e Heli, que descende de Natã; primeiro como é que Jacó e Heli foram irmãos, e logo, como é que se declara que os seus pais, Matã e Melqui, embora de famílias diferentes, sejam os avôs do José.
7. O fato de Matã e Melqui terem se casado em sucessão com a mesma mulher, gerou filhos que eram irmãos uterinos, pois a lei não proíbe a viúva, se tal pelo divórcio ou pela morte de seu marido, de se casar com outro.
8. Então, por Esta (esse era o nome da mulher de acordo com a tradição) Matã, um descendente de Salomão, primeiramente gerou Jacó. E quando Matã estava morto, Melqui, que descende de Natã, sendo da mesma tribo, mas de outra família, se casou com ela, como antes dito, e gerou o filho Heli.
9. Assim, vamos encontrar os dois, Jacó e Heli, embora pertencentes a diferentes famílias, ainda irmãos pela mesma mãe. Destes, o único, Jacó, quando seu irmão Heli morreu sem filhos, tomou a esposa e gerou deste último por seu filho José, seu próprio filho, por natureza, e de acordo com a razão. Por isso também está escrito: “Jacó gerou José”. [Mateus 01:06] Mas, de acordo com a lei, ele era o filho de Heli, pois Jacó, sendo seu irmão, suscitou descendência para ele.
10. Daí a genealogia traçada por ele não será anulada, o que o evangelista Mateus, em sua enumeração mostra que Jacó gerou José, mas Lucas, por outro lado, diz: “Quem foi o filho, como se cuidava” (para isso, ele também adiciona), “José, filho de Heli, filho de Melqui”, porque ele não poderia expressar de forma mais clara a geração de acordo com a lei. E a expressão “que gerou”, ele omitiu em sua mesa genealógica até o final, traçando a genealogia de volta a Adão, filho de Deus. Esta interpretação não é nem improvável nem tão pouco é uma conjectura ociosa.
11. Para os parentes de nosso Senhor segundo a carne, seja com o desejo de se gabarem ou simplesmente desejando expor o fato, em ambos os casos, na verdade, já se proferiu a seguinte conta: Alguns ladrões Idumeus, tendo atacado Ascalom, cidade da Palestina, levaram de um templo de Apolo que se situava perto dos muros, além dos objetos, Antípatro, filho de certo escravo do templo (hieródulo) chamado Herodes. E desde que o sacerdote não foi capaz de pagar o resgate por seu filho, Antípatro foi educado nos costumes dos idumeus, e depois foi ajudado por Hircano, o sumo sacerdote dos judeus.
12. E, tendo sido enviado por Hircano em uma embaixada a Pompeu, e tendo restaurado a ele o reino que tinha sido invadido por seu irmão Aristóbulo, ele teve a sorte de ser nomeado procurador da Palestina. Mas Antípatro foi morto por aqueles que tinham inveja de sua grande sorte e foi sucedido por seu filho Herodes, que foi depois, por um decreto do senado, se fez rei dos judeus sob Antonio e Augusto. Seus filhos foram Herodes e os outros tetrarcas. Estes relatos concordam também com os dos gregos.
13. Mas como tinham sido mantidas nos arquivos até aquele momento as genealogias dos hebreus, bem como daqueles que traçaram sua linhagem de volta para prosélitos, como Aquior os amonitas e Rute, a moabita, e para aqueles que se misturaram com os israelitas e saíram do Egito com eles, Herodes; na medida em que a linhagem dos israelitas não contribuiu em nada para a sua vantagem, e desde que ele foi instigado com a consciência de sua própria origem ignóbil, queimou todos os registros genealógicos, pensando que ele se passaria de nobre origem se ninguém fosse capaz, a partir dos registros públicos, de remontar sua descendência, aos patriarcas ou prosélitos e estrangeiros que se misturavam com eles, e que foram chamados geyoras.
14. Alguns cuidadosos, contudo, tendo obtido registros particulares, ou lembrando-se dos nomes ou ainda adquirindo-os de algum outro modo a partir dos registros originais, orgulha-se de si mesmos pela conservação da memória da sua origem nobre. Entre estes são aqueles despósinoi já mencionados, assim chamados, em virtude de sua conexão com a família do Salvador. Vindo de Nazara e Cocaba, as aldeias da Judéia, em outras partes do mundo, desenharam a genealogia supracitada da memória e do livro de registros diários o mais fielmente possível.
15. Se, no entanto, o caso é assim ou não, ninguém conseguiu encontrar uma explicação mais clara, porém é minha própria opinião e de cada pessoa sincera. E isto basta, pois, embora não temos nenhum testemunho em seu apoio, não temos nada melhor ou mais verdadeiro para oferecer. Em qualquer caso, o Evangelho diz a verdade, e no final da mesma epístola, ele acrescenta estas palavras: “Matã, que era descendente de Salomão, gerou a Jacó. E quando Matã estava morto, Melqui, que era descendente de Natã gerou Heli pela mesma mulher. Heli e Jacó eram, portanto, irmãos uterinos. Heli morreu sem filhos, e Jacó suscitou descendência para ele, gerando José, seu próprio filho por natureza, mas filho de Heli por lei. Assim José era filho de ambos”.
17. Até agora Africanus. E a linhagem de José sendo assim traçada, Maria também está praticamente demonstrada ser da mesma tribo que ele, uma vez que, de acordo com a lei de Moisés, não foram autorizados os casamentos entre diferentes tribos. Já que a ordem é se casar com um da mesma família e linhagem, para que a herança não passe de tribo para tribo. Isto pode ser suficiente aqui. 

Licença Creative Commons Licenciado sob Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.

Eusébio de Cesaréia

História Eclesiástica

Livro I

Capítulo 6

Sobre o tempo de Cristo, de acordo com a profecia, chegou ao fim a sucessão regular de governantes que tinham governado a nação judaica nos dias da Antiguidade, e Herodes tornou-se o primeiro rei estrangeiro.

1. Quando Herodes, o primeiro governante de sangue estrangeiro, tornou-se rei, a profecia de Moisés recebeu o seu cumprimento, de acordo com o que não deve “não querer ser um príncipe de Judá, nem o governante de seus lombos, até que ele venha para quem está reservado”. Este último, ele também mostra, era para ser a expectativa das nações.
2. Essa previsão permaneceu sem cumprimento porquanto era permitido viver sob governos de sua própria nação, isto é, desde o tempo de Moisés até o reinado de Augusto. Sob este último, a Herodes, o primeiro estrangeiro, foi dado o reino dos judeus pelos romanos. Como Josefo relata, ele era um Idumeu pelo lado de seu pai e um árabe por sua mãe. Mas Africano, que também era escritor comum, diz que, os que foram mais precisamente informados sobre, relatam que ele era filho de Antípatro, e que este era filho de certo Herodes de Ascalon, um dos chamados servidores do templo de Apolo.
3. Este Antípatro, enquanto menino, tendo sido prisioneiro de ladrões Idumeus, viveu com eles, porque seu pai, sendo um homem pobre, era incapaz de pagar por um resgate. Crescendo em suas práticas, ele foi depois ajudado por Hircano, o sumo sacerdote dos judeus. O filho dele era Herodes, o que viveu nos tempos de nosso Salvador.
4. Quando o Reino dos judeus recaiu sobre um homem a expectativa das nações estava já na porta, de acordo com a profecia. Pois com ele os seus príncipes e governadores, que tinham governado em sucessão regular desde o tempo de Moisés chegaram ao fim.
5. Antes de seu cativeiro e seu transporte para a Babilônia eles eram governados por Saul e depois por Davi, e antes dos reis, foram governados pelos chamados juízes, que começaram depois de Moisés e seu sucessor Josué.
6. Após o retorno da Babilônia eles continuaram a ter, sem interrupção, uma forma aristocrática de governo, com uma oligarquia. Pois os sacerdotes tinham a direção de assuntos até que Pompeu, o general romano tomou Jerusalém pela força, e profanou os lugares santos por entrar no santuário muito mais interno do templo. Aristóbulo, que, pelo direito de sucessão antiga, tinha sido até então rei e sumo sacerdote, mandou com seus filhos em cadeias para Roma, e deu a Hircano, o irmão de Aristóbulo, o sumo sacerdócio, enquanto toda a nação dos judeus foi feita tributária para os romanos daquela época.
7. Mas Hircano, que era o último da linha regular de sacerdotes, foi logo depois feito prisioneiro pelos partos, e Herodes, o primeiro estrangeiro, como eu já disse, foi feito rei da nação judaica pelo senado romano e por Augusto.
8. Logo o Cristo apareceu em forma corpórea, e a Salvação esperada das nações e sua vocação seguida de acordo com a profecia. A partir deste momento, os príncipes e governadores de Judá, ou melhor, da nação judaica, chegou ao fim e, como consequência natural da ordem do sumo sacerdócio, que desde os tempos antigos tinha procedido regularmente na próxima sucessão de geração em geração, foi imediatamente lançado em confusão.
9. Essas coisas Josefo também é uma testemunha, que mostra que quando Herodes foi feito rei pelos romanos já não nomeou os sacerdotes da linha antiga, mas deu a honra de certas pessoas obscuras. Um curso semelhante ao de Herodes na nomeação dos sacerdotes foi adotado por seu filho Arquelau, e depois dele pelos romanos, que assumiram o governo em suas próprias mãos.
10. O mesmo autor mostra que Herodes foi o primeiro que trancou o vestuário sagrado do sumo sacerdote em seu próprio selo e se recusou a permitir aos altos sacerdotes guardá-lo para si mesmos. O mesmo curso foi seguido por Arquelau, depois dele, e depois de Arquelau pelos romanos.
11. Essas coisas foram gravadas por nós, a fim de mostrar que outra profecia foi cumprida no aparecimento de nosso Salvador Jesus Cristo. Porque a Escritura, no Livro de Daniel, [Daniel 09:26] tem expressamente mencionado certo número de semanas, até a vinda de Cristo, da qual temos tratado em outros livros, profetiza mais claramente, que após a conclusão dessas semanas a unção entre os judeus deveriam totalmente perecer. E isso tem-se mostrado claramente que foi cumprido no momento do nascimento do nosso Salvador Jesus Cristo. Isto foi necessariamente premissa para nós como uma prova da justeza do tempo. 

Licença Creative Commons Licenciado sob Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.

Eusébio de Cesaréia

História Eclesiástica

Livro I

Capítulo 5

O Tempo de Sua aparição entre os homens.

1. E agora, depois desta introdução necessária para a nossa proposta de história da Igreja, podemos entrar, por assim dizer, em nossa jornada, começando com o aparecimento de nosso Salvador na carne. E nós invocamos a Deus, o Pai, a Palavra, e aquele de quem estamos falando, o próprio Jesus Cristo, nosso Salvador e Senhor, o Verbo divino de Deus, como a nossa ajuda e companheiro de trabalho na narração da verdade.
2. Foi no quadragésimo segundo ano do reinado de Augusto e o vigésimo oitavo após a subjugação do Egito e a morte de Antônio e Cleópatra, com quem a dinastia dos Ptolomeus no Egito chegou ao fim, que o nosso Salvador e Senhor Jesus Cristo nasceu em Belém da Judéia, de acordo com as profecias que haviam sido proferidas a seu respeito. [Miquéias 5:2] Seu nascimento ocorreu durante o primeiro recenseamento, quando Quirino era governador da Síria.
3. Flávio ​​Josefo, o mais célebre dos historiadores hebreus, também menciona este censo, que foi tomado durante mandato Quirino. No mesmo contexto, ele dá conta da revolta dos galileus, que teve lugar naquela época, dos quais também Lucas, entre nossos escritores, fez menção nos Atos, nas seguintes palavras: “Depois deste levantou-se Judas, o galileu, nos dias do recenseamento, e levou uma multidão atrás dele: ele também pereceu, e todos, tantos quantos lhe obedeciam foram dispersos “. [Atos 05:37]
4. O autor acima mencionado, no livro XVIII de suas Antiguidades, de acordo com essas palavras, acrescenta o seguinte, que citamos exatamente: “Quirino, membro do senado, que tinha realizado outros cargos e tinha passado por todos eles até o consulado, um homem também de grande dignidade em outros aspectos, veio à Síria com uma pequena comitiva, sendo enviado por César para ser um juiz da nação e fazer uma avaliação de sua propriedade”.
5. E depois de um pouco ele diz: “Mas Judas, um gaulonita, de uma cidade chamada Gamala, levando consigo Sadduchus, um fariseu, exortou o povo à revolta, ambos dizendo que a tributação não significava nada mais do que escravidão unicamente, exortando a nação para defender sua liberdade.”
6. E no segundo livro de sua História da Guerra dos Judeus, ele escreve o seguinte sobre o mesmo homem: “Neste momento, certo galileu, cujo nome era Judas, convenceu seus compatriotas a se revoltar, declarando que eles seriam covardes ao se sujeitarem a prestar homenagens aos Romanos, e ao se submeterem, além de Deus, a mestres que eram mortais.” Essas coisas são registrados por Josefo. 

Licença Creative Commons Licenciado sob Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.

Eusébio de Cesaréia

História Eclesiástica

Livro I

Capítulo 4

A religião proclamada por Ele para todas as nações não era nova nem estranha.

1. Assim não se pode supor que sua doutrina é nova e estranha, como se estivesse ligada a um homem de origem recente e que difere em nada dos demais homens; vamos agora considerar brevemente este ponto também.
2. Admite-se que, quando nos últimos tempos, o aparecimento de nosso Salvador Jesus Cristo tornou-se conhecido de todos os homens, lá, imediatamente fez a sua aparição de uma nova nação, uma nação que confessadamente não é pequena, e não habita em algum canto da terra, mas a mais numerosa e piedosa de todas as nações, indestrutível e invencível, porque ela sempre recebe a assistência de Deus. Esta nação, assim de repente, aparece no tempo determinado pelo conselho inescrutável de Deus, é o que foi homenageado por todos com o nome de Cristo.
3. Um dos profetas, quando viu de antemão com o olho do Espírito Divino que era para ser, estava tão surpreso com isso que ele gritou: “Quem jamais ouviu tal coisa? Quem viu coisas semelhantes? Poder-se-ia fazer nascer uma terra num só dia? Nasceria uma nação de uma só vez? [Isaías 66:8] E o mesmo profeta dá uma dica também sobre nome pelo qual o país estava a ser chamado, quando diz: “Aqueles que me servem devem ser chamados por um nome novo, que será abençoado na terra”. [Isaías 65:15-16]
4. Mas, embora seja claro que são novos e que este novo nome de cristãos foi realmente, mas recentemente conhecido entre todas as nações, no entanto, nossa vida e nossa conduta, com as nossas doutrinas da religião, não têm sido recentemente inventado por nós, mas a partir da primeira criação do homem, por assim dizer, foram estabelecidas pelo entendimento natural de homens divinamente favorecidos de idade. Que isso é assim vamos mostrar da seguinte maneira.
5. Que a nação hebraica não é nova, mas é universalmente honrado por conta de sua antiguidade, é conhecido por todos. Os livros e escritos deste povo contém relatos de homens antigos, raros, de fato e poucos em número, mas, no entanto, destaca-se por piedade e justiça, e todas as outras virtudes. Destes, alguns homens excelentes viveram antes do dilúvio, outros dos filhos e descendentes de Noé viveram depois dele, entre eles Abraão, a quem os hebreus reconhecem como seu fundador e patriarca.
6. Se alguém afirmar que todos aqueles que tenham gostado do testemunho da retidão, do próprio Abraão até ao primeiro homem, foram cristãos, se não no nome, mas em obras, estariam dizendo a verdade.
7. Pois o que o nome indica, que o homem cristão, através do conhecimento e do ensino de Cristo, se distingue por temperança e justiça, pois a paciência na vida é viril virtude, e para uma profissão de piedade para com o único Deus acima de tudo – tudo o que era zelosamente praticado por eles, não menos por nós.
8. Eles não se preocupam com a circuncisão do corpo, nós também não. Eles não se preocupam com a observação sábados, nem nós. Eles não evitavam certos tipos de alimentos, nem o que eles consideram as outras distinções que Moisés primeiro entregou à sua posteridade para observarem como símbolos, nem os cristãos de hoje em dia fazem essas coisas. Mas eles também conheciam claramente o próprio Cristo de Deus, pois já foi demonstrado que ele apareceu a Abraão, que ele transmitiu revelações para Isaac, que ele falou com Jacó, que ele manteve uma conversa com Moisés e com os profetas que vieram depois.
9. Daí você vai encontrar esses divinamente favorecidos homens honrados com o nome de Cristo, de acordo com a passagem que diz deles: “Não toqueis nos meus cristos e aos meus profetas não façais mal.”
10. Assim é claramente necessário considerar que a religião, que ultimamente tem sido pregada a todas as nações através do ensinamento de Cristo, é a primeira e mais antiga de todas as religiões, e aquela descoberta por aqueles homens divinamente favorecidos na idade de Abraão.
11. Se é dito que a Abraão, muito tempo depois, foi dado o comando da circuncisão, nós respondemos que, no entanto, antes disso, foi declarado que ele tinha recebido o testemunho de justiça, mediante a fé, como diz a palavra divina: “Abraão acreditou em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça.” [Gênesis 15:06]
12. E de fato a Abraão, que era assim antes de sua circuncisão um homem justificado, não foi dado por Deus, que se revelou a ele (mas isso foi o próprio Cristo, a Palavra de Deus), uma profecia em relação àqueles que nos próximos tempos devem ser justificados da mesma forma que ele. A profecia foi com as seguintes palavras:”. E em você todas as tribos da terra serão abençoadas”. [Gênesis 0:03] E mais uma vez: “Ele deve tornar-se uma nação grande e numerosa. E nele todas as nações da terra serão abençoadas” [Gênesis 18:18]
13. É permissível entender isto como cumprido em nós. Já que, tendo renunciado a superstição dos seus pais e o antigo erro da sua vida, e tendo confessado um Deus sobre todos e tendo-o adorado com feitos da virtude, e não com o serviço da lei que se deu posteriormente por Moisés, se justificou pela fé em Cristo, a Palavra de Deus, que lhe aparecera. Para ele, então, quem foi homem deste caráter, foi dito que todas as tribos e todas as nações da Terra seriam abençoadas por ele.
14. Mas essa mesma religião de Abraão reapareceu no tempo presente, praticada em obras mais eficazes do que as palavras, por si só, cristãos em todo o mundo.
15. O que então impediria a confissão de que nós que somos de Cristo, praticamos o mesmo modo da vida e temos a mesma religião daqueles homens antigos divinamente favorecidos? Nisto é evidente que a religião perfeita entregue a nós pelo ensino de Cristo não é nova e estranha, mas, se a verdade deve ser dita, é a primeiro e a religião verdadeira. Isto pode ser suficiente para o assunto.

Licença Creative Commons Licenciado sob Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.

Eusébio de Cesaréia

História Eclesiástica

Livro I

Capítulo 3

O Nome de Jesus e também o nome de Cristo eram conhecidos desde o princípio, e foram honrados pelos profetas inspirados.

 1. Agora é o tempo adequado para mostrar que o próprio nome de Jesus e também o nome de Cristo foram homenageados pelos profetas antigos amados de Deus.
2. Moisés foi o primeiro a dar a conhecer o nome de Cristo como um nome especialmente agosto e glorioso. Quando ele entregou os tipos e símbolos das coisas celestiais, e imagens misteriosas, de acordo com o oráculo que lhe disse: “Olhe que você faça todas as coisas de acordo com o modelo que te foi mostrado no monte,” [Êxodo 25:40] consagrou um sumo sacerdote de Deus, o homem, na medida em que foi possível, e ele foi chamado de Cristo. E, assim, a esta dignidade do sumo sacerdócio, que em sua opinião superou a posição mais honrosa entre os homens, ele anexou por causa da honra e glória do nome de Cristo.
3. Ele sabia muito bem que o Cristo era algo divino. E o mesmo se prevendo, sob a influência do Espírito divino, o nome de Jesus, digno também com certo privilégio distinto. Para o nome de Jesus, que nunca havia sido pronunciada entre os homens antes do tempo de Moisés, ele se candidatou primeiro e único a quem ele sabia que receberia depois de sua morte, mais uma vez como um tipo e símbolo, o comando supremo.
4. Ao seu sucessor, até então, não tinham dado o nome de Josué, mas tinha sido chamado por outro nome, Oséias, que havia sido dado a ele por seus pais, que agora se chama Jesus, dando o nome a ele como um presente de honra, muito maior do que qualquer diadema real. O próprio Josué, filho de Num, tinha uma semelhança com o nosso Salvador no fato de que ele sozinho, depois de Moisés e após a conclusão do culto simbólico que tinha sido transmitida por ele, sucedeu ao governo da religião verdadeira e pura.
5. Assim, Moisés deu o nome de nosso Salvador, Jesus Cristo, como uma marca da mais alta honra, sobre os dois homens que em seu tempo superou todo o resto das pessoas em virtude e glória, ou seja, sobre o sumo sacerdote e sobre o seu sucessor no governo.
6. E os profetas que vieram depois também predisseram claramente Cristo pelo nome, prevendo ao mesmo tempo as conspirações que o povo judeu formaria contra ele, e a convocação das nações por meio dele. Jeremias, por exemplo, diz o seguinte: “O fôlego de nossas narinas, o Ungido do Senhor, foi preso nas covas deles, de quem dissemos: sob sua sombra viveremos entre as nações.” [Lamentações 4:20] E Davi, em perplexidade, diz: “Por que se amotinam as nações e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam na matriz, e as autoridades ajuntaram-se contra o Senhor e contra o seu Ungido”, ao que acrescenta, na pessoa do próprio Cristo:” O Senhor me disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei Pede-me, e eu te darei as nações por herança, e os confins da terra por tua possessão”.
7. E não só, aqueles que foram homenageados com o sumo sacerdócio, e que por causa do símbolo foram ungidos com óleo especialmente preparado, eram adornados com o nome de Cristo entre os hebreus, mas também os reis que os profetas ungidos sob a influência do Espírito divino, e assim constituídos, por assim dizer, tipos de Cristo. Para eles também tinha em seus próprios tipos do poder régio e soberano do verdadeiro e único Cristo, o Verbo divino que governa sobre todas as pessoas.
8. E foi-nos dito também que alguns dos profetas tornaram-se, pelo ato de ungir, Cristos em espécie, para que fossem referência ao verdadeiro Cristo, a Palavra divinamente inspirada e celeste, que é o único sumo sacerdote de toda a criação, e o único rei de todas as criaturas, e do Pai único profeta supremo dos profetas.
9. E a prova disso é que nenhum dos que foram simbolicamente ungidos, quer sacerdotes, ou reis, ou profetas, possuía um tão grande poder da virtude inspirada como foi exposto pelo nosso Salvador e Senhor Jesus, o verdadeiro e único Cristo.
10. Nenhum deles, ainda que, no entanto superior em dignidade e honra que possa ter sido por muitas gerações entre seu próprio povo, nunca deu a seus seguidores o nome de cristãos de nome próprio e típico de Cristo. Nem foi honra divina prestada a qualquer um deles por seus súditos, nem após a sua morte foi a disposição de seus seguidores de tal forma que eles estavam prontos para morrer por aquele a quem eles tinham honrado. E nunca foi tão grande a comoção a surgir entre todas as nações da terra em relação a qualquer um deles, pois o mero símbolo não poderia agir com tal poder entre eles como a verdade em si, que foi exibida pelo nosso Salvador.
11. Ele, apesar de não ter recebido os símbolos e tipos de sumo sacerdócio, embora ele não tenha nascido de uma raça de sacerdotes, embora ele não fosse elevado à categoria de reino por guardas militares, embora ele não fosse um profeta como os de antigamente, embora ele não obtivesse nenhuma honra nem preeminência entre os judeus, no entanto, foi adornada pelo Pai com todos, se não com os símbolos, com a própria verdade.
12. E, por isso, apesar de ele não possuir honras como aqueles a quem temos mencionado, ele é chamado de Cristo mais do que todos eles. E como o próprio Cristo verdadeiro e único de Deus, ele encheu toda a terra com o nome verdadeiramente agosto e sagrado dos cristãos, comprometendo-se, os seus seguidores, não mais com tipos e imagens, mas com o próprio, e uma vida celestial de virtudes descobertas na própria doutrina de verdade.
13. E ele não foi ungido com óleo preparado a partir de substâncias materiais, mas, como convém a divindade, com o Espírito divino a si mesmo, por sua participação na divindade do Pai não gerado. E isso também é ensinado novamente por Isaías, que exclama, como se a pessoa do próprio Cristo: “O Espírito do Senhor está sobre mim, por isso me ungiu e enviou-me para pregar o Evangelho aos pobres, para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos”.
14. E não só Isaías se dirige a ele, mas também Davi, dizendo: “O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre. Cetro de equidade é o cetro do seu reino. Amaste a justiça e odiaste a iniquidade. Por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo da alegria acima de seus companheiros.” Aqui a Escritura chama de Deus no primeiro versículo, na segunda homenageia-o com um cetro real.
15. Em seguida, um pouco mais adiante, depois que o poder divino e real, representa-o em terceiro lugar como tendo se tornado Cristo, sendo ungido não com óleo feitos de substâncias materiais, mas com o óleo divino da alegria. É, portanto, indicada a sua honra especial, muito superior e diferente da de todos aqueles que, como tipos, eram antigamente ungidos de uma forma mais material.
16. E em outro lugar o mesmo escritor fala dele como se segue: “Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita até que eu ponha os teus inimigos o escabelo dos teus pés”, e, “Fora do ventre, antes da estrela da manhã, te gerei. O Senhor jurou e não se arrependerá: tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”.
17. Mas este Melquisedeque é apresentado nas Sagradas Escrituras como sacerdote do Deus Altíssimo, não consagrado por todo o óleo da unção, especialmente preparado, e nem mesmo pertencendo à descendência sacerdotal dos judeus. Portanto, após seu fim, mas não segundo a ordem de outros, que receberam símbolos e tipos, foi nosso Salvador proclamado, com um apelo a um juramento, Cristo e sacerdote.
18. Sua história, portanto, não relata que ele foi ungido corporalmente pelos judeus, nem que ele pertencia à linhagem de sacerdotes, mas que ele veio à existência do próprio Deus antes da estrela da manhã, que é antes da organização do mundo e que obteve um sacerdócio imortal e imperecível de tempos eternos.
19. Uma grande e convincente prova de sua unção incorpórea e divina que só ele recebeu dentre todos aqueles que já existiram é que, até os dias de hoje, ele é chamado de Cristo por todos os homens em todo o mundo e é confessado e testemunhado com este nome; é comemorado por gregos e bárbaros e até hoje é homenageado como um rei por seus seguidores em todo o mundo, ele é admirado como mais do que um profeta e é glorificado como o verdadeiro e único sumo sacerdote de Deus. E além de tudo isso, como o Verbo pré-existente de Deus, chamado a ser antes de todos os tempos, ele recebeu honra do Pai, e é adorado como Deus.
20. Mas o mais maravilhoso de tudo é o fato de que nós, que nos consagramos a ele, o honremos, não só com a voz e com o som de palavras, mas também com a elevação completa da alma, e é por isso que nós escolhemos dar testemunho dele, em vez de preservar nossas próprias vidas.
21. Tenho a necessidade de prefaciar minha história com estas questões a fim de que ninguém venha julgar a partir da data de sua encarnação e possa pensar que o nosso Senhor e Salvador Jesus, o Cristo, tenha vindo a existir mais recentemente. 

Licença Creative Commons Licenciado sob Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.

Eusébio de Cesaréia

História Eclesiástica

Livro I

Capítulo 2

Resumo Visto da Pré-existência e Divindade de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

1. Uma vez que em Cristo há uma dupla natureza, e na medida em que ele é pensado como Deus, se assemelha à cabeça do corpo, enquanto o outro pode ser comparado com os pés, na medida em que ele, por causa da nossa salvação, possui natureza humana com as mesmas paixões, como a nossa – o trabalho seguinte será completo apenas se começarmos com os eventos principais e nobres de toda a sua história. Desta forma, será a antiguidade e divindade do cristianismo mostrada para aqueles que supõem que sua origem seja recente ou estrangeira, ou imaginem que ele tenha aparecido ontem.
2. Nenhuma linguagem é suficiente para expressar a origem e o valor, o ser e a natureza de Cristo. Por isso também o Espírito divino diz nas profecias: “Quem declarará sua geração?” Isaías 53:8 Pois ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e ninguém conhecer o Filho corretamente, senão o Pai que o gerou.
3. Quem, senão o Pai poderia entender claramente a Luz que estava diante do mundo, a sabedoria intelectual e essencial que existia antes dos tempos, a Palavra viva que estava no princípio com o Pai e que era Deus, o primeiro e único nascido de Deus que era antes de toda criatura e criação visível e invisível, o comandante em chefe do exército racional e imortal do céu, o anjo do grande conselho, o executor da vontade tácita do Pai, o Criador, com o Pai, de todas as coisas, a segunda causa do universo depois que o Pai, o Filho verdadeiro e unigênito de Deus, o Senhor, Deus e Rei de todas as coisas criadas, aquele que recebeu domínio e poder, com a própria divindade, e com força e honra do Pai, como é dito em relação a ele nas passagens místicas da Escritura que falam de sua divindade: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” [João 1:1] “Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada feito.” [João 1:3]
4. Isto, também, o grande Moisés ensina, quando, como o mais antigo de todos os profetas, descreve, sob a influência do Espírito divino na criação e disposição do universo. Ele declara que o criador do mundo e criador de todas as coisas rendeu ao próprio Cristo, e ninguém menos do que a sua própria Palavra claramente divina e nascida primeiro, a criação de seres inferiores, e conversava com ele sobre a criação do homem. “Porque”, segundo ele, “Deus disse: Façamos o homem à nossa imagem e conforme a nossa semelhança.” [Gênesis 1:26]
5. E outro dos profetas confirma isso ao falar de Deus nos seus hinos como segue: “Ele falou e eles foram feitos, ele mandou e foram criados.” Ele se referiu ao Pai e Criador como Rei de todos, ordenando com um aceno real, e também à Palavra divina, ninguém menos do que Aquele que é proclamado por nós, como o realizador das ordens do pai.
6. Tudo o que se diz que se destacaram na justiça e piedade desde a criação do homem, o grande servo Moisés e antes dele, em primeiro lugar Abraão e seus filhos, e como muitos homens que posteriormente se mostraram justos e profetas, contemplando-o com o puro olho da mente, e o reconheceram e ofereceram a ele o culto que lhe é devido como Filho de Deus.
7. Mas, sem negligenciar a reverência devida ao Pai, foi nomeado para ensinar o conhecimento do Pai a todos eles. Por exemplo, diz-se que o Senhor Deus apareceu como um homem comum a Abraão, enquanto ele estava sentado nos carvalhais de Manre. E ele, imediatamente se prostrou, embora ele tenha visto um homem com os olhos, no entanto, o adorou como Deus, e sacrificou a ele como Senhor, e confessou que não ignorava sua identidade, quando pronunciou as palavras: “Senhor, o juiz de toda a terra, não fará o julgamento justo?” [Gênesis 18:25]
8. Pois, se é razoável supor que a essência não gerada e imutável de Deus todo poderoso foi transformada na forma de homem, ou que enganou os olhos dos espectadores com o surgimento de alguma coisa criada, e se não é razoável supor que, por outro lado, que a Escritura deve falsamente inventar essas coisas, quando o Deus e Senhor que julga toda a terra e executa julgamento é visto sob a forma de homem, que mais pode ser chamado, se não ser lícito chamá-lo de a causa primeira de todas as coisas, de sua única Palavra pré-existente? Acerca do qual se diz em Salmos: “Enviou a sua Palavra e os sarou, e os livrou da sua destruição.”
9. Moisés anuncia mais claramente o segundo Senhor depois do Pai, quando ele diz: “O Senhor fez chover sobre Sodoma e Gomorra enxofre e fogo do Senhor.” [Gênesis 19:24] A divina Escritura também o chama de Deus, quando ele apareceu novamente a Jacó na forma de homem, e disse a Jacó: “Seu nome não será mais Jacó, mas Israel será o teu nome, porque lutou com Deus.” [Gênesis 32:28] Por isso também chamou Jacó o nome daquele lugar “Visão de Deus”, dizendo: “Porque eu tenho visto Deus face a face, e a minha vida foi preservada.” [Gênesis 32:30]
10. Nem é admissível supor que as teofanias registradas foram aparições de anjos subordinados e ministros de Deus, pois sempre que qualquer um destes apareceu aos homens, a Bíblia não esconde o fato, mas chama-os pelo nome e não Deus, nem Senhor, mas anjos, como é fácil de provar por inúmeros testemunhos.
11. Josué, também, o sucessor de Moisés, o chama, como líder dos anjos celestiais e arcanjos e dos poderes supramundanos e, como tenente do Pai, confiou com o segundo posto de soberania e domínio sobre tudo, “capitão do exército do Senhor”, embora ele não o visse senão novamente na forma e aparência de um homem. Pois está escrito:
12. “E sucedeu que, estando Josué em Jericó, olhou e viu um homem em pé diante dele com uma espada desembainhada na mão, e Josué foi até ele e disse: Você está conosco ou com os nossos adversários? E ele disse: não, mas venho agora como chefe do exército do Senhor. Então Josué se prostrou com o rosto em terra e disse-lhe: Senhor, o que ordena a teu servo? E o capitão do Senhor disse a Josué: descalça as sandálias de teus pés, porque o lugar em que estás é santo”.
13. Percebe-se também a partir das mesmas palavras que este não era outro senão aquele que falava com Moisés porque a Escritura usa as mesmas palavras com referência a ele: “Quando o Senhor viu que ele se aproximava para ver, o Senhor chamou-o do meio da sarça e disse: Moisés, Moisés. E ele disse: O que é? E ele disse: Não te chegues para cá, tire as sandálias de teus pés, porque o lugar em que estás é terra santa e disse-lhe: Eu sou o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó”.
14. E que há certa substância que viveu e subsistia antes do mundo, e que servia ao Pai e Deus do universo para a formação de todas as coisas criadas, e que é chamado a Palavra de Deus e sabedoria, podemos citar outras provas, além das já citadas, a partir da boca da Sabedoria revela sobre si mesma, que revela mais claramente através de Salomão os seguintes mistérios: “Eu, a Sabedoria, falei com prudência e conhecimento, e invocaram o entendimento através de mim reis e reinado, e os príncipes ordenam justiça. Através de mim os grandes são ampliados, e através de mim soberanos governam a terra.”
15. Ao que acrescenta: “O Senhor me criou, no início de seus caminhos, para as suas obras, antes do mundo, ele me estabeleceu, no início, antes de fazer a terra, antes de fazer as profundezas, antes de firmar os montes, antes de todas as colinas ele me gerou. Quando ele preparava os céus, eu estava presente com ele, e quando ele estabeleceu as fontes da região debaixo do céu eu estava com ele, dispondo eu era o único em quem tinha prazer; diariamente me alegrei diante dele em todos os momentos em que ele se alegrava por ter completado o mundo.”
16. Que a Palavra divina, portanto, pré existia e apareceu para alguns, se não a todos, foi assim brevemente mostrado por nós.
17. Mas por que o Evangelho não foi pregado em tempos antigos a todos os homens e todas as nações, como é agora, irá aparecer a partir das seguintes considerações. A vida dos antigos, não era de natureza tal que lhes permita receber o ensinamento todo sábio e todo virtuoso de Cristo.
18. Para imediatamente no início, depois de sua vida original da bem-aventurança, o primeiro homem desprezado o mandamento de Deus, e caiu neste estado mortal e perecível, e trocou seu antigo luxo divinamente inspirada por esta terra carregada de maldição. Seus descendentes preencheram a nossa terra, mostraram-se muito pior, com a exceção de um, aqui e ali, e entrou em certo modo brutal e insuportável de vida.
19. Eles não pensaram em cidades, estados, nem nas artes, nem nas ciências. Eles eram ignorantes até mesmo do nome de leis e da justiça, da virtude e da filosofia. Como nômades, eles passaram suas vidas em desertos, como animais selvagens e ferozes, destruindo, por um excesso de maldade voluntária, a razão natural do homem, e as sementes do pensamento e da cultura implantada na alma humana. Deram-se totalmente sobre todos os tipos de palavrões, a seduzir um ao outro, a matar um ao outro, a comer carne humana, atrevendo-se a empreender a guerra com os deuses e empreender aquelas batalhas dos gigantes celebradas por todos; agora planejando fortificar a terra contra o céu, e na loucura de orgulho desgovernada para preparar um ataque contra o próprio Deus de todos.
20. Por conta dessas maldades realizadas pelos homens, o Deus que tudo vê enviou-lhes inundações e incêndios, como em cima de uma floresta selvagem espalhada por toda a terra. Ele os oprimiu com fomes contínuas e pragas, com as guerras, e com raios do céu, como se estivesse a tratar alguma doença terrível e obstinada das almas com punições mais severas.
21. Então, quando o excesso de maldade havia dominado quase toda a terra, como numa profunda embriaguez obscurecem em trevas as mentes dos homens, a sabedoria primogênita e a primeira criação de Deus, o próprio Verbo preexistente, induzido por seu amor superior para o homem, apareceu aos seus servos em forma de anjos e novamente para um e outro daqueles antigos que desfrutavam do favor de Deus, em sua própria pessoa, como o poder salvador de Deus; e não de outra forma, no entanto, do que na forma de homem, uma vez que foi impossível aparecer em qualquer outra forma.
22. E, por ele, as sementes de piedade foram semeadas entre os homens, e toda uma nação de descendente de hebreus dedicaram-se persistentemente à adoração a Deus que fora transmitida a eles por meio do profeta Moisés, como a multidões ainda corrompidas pelas suas práticas antigas, por meio de imagens e símbolos de um determinado sábado místico e da circuncisão, e elementos de outros princípios espirituais, mas ele não lhes concedeu um conhecimento completo dos próprios mistérios.
23. Mas quando a sua lei tornou-se célebre, e, como um odor doce, foi difundida entre todos os homens, como resultado de sua influência as disposições da maioria dos pagãos foram amaciados pelos legisladores e filósofos que surgiram de todos os lados, e a sua natureza e brutalidade selvagem transformou-se em suavidade, para que eles desfrutassem de profunda paz, amizade e convívio social. Então, finalmente, no momento da origem do Império Romano, apareceu novamente a todos os homens e as nações de todo o mundo, que foram, por assim dizer, assistidos anteriormente, e antão eles estavam equipados para receber o conhecimento do Pai, esse mesmo professor de virtude, o ministro do Pai em todas as coisas boas, o Verbo divino e celestial de Deus em um corpo humano não diferente do nosso. Ele fez e sofreu as coisas que haviam sido profetizadas. Para ele tinha sido predito que aquele que era ao mesmo tempo, homem e Deus, deveria vir e habitar no mundo, realizar obras maravilhosas, e mostrar-se um professor para todas as nações da piedade do Pai. A maravilhosa natureza de seu nascimento, e seu novo ensinamento, e suas obras maravilhosas também tinha sido predito, assim também a maneira de sua morte, sua ressurreição dentre os mortos, e, finalmente, sua ascensão divina no céu.
24. Por exemplo, o profeta Daniel, sob influência do Espírito divino, vendo o seu reino no final dos tempos, foi inspirado, assim, para descrever a visão divina em linguagem de compreensão humana: “Pois eu vi”, diz ele, “até tronos foram colocados, e um ancião de dias se assentou, seu vestido era branco como a neve e o cabelo da sua cabeça como a pura lã; seu trono era de chamas de fogo, suas rodas eram fogo ardente e um rio de fogo fluiu diante dele. Milhares de milhares o serviam, e dez mil vezes dez mil estavam diante dele. Ele nomeou juízo, e os livros foram abertos.” [Daniel 7:9-10]
25. E, novamente, “eu vi”, diz ele, “e eis que um como o Filho do Homem veio com as nuvens do céu, e ele apressou-se até o Ancião de Dias e foi trazido à sua presença, e foi-lhe dado o domínio e a glória, e o reino, para que todos os povos, tribos, línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino não será destruído.” [Daniel 7:13-14]
26. É claro que essas palavras podem se referir a ninguém mais do que o nosso Salvador, o Deus Verbo que estava no princípio com Deus, e que foi chamado o Filho do homem por causa de sua última aparição em carne e osso.
27. Mas desde que reunimos em livros separados as seleções dos profetas que se relacionam ao nosso Salvador Jesus Cristo e arranjaram em uma forma mais lógica aquelas coisas que se revelaram acerca dele, o que se disse será suficiente por enquanto.

Licença Creative Commons Licenciado sob Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.

Eusébio de Cesaréia

História Eclesiástica

Livro I

Capítulo 1

O Plano de Trabalho.

1. É meu propósito escrever um relato das sucessões dos santos apóstolos, bem como dos tempos que se passaram desde os dias de nosso Salvador aos nossos próprios, e relacionar os muitos eventos importantes que se diz ter ocorrido na história da Igreja, e de mencionar aqueles que têm governado e presidido a Igreja nas paróquias mais importantes, e aqueles que, em cada geração têm proclamado a palavra divina, oralmente ou por escrito.
2. É meu objetivo também, dar os nomes, os números e o tempo de todos que, pelo amor da inovação, se depararam com os maiores erros e, proclamando-se descobridores do conhecimento falsamente chamado [1ª Timóteo 6.20] são como lobos ferozes que impiedosamente devastaram o rebanho de Cristo.
3. É minha intenção, além disso, para recontar os infortúnios que imediatamente vieram sobre toda a nação judaica em consequência de suas conspirações contra o nosso Salvador, e para registrar as formas e os tempos em que a palavra divina foi atacada pelos gentios, e descrever o caráter daqueles que em vários períodos contenderam por ela com rosto de sangue e de torturas, bem como as confissões feitas em nossos próprios dias e, finalmente, o socorro gracioso e amável que nosso Salvador tem proporcionado a todos. Desde que me propus a escrever sobre todas essas coisas, decidi começar a partir com da dispensação de nosso Salvador e Senhor Jesus Cristo.
4. Mas de início devo desejar para o meu trabalho a indulgência dos sábios, pois confesso que está além do meu poder o produzir uma história perfeita e completa, e creio que eu sou o primeiro a entrar no assunto; estou tentando atravessar como se fosse um caminho solitário e inexplorado. Eu peço que Deus me guie e o poder do Senhor me auxilie, já que eu sou incapaz de encontrar até mesmo os passos descalços de quem já viajou o caminho diante de mim, exceto em breves fragmentos, nos quais alguns de uma maneira, outros de outra, nos transmitiram as contas particulares dos tempos em que viviam. De longe, eles levantam suas vozes como tochas, e eles clamam, a partir de torres elevadas e visíveis, advertindo-nos para onde caminhar e como direcionar o curso de nosso trabalho de forma constante e segura.
5. Depois de ter reunido, portanto, a partir de assuntos mencionados, aqui e ali, por eles, tudo o que considerar importante para o presente trabalho, e de ter arrancado como as flores de um prado as passagens apropriadas de escritores antigos, esforçar-me-ei para encarnar o todo em uma narrativa histórica com conteúdo para preservar a memória das sucessões dos apóstolos de nosso Salvador, se não mesmo de tudo, ainda dos mais renomados deles nessas igrejas que são as mais conhecidas, e que até o presente momento se têm em honra.
6. Este trabalho parece-me de especial importância, pois eu não conheço nenhum escritor eclesiástico que tem se dedicado a este assunto, e espero que ela vá aparecer mais útil para aqueles que gostam de pesquisa histórica.
7. Eu já dei um epítome dessas coisas nos Cânones Cronológicas que eu compus, mas, além disso, quero realizar o presente trabalho para escrever com detalhes uma conta deles como eu sou capaz.
8. Meu trabalho começa, como já disse, com a dispensação do Cristo Salvador – o que é mais sublime e maior do que a concepção humana – e com a discussão de sua divindade.
9. Para isso é necessário, na medida em que deriva até mesmo o nosso nome de Cristo, para quem se propõe a escrever a história da Igreja, a começar com a própria origem da dispensa de Cristo, uma dispensação mais divina do que muitos pensam. 

Licença Creative Commons Licenciado sob Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.

Nunc Dimittis, o cântico de Simeão

Este é o quinto dos cinco cânticos registrados em Lucas (2.29-32) relacionados com o nascimento de Jesus Cristo, eles são chamados de Cânticos do Advento. Em Nunc Dimittis (Agora Despedes), Simeão, homem justo e piedoso de Jerusalém, louva a Deus por ter visto o Cristo, como o Espírito Santo lhe havia revelado.

Agora tu, Senhor, despedes em paz o teu servo 
Segundo a tua palavra;
Porque os meus olhos já viram a tua salvação,
A qual preparaste ante a face de todos os povos:
Luz para revelação aos gentios, 
E glória do teu povo de Israel.

Glória in excelsis – cântico angelical

Este é o quarto e menor dos cinco cânticos registrados em Lucas (2.14) relacionados com o nascimento de Jesus Cristo, eles são chamados de Cânticos do Advento. Em Glória nas Alturas (Gloria in excelsis), uma multidão da milícia celestial louvava a Deus, após um anjo enviado por Deus anunciar aos pastores camponeses a boa-nova, o nascimento de Jesus.

Glória a Deus nas maiores alturas, E paz na terra entre os homens a quem ele quer bem.

Benedictus, o cântico de Zacarias

Este é o terceiro dos cinco cânticos registrados em Lucas (1.68-79) relacionados com o nascimento de Jesus Cristo, eles são chamados de Cânticos do Advento. Neste cântico, Zacarias fala sobre Jesus como o libertador prometido, e também, sobre a missão de João Batista, seu filho.

Bendito o Senhor Deus de Israel, Porque visitou e remiu o seu povo,
E nos levantou uma salvação poderosa Na casa de Davi seu servo.
Como falou pela boca dos seus santos profetas, desde o princípio do mundo;
Para nos livrar dos nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam;
Para manifestar misericórdia a nossos pais, E lembrar-se da sua santa aliança,
E do juramento que jurou a Abraão nosso pai,
De conceder-nos que, Libertados da mão de nossos inimigos, o serviríamos sem temor,
Em santidade e justiça perante ele, todos os dias da nossa vida.
E tu, ó menino, serás chamado profeta do Altíssimo, 
Porque hás de ir ante a face do Senhor, a preparar os seus caminhos;
Para dar ao seu povo conhecimento da salvação, Na remissão dos seus pecados;
Pelas entranhas da misericórdia do nosso Deus, Com que o oriente do alto nos visitou;
Para iluminar aos que estão assentados em trevas e na sombra da morte; 
A fim de dirigir os nossos pés pelo caminho da paz.

Magnificat, o cântico de Maria

Este é o segundo dos cinco cânticos registrados em Lucas (1.46-55) relacionados com o nascimento de Jesus Cristo, eles são chamados de Cânticos do Advento. Neste, Maria em visita à Isabel, sua prima, mãe de João Batista, engrandece ao Senhor.

A minha alma engrandece ao Senhor,
E o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador;
Porque atentou na humildade de sua serva; 
Pois eis que desde agora todas as gerações me chamarão bem-aventurada,
Porque me fez grandes coisas o Poderoso; 
E santo é seu nome.
E a sua misericórdia é de geração em geração sobre os que o temem.
Com o seu braço agiu valorosamente; 
Dissipou os soberbos no pensamento de seus corações.
Depôs dos tronos os poderosos, 
E elevou os humildes.
Encheu de bens os famintos, 
E despediu vazios os ricos.
Auxiliou a Israel seu servo, 
Recordando-se da sua misericórdia;
Como falou a nossos pais, 
Para com Abraão e a sua posteridade, para sempre.

Ave Maria, ou Saudações Maria

Este é o primeiro dos cinco cânticos registrados em Lucas (1.28-33) relacionados com o nascimento de Jesus Cristo, eles são chamados de Cânticos do Advento. Em Saudações Maria, o anjo Gabriel foi a Nazaré, cidade da Galiléia, enviado por Deus para anunciar à Maria que ela seria a Mãe de Jesus Cristo, ainda virgem.  

Aproximando-se dela, disse: 
Salve! altamente favorecida, o Senhor é contigo.
Ela, porém, ao ouvir estas palavras, perturbou-se muito e pôs-se a pensar que saudação seria esta. Disse-lhe o anjo: 
Não temas, Maria; pois achaste graça diante de Deus.
Conceberás no teu ventre, e darás à luz um filho, 
A quem chamarás Jesus.
Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; 
O Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi,
E ele reinará eternamente sobre a casa de Jacó, 
E o seu reino não terá fim.

Cânticos do Advento

Estão registrados em O Evangelho Segundo Lucas, cinco cânticos relacionados com o nascimento de Jesus, chamados de Cânticos do Advento. Eles são conhecidos pelos seus nomes em latim: Ave Maria, Magnificat, Benedictus, Gloria in Excelsis e Nunc Dimittis.
1. Ave Maria (Saudações, Maria) – o anjo Gabriel prediz o nascimento de Jesus / 1.28-33

Este é o primeiro dos cinco cânticos registrados em Lucas (1.28-33) relacionados com o nascimento de Jesus Cristo. Em Saudações Maria, o anjo Gabriel foi a Nazaré, cidade da Galiléia, enviado por Deus para anunciar à Maria que ela seria, ainda virgem, a mãe de Jesus Cristo.

Aproximando-se dela, disse: 
Salve! altamente favorecida, o Senhor é contigo.
Ela, porém, ao ouvir estas palavras, perturbou-se muito e pôs-se a pensar que saudação seria esta. Disse-lhe o anjo: 
Não temas, Maria; pois achaste graça diante de Deus.
Conceberás no teu ventre, e darás à luz um filho, 
A quem chamarás Jesus.
Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; 
O Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi,
E ele reinará eternamente sobre a casa de Jacó, 
E o seu reino não terá fim.
2. Magnificat (Engrandece) – Maria em visita a Isabel, sua prima, mãe de João Batista / 1.46-55

Este é o segundo dos cinco cânticos registrados em Lucas (1.46-55). Neste, Maria em visita à Isabel, sua prima, mãe de João Batista, engrandece ao Senhor.

A minha alma engrandece ao Senhor,
E o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador;
Porque atentou na humildade de sua serva; 
Pois eis que desde agora todas as gerações me chamarão bem-aventurada,
Porque me fez grandes coisas o Poderoso; 
E santo é seu nome.
E a sua misericórdia é de geração em geração sobre os que o temem.
Com o seu braço agiu valorosamente; 
Dissipou os soberbos no pensamento de seus corações.
Depôs dos tronos os poderosos, 
E elevou os humildes.
Encheu de bens os famintos, 
E despediu vazios os ricos.
Auxiliou a Israel seu servo, 
Recordando-se da sua misericórdia;
Como falou a nossos pais, 
Para com Abraão e a sua posteridade, para sempre.
3. Benedictus (Bendito) – Cântico de Zacarias / 1.68-79

Este é o terceiro dos cinco cânticos registrados em Lucas (1.68-79). Neste cântico, Zacarias fala sobre Jesus como o libertador prometido, e também, sobre a missão de João Batista, seu filho.

Bendito o Senhor Deus de Israel, Porque visitou e remiu o seu povo,
E nos levantou uma salvação poderosa Na casa de Davi seu servo.
Como falou pela boca dos seus santos profetas, desde o princípio do mundo;
Para nos livrar dos nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam;
Para manifestar misericórdia a nossos pais, E lembrar-se da sua santa aliança,
E do juramento que jurou a Abraão nosso pai,
De conceder-nos que, Libertados da mão de nossos inimigos, o serviríamos sem temor,
Em santidade e justiça perante ele, todos os dias da nossa vida.
E tu, ó menino, serás chamado profeta do Altíssimo, 
Porque hás de ir ante a face do Senhor, a preparar os seus caminhos;
Para dar ao seu povo conhecimento da salvação, Na remissão dos seus pecados;
Pelas entranhas da misericórdia do nosso Deus, Com que o oriente do alto nos visitou;
Para iluminar aos que estão assentados em trevas e na sombra da morte; 
A fim de dirigir os nossos pés pelo caminho da paz.
4. Gloria in Excelsis (Glória nas alturas) – multidão de anjos no nascimento de Jesus, falando a pastores camponeses / 2.14

Este é o quarto e menor dos cinco cânticos registrados em Lucas (2.14) relacionados com o nascimento de Jesus Cristo. Em Glória nas Alturas (Gloria in excelsis), uma multidão da milícia celestial louvava a Deus, após um anjo enviado por Deus anunciar aos pastores camponeses a boa-nova, o nascimento de Jesus.

Glória a Deus nas maiores alturas, E paz na terra entre os homens a quem ele quer bem.
5. Nunc Dimittis (Agora despedes) – Cântico de Simeão, a quem Deus prometera que veria o Cristo / 2.29-32

Este é o quinto dos cinco cânticos registrados em Lucas (2.29-32) relacionados com o nascimento de Jesus Cristo. Em Nunc Dimittis (Agora Despedes), Simeão, homem justo e piedoso de Jerusalém, louva a Deus por ter visto o Cristo, como o Espírito Santo lhe havia revelado.

Agora tu, Senhor, despedes em paz o teu servo 
Segundo a tua palavra;
Porque os meus olhos já viram a tua salvação,
A qual preparaste ante a face de todos os povos:
Luz para revelação aos gentios, 
E glória do teu povo de Israel.

O diabo era músico?

O versículo chave do tema está em Ezequiel 28:13

Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa era a tua cobertura: sardônica, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados.
Ezequiel 28:13. (Versão: Almeida Corrigida e Revisada Fiel)

A missão do profeta Ezequiel

E disse-me: Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo. Então entrou em mim o Espírito, quando ele falava comigo, e me pôs em pé, e ouvi o que me falava. E disse-me: Filho do homem, eu te envio aos filhos de Israel, às nações rebeldes que se rebelaram contra mim; eles e seus pais transgrediram contra mim até este mesmo dia. E os filhos são de semblante duro, e obstinados de coração; eu te envio a eles, e lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus. E eles, quer ouçam quer deixem de ouvir (porque eles são casa rebelde), hão de saber, contudo, que esteve no meio deles um profeta. E tu, ó filho do homem, não os temas, nem temas as suas palavras; ainda que estejam contigo sarças e espinhos, e tu habites entre escorpiões, não temas as suas palavras, nem te assustes com os seus semblantes, porque são casa rebelde. Mas tu lhes dirás as minhas palavras, quer ouçam quer deixem de ouvir, pois são rebeldes. Ezequiel 2:1-7 (Versão: Almeida Corrigida e Revisada Fiel)

O parágrafo completo envolve nove versículos – Ezequiel 28:11-19

Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor DEUS: Tu eras o selo da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa era a tua cobertura: sardônica, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados. Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti. Na multiplicação do teu comércio encheram o teu interior de violência, e pecaste; por isso te lancei, profanado, do monte de Deus, e te fiz perecer, ó querubim cobridor, do meio das pedras afogueadas. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti. Pela multidão das tuas iniquidades, pela injustiça do teu comércio profanaste os teus santuários; eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu e te tornei em cinza sobre a terra, aos olhos de todos os que te veem. Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados de ti; em grande espanto te tornaste, e nunca mais subsistirá. Ezequiel 28:11-19 (Versão: Almeida Corrigida e Revisada Fiel)

O texto completo sobre Tiro (cidade fenícia – Líbano) envolve os capítulos 26,27 e 28:1-19 de Ezequiel.

Aos discípulos

A Simão após ensinar à multidão usando seu barco e quando temeu por ser pecador

Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar. Lc 5.4  Não temas; doravante serás pescador de homens. Lc 5.10

A Levi, o coletor de impostos (publicano)

Segue-me! Lc 5.27

O grande sermão (Lc 6.12-49)

As bem-aventuranças 

Então, olhando ele para seus discípulos, disse-lhes Lc 6.20:
Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus. Lc 6.20 
Bem-aventurados vós, os que agora tendes fome, porque sereis fartos. 
Bem-aventurados vós, os que agora chorais, porque haveis de rir. Lc 6.21 
Bem-aventurados sois quando os homens vos odiarem e quando vos expulsarem da sua companhia, vos injuriarem e rejeitarem o vosso nome como in-digno, por causa do Filho do homem. Lc 6.22 Regozijai-vos naquele dia e exultai, porque grande é o vosso galardão no céu; pois dessa forma procederam seus pais com os profetas. Lc 6.23

Os ais

Mas ai de vós, os ricos! Porque tendes a vossa consolação. Lc 6.24 
Ai de vós, os que estais agora fartos!  Porque vireis a ter fome. Lc 6.25 
Ai de vós, os que agora rides! Porque haveis de lamentar e chorar. 
Ai de vós, quando todos vos louvarem! Porque assim procederam seus pais com os falsos profetas. Lc 6.26

Da vingança

Digo-vos, porém, a vós outros que me ouvis:

Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam; Lc 6.27 bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que vos caluniam. Lc 6.28 Ao que te bate numa face, oferece-lhe também a outra; e, ao que tirar a tua capa, deixa-o levar também a túnica; Lc 6.29  dá a todo o que te pede; e se alguém levar o que é teu, não entres em demanda. Lc 6.30 Como quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles. Lc 6.31

Do amor ao próximo

Se amais os que vos amam, qual é a vossa recompensa? Porque até os pecadores amam aos que os amam. Lc 6.32 Se fizerdes o bem aos que vos fazem o bem, qual é a vossa recompensa? Até os pecadores fazem isso. Lc 6.33 E, se emprestais àqueles de quem esperais receber, qual é a vossa recompensa? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto. Lc 6.34 Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai sem esperar nenhuma paga; será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo. Pois ele é benigno até para com os ingratos e maus. Lc 6.35 Sede misericordiosos, como também é misericordioso o vosso Pai. Lc 6.36

O juízo temerário é proibido

Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoais e sereis perdoados; Lc 6.37 dai, e dar-se-vos-á: boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também. Lc 6.38

A parábola do cego que guia outro cego

Pode, porventura, um cego guiar a outro cego? Não cairão ambos no barranco? Lc 6.39 . O discípulo não está acima do seu mestre; todo aquele, porém, que for bem instruído será como o seu mestre. Lc 6.40 Por que vês tu o argueiro no olho do teu irmão, porém não repara na trave que está no teu próprio? Lc 6.41 Como poderás dizer a teu irmão: Deixa, irmão, que eu tire o argueiro do teu olho, não vendo tu mesmo a trave que está no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão. Lc 6.42   

Árvores e seus frutos

Não há árvore boa que dê mau fruto; nem tampouco árvore má que dê bom fruto. Lc 6.43 Porquanto cada árvore é conhecida pelo seu próprio fruto. Porque não se colhem figos de espinheiros, nem dos abrolhos se vindimam uvas. Lc 6.44 O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mau; porque a boca fala do que está cheio o coração. Lc 6.45

Os dois fundamentos

Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazei o que vos mando? Lc 6.46 Todo aquele que vem a mim e ouve as minhas palavras e as pratica, eu vos mostrarei a quem é semelhante. Lc 6.47 É semelhante a um homem que, edificando uma casa, cavou, abriu profunda cova e lançou o alicerce sobre a rocha; e, vindo a enchente, arrojou-se o rio contra aquela casa e não a pôde abalar, por ter sido bem construída. Lc 6.48 Mas o que ouve e não pratica é semelhante a um homem que edificou uma casa sem alicerces, e, arrojando-se o rio contra ela, logo desabou; e aconteceu que foi grande a ruína daquela casa. Lc 6.49

A explicação da parábola do semeador aos discípulos

A vós outros é dado conhecer os mistérios do reino de Deus; aos demais, fala-se por parábolas, para que, vendo, não vejam; e, ouvindo, não entendam. Lc 8.10  Este é o sentido da parábola: a semente é apalavra de Deus. Lc 811 A que caiu à beira do caminho são os que ouviram; vem, a seguir, o diabo e arrebata-lhes do coração a palavra, para não suceder que, crendo, sejam salvos. Lc 8.12 A que caiu sobre a pedra são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria; estes não têm raiz, creem por apenas algum tempo e, na hora da provação, se desviam. Lc 8.13 A que caiu entre espinhos são os que ouviram e, no decorrer dos dias, foram sufocados com os cuidados e riquezas e deleites da vida; os seus frutos não chegam a amadurecer. Lc 8.14 A que caiu na boa terra são os que, tendo ouvido de bom e reto coração, retêm a palavra; estes frutificam com perseverança. Lc 8.15 

 Quando acalmou a tempestade

Passemos para a outra margem do lago. Lc 8.22 Onde está a vossa fé? Lc 8.22 Sobre a tempestade.

Quando instruiu os doze apóstolos

Nada leveis para o caminho: nem bordão, nem alforje, nem pão, nem dinheiro; nem deveis ter duas túnicas. Lc 9.3  Na casa em que entrardes, ali permanecei e dali saireis. Lc 9.4   E onde quer que não vos receberem, ao saírdes daquela cidade, sacudi o pó dos vossos pés em testemunho contra eles. Lc 9.5  

Quando multiplicou pães e peixes

Dai-lhes vós mesmos de comer. Lc 9.13  Fazei-os sentar-se em grupos de cinquênta. Lc 9.14

Quando Pedro confessou: És o Cristo de Deus; e quando predisse a sua morte

Quem dizem as multidões que sou eu? Lc 9.18  Mas vós, quem dizeis que sou eu? Lc 9.20 É necessário que o Filho do homem sofra muitas coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas; seja moto e, no terceiro dia, ressuscite. Lc 9.22

O discípulo devem levar a sua cruz

Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me. Lc 9.23 Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará. Lc 9.24   Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se ou causar dano a si mesmo? Lc 9.25 Porque qualquer que de mim e das minhas palavras se envergonhar, dele se envergonhará o Filho do homem, quando vier na sua glória e na do Pai e do santos anjos. Lc 9.26 Verdadeiramente, vos digo: alguns há dos que aqui se encontram que, de maneira  nenhuma, passarão pela morte até que vejam o reino de Deus. Lc 9.27

Jesus prediz sua morte novamente

Fixai nos vossos ouvidos as seguintes palavras: o Filho do homem está para ser entregue nas mãos dos homens. Lc 9.44

O maior no reino dos céus

Quem receber esta criança em meu nome a mim me recebe; e quem receber a mim recebe aquele que me enviou; porque aquele que dentre vós for o menor de todos, esse é que é o grande. Lc 9.48

A João, porque proibiu um homem que expelia demônios

Não proibais; pois quem não é contra vós outros é por vós. Lc 9.50

A João e Tiago / porque queriam pedir fogo para destruir samaritanos que não os receberam

Vós não sabeis de que espírito sois. Lc 9.55  Pois o Filho do homem não veio para destruir as almas, mas para salvá-las. Lc 9.56

A missão dos setenta

A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara. Lc 10.2  Veja o texto completo!

Aos discípulos em meio à multidão – O fermento dos fariseus

Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. 12.1 Nada há encoberto que não venha a ser revelado; e oculto que não venha a ser conhecido. 12.2 Porque tudo o que dissestes às escuras será ouvido em plena luz; e o que dissestes aos ouvidos no interior da casa será proclamado dos eirados. 12.3 Digo-vos, pois, amigos meus: não temais os que matam o corpo e depois disso, nada mais podeis fazer. 12.4 Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: temei àquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis temer. 12.5 Não se vendem cinco pardais por dois esses? Entretanto nenhum deles está em esquecimento diante de Deus. 12.6 Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais! Bem mais valeis do que muitos pardais. 12.7 Digo-vos ainda: todo aquele que me confessar diante dos homens, também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus; 12.8 mas o que me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus. 12.9 Todo aquele que proferir uma palavra contra o Filho do homem, isso lhe será perdoado; mas, para o que blasfemar contra o Espírito Santo, não haverá perdão. 12.10 Quando vos levarem às sinagogas e perante os governadores e as autoridades, não vos preocupeis quanto ao modo por que respondereis, nem quanto às cousas que tiverdes de falar. 12.11 Porque o Espírito Santo vos ensinará, naquela mesma hora, as cousas que deveis dizer. 12.12

Jesus reprova a avareza

Palavras de Jesus Cristo ditas à multidão

Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância de bens que ele possui. Lc 12.15 O campo de um homem rico produziu com abundância. Lc 12.16 E arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei, pois não tenho onde recolher os meus frutos? Lc 12.17 E disse: Farei isto: destruirei os meus celeiros, reconstruí-los-ei maiores e aí recolherei todo o meu produto e todos os meus bens. Lc 12.18 Então, direi à minha alma: tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te. Lc 12.19 Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Lc 12.20 Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus. Lc 12.21

A parábola da candeia, a luz que há em ti

Palavras ditas por Jesus às multidões – A parábola da candeia

Ninguém, depois de acender uma candeia, a põe em lugar escondido, nem debaixo do alqueire, mas no velador, a fim de que os que entram vejam a luz. 11.33 São os teus olhos a lâmpada do teu corpo; se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; mas, se forem maus, o teu corpo ficará em trevas. 11.34 Repara, pois, que a luz que há em ti não sejam trevas. 11.35 Se, portanto, todo o teu corpo for luminoso, sem ter qualquer parte em trevas, será todo resplandecente como a candeia quando te ilumina em plena luz. 11.36

O sinal de Jonas a uma geração perversa

Como afluíssem as multidões, passou Jesus a dizer

Esta é geração perversa! Pede sinal; mas nenhum sinal lhe será dado, senão o de Jonas. 11.29 Porque assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, o Filho do homem o será para esta geração. 11.30 A rainha do sul se levantará, no juízo, com os homens desta geração e os condenará; porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. E eis aqui está quem é maior que Salomão. 11.31 Ninivitas se levantarão, no juízo, com esta geração e a condenarão; porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis aqui está quem é maior do que Jonas. 11.32

Palavras de Jesus sobre João Batista

 Palavras de Jesus aos discípulos de João Batista

Ide e anunciai a João o que vistes e ouvistes: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres, anuncia-se-lhes o evangelho. Lc7.22 E bem-aventurado é aquele que não achar em mim motivo de tropeço Lc7.23

Palavras de Jesus ao povo, sobre João Batista

Que saístes a ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? Lc7.24 Que saístes a ver? Um homem vestido de roupas finas? Os que se vestem bem e vivem no luxo assistem nos palácios dos reis. Lc7.25 Sim, que saístes a ver? Um profeta? Sim, eu vos digo, e muito mais que  profeta. Lc7.26 Este é aquele de quem está escrito: Eis aí envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho diante de ti. Lc7.27 E eu vos digo: entre os nascidos de mulher, ninguém é maior do que João; mas o menor no reino de Deus é maior do que ele. Lc7.28 Todo o povo que o ouviu e até os publicanos reconheceram a justiça de Deus, tendo sido batizados com o batismo de João; Lc7.29 mas os fariseus e os intérpretes da lei rejeitaram, quanto a si mesmos, o desígnio de Deus, não tendo sido batizados por ele. Lc7.30 A que, pois, compararei os homens da presente geração, e a que são eles semelhantes? Lc7.31 São semelhantes a meninos que, sentados na praça, gritam uns para os outros: Nós vos tocamos flautas, e não dançastes; entoamos lamentações, e não chorastes. Lc7.32

Pois veio João Batista, não comendo pão, nem bebendo vinho, e dizeis: Tem demônio! Lc7.33 Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizeis: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores! Lc7.34  Mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos. Lc7.35

O Espírito do Senhor está sobre mim, hoje se cumpriu!

Leitura do livro do profeta Isaías, na sinagoga

O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor. 4.18

Ainda na sinagoga

Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir. 4.21 Sem dúvida, citar-me-eis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo; tudo o que ouvimos ter-se dado em Cafarnaum, faze-o também aqui na tua terra.  4.23 De fato, vos afirmo que nenhum profeta é bem recebido na sua própria terra. 4.24 Na verdade, vos digo que muitas viúvas havia em Israel no tempo de Elias, quando o céu se fechou por três anos e seis meses, reinando grande fome em toda a terra; 4.25 e a nenhuma delas foi Elias enviado, senão a uma viúva de Serepta de Sidom. 4.26 Havia também muitos leprosos em Israel nos dias do profeta Eliseu, e nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o Siro. 4.27

Quem é o meu próximo?

Palavras de Jesus a um escriba que quis prová-lo com uma pergunta e se justificar com outra

(1ª pergunta: Que farei para herdar a vida eterna?) Que está escrito na lei? Como interpretas? Lc 10.26  Respondeste corretamente; faze isto e viverás. Lc 10.28 (2ª pergunta: Quem é o meu próximo? Porque em sua resposta continha “amarás o teu próximo como a ti mesmo”).  

O bom samaritano (respondendo ao escriba)

Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e veio a cair em mãos de salteadores, os quais, depois de tudo lhe roubarem e lhe causarem muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o semimorto. Lc 10.30 Casualmente, descia um sacerdote por aquele mesmo caminho e, vendo-o, passou de largo. Lc 10.31 Semelhantemente, um levita descia por aquele lugar e, vendo-o, também passou de largo. Lc 10.32 Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o, compadeceu-se dele. Lc 10.33 E, chegando-se, pensou-lhe os ferimentos, aplicando-lhes óleo e vinho; e, colocando-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele. Lc 10.34 No dia seguinte, tirou dois denários e os entregou ao hospedeiro, dizendo: Cuida deste homem, e, se alguma coisa gastar a mais, eu to indenizarei quando voltar. Lc 10.35 Qual destes três te parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mão dos salteadores? Lc 10.36 Vai e procede tu de igual modo. Lc 10.37

O bom samaritano! Quem é o meu próximo?

Palavras de Jesus a um escriba que quis prová-lo com uma pergunta e se justificar com outra

1ª pergunta (prova): Que farei para herdar a vida eterna?

Jesus perguntou a ele: Que está escrito na lei? Como interpretas? Lc 10.26  Respondeste corretamente; faze isto e viverás. Lc 10.28 

2ª pergunta (justificativa): Quem é o meu próximo? (Porque respondendo a Jesus havia dito: “amarás o teu próximo como a ti mesmo” Lc 10.27).  

O bom samaritano (respondendo ao escriba)

Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e veio a cair em mãos de salteadores, os quais, depois de tudo lhe roubarem e lhe causarem muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o semimorto. Lc 10.30 Casualmente, descia um sacerdote por aquele mesmo caminho e, vendo-o, passou de largo. Lc 10.31 Semelhantemente, um levita descia por aquele lugar e, vendo-o, também passou de largo. Lc 10.32 Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o, compadeceu-se dele. Lc 10.33 E, chegando-se, pensou-lhe os ferimentos, aplicando-lhes óleo e vinho; e, colocando-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele. Lc 10.34 No dia seguinte, tirou dois denários e os entregou ao hospedeiro, dizendo: Cuida deste homem, e, se alguma coisa gastar a mais, eu to indenizarei quando voltar. Lc 10.35 Qual destes três te parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mão dos salteadores? Lc 10.36 Vai e procede tu de igual modo. Lc 10.37

É ou não é lícito curar no sábado? Perguntou Jesus

A fariseus e escribas na casa de um dos principais fariseus

É ou não é lícito curar no sábado? Lc 14.3 Qual de vós, se o filho ou o boi cair num poço, não o tirará logo, mesmo em dia de sábado? Lc 14.5

Quando por alguém fores convidados para um casamento, não procures o primeiro lugar; para não suceder que, havendo um convidado mais digno do que tu, (Lc 14.8) vindo aquele que te convidou e também a ele, te diga: Dá o lugar a este. Então, irás, envergonhado, ocupar o último lugar. Lc 14.9 Pelo contrário, quando fores convidado, vai tomar o último lugar; para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, senta-te mais para cima. Ser-te-ás isto uma honra diante de todos os mais convivas. Lc 14.10 Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado. Lc 14.11 Quando deres um jantar ou uma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem vizinhos ricos; para não suceder que eles, por sua vez, te os e convidem e sejas recompensados. Lc 14.12 Antes, ao dares um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos; Lc 14.13 e serás bem-aventurado, pelo fato de não terem eles com que recompensar-te; a tua recompensa, porém, tu a receberás na ressurreição dos justos. Lc 14.14

Certo homem deu uma grande ceia e convidou muitos. Lc 14.16 À hora da ceia, enviou seu servo para avisar aos convidados: Vinde, porque tudo já está preparado. Lc 14.17 Não obstante, todos, à uma, começaram a escusar-se. Disse o primeiro: Comprei um campo e preciso ir vê-lo; rogo-te que me tenhas por escusado. Lc 14.19 E outro disse: Casei-me e, por isso, não posso ir. Lc 14.20 Voltando o servo, tudo contou a seu senhor. Então, irado, o dono da casa disse ao seu servo: Sai depressa para as ruas e becos da cidade e traze para aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos. Lc 14.21 Depois, lhe disse o servo: Senhor, feito está como mandastes, e ainda há lugar. Lc 14.22 Respondeu-lhe o senhor: Sai pelos caminhos e atalhos e obriga a todos a entrar, para que fique cheia a minha casa. Lc 14.23 Porque vos declaro que nenhum daqueles homens que foram convidados provará a minha ceia. Lc 14.24

Palavras de Jesus a fariseus e escribas, intérpretes da lei

Leitura do livro do profeta Isaías, na sinagoga

O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor. 4.18

Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir. 4.21 Sem dúvida, citar-me-eis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo; tudo o que ouvimos ter-se dado em Cafarnaum, faze-o também aqui na tua terra.  4.23 De fato, vos afirmo que nenhum profeta é bem recebido na sua própria terra. 4.24 Na verdade, vos digo que muitas viúvas havia em Israel no tempo de Elias, quando o céu se fechou por três anos e seis meses, reinando grande fome em toda a terra; 4.25 e a nenhuma delas foi Elias enviado, senão a uma viúva de Serepta de Sidom. 4.26 Havia também muitos leprosos em Israel nos dias do profeta Eliseu, e nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o Siro. 4.27

Em Cafarnaum, a um paralítico (Lc 5.20) e a escribas e fariseus (Lc 5.22-24) 

Homem, estão perdoados os teus pecados. 5.20 Que arrazoais em vosso coração? 5.22 Qual é mais fácil, dizer: Estão perdoados os teus pecados ou: Levante-te e anda? 5.23 Mas, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados – disse ao paralítico: Eu te ordeno: Levanta-te, toma o teu leito e vai para casa. 5.24

Aos fariseus e seus escribas, quanto ao fato de seus discípulos não jejuarem

Os sãos não precisam de médico, e sim o doentes. 5.31  Não vim chamar justos, e sim pecadores ao arrependimento. 5.32 Podeis fazer jejuar os convidados para o casamento, enquanto está com eles o noivo? 5.34  Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo; naqueles dias, sim, jejuarão. 5.35  Ninguém tira um pedaço de veste nova e o põe em veste velha; pois rasgará a  nova e o remendo da nova não se ajustará à velha. 5.36 E ninguém põe vinho novo em odres velhos, pois o vinho novo romperá o odres; entornar-se-á o vinho e os odres se estragarão. 5.37  Pelo contrário, vinho novo deve ser posto em odres novos [e ambos se conservam] 5.38 E ninguém tendo bebido o vinho velho, prefere o novo; porque diz: O velho é excelente. 5.39

A alguns fariseus, porque os discípulos de Jesus comiam espigas de milho num sábado

Nem ao menos tendes lido o que fez Davi, quando teve fome, ele e seus companheiros? 6.3  Como entrou na casa de Deus, tomou, e comeu os pães da proposição, e os deu aos que com ele estavam, pães que não lhes era lícito comer, mas exclusivamente aos sacerdotes? 6.4  O Filho do homem é senhor do sábado.  6.5

Aos escribas e fariseus que procuravam em que acusá-lo

Que vos parece? É lícito, no sábado, fazer o bem ou o mal? Salvar a vida ou deixa-la perecer? 6.9

Ao fariseu Simão, que duvidara de Jesus em pensamento, num jantar em sua

Simão, uma coisa tenho a dizer-te. 7.40 Certo credor tinha dois devedores: um lhe devia quinhentos denários, e outro, cinquenta. 7.41 Não tendo nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Qual deles, portanto, o amará mais? 7.42  (Simão respondeu: o primeiro) Julgaste bem. 7.43 Vê esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os meus pés; esta, porém, regou os meus pés com lágrimas e os enxugou com seus cabelos. 7.44 Não me deste ósculo; ela, entretanto, desde que entrei não cessa de me beijar os pés. 7.45 Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta, com bálsamo, ungiu os meus pés. 7.46 Por isso, te digo: perdoados lhes são os seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama. 7.47

A um escriba que provara Jesus com uma pergunta e quis se justificar com outra

(1ª pergunta: Que farei para herdar a vida eterna?) Que está escrito na lei? Como interpretas? 10.26  Respondeste corretamente; faze isto e viverás. 10.28 (2ª pergunta: Quem é o meu próximo? Porque havia respondido “amarás o teu próximo como a ti mesmo”)  

O bom samaritano (respondendo ao escriba)

Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e veio a cair em mãos de salteadores, os quais, depois de tudo lhe roubarem e lhe causarem muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o semimorto. 10.30 Casualmente, descia um sacerdote por aquele mesmo caminho e, vendo-o, passou de largo. 10.31 Semelhantemente, um levita descia por aquele lugar e, vendo-o, também passou de largo. 10.32 Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o, compadeceu-se dele. 10.33 E, chegando-se, pensou-lhe os ferimentos, aplicando-lhes óleo e vinho; e, colocando-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele. 10.34 No dia seguinte, tirou dois denários e os entregou ao hospedeiro, dizendo: Cuida deste homem, e, se alguma coisa gastar a mais, eu to indenizarei quando voltar. 10.35 Qual destes três te parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mão dos salteadores? 10.36 Vai e procede tu de igual modo. 10.37

A um escriba comendo em sua casa

Vós, fariseus, limpais o exterior do copo e do prato; mas o vosso interior está cheio de rapina e perversidade. 11.39 Insensatos! Quem fez o exterior não é o mesmo que fez o interior? 11.40 Antes, dai esmola do que tiverdes, e tudo vos será limpo. 11.41 Mas ai de vos, fariseus! Porque dais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as hortaliças e desprezais a justiça e o amor de Deus; devíeis fazer estas cousas, sem omitir aquelas. 11.42 Ai de vós, fariseus! porque gostais da primeira cadeira nas sinagogas e das saudações nas praças. 11.43 Ai de vós que sois como as sepulturas invisíveis, sobre as quais os homens passam sem saber! 11.44

Aos escribas

 Ai de vós também, intérpretes da lei! Porque sobrecarregais os homens com fardos superiores às suas forças, mas vós mesmos nem com um dedo os tocais.11.46 Ai de vós! Porque edificais os túmulos dos profetas que vossos pais assassinaram. 11.47 Assim, sois testemunhas e aprovais com cumplicidade as obras dos vossos pais; porque eles mataram os profetas, e vós lhes edificais os túmulos. 11.48 Por isso, também disse a sabedoria de Deus: Enviar-lhes-ei profetas e apóstolos, e a alguns deles matarão e a outros perseguirão, 11.49 para que desta geração se peçam contas do sangue dos profetas, derramado desde a fundação do mundo; 11.50 desde o sangue de Abel até ao de Zacarias, que foi assassinado entre o altar e a Casa de Deus. Sim, eu vos afirmo, contas serão pedidas a esta geração. 11.51 Ai de vós, intérpretes da lei! Porque tomastes a chave da ciência; contudo, vós mesmos não entrastes e impedistes os que estavam entrando. 11.52

 A alguns fariseus, referindo-se a Herodes como raposa

Ide dizer a essa raposa que, hoje e amanhã, expulso demônios e curo enfermos e, no terceiro dia terminarei. 13.32 Importa, contudo, caminhar hoje, amanhã e depois, porque não se espera que um profeta morra fora de Jerusalém. 13.33 Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir teus filhos como a galinha ajunta os do seu próprio ninho debaixo das asas, e vós não o quisestes! 13.34 Eis que a vossa casa vos ficará deserta. E em verdade vos digo que não mais me vereis até que venhais a dizer: Bendito o que vem em nome do Senhor. 13.35

 A fariseus e escribas na casa de um dos principais fariseus (curar no sábado)

É ou não é lícito curar no sábado? 14.3 Qual de vós, se o filho ou o boi cair num poço, não o tirará logo, mesmo em dia de sábado? 14.5

Quando por alguém fores convidados para um casamento, não procures o primeiro lugar; para não suceder que, havendo um convidado mais digno do que tu, (14.8) vindo aquele que te convidou e também a ele, te diga: Dá o lugar a este. Então, irás, envergonhado, ocupar o último lugar. 14.9 Pelo contrário, quando fores convidado, vai tomar o último lugar; para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, senta-te mais para cima. Ser-te-ás isto uma honra diante de todos os mais convivas. 14.10 Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado. 14.11 Quando deres um jantar ou uma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem vizinhos ricos; para não suceder que eles, por sua vez, te os e convidem e sejas recompensados. 14.12 Antes, ao dares um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos; 14.13 e serás bem-aventurado, pelo fato de não terem eles com que recompensar-te; a tua recompensa, porém, tu a receberás na ressurreição dos justos. 14.14

Certo homem deu uma grande ceia e convidou muitos. 14.16 À hora da ceia, enviou seu servo para avisar aos convidados: Vinde, porque tudo já está preparado. 14.17 Não obstante, todos, à uma, começaram a escusar-se. Disse o primeiro: Comprei um campo e preciso ir vê-lo; rogo-te que me tenhas por escusado. 14.19 E outro disse: Casei-me e, por isso, não posso ir. 14.20 Voltando o servo, tudo contou a seu senhor. Então, irado, o dono da casa disse ao seu servo: Sai depressa para as ruas e becos da cidade e traze para aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos. 14.21 Depois, lhe disse o servo: Senhor, feito está como mandastes, e ainda há lugar. 14.22 Respondeu-lhe o senhor: Sai pelos caminhos e atalhos e obriga a todos a entrar, para que fique cheia a minha casa. 14.23 Porque vos declaro que nenhum daqueles homens que foram convidados provará a minha ceia. 14.24

Palavras de Jesus a fariseus e escribas, sobre seus discípulos não jejuarem e comerem espigas de milho no sábado

Sobre seus discípulos não jejuarem

Os sãos não precisam de médico, e sim o doentes. Lc 5.31  Não vim chamar justos, e sim pecadores ao arrependimento. Lc 5.32 Podeis fazer jejuar os convidados para o casamento, enquanto está com eles o noivo? Lc 5.34  Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo; naqueles dias, sim, jejuarão. Lc 5.35  Ninguém tira um pedaço de veste nova e o põe em veste velha; pois rasgará a  nova e o remendo da nova não se ajustará à velha. Lc 5.36 E ninguém põe vinho novo em odres velhos, pois o vinho novo romperá o odres; entornar-se-á o vinho e os odres se estragarão. Lc 5.37  Pelo contrário, vinho novo deve ser posto em odres novos (e ambos se conservam) Lc 5.38 E ninguém tendo bebido o vinho velho, prefere o novo; porque diz: O velho é excelente. Lc 5.39

Sobre seus discípulos comerem espigas de milho num sábado

Nem ao menos tendes lido o que fez Davi, quando teve fome, ele e seus companheiros? Lc 6.3  Como entrou na casa de Deus, tomou, e comeu os pães da proposição, e os deu aos que com ele estavam, pães que não lhes era lícito comer, mas exclusivamente aos sacerdotes? Lc 6.4  O Filho do homem é senhor do sábado.  Lc 6.5

Resumo da questão: Que vos parece? É lícito, no sábado, fazer o bem ou o mal? Salvar a vida ou deixa-la perecer? Lc 6.9 

A missão dos setenta

A grande seara: palavras de Jesus aos setenta homens designados por ele

A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara. Lc 10.2 Ide! Eis que eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos. Lc 10.3 Não leveis bolsa, nem alforje, nem sandálias; e a ninguém saudeis pelo caminho. Lc 10.4 Ao entrardes numa casa, dizei antes de tudo: Paz seja nesta casa! Lc 10.5 Se houver ali um filho da paz, repousará sobre ele a vossa paz; se não houver, ela voltará sobre vós. Lc 10.6 Permanecei na mesma casa, comendo e bebendo do que eles tiverem; porque digno é o trabalhador do seu salário. Não andeis a mudar de casa em casa. Lc 10.7 Quando entrardes numa cidade e ali vos receberem, comei do que vos for oferecido. Lc 10.8 Curai os enfermos que nela houver e anunciai-lhes: A vós outros está próximo o reino de Deus. Lc 10.9 Quando, porém, entrardes numa cidade e não vos receberem, saí pelas ruas e clamai: Lc 10.10 Até o pó da vossa cidade, que se nos pegou aos pés, sacudimos contra vós outros. Não obstante, sabei que está próximo o reino de Deus. Lc 10.11 digo-vos que, naquele dia, haverá menos rigor para Sodoma do que para aquela cidade. Lc 10.12

Corazim, Betsaida e Cafarnaum

Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom, se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há muito que elas se teriam arrependido, assentadas em pano de saco e cinza. Lc 10.13 Contudo, no juízo, haverá menos rigor para Tiro e Sidom do que para vós outras. Lc 10.14 Tu, Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura, até ao Céu? Descerás até o inferno. Lc 10.15 Quem vos der ouvidos ouve-me a mim; e quem vos rejeitar a mim me rejeita; quem, porém, me rejeitar rejeita aquele que me enviou. Lc 10.16

Satanás caindo do céu

Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago. Lc 10.18  Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo, e nada absolutamente vos causará dano. Lc 10.19 Não obstante, alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem, e sim porque o vosso nome está arrolado nos céus. Lc 10.20

Jesus orou em seguida

Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas cousas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado. Lc 10.21

Tudo entregue a Jesus pelo Pai

Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém sabe quem é o Filho, senão o Pai; e também ninguém sabe quem é o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar. Lc 10.22

Palavras de Jesus ditas particularmente aos discípulos

Bem-aventurados os olhos que vêem as coisas que vós vedes. Pois eu vos afirmo que muitos profetas e reis  quiseram ver o que vedes e não viram; e ouvir o que ouvis e não o ouviram. Lc 10.23-24

A oração ensinada por Jesus aos discípulos

A oração ensinada por Jesus Cristo (segundo São Lucas)

Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; 11.2 o pão nosso cotidiano dá-nos de dia em dia; 11.3 perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo o que nos deve. E não nos deixes cair em tentação. 11.4

A parábola do amigo importuno (justificação da oração)

Qual dentre vós, tendo um amigo, e este for procurá-lo à meia noite e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, 11.5 pois um meu amigo, chegando de viagem, procurou-me, e eu nada tenho que lhe oferecer. 11.6 E o outro lhe responda lá de dentro, dizendo: Não me importunes; a porta já está fechada, e os meus filhos comigo também já estão deitados. Não posso levantar-me para tos da; 11.7 digo-vos que, se não se levantar para dar-lhos por ser seu amigo, todavia, o fará por causa da importunação e lhe dará tudo do que tiver necessidade. 11.8

Jesus estimula a Oração (estímulo à aração)

Por isso vos digo: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. 11.9 Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e a quem bate abrir-se-lhe-á. 11.10 Qual dentre vós é o pai que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? ou se pedir um peixe, lhe dará em lugar de peixe uma cobra? 11.11 Ou, se lhe pedir um ovo lhe dará um escorpião? 11.12 Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àquele que lho pedirem?11.13  

O grande sermão de Jesus Cristo

O  grande sermão de Jesus aos discípulos e ao povo, em “O Evangelho segundo São Lucas”

As bem-aventuranças

Então, olhando ele para seus discípulos, disse-lhes Lc 6.20:

Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus. 6.20 Bem-aventurados vós, os que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós, os que agora chorais, porque haveis de rir. 6.21 Bem-aventurados sois quando os homens vos odiarem e quando vos expulsarem da sua companhia, vos injuriarem e rejeitarem o vosso nome como indigno, por causa do Filho do homem. 6.22 Regozijai-vos naquele dia e exultai, porque grande é o vosso galardão no céu; pois dessa forma procederam seus pais com os profetas. 6.23

Os ais

Mas ai de vós, os ricos! Porque tendes a vossa consolação. 6.24 Ai de vós, os que estais agora fartos!  Porque vireis a ter fome. 6.25 Ai de vós, os que agora rides! Porque haveis de lamentar e chorar. Ai de vós, quando todos vos louvarem! Porque assim procederam seus pais com os falsos profetas. 6.26

Da vingança

Digo-vos, porém, a vós outros que me ouvis:

Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam; 6.27 bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que vos caluniam. 6.28 Ao que te bate numa face, oferece-lhe também a outra; e, ao que tirar a tua capa, deixa-o levar também a túnica; 6.29  dá a todo o que te pede; e se alguém levar o que é teu, não entres em demanda. 6.30 Como quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles. 6.31

Do amor ao próximo

Se amais os que vos amam, qual é a vossa recompensa? Porque até os pecadores amam aos que os amam. 6.32 Se fizerdes o bem aos que vos fazem o bem, qual é a vossa recompensa? Até os pecadores fazem isso. 6.33 E, se emprestais àqueles de quem esperais receber, qual é a vossa recompensa? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto. 6.34 Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai sem esperar nenhuma paga; será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo. Pois ele é benigno até para com os ingratos e maus. 6.35 Sede misericordiosos, como também é misericordioso o vosso Pai. 6.36

O juízo temerário é proibido

Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoais e sereis perdoados; 6.37 dai, e dar-se-vos-á: boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também. 6.38

A parábola do cego que guia outro cego

Pode, porventura, um cego guiar a outro cego? Não cairão ambos no barranco? 6.39 . O discípulo não está acima do seu mestre; todo aquele, porém, que for bem instruído será como o seu mestre. 6.40 Por que vês tu o argueiro no olho do teu irmão, porém não repara na trave que está no teu próprio? 6.41 Como poderás dizer a teu irmão: Deixa, irmão, que eu tire o argueiro do teu olho, não vendo tu mesmo a trave que está no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão. 6.42   

Árvores e seus frutos

Não há árvore boa que dê mau fruto; nem tampouco árvore má que dê bom fruto. 6.43 Porquanto cada árvore é conhecida pelo seu próprio fruto. Porque não se colhem figos de espinheiros, nem dos abrolhos se vindimam uvas. 6.44 O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mau; porque a boca fala do que está cheio o coração. 6.45

Os dois fundamentos

Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazei o que vos mando? 6.46 Todo aquele que vem a mim e ouve as minhas palavras e as pratica, eu vos mostrarei a quem é semelhante. 6.47 É semelhante a um homem que, edificando uma casa, cavou, abriu profunda cova e lançou o alicerce sobre a rocha; e, vindo a enchente, arrojou-se o rio contra aquela casa e não a pôde abalar, por ter sido bem construída. 6.48 Mas o que ouve e não pratica é semelhante a um homem que edificou uma casa sem alicerces, e, arrojando-se o rio contra ela, logo desabou; e aconteceu que foi grande a ruína daquela casa. 6.49

Palavras de Jesus nas sinagogas segundo São Lucas

Leitura do livro do profeta Isaías, numa das sinagogas

O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor. 4.18 (Jesus frequentava sinagogas Lc 4.16)

O cumprimento da profecia

Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir. 4.21 Sem dúvida, citar-me-eis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo; tudo o que ouvimos ter-se dado em Cafarnaum, faze-o também aqui na tua terra.  4.23 De fato, vos afirmo que nenhum profeta é bem recebido na sua própria terra. 4.24 Na verdade, vos digo que muitas viúvas havia em Israel no tempo de Elias, quando o céu se fechou por três anos e seis meses, reinando grande fome em toda a terra; 4.25 e a nenhuma delas foi Elias enviado, senão a uma viúva de Serepta de Sidom. 4.26 Havia também muitos leprosos em Israel nos dias do profeta Eliseu, e nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o Siro. 4.27

A uma mulher enferma, havia dezoito anos, ao chefe da sinagoga e aos demais

Mulher, estás livre da tua enfermidade; 13.12 (foi criticado publicamente pelo chefe da sinagoga por curar no sábado Lc 13.14) Hipócritas, cada um de vós não desprende da manjedoura, no sábado, o seu boi ou o seu jumento, para levá-lo a beber? 13.15 Por que motivo não se devia livrar deste cativeiro, em dia de sábado, esta filha de Abraão, a quem Satanás trazia preza há dezoito anos? 13.16

A que é semelhante o reino de Deus, e a que o compararei? 13.18 É semelhante a um grão de mostarda que um homem plantou na sua horta; e cresceu e fez-se árvore; e as aves do céu aninharam-se nos seus ramos. 13.19 A que compararei o reino de Deus? 13.20 É semelhante ao fermento que um mulher tomou e escondeu em três medidas de farinha, até ficar tudo levedado. 13.21